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Paul Freston

A CARREIRA DE GILBERTO FREYRE

GT: Pensamento Social no Brasil

XI ENCONTRO ANUAL DA ~

Aguas de S.Pedro

1987
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!.' I' Cl uj. L,':--

m 'u:;' cio i s princ i-


: r: : .l'·"t\Olll Ario s , . }09 ) . Isso, a
::,é'!10S que se j a mostra a impor ancia que Frcy-
S 1.: t-1'0jt'1C' !ic- 'j:1stitutjor-builrlinr:", colocando-o
í n e Le c t u a r .TC'!nos que e x p l á c a r '!f

", Ú r :U e e 1...C:

Gil' erro Fre '~'e Jt; csc r-o ve u mui t.o a r-e s p c t o de si mc srnc .

;',2S n80 podemos no c e or aq~ 10 que escrev

J seu "diário 5ntimo" cios ano .• 91 a 1930 é descri o por Darcy


,."\eiJ,o"'om 0<1;100 e revisto'! (Ribeiro. p.l07)
-
'- \...-..,•.......•.•..• ci' "r s s a aparen te con r i ssão de CF'
a aspectos s\ll'erficinis CITo sua personalidade" (Lei-
e, r-. 268). Re c orihe c orio o e s s a s I i mi tn c o o s , t.e n t.ar-erno s fi x a r a gur.s
a s pe c t o s da sua fo rmaç ao e c s r-r-e í ;'8. que parecem e s pe c í a i rne n t e 1'8-

levan"Les ao nosso t ma, embo'8. com 18.eun8s na pesquisa que se refe-


r e ... p r nc p a Lrne n t.. e à e po c a po s t. r o r à publicação
í í í de eRsa-Grande
(: Senzala.

Os p r me r o s tr i n t c
í í ;lllOS cL v i d a de Gilb 1'\.0 s ao ea1'aete-

;'2pazi.l~ o arig Lo f í lo ... , c moço clitiswa que viaja para os Estados


_ unidos querendo f az e r-v s c p r o t c s t.nn t.e p a ra ser mais nor .e= ame r c a- í

no: o oficia_ de gabinere e urr: r~o'ern(1'or r-e ac í oria r o ...


í " (R1:''''::'-

:::::'o,.a~; E- SUé. e x po r e nc i a po l j v i c r o u a: ele a nc a moço.


í í

Gilberto de r'íe Lc ~':,~ \';'C' n<.lSCCU no Re c í (' ern - 900. Sua

:~:'lr.é. do f e Le c i c o f;Liarcla-mo)' (i" A fandega, e havia estudado em UfT.

os melhores col~gio~ d moça~ ela cida e. ~ra ir.~

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c. I"

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I~ #~r;:- U::..~·....5LS ~ e r nz {.. buc e n o I. c,

; :-;J.o. j~:: z n r-e nb o do s s e us : r:.-

J~C- .J '.' - :- _ [1 c .:! .S ----c


, \"_
It .•... J.J ,

(r ,e nc s c s ,

o ':'20 ~to ~~r~~ outros vfncu_os com


...... .
oa c r no , advogado, fi lho o s um
a õr_5-Q~róC~a ôçuc:~elrJ.
~u ~~ as s a s si na d c a' n fi ;:: ,t c\': .' " \l (sue ss i vamen e) com a ia s i ['-

: ã s da f amí 1 i a \-:a n d e r 1 f" cC' •. ~ lho ~a gueira (que ma S a.de, nao


sabe~os qua.Do, v'ria a se. ;'f • ~("clade d a pooerosa Usina Catende,
U7. ~ato alvez não d todo i: r- >.. .an e) (Freyre, A. p.199). Em vir-

:ude do casamen o e de sua- <1' :\id8àes como comissário de açúcar


,.. .• r' .
C a c oe v) no d três engenhos c varios pre-
c:~s no Recifr,tcndo e c u s a do u .. o ar-oria t o . Na introdução às me .ó-
r-í a s do pai, Gil e r t o diz. cue "l\lfredo Freyre poderia. ter se t~r-

.• ado m ac .a •...
el-spnhor c = :-'ngenho (Porém) os tempos erarr
------
/1.. p.110). ::. f o J. :1. (2- 2: o r 8 rooe n-

tini)

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...~ ,"otl,-::t n;.o
-......~: Lh ;-::.!..
-'---l-~+-~U ti •.••.• L·.,L :
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{n 117\ ", ~-:-"'r:.,...t


.
\.(-.-, ,. l';_ dC
I .•..•....• ce;ois de se formar na Faculdade

.e i::·:'!~eito do Recife, tornou-se promotor 'público, depois delegado

~E- ro i í c a
í (sendo c':nhado cio e n ão í chefe de policia), e finalmente

...; _ .... Perdeu um COOCllrso para catedr~tico na Faculdade em 1917 para

jO&-'::'~ Pimenta. Quando houve outro concurso, em 1934, o outro can-

~ r : E- t j ao o C (; I'C1e i J'O, d l"' si s t . u .

. J.-=:_\'i. .., ....~'- ~~·-;1S s i n i f Lc r t i va


ç :"":I'2 2 cc,rrs.-L~ê..:e Gil-
l
~~
".rist5r:i.c j.,lfr o Fre y r-c exerceu a p a r t i r- de 1907 no

.,oL'rio .:,,[",[-1'icano G'i Lr-e a t.h , c í r g do porí í m s s i on a r o s b a t s t a s ,


í í í

r a n ri e ma i o r i n o o l' r C - a m(' I' i c a nos. A 1 f r e ri o ri nr ec e te" s i do

:;;y, ('l:ucaciol~ r-o La t í v arhe n i c "V;lI1C;\do, Li b e r-a L, rna ç om , ant í c cler í ca l

, como muitos outros nR vjrAdn do s~culo, simpatizante do protes-


fro~, eJ[· f~
~an:jsmo pelo que s te r-e r e s e r t.AVQ de socialmente ·p:-'ogress1."o com
poca. Em 1918, escreve no pre-

~ac:'o de uma his.b:ia rl0S que "nao e R simples história

r, a})j í.o r i a da Dernoc r ac i a . É o r-e g s í t r-o

(: ur; g r ano e e s r o rç o p e la Lí o r-o acc Re Lí g i o s a . É a Bandeira sob E.

::.
~'JéL se o e v e r-n o ., r í g a r' os lu t ndo r-c s de convicções" (in Martins,

,2' rÓ» Estas oa i av r a s n:io ilpé1reCem nAS suas mcmo r i as , que apre-

sen:am u~ A~fredo bam meno- dpmocr~tico, cujo interesse no ~rotes-

~E.,,:~smo t er í a se r-e s t r rig doí í .IOS seus me to oo s educacionais. Para

-= e, e s c r-e v o rio o c ri 191;:. "o I!" [;res:::o o s p an t o s o da rcpubl ica norte-

ar.e r c an a (é
í ce v co ) ao
í mé o do da s SUé.'lS c s c o La s , c u j a substância
e ap:,enà~r agindo" (Fr-e v e, A., p.lr.).

o fato e qu Alfrc'o Freyrc tornou-se professor do Colé-

o Amer-í c ano no s e gurid ano d, sua existência, e lecionou ali p ~.

27 -nos, chegando a s r ~ice-d're oro Ajudou como advogado na com-

pra dos terrenos da escol~, (' :~~ traduções de livros protestantes.


Il: 2915 a 1919, 1 -c onou í a c r.o ~ÕI>J1tinr"l~io
dos batistas no Recife.
:\ "C -' e s(>". r
o o e s c r-evc como !I;....
r-e g ao o r- COnS1..;I11LC d~ me n s ag e m rio c rist í ari i srno'! ,

e nbo r-a nao f os e rncmb r' de urna igreja ba Li s t a . Seu filho Gilberto
por em, chegou a ser . Tendo PSl\l,;;)do no Colégio Ame r+ c ano riesde os
se~e anos (onde o irmao mais velho também escudou), Gilberto Freyre
é de s c i t o à a se gu i n te f o r ma n \l m r e 1 a t Ó I' i o rni s s i on á r i o de 19 18 :

"Ha dois anos a~ras,


'.
íelcl
'
e r-a um sincero ma t c r a Lí s t a , mas
í [ago-
r a ] ... e o mais e s p i r t.u a l í en t.r-e nos e indiscutivelmente o melhor

pregador no campo p e r-n arnbuc ano ' '(;,nnual of tr,<; S u t he r :.-:::..;;_...:..-


_

1917 C0r.10 diretor do j8~õrta~ento


. , .
:-rlr..êI'lO • fni
...l_ r_:_~: __
G :rec:;.tido COl7i i- __ I •• l,;~_ ••. o

Em seguida, nos poucos mes'.s ~ !t~s da sua ida


a s Es t aco s U .1 ío s

b a r-r-o
í s pobr-s, foi
e s c c hido como r e p r-e s c n t an t C j U 11 L O il C Onv Cn ç 8. o íl a l j S t a fi e g i 0-

r.a L. ra r-e u .:iàú des a c oriv e nç ao , que f'o i in errompida por persegui-
ç oe s , ele c he gou a ci.ar um p ar-e c e r s ob r e rni s s ce s . Um dos seus sonhos
cie.
érFse tornar um m s s oria r o ,
í í í í n f l uenc í aoo no La lei ur a de Bunyan
e Davià L'vin s~one. Logo depoi§, "iajou para es udar numa univer-
s c ao e b a t i s
í a nos Es aàos Uni '05, Baylor (onje vários b;'ôsi-

leiros ~içauos ~os bat:s~as, inclusive


, . .,
seu ! r o; r 1.0 -'rrnão , J3
havi3ii' ~ P • ::;2 - 34; fi,:: 5 . U:' ~a: ~. r.; • :
..,8'"
.L 'L.) •

, .
r2C8Q-1.nauguraca com cinco alunos
e QUe::>
, ~
Cri:
~ ,.
"e·
.l. -- -:...,
--"'!J
:;, - _'
'
n ~o "
o s r c: ~.:i or 1 o S
of-"
•.. fill.'. S S J.. o n G
~.
:- l. os, C;U a se f ;:;
_
chou as ; G::-.!::: - •
~
e os Vlncul s com :nstituiç5ss batist3s nos ES~3dos u-
ni~os, a~~~é~êr.~~ ;,_cor.~eSari3fi1 a sua confiança no nascente
., '_~-
C o..t.e~"'\J.
I'

ido ,
tornar ["":"Istor, G o ;-rov::1vulr.uc:os
I ,

de .es h~ vi. m :.1stl.ld;:J


do em Da _lor e de p o is no 58 mi núr io batis ta

de Fort Worth, Toxas, e estG rarece ser o caminho traçado ~2-

r n Gilberto. Em de zamb rn de 1f1 ) este v':'sita Fo r t Uo r t h e

de lá escreve un ôrtigo :;ara o Di:5rio c12 . e r narnbuc o , r e r c-


du z i dn num ór ~.-ao·
ba- t~-- ~ b·r,,1..l.O:i.ro
-i C:+Cl~ - - ',. so'-'
h o tftulo tlCarta de Uf'il

Seminaristall, co~entando a ic~ress50 extre~amente favor:5vel

qu e fizera nele. o r-:rsgador BL.ly Sunday, uma esp 'c·ie de Billy


Graham da época (Tempo de h~rendiz, val I, ~p.52-S3; A F.ensa·-
.
~em , 15/3/19;.
' •
O. ~ro!=r20 Gilberto ssm~re negou ~ue seus estudos

em Baylor tivessOffi sido financiados relos batistas - vers50

contestada por outros, ~osta 8f'il


d~vida ~elos re1at6rios dos
. .
D2SSlonarlOS
' .. e ararentef'ilonte conflitante com as alusões .
a -'Lll-

ficuldades econ6micas ~i' f'ilenci


nadas. ~ ue se r·srountar
. - tSr:i-

bérr.se a .1:.'a.-,,'1__ . -.
I.t .....
l 1.la!n d .....
o rna
O
.,....! a ~
·..JC"..L 1 •... ~.."
-!... u Caylor,
J.. Uf'ila
universidade mui-
--I. -
to ~ouco co~hecida, se estiv'?sse effiCOt"lulçOeS de susten' 3-lo

nos Estados Un 5.dos.•José t; ntonio Gonsa 1 v es de ne 11 o L: v<:'n t a

a hip5tese de uma aj rda dos batistas e de Ulysses Freyre, o


,
irmão mais v~_ho ~ue vo:t de Bajlor na ~3sma .epoca ~m que

viaja tril~srto (ent::evis~a concedida ao autor ~1:1 6/5/87).

