Algumas semanas depois, perto do meio-dia, ouviu-se um
estrondo medonho. Das entranhas da terra vinha um som, um rugido amedrontador e a terra começou a tremer de forma terrível. Môsche perdeu o equilíbrio e foi derribado com a força do terremoto, que deve ter alcançado grau máximo possível, pois a terra fendeu-se em vários lugares. Pessoas foram tragadas pelas fendas que se abriam como bocas vorazes e se fechavam ou se alargavam ainda mais em movimentos sistólicos imprevisíveis. Com o terremoto, uma forte e ampla nascente de água pura e cristalina brotou entre as rochas, e logo espraiou-se. Mais uma vez a coincidência favorecia Môsche, pois a cabeceira do riacho nasceu a poucos metros de onde ele estava e todos imaginaram que foi ele quem abriu a rocha para deixar a água nascer e desalterar o seu povo, resolvendo de vez um problema aflitivo, gerador de muxoxos e insídias por parte dos mais velhos. Os próximos anos foram de razoável paz. Nem tudo correu como Môsche desejava, mas ele soube preparar-se de forma adequada. Haviam se passado quatro anos desde que haviam saído do Kemet. Dois anos depois que os hebreus haviam saído do Kemet, as tribos indo-européias, que haviam se instalado há cem anos na Líbia, uniram-se e atacaram o Kemet. Entraram pelo ocidente no delta e encontraram o exército fortemente armado, treinado e comandado pelo próprio Merneptah. A batalha foi renhida durou seis horas - e o faraó venceu, expulsando os povos do mar. Esses indo-europeus haviam se dispersado a partir de pequenos grupos que saíram da Suméria no tempo de Nimrud e foram conduzidos pelos alambaques sob a tutela dos espíritos superiores para a Ásia Menor onde miscigenaram-se com outras tribos indo-européias de menor poder cultural do que os sumérios. Quinhentos anos mais tarde foram até a ilha de Creta e lá estabeleceram um verdadeiro império que ficaria conhecido como minóico devido ao mítico rei Minos de Creta. A ilha foi devastada por um enorme tsunami com ondas enormes de sessenta metros, que varreram a ilha, destruindo a grande civilização minóica, ocasionado pela explosão do vulcão na ilha Terá a poucos quilômetros de Creta. Os remanescentes foram saindo em levas, aos poucos, no decorrer dos anos, espalhando-se por quase todo o Mediterrâneo, sendo conhecidos com muitos nomes, entre eles de povos do mar, que arrasaram o império Hitita. Os indo-europeus de Creta lutaram contra os dórios, que ocupavam o Peloponeso, e Platão confundiu os cretenses com os atlantes, que originaram-se de Ahtilantê, em Capela, dando início à lenda do continente perdido de Atlântida.
Serpentes
Alguns jovens entraram num viveiro de serpentes venenosas e
muitos foram picados, sendo que alguns morreram e outros conseguiram correr até Môsche que estava indo num camelo à frente do exército, e mais uma vez o incrível poder de cura do esculápio gerou uma bela lenda de curas da serpente de bronze. No entanto, houve algumas mortes e outros ficaram paralíticos devido à peçonha inoculada pelas víboras. Israel desejava passar em paz pela terra dos amoreus e Môsche mandou um mensageiro falar com Seon, rei daquelas plagas. O rei aprisionou o infeliz, e, após torturá-lo, enviou-o de volta, nu, morto, amarrado no dorso de um asno, com os testículos extirpados. Além disso, o rei, de pouca inteligência, pois nem sabia quantos guerreiros iriam enfrentar, saiu com sua tropa e enfrentou os israelitas. Os amoreus não passavam de cinco mil guerreiros, que foram esmagados pelo rolo compressor de Yoshua. Aquela tarde foi de triste memória já que, após a derrota, os amoreus foram todos passados ao fio da espada por terem sacrificado de forma tão vil o mensageiro desarmado. Não houve um amoreu que escapasse vivo. Môsche mandou que o exército avançasse rápido e tomasse Hesebon, a capital dos amoreus, assim como não titubeassem e fossem até Basan para expulsar o restante dos amoreus daquelas terras, assim como da cidade de Ar-Moab. Yoshua, em dois dias de manobras, não só tomou as cidades sem incendiá-las, como também aprisionou a maioria dos homens combatentes e dominou as passagens para as estepes de Moab. O rei de Moab, Balac, estava amedrontado. Ouvira falar de que forma os cananeus, os amalecitas e os amoreus haviam sido varridos das planícies pelas forças organizadas e disciplinadas de Israel. Ele não tinha gente suficiente para enfrentá-los e temia que seria rapidamente derrotado. Por sorte sua, os israelitas haviam entrado em Moab e pararam perto de Jaebarim, levantando um enorme acampamento que cobria extensa área. Balac, sabendo que aquele povo tinha um único deus e que era feroz e iracundo como um leão, pensou, com sua mentalidade de homem da época: - "Se eu pudesse ter um grande feiticeiro do meu lado, que, sabendo quando o deus dos israelitas fica enfurecido, e aproveitando-se desta disposição belicosa da divindade, rogasse uma praga contra seu próprio povo, eu poderia triunfar sem sequer lutar. O próprio deus os eliminaria como se fossem uma praga de gafanhotos." Conversando com seus imediatos, Balac resolveu chamar Balaão ben Beor, um famoso feiticeiro amonita que morava perto do rio Jaboc. Balaã era um bruxo que, desde a adolescência, dedicara-se à magia e ao comércio com os espíritos. No entanto, como era um homem amoral, podendo tanto fazer o bem como o mal, era coadjuvado em suas bruxarias por espíritos satânicos e que fariam qualquer coisa por fluidos vitais de animais que lhes davam a falsa impressão de estarem vivos. Balac chamou Balaão por diversas vezes e somente após oferecer-lhe grandes quantidades de ouro e prata é que o feiticeiro resolveu ir até a terra dos moabitas. No caminho, seus tenebrosos assistentes espirituais foram aprisionados por guardas astrais e ele ficou só. Ele sentiu algo estranho e como excepcional vidente que era, viu aparecer um ser espiritual de grande luminosidade que lhe disse que fosse até o rei Balac e que o convencesse a não se opor aos israelitas. Caso se unissem, poderiam formar uma confederação de povos que tinham a mesma origem em Tareh, já que os maobitas se diziam filhos de Lot, sobrinho de Avraham. Balaão contou a Balac tudo o que lhe acontecera na viagem, exagerando os eventos, dizendo que seu asno lhe falara e que um anjo do Senhor de Israel lhe aparecera. O rei dos maobitas ficou irritado a ponto de ameaçar não pagar mais nada do que prometera. Um absurdo, pensava ele, pagar por uma maldição que podia virar uma bênção para os meus inimigos. Quando já estava despedindo Balaão com as mãos vazias, este, para não perder a viagem, deu uma sugestão muito interessante a Balac. - Os israelitas são homens viris que adoram as mulheres exóticas. Mande as suas mais belas prostitutas provocá-los e fazer com que adorem nossos deuses. O deus de Israel irá se enfurecer de tal ordem que irá refluir este povo miserável para longe de suas terras.