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O Diabo (ou Satã) segundo o judaísmo, não é um adversário de Deus.

É um dos anjos
que o servem. Sua função é testar a fé dos homens. No islamismo ele é chamado Iblis
ou Shaitan. E sua função é basicamente a mesma. Ele é inimigo dos homens, mas não
de Allah. Segundo a religião islâmica e segundo o judaísmo, todo bem e todo mal
provém de Jeová ou de Allah. Ou seja, do Deus supremo, o único Deus.

O termo diabo, do grego, significa "aquele que divide". Ou seja, uma vez que Deus
representa a unidade, o universo e a religião significa re-ligar, ou seja, se reconectar à
unidade, entrar em comunhão com o TODO. O diabo seria o responsável por separar o
homem de deus, pela sua queda (segundo algumas interpretações, a serpente do
paraíso). Nessa camada de interpretação, ele seria uma espécie de "força", não uma
entidade sobrenatural.

A separação não existe apenas entre os homens, que são partículas "quebradas" e
separadas entre si e em relação à divindade, mas dentro do próprio homem. Aquelas
partes dentro de nós que estão separadas e que brigam entre si, cada uma querendo se
sobrepor as demais. Os gregos chamavam a elas de "daimon", que deu origem ao termo
"demônio". Existe o daimon da ira, do ganância, da vingança, da preguiça, da luxúria
etc. Quando se fala que uma pessoa está "lutando contra os seus demônios" ou quando
se expulsa "demônios" das pessoas, se falam dessas forças internas que estão em
desarmonia com as demais, separadas, divididas e não de entidades sobrenaturais. Pelo
menos dentro de uma perspectiva alegórica, filosófica e arquetípica.

O Cristianismo, por influência do paganismo e do zoroastrismo atribui ao Diabo o papel


de divindade maniqueísta, sendo ele o responsável por todo mal existente no mundo e
também o seu criador. Na Idade Média algumas listas que dividiam plantas e animais
entre aqueles que eram criados por Deus e aqueles que eram criados pelo Diabo eram
comuns. Ou seja, para o cristianismo, o Diabo é uma espécie de deus inverso ou
maligno. Ele é inimigo de Deus, se opõe a ele, é o seu oposto, seu duplo invertido, seu
nêmesis, não apenas um servo como nas outras religiões abraâmicas. Um deus das
trevas, por assim dizer.

O mito da queda de Lúcifer (que não é bem um nome próprio, significa apenas "o
portador da luz" e geralmente se refere ao planeta Vênus, que naquela época era
chamado de "Estrela da manhã" ou "Estrela d'alva", por ser o terceiro astro mais
brilhante do céu) não existe na bíblia. O que existe é uma passagem em Isaías 14:12-15
que usa o termo Lúcifer para fazer referência ao rei da Babilônia e a queda da
Babilônia. A tradição católica interpretou essa passagem da maneira como quis, como
era mais conveniente, para ensinar (excesso de) humildade e reverência aos seus fiéis.
Afinal, não existe pecado maior do que tentar ser como Deus, não?

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