~eses ligado a u~a igreja b3t:ste nos Estados Un:dos, a ~c-


ois se afasta de_a.
33

flJaist a rde nn v o a , j<t f runoso , Gilberto


í Freyre sempre
'(>n+a minimizar o seu grau de envolvimp.nLo com o protestantismo
nesse pe r odo , e procura
í r-e n t e r-pr-et a-To
í em termos mais condizen-

tes com a auto-imagem que dcsejn propagar. "Em Tempo Morto, Freyre
ac en t ua o asoec .0 tolstoiano do seu cristianismo de adolescência .
.:iada de eclesiasticis.rno;
reI rg ao viva í fazendo que a gente mais

instruida vá ao povo ~ lhe leve a sua luz ... Exatamente o contrá-


rio (dos bachar~is brasileiros). Compreende-se assim que os cris-
~ãos Batistas sejam fortes na RGssia de Tolstbi Infelizmente
- uma seita
sao Repugnarr.-me os sectarismos ... " (p.11). teria

escri o Gilberto em 1916. No ano seguinte, lemos: "Acabo de me de-


clarar Cristão Evangélico. SeI',; que o Cristianismo Protestante vai
corresponder ao que espero dele":' A antiburguesia CJue espero dele?
... O contato com a gente 1.0 i c: num lde
í é que dá ânir.1oao meu Cris-
ianismo romanticamente ar; ~i ~a o lico" (p. 20). Em 1972, no auge do
mov imen to" J esu s Peop 1e " e s :, 1, li i PP ie nos E sta dos Uni dos, G iI-
b er t o afirma "te:, sido, corno <tc101cscent~ brasileiro, um pequeno
:->recursor, anê.rquico e a meu modo" dos Jesus People. "As igrejas
ce qualquer espec í é me pa r-e c am J'('c1IJioS
í [de] ourguesismo" (in Mar-

t í ns , M., pp.54-55). Es rariho , então, qu s ~le tenha sido tão bem


aceito numa i~reja batista que, em 1917, no Recife, certamente nao
veria com bons olhos tal idiossincrasia religiosa!

Parece que e~é'l.s


expljcações não muito convincentes visam
'2ncQbrir o tipo ae compromisso que ele de fato tinha, justificar
.ma s ;-acilmen·e seu abandono
í posterior, e apresentar todo o episb-
dio segundo a imagem que le enta criar hoje p~ra seu comporta-
mento adolescente - a de um quase-socialista anti-burguês, sempre
livre de todos os compromis$os com igrejas, (sejam elas religiosas
ou políticas), um "intelectual independente" (Casa-Grande e Senzala,
p.XVIII), um "anarquista construtivo" que teria simpatias por um
partido trabalhista mas não se f11iar1a (Playboy, p.99), que foi
epu ado federal mas "sem compromisso com qu a lqu e r- partido" (Casa-
Grande, p.XII), e que se orgulho. ele ter recusado uma li,sta enorme
de cátedras e titulos e cargos públicos. Só se contentaria em im-
plantar o seu p r-opr o insti tuto, e provou
í ter recursos intelectuais

e politicos para tal empreendimento.

De qualquer forma, depois de pouco tempo nos Estados Uni-


• _ 5v,f0.!h. I"" ~~

dos, Gilberto abandonou o protestantismo, .c:::t€m:i;i"amente.


por ter
se horrorizado com "o trRtamento mais que cruel dado pela burgue-
sia 'evangélica' dos Estados Unidos aos negros" (in Martins, M,
p.59) e por ter descobel'to que o protestantismo americano estava

longe de .ser anti-burgu~s (Tempo Morto, p.24). Na medida em que


essas afirmaç~es correspondem ~ verdade, seriam expressoes de um
sentimento anti-burgu~s aristocrático, de um representante sa0do-
sista da antiga aristocracia do nçúcar, dian e da modernizaç~o al-
cançada pelos Estados Unidos de religi~o protestante e almejada
,
pelos mission~rios dest~ rpligj~o no Bràsil. Dal err. p::trte

seu desdár.1r- eLo pu r t.an s rao co Lv ní.st c ,


í í í r~c,s : CAJDOS Le v: nt.ar

a hilpotese
, ~E tr~s • outros motivos e~istenci~is ~2ra explicar

seu abandono do p ro t.e sta ntismo: a) um confl i to com a moral

sexual e spe ra de pelas I ç re jes r ro t est.ant e s (lia cc sr e t.o de í

todo o meu novo Gntus:asrno rcligioso~9l~ •• ~ ~uanjo ~enso

em A [a prir.!c:raa@3nt~ m~ sinto to~ajo ~e um ~csejo de voltar

3.0 uente do seu corpo rue r rece atinç'ir-~e co~~lGta~ent3~


até a'alma?1r Temr:-or:orto, • 1-
O, .r
CI. .•.
t.arn b'
en , rr . r cci s arnos r:.-

agir t1924] contra o i qua Litarisrno ét:co. G a surdo. :-;ãose

cOQ~reende que a um :n~ivíduo su~~r:or ••• ~uJ~r~m os catões


ar1icar as Das~as 2x~geAnc;~s de ~ora ~ .~ lU ~ -nxu-
~~ ~_ QU ~ ~
u um bur -
cuê
_ 5 ••• Ir
h
I gre .a C·"
a~Q~lC~ ,
e d· .
'lscrl~inador~ nos snus julça-

mentos éticos. stand=rdizada. como o I rot3s~antisoon

p.lSS); bI a rosição sociol aspiraçres de c~rreira de Gil-

tarto - ha ~rio UQ3 c rta dificu_da~e de c-:lit=ç=-o~e Uw ~ro-

~ 5 crrcul~s i,'t:::'::Ct'13is
e ;-0-

:a r.:issãobo-
.1... ~+v
I...·_v
,..1- _ o_v,
?C converSGO 2 Uril

5Z1 tis tê, oue d,1SSIJ


í
que so nao ÍI?lviaS8
, -

olta sociedo~c e 2m clu' es ond3 Cr:sto n;o 5 rcconhecijon);

e c) e~ 1910, o qno em Que Gilbarto abandona o ~rot~st~ntis-

no, ;'lfre~joF'r o 're sofre fortes e t a+ ue s dos pastores batistas

br~si_eiros no necife ;~rQue, não sendo membro da igreja, le-

cionava no semin~rio (~esquita: ~~.lC5-6,198).


Quaisquer Que sejam as razões, o afastamento de

Gilberto dos batistas ~~rmitiu que ele che~asse a elaborar

uma inter~retaç50 ori~i~el d? form3~ão da sociedade brasi-

:ntol~ctual, mssmo com outras

. , 1
.0 S2CU o,

Crasil ~ .
que r3Va..LOI'lz:sse
o '-;ortuLuês e o mastico
~ e criticasse

im~licita e ~x~licitam3nte os ~5t3dos Unidos o teria co_ocado

em choque. com a comunidade b7tista. Um Gilberto batista teria

Sli d o a b sorvldo
" r~ as ativi~ades de 1 ",
0_3mls~a .-,
e ~rega~or. ~a

n ".l- ri c
.... .
rasJ.._
no seu temí-o em Colúmbia sle .s c r e ve :ara Q .•
ev a s "a '-10

sobre os mission~r:os americanos que "andam nor todo o mundo

ensinando a gente a cantar hinos traduzidos às pressas do in-


,.
~_es ••• E. remamo r ara c•.
L,' d
e i os .e ie dad
p ae a.ne, os l-em. os da :anta .l-
In-

~ulslçao. •• -
~nLreLan t o, e"
r-.1. .1.
s Vên t as desses .L.
cas~ra t'J..
. .l- 1 ec"u J..S
J..n~e .1. •

e S3m o rotesto celes ue, nos ~stados Unidos, os brancos es-

~in_ardeia~ os f-retos como se fossem suínos bravos ••• 6elo

;-ronresso mora 1" (in r.eneses, p .62-83, grifos nossos).

Nota-se 'de passagem que ele construiu uma teoria do Bra-

sil baseada precisamente no que poderá ter sido o centro do seu_


conflito com o protestantismo. Pois nada mais distante da moral
35

sexual protestante do que a prática sexual do português desg~rrado


nos trbpicos. Casa-Grande e SenzAla ~, como salienta Dante Moreira
Leite, "uma entativa de descrever e explicar a histbria brasileira
a t rav es do p r-o
c csso de m i sc ge nn ao " (Leite,
í ç p.276), ou seja, ela
laz da promiscuidade portuguesa uma virtude, por ter supostamente
criado uma sociedade sem barreiras nitidas de cor, ao contrário
das sociedades .
onde o colonizador era calvinista. Gilberto fica
a te 1 i rico quando can ta as vi rt ude s dessa carac te ri stica do portu-
guês, e inegavelmente criou escola nisso no IJN (liA mensagem que
Portugal, como condutor duma cultura entre civilizações diferentes,
relacionava em seus contatos de 0xpans~0 .. , tinha como dogma bási-
co o da igualdade do gênero humano, proclamando a dignidade do ho-

mem sem discriminação de raça 01 de cor ... amando o semelhante


n~o à distância mas até lisicamente numa fusão de sangue.e de cor-
))OS "Albino Gonçalves Fe r-r-e
i r-a. Boletim ]1,1962, p.202)

o protestantismo e a educaç~o'protestante que teve no


Rec i f e e nos Es t aoo s Un i dos, som dtlV iria de ixaram marc as em Gi lbe r-
.o . Por um lado, ne gat v arne nt
í . Como d z Darcy
í Ribeiro: "Gilberto
tentou anglicanizar-se de todo, fazendo-se protestante primeiro,

depois aspirando ser norte-americano e, finalmente, desejando fi-


xar-se em OXl0rd como prolessor anglo-hispano ... Antes, durante
e sempre, Gilberto Freyre vem cultivando com rara intensidade, a
sua condição de brasileiro. Com uma intensidade de quem suspeita
que não o é tan.o as sim 11 (Ribe iro, p. 73 ).

Por outro lado, positivamente, o que permitiu a Gilberto


escrever Casa-Grande e Senzala "é ser ele um ambiguo. Por um lado,
o senhorito Iidalgo evocativo de um mundo familiar. Por outro lado,
o moço Iormado no estrangeiro, que trazia ... um olhar de estran-
geiro, de inglês". Ele vê o Brasil, Pernambuco, o catolicismo, e
a sua própria classe dos senhores de engenho, com o distanciamento
36
10

n ec é S S [;3 r- i. o pa )~ r 1'(> te.


a s r- r se 1..1 i n L )' "A v ida 1.
n te 1 ra esc reveu ang 1 i-

Cé'-' (!!~~nte
sobre a sua própria p crnamb oqu í ce " (Ribeiro, p.73).

A sua ~ormRç~o het rodoxa n~o se limitou apenas ao col~-


gio protestante e ~s univ rsidades nos Estados Unidos (em vez da
Europa). A escolha das ci~ncias sociais era outra novidade na ~po-
ca. Em Baylor, ele faz o Bacharel em Artes Liberais, especializan-
do-se em Ci~ncias politicas e Sociais. Em Columbia, faz mestrado
em Ciências Po Lr t cas , .iu r i d cas e Sociais,
í í com uma tese sobre a
vida social no Brasil nos meados do s~culo XIX, destinada a mostrar
que o padr~o de vida de um escravo brasileiro era melhor do que o
de um operario europeu do m smo periodo. Mas a literatura nunca
está longe das suas preocupações. Em Baylor faz um curso sobre o
e nsai smo inglês. "Sem o ensaio ... e s t ar amo s muito
Í pobres com re-
laç~o a problemas b~sicos do homem e da sociedade que a ciencia
dos Comte, dos Spencer e dos Tylor - parece
nao capaz de esclare-
cer " (Tempo fv1ol'vo, .27) . Em 1919, 'estando em Baylor, é elei-
o socio correspondente da Academia Pernambucana de Letras. Sentin-
do o peso Lmpe r-ra lr s t.a da cultura ang Lo= sax a , ele se firma "não
,
so nos ainda verdes va]ore~ culturais brasileiros nem apenas nos
relativamente poucos valores Lu s t.ario
í s., mas nos Lb e r i cos em ge raL"

(Como e Por Que, ~p.175-6). Mais ta~de, considerar-se-a um escritor


literário pertenc nte rincipalmente ~ tradição,ib~rica de escritor,
que ~ mais de campo do que de gabinete, e essencialmente um escri-
ar autobiográfico lComo e Por Que, pp.167, 171, 173).

,
Na Co lumb i a , Gilb01'tO e colega de Her&kovits, Benedict
e Mead, e aluno de ew y, Giddings, e acima de tudo, Boas. É cos-
tume considerar Boas e Oliveira Lima como as duas maiores influ~n-
clas na sua forma ão 1n electual (por exemplo, Edson Nery da Fonse-
ca, in C & T 2:2, 1974, pp.172-3). Este, casado com u~a parente

distante de Gil 2~tO, ~~via sido çaraninfo da sua for~atura no


Colégio Batist~ ""r
•• cneses, t=: • 4-)
..) , e nos Estados Unidos "se en-

tusiasr:l.ou ar a e)'~Qnan o-oJ como uma es écie de ru;: ilo. (Gil-


38
1:2.

7-"&0 fos-t-u-;c:;-r. I. '(o,"", C-e.&&e.s, Le P [:1 I M;S+ra.Q.. e. 1"\~(,íClf e '--'-""~+o


sob a ~nflu&ncia de movimentos liter~rjos por Assim dizer antime-
ropo I i'Canos, aqui nos Es t ado s Unidos, como o do Sul ... e sobre-
udo o de Yeats, na Irlanda, venho me orientando para o estudo dos
problemas sociais e culturais sob critério regional; e para a valo-
rizaçao do regional nas artes" (Tempo Mo r t o , p.49). Na França, faz
contato com o grupo de Georges Sorel e assiste confer~ncias de
Charles Maurras. Sore~, um pens[\dor vol~vel que morreu em 1922,
é associado principalmente com o sindicalismo, mas depois se ena-
morou do monarqui smo. SUí1S teori é1S r-e j e t av arn a participação
í no
processo politico democritico, m[\nchaoo pela corrupção. Oscilou
constantemente na sua avaljação do grupo capaz de implantar apoca-
lipticamente uma ordem que substi t u sse a sociedade
í burguesa deca-
dente. Alguns dos d sc i pu lo s entraram
í na Action Française de Maurras,
uma entidade que colaboraria com a ocup[\ção alemã na Segunda Guerra
l'1und
i alo r,jaurras, fu tu r arnc n te um membro dn /\cade rn e F ranç ai se, fe z
í

da Action Française um movimento mais liter~rio do que politico.


Defendia o tradicionalismo, o regionali~mo e o corporativismo, nu-
ma sociedade liberta da fars8. dcmocr~tica e dirigida por um monar-
qua heredit~rio e u~a elite de t8.1ento e de nascimento. O pensamen-
to de Maurras influenciou o nac on a Li smo de mui tas nações
í latinas,
inclusive o salazarismo em Portugal.

Durante todo o seu tempo no exterior, Gilberto escreve


artigos para o Diário de Pernambuco (pertencente ao velho cacique

da política pernambucana, Rosa e Silv~ bem como para a Revista


do Bra~il, editada em são aulo por Monteiro Lobalo.

10 Diário de Pernambuco, Gilberto escreve muito sobre a literatura,


o teatro, gente famosa, impressões das cidades que visita, e quase
nada sobre as ciências sociais. Certamente compreendia que não havia
um público leitor já pronto,e n;:;o
se dí spos a c r a-c lo , Ao comentar
í

seus contatos em"Portugal, diz: "Estive em direto contato com 'In-


39
13

1.. g r-aLís t as ' isto é, rnon ar-qu í cos 'd'[want g a r-ô e ' ..• [O I n te g l' a-

]jsmo Lusilano n~sce em 1914 como lIma rcbcJi50 de jovens aristocra-


as con t ra a r cpub I ica par J"mel)Lar, de fendendo uma descen t r-a lização
"à maneira medieval" : ver r'<1nrqlles,
pp.251; 291-2]. Só o observador
desequilibrado ... negaria aos nntidemocratas o encarnarem, neste
momento, a melhor inteligência e a maior bravura de ação portugue-
sas ... E que para os .int e 1 ig en t.e s re "e i on ar i os a má saúde de Por-
tugal se deve ao fu r-o r- ne o f i 1 o, de que nDo esc ap arno s nós, sua an ti-
ga colônia ... O movimento português se pode; _m filiar a .urna ten-
o enc í a hoje geral entre os rna i s cultos ... a r-e aç ao antidemocrática"
(Tempo de Aprendiz vol. 1, pp.277-8).

De fato, o desprezo pela democracia e um dos temas pre-


diletos nos artigos no Di~rio de Pernambuco. A democracia é descri-
':3. c orno "o s s t e rna com qu o n mo d oc r i dode v Lo r í.o sa se defende
í í í do

governo do mais apto, do melhor, do superior" (Tempo de Aprendiz,


vol. l, p.110), Gilberto lamenta a Glerfa Civil americana, que ani-
quilou a a r st oc rac i a s u Lín a ele "gcnLlpmen
í f a rrne rs" que havia for-
necido estadistas brilhantes. Outro efeito nocivo da democracia
é o "decl i n o das aristocracias
í intelectuais". "Sob o ponto de vis-

ta da alta cultura, o alfabetismo de grande número, tendenao à me-


diania, so pode ser desfavorhvel Representam os analfabetos
papel muito nobre>. como elcm"'nlo saudavelmente conservador". Gil-
berto defende "o ideal da alta cultura ao serviço do analfabetis-
mo plástico e ingênuo do grande número, dos que por natureza são
.na í s felizes obedecendo sem C' f'o r o ' (Tempo
ç de Aprendiz, vo í • I,

pp.253-5; 305). Pensariamos que Gilberto estivesse numa Suiça, que-


rendo preservar os últimos 2% de analfabetos. Mas não! Quando nos
damos conta de que, em Pernambuco, mais de 80% da população ainda
era analfabeta (Levine, p.108), compreendemos o tipo de conservado-
rismo saudável que ele representava, servindo-se dos argumentos
da "reação antidemocrática" em pa i se s já quase totalmente alfa-
betizados.
40
14-

TAlvez o ma í : SU1'pl'CC?n() nte noo


- seja o seu ja esboçado
conservadorismo politjco, mas o falo de que, apesar de inGmeros
convites para ficar no estrRngeiro no m~ndo universitário, ele vol-
ta ao Brasil, a Peln~mbuco, e ali se instala, com a exceção de bre-
ves "exilios", defin:itivament.c. Apesar de dificuldades iniciais
de readaptação ele persever0,cultivando intensamente, como diz Dar-
cy Ribeiro, a sua perl1ambuquice. Como ele pode se permitir o luxo
quase quixotesco (quaisquer que fossem os impulsos psicológicos),
de morar no Recife, de resislir ~s nlrnç~es rio Centro-Sul e do ex-
t er í or , e de dc sp r-c za r o PlrD?

Gilberto faz p0rte do grupo reduzid:l.ssimo de jovens in-


telectuais nordestinos de primejra categoria que nuo migraram para
o Rio ou para são aulo no entre-guerras. Outrco exemplos seriam
.hales de Azev do (Bahia) c r~mara Cascudo (Rio Grande do Norte) ..
Cascudo se descreve como "volunlariamente um homem de provincia".
Era fj lho de um "col~on('l e p r-op r c t a r t li í ó de jornal, embora mais
tarde a fortuna so f re sse osc j 1aç or-s (Cnscudo , pp. 13-14 ). Tal ve z
seja apressado es t ab e Lec I~ um pad r-ao pa ra t odo s esses casos, mas

Fr-ey re , pelo menos, se d i s t an c t a c la r-nme n t e da história de vida


dos grandes r-omanc í s t.as no rdc s t í no-s, contemporâneos e amigos seus,
que foram ao Sul. C'
o mos A I i en t <'i S~ rs io M ice 1i, este s e ram "pa ren te s
pobres" ra 01 ga r- ,u1a
í .1U~ 'e refugiavam nas p r-o I ssoe s intelec-
í

uajs. Eram mais -1'0 enS0S a jnvestir nos gêneros ]jterários mais
arrjscados. como o romance' social 0\1 as ci~ncias sociais. No ro-
rnanc e soe i a I "con 'knsa arr. no espaço ficc ioria l , a ambigUi dade da
sua própria trajetória (apropriando-se) simbólicamente do mun-
do social em que se viram colocados à margem" (Miceli, pp.93-94).
Eram autodidatas, ou de escolaridade precária. Sendo órfãos ou de
~ Sl~~ J.ct ir..,o~l
pais separados, ou de ou ra forma . '~ viam-se afasta-
dos "de vez dos espaços da classe dirigente em que poderiam acio-
nar o capital de relações 50c1315 em favor de carrelrà5 objetl-
41

15

v arne te de f Ln i das como ma scu l t nn s :! , como a engenharia, a medicina,


o d r-e t o e a poli
í í iCR. Ert\m su j oí t.o s , qu arrd o rncmo rcs , a um "noma-
dismo" familiar qu'e p r-ocu rav a justamente tirar a última gota das
relações sociais que ainda' r-o s t av arn (Miceli, pp.95-97).

A "carreira" de romancista se firma na década de 1930


devido ao "boom" nesse gênero literário po ss b It t.aado pelo novo
í í

público leitor daquela época. E os romancistas, na sua maioria,


eram precisamente estes parentes pobres "marcados pelas novas for-
mas narrativas em voga no mercado internacional" (Miceli, p.92).
Um exemplo tipico é José Lins do Rego, paraibano de uma familia

de senhores-de-engenho decaida, radicado no Recife, onde conhece


Gilberto Freyre logo após a volta deste do exterior. A influência
de Gilberto sobre José Lins é notória, sempre reconhecida pelo ro-
mancista. Em que consiste essa influência? Parece que Freyre o in-
troduz "às formas narrativas e~ voga no mercado internacional",
inclusive dando-lhe aulas d~ inglês parà poder ler os Joyce, os
Yeats etc. Gilberto, também, hRvia estudado ciências sociais e
feito uma tese sobfe a regiao e as realidades sociais que forma-
riam o cenário das obras de José Lins. Uma ajuda financeira não
esta fora de cogitação, também. Há sinais de que o paraibano, um
ano mais novo do que Gilberto, t enha sido quase "adotado" pela fa-
milia Freyre. Afinal, era "pobre" vitima dos processos de mudan-
ça social que estavam erodindo o mundo que Gilberto evocaria com
sa~dosismo nos seus trRbalhos de ciência social. O interessante
é que este, ·"não sendo "par n e pobre", havia optado por uma das

"áreas mais arriscadas àe produção intelectual" -(Miceli. p.XXI),


talvez devido à sua formaçno excêntrica desÍ.e me n no. Não era um
í

"parente pobre", mas pela sua formação conseguia o mesmo "distan-


ciamento em relação à sua classe" (Miceli, p.XXII) que estes for-
çosamente tinham. Como em outros sentidos, Gilberto era um homem
entre dois mundos, capaz de fazer a ponte entre eles e de, talvez
•i f~

16

por isso mesmo, e x e r-c e r- uma liderança sobre os aspirantes a roman-


c is tas. H á ind i caç õ e s nos s (' use se)' i tos de'"'I u c G i I be r t o te nb a , dc
certa Forrna , se 1 ,ali7,ado e!:r, I 'lln'-lJ)C'i~;l.'l r:Lr'é1V0.S de Lins do Rego. De qual-

quer forma, e so depois da morte deste que ele se arrisca a publicar


seus proprios romances e POeSiél.s(exce.7f~
G:. •.••"'-'"
fo<.""'''' foVrC a. a",h.",,-<h. 1"\1..<').

Evidentemente, Gilberto Freyre era um homem consciente

das.possibilid8des quc ele tinha de 'permanecer


na sua "provincia". O drama dcssn volta, que de fato não deve ter
, ,

.. sido psicologicamente fácil no inicio, e amplamente relatado nos

seus escritos, sempre em termos de um apego ~ terra, de um regiona-


lismo arraigado, com a a t tude de um herói
í qu e desafia todos os
deuses da ciencia que bradam que ~ impossivel construir a civili-
zação e a cul tura num pai s t rop Lc a I e mestiço. Estes relatos não
nos indicam at~ que ponto o dese~o de se envolver politicamente
determinou a sua d('cjs~o.

Neste momento, alvez seja útil retratar um pouco o Per-

nambuco para o qual Gilberto Frcyre voltou e montou sua carreira,


.. .
o Pernambuco do final da Republica Velha. Era o quarto Estado bra-
sileiro ~m população e disputava a hegemonia regional com a Bahia.
pori tica e economicamente, Alagoas, Pa r-a i b a , Rio Grande do Norte
e Ceará eram seus sat~lites. Mas ao mesmo tempo em que constituia
um centro regional, cultivando a mamoria de antigas
.
grandezas eco-
n~micas (como talvez o m8is bem-sucedido empreendimento colonial
agricola de todos os tempos) e poliiicas (na era colonial era tr~s
vezes maior, e no Lmp e r o liderava
í o bloco no rt s t a na Câmara
í que
ainda tinha maioria absoluta), Pernambuco estava em inegável de-
clínio. Sua economia perdia terreno para o Centro-Sul, sua repre-
sentação federal era menor depois do advento da Rep~blica, e o al-
to indice de analfabetismo implicava num peso cada vez menor dos
votos em eleiç~es presidencinis.
43

'A economia açucareira da Zona da Mata, mesmo depois de


perder a hegemonia do mercado internacional, continuou a dominar
a regiao, fazendo de P rnambuco uma sociedade economicamente es-
tagnada. Desde o final do Imp~rio, os antigos senhores-de-engenho
estavam se tornando meros fornecedores de cana para as novas usi-
nas. Um conflito horizontal se desenvolveu entre a velha aristo-
cracia .
rural e os usineiros e seus aliados. 74 usinas foram funda-
das entre 1885 e 1933, e apenas na d~cada de 1910, 400 engenhos
sucumbiram ao seu avanço, deixando aproximadamente 1 100 ainda em
funcionamento. Nos anos 20, apenas 500 familias formavam a elite
da economia açucareira de Perrinmbuco. Nesta d~cada, os preços do
produto se mantiveram equilibrado, mas quando na Depressão se ins-
ituiu o sistema de preços minimos e quotas, as usinas intensifica-
ram seus esforços para adquirir controle da parte ag r-Í co La , As usi-
nas maiores, como a Catende (agora dona do engenho da avb paterna
de Gilberto Freyre) se tornaram politicamente muito poderosas.

A ajuda federal que ~stado sempre reivindicava visava


íor-t
alecer- o status ~uo através da garantia de quot.as e suo s i o os ,
í

não a diversificar e transformar a base econ;mica, e nem era su-


ficiente para os investimentos necessários para restaurar a compe-
titivjdade. A monocultura fazjn com que o estado importasse mais
do que eXp0rtasse. Recife era um grande empbrio comercial, e com
suas instalaç~es portuárias e ferroviárias dominava as economias
dos estados vizinhos. A hegemonia cultural espelhava esse predomi-
nio comercial.

Outro resultado do adven o das usinas foi a dissolução


das relaç~es de trabalho patriarcais que existiam nos erigenhos.
Isso, junto com a Abolição e a depressão de salários rurais e a
alta dos preços da terra, acelerava a migração para o Recife, que
cresceu de·113 000 em 1900 para 239 000 em 1920 (segundo os cen-
sos, pelo menos). Ec o Lo g came n e í <1Susinas apressaram a. destrui-
ção da mata e de t.erras férteis, e a poluição dos chamados "rios
do a uc a r-'! . Nos anos
ç 50, nGo ape n as por motivos ecológicos, suspei-
tamos, o IJN far~ pesquisas pioneiras nesta area, cujos resultados,

alguns deles, podem ser lidos no I301eU.m.

Na politiC~ nacional, a bancada pernambucana ainda era


a quarta maior da C~mara Federal, mas invariavelmente dividida.
Como diz Levine: ",A, es t ra t.e
g Ia f'e
de raI de Pe r-narnb uc o se baseava
na crença de que, se C'onsl'.~'1.li.~!,,\' nn i r tl:-; bancadas do norte, teria con-
dições de se fazer ouvir. Mas n riv<llidade econômica e desconfian-
çamutua entre os aliados em potencial f i oult.ar-amcais esforços,
d'i

e nellhum bloco nortista ou nordestino se concretizou, embora os


intelectuais repetidamente apelassem ao que consideravam uma iden-
tidade regional comum ... Os llderes de Pernambuco aoeitavam a uni-
dade nacional na falta de uma nlternativa realista ... Os pernam-
bucanos queriam, tanto quanto os ou ros' brasileiros, as coisas mo-
dernas que simbolizavam o p r-o
g r-c
s so . desde que deixassem intactos
os valores antigo~. O governo fcdernl era visto por muitos como
o único meio pelo qual essas cois<1s poderiam ser introduzidas na
sua região empobrecida" (pp. 126-8; ] 39-40). Essas frases lançam
luz sobre os po ss v e s c ori t ourios po Lí t cos do regionalismo
Í í í gilber-
tiano de 1926.

Na politica estaollé1l.apos o choque da República, os se-


nhores-de-engenho cerraram fileiras no PR. do ex-conselheiro do
ImpériO, Francisco de Assis Rosa e Silva. Os rosistas governaram
incontestes até 1911 I quando uma císao na elite quase levou a uma
guerra civil. Com a derrota impos a do Rio de Janeiro, "os senhores-
de-engenho e seus bacharéis que haviam dominado o governo, perde-
ram terreno para os usineiros, que agora entravam para valer na
politica estadua~·' (Levine, p.82).-Os rosistas voltaram em peso
i • 4S
!

ao poder em 1925, q\lando Est~cio Coimbra, vice-presidente da Rep~-


blica, roi eleito governador. Este, o ~ltimo governador da Primei-
ra Rep~blica e, segundo se diz, convidado por Get~lio e Ant~nio
Carlos a certa altura, em 1930, a ser candidato da conciliação à
Presidência, governou no melhor estilo da época: "Manteve o Estado
em situação de toler~ncia política relativa dentro dos c~nones da
velha técnica de resp~itaras garantias ~artid~rias em termos con-
servadores e negar pão e água às demais correntes que procura~am
irromper ao sol" (Sou a Barros, p.53). Era dono de pelo menos se-
e engenhos, além de usinas e razendas, e segundo seu secretario
particular no governo estAdual, era "um homem que representou os
valores de uma civilizaç50 hoje em processo de transrormação agu-

á - a pl':nci.almente i'lgrnriado Nordeste". Este secretário parti-


cular n?"2 rne no s r-e p r-e sen t av a es t a mesma c v Lí za ao ... sendo ele
í í ç

o propric Gi! erto Fr~yre Frcyre, G - Est~cio COimbra, p.13), pa-


rente disca e po~ casamento de Estacio.

Desde o rinal do lmp~rjo, a elite açucareira de Pernambu-


co tend ia a de Iega'~ c ao a VC' z rna s os propri os pos tos de comando
í pa-

ra aqueles que tinham diplomas das instituiç~es de educação supe-


rior cujos nurne r-os se conservavrm proposi tadamente diminutos. 71%
da elite poli ica de Pernambuco entre 1889 e 1937 passou pela Fa-
culdade de Direito do Recire. Levine comenta: "Um outro caminho
(para a elite política) revelA uma característica importante do
ambiente político de Pernambuco: o prestígio cultural, em geral
ob~ido atraves da publicação em jornais ou em uma das muitas revis-
tas literárias do Recife, muitas vezes runcionava como alavancapa-
ra uma carreira política. Os jornais do Recife adulavam a criati-
-
vidade cultural ... Uma cadeir" na Academia Pernambucana de Letras
ou na Faculdade de Direito garantia acesso a empregos públicos pa-
ra escritores, poetas. historiadores e pedagogos" (p.90).
\
\
, 46
!.
r

Levine fez o seguinte perfil de um membro t i p co dessa


í

eli e politica bacharelesca: era, por nascimento ou por casamento,


membro de uma "familia -radicional"; era católico, mas não prati-
cante', o pai e ra um senhor-de- engenho, ou um 11 corone 1", ou (se o

filho nasceu depois de 1900) talvez um juiz ou professor de direi-


to; o filho havia sido educado por professores particulares, ou
num~ pequena escola primária elitista; depois, havia estudado no
Ginásio Pernambucano e na Faculdade de Direito; e, ao lado, das
suas atividades no Estado, praticava a advocacia ou o jornalismo
(pp.117-8). Além disso, quase um em cada cinco (contra um em cada
vinte e cinco em são Paulo) alcnnçaria um posto elevado antes dos
30 anos (p.115).

Nessa sociedad que "adulava a criatividade cultural",


e que havia fundado sua própria Academia de Letras em 1901 (some -
te quatro anos ,depois da Academia Brasileira e oito anos antes da
Paulista), gastava uma proporção infima'do orçamento estadual com
educação. Como diz Gilberto Frcyre o bacharelado em Direito era
quase "um ti tulo de nob r-cca': , ou, como esclarece Levine "um carim-
ao de legitimidade outorgado 01' uma sociedade disposta a dar sua
mais alta estima aos produtos de um sistema rituarista de educação
superior" (p.63). O bacharel t p co , contra
Í í o qual investe Gilber-
to em muitas ocas oe s , era "peàan
í icamente erudito, agressivo, pro-
vinciano, e alienado dos roblf'mas politicos e sociais concretos"
( amireh Chacon, in Levinc. . ('.'1 ) .

Foi a esse Pernambuco que Gilberto F~eyre retornou em


1923, repleto de misteriosos i ulos que nada significavam para
a maioria dos seus conterrRneo (Cjência Hoje, p.84). Iniclalmen~
te, era visto como um es rangeirado mas aos poucos foi se ambien-
tando e encontrando ressonância em certos circulos culturais do
,
Recife. \
Em termos econômicos, SUR formRção atipica provavelmente
- o ajudou
nao in~cialmente, e ele parece ter demorado a ativar o
seu "capital de relações SOCiRis" (Miceli), se bem que não total-
mente,a contragosto, desconfjamos. O tempo de lazer, às custas

da familia (Tempo Morto, p.141), serviu aos seus projetos cultu-


rais. Continua com seu jornRlismo, que sera analisado abaixo, e
o. c..o-n +.-u 5 o S -to "
finalmenteJi ~ ~ aceita. um emprego publico na Compa-
nhia de Docas, e mais tarde, na Biblioteca Municipal. De 1926 a
1530 sua vida toma mais rumo, sendo ele chefe de gabinete ~o gover-
nador. Em 1928, dur-an t e a Refo!'1113
Carneiro Leão do sistema educa-
cional pernambucano, é-lhe o I'e r-c c da a cátedra
í de Sociologia na
Escola Normal. Gilberto aceita, e manda suas alunas realizarem uma

pesquisa que resulta na criAçao pelo prefeito dos primeiros play-


grounds modernos do Brasil (Tempo Morto, p.229). Mas reclama para
seu àiario: "Não sei ensinar. Não sou didata ... A função didát::.cé.
nao me atrai a nao ser como curta experi~ncia'l (Tempo Morto, pp.
160 e 219).

Sua out~a atividnde profissional destes anos (1923-30)


nos servira de ponte para uma consideração dos seus projetos in-
telectuais. Gilberto continua R escrever regularme.nte no Diário
de Pernambuco. Os temas mais frequentados são: a literatura moder-
na, a pintura, a cidade do Recjfe (suas árvores, suas ruas, sua
arqui tetura, seus jardins) e as viagens do autor dentro e fora
do rasil (em 1926, ele vRi ROS Estados Unidos como representan-
Le do Diário de Pernambuco no Congrrsso Pan-Americano de Imprensa,

onde é um dos oradores).A viacem é ~~illorada: "larga estadia

no Rio ••• alguns meses em ~êsh:n_ton, onde foi hóspede do

casa Oliveira Lima ••• e a ç;uwas s amana s mais em i.ova Ior-

que e outras em F.ontreal ••• If -,-neses, pp •.134-~35). Uma 58-

quência típica de teQas da -rti_os (esta de 1923) seria~

a obsessão brasileira com a gramática; a literatura da negação


(Nie zsche. ete.); a imigração de judeus para o Nordeste; a Lite-
ratura de Graça Aranha; o prêmiO 'obel para Yeats; a mudança dos
I

nomes das ruas do Recire; a preservação de prédiOS históricos; Dom


Pe dr-o 11 e a fal ta de boas bi ografias ... O projeto regionalista
48

ai se delin ando n~sses artigos, (a defesa da culin~ria regional;


mora ii a compatíveis com O clima; "c a os" brasileiros;
í pintura re-
gional; defesa dRS ~rvores; a tem~lica region~l para romances),
junto com o conservadorismo poJitico ("a EspRnha mon~rquica e cató-
lica e o nosso ponto mais seguro de fincapé contra as forças desna-
cionalizadoras que nos ameaçam (Tempo de Aprendiz, vol. 11, p.108).

Em 1925, o Di~rio de Pernambuco completava 100 anos, e


Gilberto foi encarregado de prOd\lZir um volume comemorativo, conhe-
c' do como "O Lí v ro elo Nordest.e". EJ e descreve seu plano para o li-
vro como "l~egionalista, hispanista e americanista" (Tempo Morto,
p.1-Q). No mesmo ano, ele é oferecido a direç~o do jornal pelo en-
t~o :iralor Car]os Lyra. N~o snbemos mais det.alhes sobre essa idéia
e ~~c significado político, mas pRrece que houve oposiç~o dentro
de í ro: rio jorna e G i I be rto ac ab ou nã.o ace itando (ou n ao podendo
acel:ar). De qualquer forma, em 1é29 ele é nomeado diretor de A
Provincia, di~rio pertencente R Est~cid COimbra, cargo que exer-
ceu ate o ano seguinte. Segundo Souza Barros (pp.65; 181), tanto
no "Livro do ior-ce s t e " como na d r-e ao de A Província,
í ç Freyre te-

ve uma atuaçao destacada na renovaç~o da imprensa pernambucana.

O ambiente cultural em Pernambuco estava propicio para


,essa renovação cul ural, sendo caracterizado por Souza Barros (p.
]5) como "quase es+agnado literariamente", na sua preocupaçao com
3 re~et~çao _c)etrista. Mas havia foco~ de renovaçao, aos quais
Gilberto Freyre pô:e se associar, estimulando e direcionando-os.
Ele começa a colaborar com um movimento que, désde o inicio, não
andava a reboque de são Paulo ou do Rio, mas assimilava novas
ideias diretamente do exterior, talvez com mais 1ndepend~ncia do
que hoje. Este grupo girava em torno da Revista do Norte e o poe-
ta José Maria de Albuquerque e MeIo. Esta revista, com a qual Gil-
berto passou a colaborar, tinha "pontos de confluência com o mo-
49
~3

v i me n t o de Gilberto Fr-c y re . [Defcndiam] arnbos a tradição, o regio-


nalismo, o inconformismo ...", e Llrnbosse posicionavam criticamen-
te com relação ao modernismo de Sõo Paulo, cujo II representante auto-
rizado no Nordeste ... era o jornalista Joaquim Inojosa" (Souza
.ar'l'os,p.158). A contribuição de Gilberto, segundo o testemunho
do poeta pernambucano Joaquim Cardozo, terJa sido a de tirar-lhe
"o caráter simples de. literatura, para se estender em pesquisas
sociológicas, dando lugar depois à criação do Instituto Joaquim
Nabuco" (in Souza Barros, p .147), uma avaliação talvez um tanto
simplista e· linear. Mesmo assim, o testemunho do escritor Luis Jar-
dim é corroborado por muitos outros: "Não se pode negar a influên-

cia extraordinária que Gilberto freure exerceu em meio mundo ...


felizmente, as rcc as dele co í.nc
í i di a I com o pernambucanismo do nos-
so grupo ... [Ele era] um estim.l~rior espont~neo e continuo de tu-
do quanto foi expressão de tal ~ln alheio'! (in Souza Barros, p.166).

Encontramos a versao m"is "heróica" desse processo, natu-


r-a Irne
n t e , em Ciência e T'r-o p i co : "Por essa epoca, jovens artistas
e escritores desar60rados e sem caminhos, que viam no Brasil uma

pobre terra de mestiços e que r.ão enxergavam o material para suas


artes por estar tãa próximo, sufocados por tirania acadêmica em
pleno furor, encontravam em Gilberto Freyre um guia ..." (Renato
s: rI 2y
Carneiro Campo~265). Não dcixa de ser verdade, porém, que os
seus artigos no Diário de Pern"mbuco incentivavam constantemente
o em. rego de temas regionais em romanc es e na pintura, e sua for-
maçâo no exterior nas cienci"s sociais o permitiu fazer a critica
da cultura li resca e alienada do bacharelismo tTempo Morto, p.
166 J •

Em 1924, funda-se o Centro Regionalista do Nordes e, sob


a presidência do poeta Odilon Nestor, ex-colega de Alfredo Freyre
na Faculdade de Direito. Gilberto ~. eleito secretário-geral. Em
50

fevereiro de 1926, copiando o mod~lo da Semana da Arte Moderna,


Gilberto organiza o Congresso RLgionalista do Nordeste, com repre-
sen~antes de Alagoas paralba e Rio Grande do Norte, al~m de Pernam-
buco. Embora os roblemas econômicos e sociais fossem abordados,
junto com ques ões artistic~s e intelectuais (as teses apresen-
adas versavam sobre festas reflorestamento, arquitetura, culin~-
ria, secas, ur-b an.í zaç ao e pa t.r mon o a r-t i s t co ), a ênfase
í í í dada por

freyre é "mais social do quc polit:ica, e mais cultural do que so-


cial" (Carnpo s , p.26L1). Ele .)I,ÓP1'10 r-e c orihe ce a distinção entre o
regionalismo pernambucano e o mineiro, num artigo de 1925 sobre
., /, Rev ista. de Be lo HOI'izonte: 11 S0n te-se que nos jovens d'A Revi s-
2 dorrina a vibração de viver e rie criar brasileiramente e, ate,
de intervir brasileiramente nn viria politica. Neste sentido seu

~ro rama se afasta um tanto do programn do 'Centro do Nordeste';


~ ass ~elha-se antes ao dos lrnrl:ic:ionalistase regionalis~asfran-
ceses" (Tempo de Ap r-erid í z , vo1. TI. p.217). Não que o regionalismo
pernambucano não tivesse con t eudo s po 1i t cos - j~ comentamos
í os
esforços pernambucanos de c r i a r urn bloco regional na po l t i ca na-
Í

c:ional. r"lnso
.-
mov i rnr n to p ar-o c0 te r se r-e st rin g do oas ie arne n te ao
í

Recife (um segundo congresso, a ser realizado na Paraiba em 1927,


pelo que sabemos, nunca se conc r-c t z.ou), E a pernambucanidade
í não
poderia aspirar a um lugar de preeminência nacional na Velha Repú-
blica, como a mineiridade, nem ao separatismo, sempre forte no re-
gionalismo gaúcho. Por isso, o Congresso Regionalista de 1926 se
reocupou em deixar claro a djferença entre "regionalismo" e IIse-
paratismo" ("Manifesto", p.25). Seu projeto polltico se baseava
na defesa da "civilização do açúcar", idealizando a vida tradicio-
nal nordestina e os fenômenos culturais a ela ligados. Assim, à
experimentação estillstica dos modcrnistas do Sul se associou um
compromisso com as tradições regionais e uma resistência aos efei-
tos da modernização.
51

A imprensa, na S\la maior parte, parece ter permanecido


indiferente ou ent~o hostil. Quan os aos efeitos, o movimento rc-
giona ista parece ter ge rado vários .jo r-ria í s culturais e influen-

ciado pintores e poetas e at~ breves experimentos t~atrais (Levi-


ne, p.58; Souza Barros, pp.151-157), apesar do julgamento extrema-
mente negativo de Wilson l\1artins (o movimento tem sido "superesti-
mado, porque nunca oc~rreu"; "o congresso se realizou, mas sem ne-
nhuma repe rcussao nem fi na] i dadc s a r t is t i cas de qu a 1que r na ture z a!'
- p.378).

t de Wilson Martins tamb~m a acusaçio de que o famoso


"r'1anifestoRegionalisla de 192G" seria uma r-e c oris t r-uç áo histórica
pos e r or . F<.l~('ce
í quc G'íLb e rt o leu um texto na o cas ao do Congres- í

so, rr.a s - .
,
não I ev av a c titulo de "Manifesto" nem foi publicado.
!::sse ex t c e ue a a r-c
c e r i a , "revisto pelo autor", como o primei-
ro ar t go do or rne r-o numero
í í í do Boletim do JJN em 1952, precedido
por uma introdução feita por Gilberto qúando se comemorou o 25Q
aniversario do Congresso, m 1951 no recém-inagurado Instituto.

Ne s r a r n t r-oouç ao de 1951, Gilberto Freyre afirma que "0

Regionalismo ... está para a c\l]tura brasileira, que libertou dos


excessos de centralização. como o Federalismo está para a vida po-
litica do pais, descen~rali onda, embora sob alguns aspectos erra-
í amen t e descentralizada, pelos Lriunfadores de 89" (p.21). Esta
comp araç ao nos faz r-elernb r-ar a c oric Lu sao de Levinc: "O conserva-
dorismo da ell e (pernam ucana) foi reforçado pela ameaça de uma
~aior participaçio social das classes inferiores; e foi tranquili-
zado pe os (regionalistas) que buscavam preservar o passado como
escudo contra um futuro incerto ... A firmeza da elite em preser-
var a sua .identidade regional - e ao mesmo tempo, uma ênfase na
ordem e na estabilidade - se ajustava à perspectiva plura11sta de
região e naçâq que amadureceu sob a-estrutura polltica do federa-
lismo após 1889" (p.72).
52

Fal~ndo em 19S1, 'm umn das primeiras -


promoçoes do Ins-
ti Luto, oaqu rn Nab uc o , Fr-cy rc
í sclarece que "o Instituto é de al-
,
.
. gurr.modo filho ou neto do ll';ovimcnt.o
Rcgionalista", filiação essa
simboliza6a pela presença do velho Odilon Nestor, cx-preSidente
do Centro Re í oria Lí st.a . /I. pub Lí cacao do )\1anifestono Boletim no
ano seguin"c sign:ifica que esse se torna também o manifesto do Ins-
ituto.

o Brasil, diz G:ilberLo (supõe-se que seja em 1926 - os


acréscimos posteriores não são indicados), sempre foi vitima de
estrangeirices que desrespeitaram suas peculiaridades regionais.
Primeiro, sacrificaram-se as provincias ao imperialismo de uma
corte afrancesada ou anglicisada. Depois, na República ianquisa-
da, os Estados passaram a viver em luta entre si e com a União.
Uns falam nos "direi os dos Estados" e outros nas "necessidades
de união nacional", mas o que deveria preocupar a todos é a arti-
culação interregional. " o':'sde regiões é que o Brasil, sociolo-
gicamenLe, é feito, desde os seus primeiros dias ... Somos um con-
junto de regiões 'ant-esde scrmo s uma coleção arbitrária de 'Esta-
dos I " (p.26) .

Se o Brasil deve ser administrado regionalmente, a sua


cultura deve ~ambém ser cstu~ada regionalmente. Os regionalistas
do Nordeste procuram defender os valores da sua região contra a
imitação cega de tudo qllanto o Rio ou são Paulo consagram como
"moderno". Afinal. rn li os VéL ores nordestinos tornaram-se nacio-
nais desde a Colônia, pois o açúcar produziu não apenas uma doça-
ria famosa como também "uma doce aristocracia de maneiras, de gos-
.tos, de modos de viver e de sentir" (p.27).

Eviàentemente esse regionalismo saudosista requer uma


r-e n t.er-p r-et aç ao histórica
í da miséria que a "doce aristocracia"
53

açucareira produziu COlTiO sua 0\1( r-a f ac e . E essa r-e n t e r-pr-et aç ao vem
í

logo em seguida, na I'o rma do c Lo g o ao muc amb o . "É que o muc arnb o
í

se harmoniza com o clima, com as ~guas, com as cores, com ~ natu-


reza, com os coqueiros e as mnngueiras, com os verdes e os azuis
da "o g ao como nenhuma
í outra con s t r-uç ao .. , O mucambo é um valor
regional ,.. um valor dos tr6plcos: estes caluniados trbpicos ..
O mal dos mucambos n~ Recife eslá na sua situação em áreas ...
hos ~s à saúde do homem. o ,lI (pp.28-29). A questão da habitação

rural é das mais tra-Adns no Rolelim do IJN nos primeiros anos.

Outro valor regionnl a ser preservado e o das ruas es-


t r-e t así do Recife, que p r-ot ege m ma i s do sol tropical do que as ave-
nidas largas. Argumento in i i so i t 1v('1, rna s o mais interessante e
a defesa que Gilberto faz dessns ruas, prenunciando temas de Ca-
sa-Grande e Senzala: "Ao velho Recife o gênio dos mouros, mestres,

em tan ta co i sa, dos po r t ugue scs transmitiu a lição preciosa das


ruas estreitas; e sempre que possivel, 'devemos conservá-Ias ...
em vez de nos deixarmos desorientar por certo anti-lusismo que
vê em tudo que é h~rança portuguesa um mal a ser desprezado; ou
por certo modernismo ou ocidentalismo que vê em tudo o que e an-
tigo ou origina] um arcn:ismo n ser abandonado" (p.30 grifos nos-
sos ) .

A maior parte do r'lani


festo se consti tui numa defesa da
culin~ria ~egional, culminando num apelo a que se abra um restau-
rante regional no Recife. Gilberto esclarece que não são apenas
os valores "aristocráticos" do Nordeste que o Congresso visa pres-
L'giar, mas também os valores "rústicos". A critica ao bacharelismo
está presente aqui, e nos faz recordar a interpretação tolstoiana
de sua fase religiosa de adolescência. "Quem se chega ao povo está
entre mestres •.. A força de Nabuco, de Silvio (etc.) .•. veio prin-
cipalmente do contato que tiveram, quando meninos de engenho ou da
S5

29,
SolN-e a. u-;",c.cw &.o IJN,
I

Quanto à e x t c n s ao o o l~ g o n a l ismo
í a pesquisa social, o

Boletim de 1969 leva um a r t í g o de Nelson No gue í r a Saldanha que

procu:a explicar o que seria o regionalismo nas ci~ncias sociais.

Para Saldanha, implica num rcchaço às generifizaç~es universali-

zantes e um esforço para situal os problemas humanos. Situá-los

n~o apenas geografica mAS cuJtura e ecologicAmente. E tambem um


A

rechaço a uma cienc~a social nAcionalista, nos moldes de um Guer-

reiro Ramos, pois o brasileiro precisa ser entendido em termos

r-e g ona í í s . Aliás, li }1[('1';' i r-a de ob s c r-vaç ao social no Brasil come-

çou sob marcas regionAis, com os viajantes estrangeiro, como con-

trapartida da dispers~o colonizadora que criou uma s~rie de ilhas

~e :ivilizaçao. E no S~Clllo XX os socib10gos ampliaram os estudos

:"=[:C';,á'S, como no C.ASO de ....


OplJ]AÇ'~CS Meridionais, de Oliveira

·.·.=.:1".--;. (1918). Em se[!.\I:idn.


Sri ld nrih a ciLa Alfred Métraux, um dos

: :'::vjl'OS v i
.. í t ari s no l ns t t t u t.o .Jo aqu í.m Nrib uc o , para quem a ci-

v~12=~cao j dustrial vai padronizando o mundo, e o que resta como

"recião" ~ o que e s c ap a a essa t í r an c a' moldagem


í - fazendo com

que a op ç ao r-c g o n a l d s t.a


í em ciências sociais seja mais tentadora

nos pai se c::: subde s('envo1\ ielos, e t eride a concen trar-se no "ru ral" .

o que àe:ine o grau de r gionalismo encontrado num traço cultura,

diz Saldanha, em estilo bem 008siano, seria o confronto com o

t r-a ç o equivalent.e de ou t ra r-c g i a o . Lembramos que ~ de Boas que

Gilbert:o adouiriu a :iSAO a h t s í.o r í.a cultural pluralista e rela-

t v s t a , r'I.">usanoo-sc
í í a "! I') 'lir lug a r fundamental a raça e ao meio

Para Saldanha (e pelo Boletim, vemos"que para o IJN como


um todo), o regionali mo em ciências sociais tem que estar ligado

à ecologia. O "approach" ecológico, por sua vez, é propicio ao

subjetivismo, ou pelos menos a um compreensivismo elástico e chp.-

.gado à literatura. Como disse Gjlberto Freyre sobre seu livro Nor-

deste ~1937), é uma "aven tur-a de imprcssion1smo a seu modo ecoló-

gico".
56
30

[ c v i d n t., q\1e 3 t J' a j C . °r j é1.de G í ] b er to na d é cada de


]920 ai p r-cp ar arido o .nrn i nh o p n ra Cí1;.;:,-Grondc
C Senzala. Desde
a sua volta do exterior, ele vinho fé1.zendo"field-work" nos mu-
cambos é nos eng erhos ela zona c an av e ir a . Pensa í p r i me i r-o em esc re-

ver um livro sobre "a minha própria infância e sobre o que foram
no Brasil, durante quase quatro seculos, os infâncias dos diver-
sos tipos regionai s de o r-a s lei I~OS". É I.ins elo Rego que é confiden-
í

te desses planos, o mesmo que 0m 1932 estreié1.como romancista com


"[:enino ck Engenho". I a SU[l v s ít.a í aos Estados Unidos em 1926, pes-
quisa na coleção brasil í an a de Oliveira Lima, pensando numa "espe-
cie de autobiografia ou memórios de um individuo, estendidas em
.i s t o r as ou em memó ria c:: de todas as c riariç as do Bras i 1".
í No ano
seguinte, começa a frequentar os xp..ngôsdo hf>('ifp.. Lê o sociólogo
Thornas e se interessa po r- SU<1 utilização ele' f c-n t.e
s diretas como
car as e anuncios oe iornais.

ao s a ernos o que t.e


r a sido a carreira
í intelectual de
Gilberto Freyre, não fosse a Hevolução de 1930. A intensidade do
seu envolvime to pó Lí t í co e "ol'nnlistico não prenunciava uma pro-
duti\idade intelectua_ .ao acelerada como seria a dele de 1933
em diante. Nao e à toa que Gil~erto inicia o prefácio a Casa-Gran-
o e e Se nza a com as aI i1V r-a s : "Em ou í.ub r-o de 1930 oc orreu-me a
ave i• ur-a do e x í - ia". Não só pelo t.ernpoque seu "exilio" voluntário
.ropo rc i orro u O1ra os eS1.udos; nno só pelos lugares que conheceu
seus e b:ibliolc-cnc:.
em quC' pôde pesquisar; mns pelo reforço
que os event.os de 1930 dnram no seu projeto, ampliando-o em um
sentido ("ocn ncc--o Ul .. livro não apenas sobre a i'nfância nos enge-

nhos, embora não deixem de ser "memórias estendidas", mas sobre


todo o mundo crjado pela "aristocracia do aç0car"), e restringin-
do-o em outro (em vez ào Brasil, temos agora somente a zona cana-
,
vieira do ordeste, se bem que para Gilberto esta possui um cara-

Ler representa i o). A pena se torna a grande arm~ do derrotado;


57
31

o me rf'uJ
h o no passado , o me 1 hOI' 1'0CU rso [IR ra um a ri s toc ra ta sauào-
s t.a m epoca de rnuo anc as .

Exatamente porque Gilberto foi para o "exl1io'i pe r-maric e


um mistério. Não que ele não tC'nha se explicado (Tempo Morto e
Estácio Coimbra). fugiu com Estácio para Salvador quando o Reci-
-
fe estava para cai r l1as maos dos revol t osos . La, soube que a casa
dos pais, onde morava, havia sido snqueada e incendiada. Estácio
mandou que o acompanhasse no primeiro vapor para a Europa, onde
os dois passaram quatro meses sofrendo frio e fome (é o que diz).
Recusaram os favores dos vencedores. Desde então, Pernambuco so-
fre, com exceções notáveis, da falta lide uma liderança politica
constituida el. li e ~ altura de suas tradições e de suas aspira-
ções" (Es t ac o Co mb ra , p.26).
í í Tudo muito dramático.

o U 2 Ique)' f o I~ma, "a aven tura do ex i1io I1 ve io a c a 1h ar

ara GiJber Q. O navio aporta em Dacnr, e ele acompanha antrop610-


gos franceses nuna visi .a a uma tribo. O projeto de Casa-Grande
vai tomando co r-po .' Em Lisboa, reúne material na Biblioteca Nacio-
nal, no Museu E·no16gico, e na coleção particular do historiador
João Lucio de Azevedo. Em fevereiro de 1931, recebe um convite
para ser professor isitanle em StRnford, onde pesquisa na brasi-
liana do geo logo John Casper 1 I ann r e numa coleção de documentos

parlamentares ingleses sobre o tráfico de escravos e as condições


servis no Brasil. Via'a pelo Dcep South, observando as semelhan-
ças com o Nordeste brasileiro, e estuda ~~ biblioteca do Congres-
so em ~ashington. Vai à Alemanha para uma estada em vários museus,
antes de chegar no Rio de Janeiro em fins de 1931. Ali, pesquisa
na Bibliotec~ Nacional, no Arquivo Nacional, na Biblioteca e no
Arquivo da Faculdade de Medicina, e no Museu Nacional. Faz um con-
trato com o editor Augusto Schmidt (500 mil réis mensais, que o
editor para apen~~ irregularmen e)'e começa a redaç~o do seu livro.
S8
32

Em ]932 r-e o rn n <10 HCCJ f o , vi si 1" cngcnhos e frequenta danças fol-


c Io r c a s ,
í e t r-m na í a ro o aç ao 1)0 s t o do
Í í í r-rnao , vivendo com o
i" to n--e< o+e
vel~o criado negro da félmilin, q 1e também se torna ~, e, mais
uma vez. "passa fome".

o resul ado é "'uma e s t o r í a o sb í í l ho t e r-a da


í vida domés-

t í ca do senhorio nor:dest.ino, quo um nc t.o:;l)cii


sc rc í.o recorda amoro-
s arne n t e" (Darcy Ra be r-o , p .71), usan do , além das recordações
í fami-

1 'ares, anotações casu a t s de sr-nho r-c s dc eng enho s , anúncios


c c de
jornais, aescriço s de viajantes estrAngeiros etc. Seu uso pionei-
ro de fontes tão diversificadas ("8USOU "uma explosão de deslumbra-
mento" (Jorge Amado) nos seus leilores. No entanto, a novidade dE:
Casa-Grande não resid~a apenas nas fontes, mas no estilo - era
um livro de ciência escrito em _jngu8gem literária, não cerimon~o-
sa e ate, para alguns, cl10célnl

A dive s dao
í de t ecn i cas de 'pe squ sa e herança í de, en-
, ,
t r-e outros Fr an ; Boas, seu <'In j['.o
mc s t.r-c- em Columbia. Ha tambem,
ou t ras in fluênc j ds boas iaria s em Cas<l-Gr-aride e Sen za I a, por exemp 10,
a tese culturalis a que rejeitél explicaçoes em termos de caracte-
risticas inatas das raças. Não existem raças super~ores e inferio-
res (Gilberto e sc r-e v a o rn 1~33) .lororn.
í e rn matéria de teoria, diz Dar-
c Ribeiro, Boas não ia muilo aJém disso, mas por razões políticas
se prendia a um ateoricismo com forte ênfase na descrição etnográ-
fica. Gilberto nessas c ar-ac t e r s i cas o acompanha
Í novamente. "Casa-
Grande e Senzala não aspira à formulação de uma teoria geral sobre
coisa alguma. O que ela quer é levar-nos, pela"mão, ao engenho ...",
fazendo como Boas uma IIdescrição sistemática, criteriosa, exausti-
,
va, euidadosissima de especirrens eul cu r-a í.s v • O que resul ta e uma
monogralia etnográfiea regional, um tipo de "estudo de comunidade"
,ampliadissimo e si uado no passado (Ribeiro, pp.74-77).
60

d s os
í í ç ao pOI'é1 8 m sc nc n.acno .
í í Â m i sc Lg c n aç ao O p e r-m t u povoar
í í

um asto í mp e r o e f'o r-ma r uma


í c amac a rle mestiços que teria democra-

1.i2 do as r-e Laç o e s rac í n i s no Brasil.

o elogio ao portugues e feito numa base culturalista,

frisando elementos no car~ter do colonizador decorrentes da sua

histbria de conta o ~om os mouros. Destes, os portugueses apren-

deram a escravatura "S\l3VC" (po)'que, no contexto dos mouros, era

dorne s tí c a l , mu lr í í o s c o s t.urne s a f r c nn í í zado s e Lropicalizados,

r: 2. a t rac ao sexual pOI~ l11ulhC'I'CS


de (;01'. De tudo isso, decorre a

a ap aç ao adequada da CU} lu )'(.1 br as i Lc í r-a aos t rop icos (e a poss i-

bilidade de se c on s tr-u í r urna civilização e fazer "ciência no tró-

! .í c o '! ) e numa soc í e o aru m i s c i ge n a o a que apresenta poucas barreiras

à ascensão individual ~C' !·!;10-~):',mcos.

A a t r-aç ao que Gi lb e r Lo sente pela suposLa herança "ori-

ent:alista" do Brasil parece se encaixaf na sua perspectiva anti-

modernista e au do s s t a . Do í Oriente viria boa parte do misticis-

mo e ate da "poligamia" 08 soci dade tradicional, sociedade essa

que esta sendo substitui03 por outra, racional, disciplinada e

"ociden .•..
al".

Deixando de lado o aspecto saudosista, e interessante

notar que a sociedade 1.ré'ldiciol1<tl


brasileira -
nao se adapta, para

Gilberto, a nenhum esquema cl<lssico europeu. Até de ou~ro tradi-

c io na 1i s tas e 1e' s e a f as t, a a Clu i. O s e s. j r i u 8 1 is tas c a to 1ic os,


t, po r

exemplo, viam a Col~nia como uma versão idealizada da Idade Média,

em que a Igre'a englobava a sociedade. Por isso, eram capazes de

er um projeto para seu tempo. Has Gilberto, embora partilhando

àa sua rejeição a modernização vê a Col~nia como fragmentada em

enormes domínios rurais onde a casa-grande engloba até a Igreja.

E, portanto, uma sociedade sem centro e, provavelmente, irremedla-


. , .
IJnl S ~ m). n;=; r 1 ~ ~m 1~3~ na Univ~r5idad8

I~"G
lO r : nCI8' (;0
t C'
~U 1 nfl COI.l~ i nr,',za :·8 -
..;OS::., L"x ns ,-.
fJO .. ego: c) con-

no ano socu:~t? Gs l~v~os continu~~ a s~:r em rit~o acele-

rallo.
, , ,
:io :~3r.lOOO :3 <1 iJe

com sua noiva ao Urucuai, ~ ~rg2ntina c _ao ~araQuai durante

três meses no final je lS4L e COGSÇO 08 1~42. ~o~emos s29u~r


-..L' '"
esse l"lnerarlO 1a co~res~ondancia
;.:e constante dos arquivos

do ent~o Ginistro da E~UC8Ç501 Gustavo C-rnnema. As c~rtas

lan;am 1\ z sobre OS projetos culturais de Gi_b_rto nJSSG mo-

~2nto ~ue ~arca o ~eio do c3minho ~n..LreCGsa-Granje & 3enz~la

~m 21 de agosto de 1~41 Freyre Escreve a C~~an8mat

r :::.;-e r i n ,~o - s e 2> u 11 recente ~ncontro ~os dois em qU!? 11[-"';0' f •••• __ 011-

m~ no seu rles e jo de VI•. 4- ••


êllcla'" I

02 ma~srla
.'.

de minha rredileç~o etc e t?mb~m no seu interesse por 8S~UjOS

nos palses
,
~merlcanos
. ~cr~

uma melhor articulacão ua nossa cultura com a deles ••• L


--I"
r:ue estou ulS os ~"o J no fim deste ano,

,ossível, a jesemf-snhar a m:ssão • • • de 'observador cultura_'

••• Fara isso su fari~ una viaçem j2 seis mesee, co.dçando

Unidos ••• rilém ce re~3tórios rarticulares, escreveria um

laru_JoreI to'rio Qaral


- ara u ~cacão
-- .;- ~ue
-.' só ele ~ust'~i
.!.... • -

caria a rnis:;;ão
••• Estou carta ta~b2m d~ Que o ~residente

\Ia r as concor ria com o rro;e "o •••


. .•. f=~ra mim,
, • f
teresse de. r.te s arv r , í anto antes, de 'viage~ C3 nu~c~as •

de ser una viageru e terá e s~r r2:1izada em c ndições je


, .
rnaxl.wo C
- .&.
n'or",o ••• ~s-ero u~a ras~ sta sua, CaranaNa, den-

tro de ,ouco te~ro, do ~cucos dias." (Schuartzman e~l, p '.


:116-317je

, 1"'1
.:;e ~'-+, core Ha3
. rJUI"aç2l0c e -,J.J ,..
':1'85 r·'GS2S.
De Guenos ,,'
1"\1:;:"3S,

GilbG;:,to e s c r ev e ; ;r á ~#s-t ive ••• com o ·~r? :!utor d~ Cé1S3-

GI"3ndG~ ~ue sa i, b reve , 'Jou t c r l-U8 ler as ~=rovas". :-lgur.l

tei:1Co·-Jeoois, r e c i ama c ue "nem aou


I. ~ •
í ncra n 0:rUg a i , as era-

'.c -
baixadas tinham ~ualnuer ln.ormaçêo seu res[.:eito ~ •• foi
assim em r- o:rtu~;::;l
era ~i7. fi--.2'S] sem c s gr2\ças do Lt.arna ra t L

minha açao sm ! o:rtugal tornou-se

o início de uma nova fase nas rel0çõ~s

de r :'S2 neva .,o'


: • ..!~
í..t. ."- - -
l --~.'-' 1

;-'c:r filJ..r;! s u çe r i.da ••• Fui c oriv i da do p o r ~; Lu~:: ;.~~r= ;-f~r:.'"

c o Labo r a r em La i~L)ción e ler D. Ezer:uiel rô: :11 :...~ ~r,"-"\:;.:::

Tanho pens~~o semr:re nos nossos f_~nos ~::::


~ubli::::aç5o.
Que r.le-'~-
u.LL VOC3

.•ntro:-

(9NC,? Ahtro~oloºia no s9nti~o lato. S~rie Uiil csntro ~ara


estujo e intc:r:-:r3tc~5e- do hom~m e da cult~ra brasileiro
••• áo qual f cs r í.am
í Lnco rp o ra co s o [":useu '~acional ...,. o

r:;useuGoeldi; o ~ ,U_~S-::3, o de ,-!=rn::lobuco,o do Rio C rande

do Sul, o 00 r .:--r.:J.ná
~ o r~in5 ~oJriQues C:2. Sahia." (in Schwartz-
liial"i a I , r- IJ •
'
LD~ Gilberto fo:: :::-8-

UQ artigo Gue escr~-


,. .a... • ., .J- •
vara sobre 2t~vi~~~es é:::: õares ~s~ranºaxEDs s~~fa~lcos ao
naz.í tu:1e disso, segundo
smo , Em v r.. í r:enos2s (p.I?l), ele esten-

deu a sua·recus ~2 c~r os çol!ticos lU~ vinha ~anten~o desde


1937, .•.
a recus~ ...!
~e cargos -
nao-po l'~'
~~~cos ue fossew oferecidos

atravas do r \.'2::-, O br e s I eiro. .,-o


I> ac~~tou UQa cátedr3 na U-
,
a recusa je um:! e 3m 1942 se ~8ve as L'L._SfilOS

circunst3nc':' s.

taóo ~~ovo: Gi!bert~ Freyre goza r3putação ;:;e homefiide es-

qU2rda. -m ;arte r21a jes~nvoltura com q~8 escrevia sobre


..•...
se~o e crlvlCCV3 "t'
os JeSUl as, D8fii como

c i s t as , Su~s o. r a s e ram bern-cr ac e b í.da s :'01' liberais 2 cocunis-


. ~ e rara ai vo de ~tê-r;U2S ror !-arte da d i re i t a
-.:as G da iÇ1reja. Um

orc.-:orn 3r Con~resso ~uCEr{stico ~3cional: no Recife om 1_39,

c haraa-io de t: s oc ió10QCõ b o I Ch9V i s t a " (Clau jino, p. 2_). E s c reve ne

do em lS4l;, D':'o1]o
de ;-,:-,10
r',..,neses
po de f aLa r do seu ! r í.mo como
" . 11
u9moc:ra-':_C3S

de UI l1ir:1í-·ressionante
unan í.c i dade de r ens arnent.o dos e Lcme nt.os
'" '

intelectu 1 2. civicêwente honestns p.m torno à fiºura de Gi~ber-

toF~Freyre!' 'r..24'. Claro que tal f' rase foi co Lnc a da r'0l'C)ue

havia, de f-~G, oposic~o a Gilberto, mas esta vinha ~rinciral-

• '.L. " --. .1.. j.. • •••..• •


Jesul"lca • t.Vl;..ssnvei:i:<nl.e
com i e ut.ora za ç ao do ;-r:'ii.o,
r,:::neses

FranC3man~e ~3 'esquerdo'. Cada V3Z m is da t~s uerd-'" ~.254).

Che ça r c o d a am
í í U2 o U2sqU2réista" r õ: outrora 'teria motivo

de a9r3 ecerJ as spas ue seu b lo~rô f o Leve


.
o'
o CU1Ld a~o de co1o-

rala ra~arn cr-tizaçãa ~o rafs.

~o errt arrt.o , p e race cue a 'fama c- o s í c o lista da Gil-


ã

berto se dnv~ mais ~ sua c~n'testação o governo e ~3rnaQbuco

do ,ue a u. a ~ siçã ôS$unica de o~Gsiç~o o Est o ~ovo. Co o


39

._l..
'0.:"\ 10'77
_ .....•. , .l.r:.n
t,........ '- o nov o
"8Cl . f e se '
08 f'a n i.co
.. ra
.c on t".L
diz
•.•
os man~oGs Dst3~uals,. C"b
l~ ~r
~ a •••
t o Tor rr~soll",
~ - • ',.ôrtir
. de

1942, no R~cifa, sua correspon~enCla ~A •


9 v-o Lao d
, •
,
dificultôn::lo

sua colabor~çao -
~~ ,
~ornals'..!.r.
~e cora

09
~s.1.ajo
~ •
Sua C::lsa llvive
~ ••• J...

cs r ca da por 'S2cret::lS' 11 Cr-.1?2-1SS',. c, atacu:Jo SlS"Ci3ITia"lca-

·S.!....,S F'r on
rr
. ubu co
o r nc .
Gelo OI'Ut-::o
~ C3"CG':':;.co
, e: • -'
'-lêS reva "u , • r:

,
,l:, .
l.::?lrasc Tr e""...I.,;U-.
~ cà o ·.I·,_·~.S na sua v l'S,L: +_0'\
-- à Be h ia e rn 1943. ,
<:3 rs-
.r. •
c3bido int~l::c-tuê:!.2 as autoridad25 1802-

ri ??
\",p._-J.
I t:
t d o I"\an-
r
GI...,..~

, s
t: coric -Lu ;..
.. " .-..•.l.l-·:r~
'._~ __ ,-,.:J. 0- .::~....,.
I"""L-'
foi !='~: ~srnaQbuco.

cc o~c_=--eão era :-G' ....


':: r nc ::::m Clau-
r

::iC. Foi ::;l::vô~o

r or C::d:ú~.1.0 ' .-.,


_,'l
...•. -'-
\..
...•• 2 Comérci~ er.: ~34 onde

adotou
uma postura centralizadora e an i-comunista.·A partir de janeiro
de 1937, acumulou a pasta da Justiça e se pôs a destruir politicé-
mente o governado. Lima Cavalcanti. Com a decretação do Estado
Novo, foi nomeado interventor em Pernambuco, permancendo ali at~
~evereiro de 1945, qu~ndo novamente assumiu o Minist~rio da Justi-
ça.

Como interv nlor, Agamenon alija a antiga elite politica


do Estado, e forma um secretariado composto majoritariamente de
militantes católicos d~ ~0ngregação Mariana. Quando o Ministério
de Educaç~o indica o !l'~' de Gilberto Frcyre para delegado do Pa-
ri~ônio Hiitórico'e Al't'stico 'acional, Agamenon consegue barrar
a norne aç ao (Pandolfi. : I .48-51). As poli t cas e s t aoonov s t.as em
í í

e r-nambuc o a l j ena -i 1 « r-Lo c sua classe;


'i I

• .n -l.1'("1 -_8
' .u t'-'L'....
r '.""
'.'" '7/ 'I IP")
I ,..(

...
1Il! n -;~ O '~o
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O ~u3c>ro f e r t.í.d r i.o :::; l eoro a.c o cx t r-ca ::r;;en ç \'8 T ru aco

d e.J.~' '"'45 : 3 '..


o côra·"ter. 08 I'f . t'
• ren"te':j8 . UDrl'd,
l 'I
SiJUU3rê.fii a a tt.u r a
c a no,.,'i .da

de u~ intelac~ual sem besas e_sitorôis, j8r~njente do chamado


'r .
'VOLa ,.
a v r err' 00
tJ
r.e c i,
-f e. r-
t.n que n .L'
L.O va r a. o s doc2ntns da r3culdaua

de Direito fazem sem cons2gue

Lí za r :3 sua f amc nacional::: s eu t r ã n itc r-a i s ou ,,,2nos~ivr8

'~,'O_: _
<:;0' ~c. lID,'.:," •••. n :> m .....
..J
"" •.••• , n,-~c:;,;,
s' \,..O '-
':'s-u"'-~
to- ...., J.. __ -..,-;OC,...·~..Ll'C-
J -'"t. - -' \.- - - ••.•.

em lç:4

to F~eyrG se afasta dê s uerdp, D~mocrática (2stá 3us~nt8 dos


.,., .
aeSVln-
no~es C'ue comç:3em a Comissão E.:stadual r'a 2fltidôje, ,Jô

Sua .e r••a 3ilCi- da u::n~ ;::-o.je ser .i n 81':- r


í e ~3ja corno urn carr i nho

mais "
V1BVe.i . imr:'ement2lr S2US fro:etos culturais, e/ou

como uc ~rova d2 0ue nunca h3via s~d. realment~ de "2s~u2r-

da". Gláuci \teiga (p.2S3i lavô:1t2 õ h,:,-ót2se·.'?que ale tenha

;rocura o "se resguzrjar i :80 o iCaQ3nte na 'as u-rda d3QO r~-

tica' c ar a não ser =issolvido na ~_l!~ocracia c -ilalista 'os

us Lna ro s br':gadeiristas".
í
Se CLS pe c u
.. , ' .._C~
.'." ::.; .~;C 1 • I ••. ,-
í
·1 'o J

l-:,laição :' a c LI :t.8 r 1.C:,


• • I'
'J !::; (), a r o l'at.l. c'
r
!l,~lr'~)UC2 na o .,..ju .lo r o rn <3 c or.c r c t i z e r OS Sf'-:US'-10 nos COíi10 i e;. U-

í .u t e s
,-v í vo
..;z e s
<.;;,:>, •n "";~
.....
-" .-J/c~-~~~s
U..; ""'..J'-< __
"';0 4'C.• e- 50 1 .~~
~_ ,~, .i e nr a s q~o
_0.1 _u
_ o _~I,õ,V[.;-
--

SO ele<:: d a r.c r- a' .•..•


t i c a na c i.o na I , 53· 8r 1'0-

XiG2r da UD~ e S8 af~st?r do ~SD ~9rnaMbuC8nG5. Em jan2iro de


_S'4E, nfvel nacional.

na esteira da rurtu;à e nt.r e Vargas e Dutra (ranGolfi, _ .• 11S~2n).

~esse mes~o ano, Gilberto freyre a~resenta na C&-


mara Federal o projeto que prop~e a cniaç~o do Instituto Joaquim

Nabuco.
. ,

A descriç~o da ~ua atividade politica que se encontra

em todos os seus livros postt::rioes (como "dados biográficos


do or") contem e) e me n t os b em t.ipicos:

"Faz.endo ligeiro in1. rrcgno na polilica, mas sem com


isso paralisar a sua ativjd~dcJ de 110mem de letras, Gilberto Frey-
re ... (permanec0u) at~ ]950 d putado ... sem compromissos com
o ua Ique r par i do, embo r-a na I egenda da UDN. Fo i v ice-pres i den te
da Comiss'ão de EducaçEío c Cultura da Câmara Foi seu o pare-
cer no sen~ido de so se federnlizarem no Brasil universidades de

importancia regional ou de amplitude transestadual ... Organizou,


a e d í.o o 00 r,L,nistrio da Educ ac ao e Cultura l s í.c ] , o Centro de

?escuisas Educacionais e Sociais para a regj~o Nordeste do Bre-


s 1_
'1" (C asa-ur" rance
' e ~cnz;:
c:. 1 ~. P. . XII-X-1IT',
_ X\'I).

Gilberto esta no au ge do seu p r-e s t g í.o . Em 1947, í a Co-


~issao de Educação e Cultura àa râmara, por proposta de Jorge Ama-
do, o indica para o Pl'êmio No e I e Literatura. No ano seguinte.
Gil erto participa ào Conclave dos Oito, convocado pela UNESCO,
que roduz o livro Tensions ha t Cause Wars. Em 1949, representa
o Brasil na Assembléia-Geral àa ONU, como integrante da Comissão
Soc~a e Cul ural.
4-4-

e ~-e...t'+ove r &e. \/o+t> ~ c"ll I (e Urv\..r.--o..l "'- -e.\~' 'l~ &.e.. vü-\3O<...r e S'
"
.í'o

f' O r s .r e m vu 1ç: a I'!~ S e r o ti e r e m [' º


e 1a vu 1 a r i ie de su íD"~ r a r o G h L: nu n::;
. r:ualidaJe, ca r i. c a t u ra co s
oe GI:1
,.. d'2 . ~
T1 .1.905 C
h 3105
. ue .
51'
I'

!'p.20S-215) •

U fato é que em 195D o Quadro p o ~tico .-s t ava rr.a i s

assentado e hav:a menos 8s~aço ~ara quem n~o S3 dis,us?sse a

construir bases elei{orais. ~ claro em lS45, Gilbarto tinha

S2US c:;
em 19~,G tam b'em 1\ se e s T,..orçou

~ara se ree_8ºer ••• mas n~o era um ~o:rtico ~rofissional,


,
não tinha currais eleitorais, tinha r;U8 s:: eleger 50 com o

voto Li v re rjo C;ecife!r'(r:ia::!


el 7/5/C?).
E nesses cinco ênos~ ~le ~8rj~rô o apoio o P C B ! -:-':,_~"
r i-
:-

ticou 3S penas de morte contra os nazistas em i~u:..-:,l.·~·:cr c nac -


apoiou os ~e~utados comunistDs ~uando d~ caSS0C~Q

1946 - Lava re ca , !I:xclusão,~i,r. 78).


" a
f~as t'3mos C;U8 Gilberto sc.i í.iuito
., ~.J- •
p o.r i t i.c a , ~orc;ue SGUS
.,....
Ja eSLavam . h'
encam1n -
a~os. Lm _946: ele havia ~~resentJdo
- na

o do Ins ti tuto JoaC;uim r~ buc o de


Câmara o ::1'0 jeto de c r':açÊÍ

~2S uiscs Sociais. Aprovei ta ),Jo-

se do centenário do nasc me n Lo do EP ande flPT'n;)IIIUIJ(':;)1l0


í que r)C'OI~r(>-
ria no ano seguinte, o projeto de Freyre propunha pslFlbpleC'pr "nF\
cidade do Recife, onde nasceu Joaquim Nabuco, um J~lstjtuto ded1ca-
do ao estudo sociológico das condições de vida do Lrnualhador bra-
sileiro da região agrária do Norte e do pequpno l::1vl'rlrlQr
U;3 nt~:=;mrl
regiao, visando o melhoramento dessas condiçôPSt "rI l>lpma que foi
a preoeupaçao maxima do grande brasileiro" (Bo Lc t m 1.
í 1~S2, pp .
4-5) .
4-5 111

No seu discurso de Drresentaç~o do projelo, a ~ de rlr~cm-


b r-o de 1948, Gilberto F'r-cy r-c frisa a í mpo r t anc í a d a s po squ t sas do
homem regional, nos selJS aSp0ctos antrnp0m~trjco, rl.nolb~irn, rtno-

de leis e planos de governo sensatos. "Nossos juristas, noscos 1(>-

gisladores, nossos educadores, nossos homens de governo, pr~ci~élm

de que dois ou tr~s Institutos dedicados ao estudo rio homem brAsi-

leiro, nas duas ou tr~s áreas principais em que o Brasil pode ser,

antropológica é socialmente dividido, lhes forneçam com segurança

cientifica informaç~es sobre as diferentes populaç~es regionnis


do pais". Estas inrormaç~es também serão u't e s p a r-a os médicos,
í

os industriais e os comerciantes. Já existem, nos polses ;--rli:1.nL;:l-

dos, tais institutos regionais, lutando contra a "c c t.andavo í zaç ao "

do estilo de vida. Gilberto cita a URSS e Portugal como expmrlos.

Várias vezes Gilberto se recusa a responder a pergunta

de um deputado paulista, Ataliba Nogueira, querendo saber por que


ele se opoe ~ integração do Instituto a alguma urlJversidarle. Apenas
-
diz que nao conseguiu convencer particulares da npcpssidarle de i~l
Instituto (Boletim 1, 1952, pp.6-12). Numa entrevist8. em ]985, e.Ir>

deu a seguinte -
versao dos acontecimentos:

"Como analista social e deputado, eu spnU a mui L::I fi-ll


t ~

de centros brasileiros dedicados ~ pesquisa sobre o próprio ra~s.


Ocorreu-me então a idéia de aproveitar as comemoraç~es do ccnLen;-

rio de ••. Nabuco ... Meu projeto previa que ... o funcionamen o

... (do Instituto) seria desvinculado do sistema unjv~I'GiL~rjo pnrA


evitar o velho mal desse sistema: a bu r-ocr-nt z aç ao " (Ciêncjn
í 110j..2.

pp.86-87).

De qualquer forma, o IJN foi criado pel~ lei fed~ral

n2 770 de 21 de julho de 1949, dpstinando um milhno c qulnhrntns


mil c r-uz= r-os para
í a sun cri::!.,; r.
] <)

1953 uma nova lei muda ljgeir~mente a redaç~o, rle i x arido c I a r-o <]\1('

o Instituto é subordinado d i r-e t.arne n Le ao MjnisLério de FdIJC(-lç?io

e Saúde (posteriormenLe, de Educação e Cu It ur-a ) (Bo Le tím 2, 19'.>3,

pp.3-4). Em 1960, uma outrQ lei concede personQlidade juridjea com


autonomia administrativa e fjnanceira ao IJN. ° prim~iro conselho
diretor seria nomeado pelo Presidente da República, e a renovaç~o
seria mediante uma lista triplice organizada pelo conselho diretor
e submetida ao Presidente, o mesmo acontecendo com o cargo de dire-
tor executivo (Boletim 9, 1960, p.137). Finalmente, em 1980, o Ins-
ti tuto passa a se denominar Ft md aç ao .Jo aqu m Nnb nco .
í

so
.
te r sido. -. -,r-r-
V..J'-' __ •....• -'...,
~-e_o ~·.enesQs, 1 S 4 l~: v - ri; o S

c m outr, Gstr;)-

\' - .-:_1.. r nao -


"'t • - _.-. _..... •••• ,....~ •••. _ •..••
e-L8lçé1 ~.1.:\J.. o c, L".CmC.L •.....
) •.

e c a b e . o .Ie

c ssr (com 41 anc s de .2.-:'=\:1e - '-li -í"? or C8 relevância econô-

rr.ica na mon aç:8rr: -


L
.1-
d3 su e -'e <:d .u~rir e r anova r seu
c- O
.....• s: U Út~ cC' O
Y"~ I• '.1 t.r íac· r_ c e l.L
.....•.
l.1. .L 'Cl
-'S
• n i ruc o s
"r !; .L I . • •
nL.!~~
11 ~ #."'.,UU) ~S·:·ird'"lr
• v -
.
~
.l sir~niri-
-

c o ço o - 1
\;8 um r e c on s c r ií r ;J. SUõ

SUO 1..a n- i r a ••• U [;1 (? S cr i tor -I u e v i v e e x c _.U s i v men t C> ~. as S 1J.õJ S


, .
letras. H: nU8
-v esti~ar o fato de um :nt~18ctual jél te r encon-

t~...
êuO no -~~,'1
U1.<:.;J __ . mti-
I_~-;n Ll.E'
t: '"
~ -ocursos
J. - - r-r·
i"-'- ca ·l·t~_'_
~. ..
i7ar
~ seus

Lo nqo s anos de estudos ••• r~as e o La +o isso é excitante i-


.
maglnar , KplpUCOS
que com essa casa De ,. . ,
ro~~-se SSl.
t a r COD8.c
c an ~
do

a levantar uma futura instituiçSo da cult ra nacional, como·


., e-' h OJ8
~a . .'
em ala a Casa de Ruy Barbosa. Como ~, nos ~stados

Estados, a Casa de ~ashington e a Caso de Lincoln. Uma con-

tinuidade do ambi~nte fam: i r em que tr~ball aram cstu~aram


.
as gIC.nlJese rna rcen t es r~.
aqur-as de um ' n
p aas {r- .e nc ses ,
\ ., _r
[-,p.1..Uu-

lGlJ• ~ssim como os ratriarcas do açucar nas s 35 casas-º~an-

des. Hoje, essa c~sa ~bri~a 3 Fundaç~o Gilberto Freyre.

A <lscen.-:ente·
d r-et.e da Fundac:ão JOê~uim
í r~:buco$

em .:rojeto em 1944. "Ho j s , Gil-

berto Frsyre 52 dedica com fervor ~ id~iQ de c~iar uma Fun-

dação Ulysses ~€~nambUcêno, destinada a com.1etRr 05 trsba1ho5

deste [médica p s i.qu etra $ reforma cor J r r imo' 1e gr timo de G il-


í

•.. , --I
berto, Ta.J.eCl.uOem dezembro de 1943J, como a ~5cola paTê

Crianç 5 ~nor~3ist e jo am~liá-los com outrns, como um in--

tituto médicos e soei is COril c:u~

s erac re s onha rarn Gilberto fre~/re e Ul~/ss8s t: o rnunbuc e no , E:ss9

Instituto ••• s esp~ci5lizâria na ~es~uisa ~ estudo de r-rob-

lemas re~ionais Jo rordeste. Ganteria cursos. Convidaria eS-

rec:alist3s do Sul e sos E:3t"LOS Un':dos ·ar3 conf'e r-êric í.es e

es uisas no ~or~este. G:~be~to Freyre conta lev0ntar os

4G8.COO cruzeiros nec2ss~=':Os à ••• insta_3ção ••• com u-


x!lios -::;e :'r.1iços ,..-
ao .~.10 e ~ao -- aul , obter de~ois subven-

Ç30 de 1 una Fu d ç:ão norte-aoe-ieana" {r.::n€scs,p.12 ).


CG -Io i s r r Lno s hav í m co abo r a dn na o r qe n.i z o ç ão

ÚO
f C ongreSGo " T.!.
n ...~ o-úrôsl
r- p. l' ro
., .... -.....
:;:,,, lor4
_ ~ (I.:l_'s-::,"!S
__ ~ - SP- Ln t.e r c s s a va v_ ~ U

. ,
s~r um m~~ico amplia~o am cisntist SOC1--...I.
•••
lO~5 OS ma~ s Oll'V_;O jr'-,011t2-
....•
113S'"'-
( I..í- ~,..,,!.l.:.c-
r.L"_.Ll.._ ,:;,
n
.13
,_'o I_ Em
.l.d -'''', '.
.-)'0_15, í

negro e -',
~~LV_O . RabeIo, havia:::lançado o "r.1anifesto contra

os us i.neiros '!; "a sugestão :le um inc:uérito C]ue revelasse as


.-J"""'"
exa t as conulçoes oe Vl~a I
••• t
005 operarlos.
,.. 1t S ugeSl..ao ~ua,
.l.-

ê".1ilbora
na 3poca resultasse em p8rseguiçéios dOS seus autoras,

teria contribuído para o Estatuto da L'voura dE Cana, d~

J osé;. nto n io Gons aL ve s ri s .. -:J. o, f :'1 :1 a :::i e U 1~I S S S S

e primeiro d:retor ~o IJ~, afirmD ~u~ co~ 2 nort2 jo seu rai

ficou mai~ ~ifrcil concretiz-r o sonho. U_ys~~s tinha muito

.restr~io nos meios m~dicos e de sa6de p~blica em -orn3mbuco,


.-
e S2m ele o projeto rrac:saria de u~ aroia ofir~~l de fora

do Estajo (entrevista 3m 6/5/67'0

r,~e s...
o con o de puta ~o, c om to do o

soa L, GL.berto não enfrentava uma t.zre f a fáci_e "Ter feito

o fez contrC'! o

de Lf i.m, ;:'~amanon r: ç;alhães ••• P.Ç' menon nao at .cav a f rorrta L>

ment~: í;;3S CO_OC.3V3 : e:Jr::-s no ca~:'nho" J"R_né Ribeiro, entr3-

vist~ eQ _ /5/E7). r~ra remover as ~~dras: Gi_berto contou

com a aj ·....
2 do sene do z- r-ernambucano .-.ntonio flov2is Filho,

seu arniQo ressoal. ~ovais filho era l!d?r j? aristocracia

elo PSD em 1 45

co a rn~ior votação ~~ todo o Estaéo. ~3S 9.0 entrou ar.:


s~u..
::!esacor::i::
c o •• portidoo

::0 ""'''''~o--lo
r --- ..J s víncules (:la ala tra-
.-
("1 ç U c ('1 r --I • -
_.L
-
,., •
rl~ J..1l
(,
-' - 1 •L c:
or _ ~ -1 1
. , 1 i tôi"ja '.le ter um seu mnmb ro
ir.:f'ossibi

do 5D, 2ssa ala, lider~ a por f.ovais Fi ho ••• foi se COr:l-


C Lo.vo.xe&..:., ", f'.
••lu .•.••. )
r-or cora a U:\til;-V--~
LI •• , r o rrçe n co a Cpligação
_~.J
í=' er narnbi c aria , O c oio

de ,~ovélisFilho, tanto na f'a se de ar.rova çê o da lei .cri.ando

o 121:, C0í.10 na e f a t i ve âo cessa lei (no sou d i scu sso de 28


ç

de abril de 1950, Gi_berto reclama c:ue o IIfuncionamGnto

(do I~rD xs± infe 1Lz rae n t a está t.ardan do 11 - Q Uêi se P 011tica,

foi fundamental \.'J o S 8''''..L


:-.n L .
o n 10 Go n s i? 1 v 8 se. j r' e _1 1o ~
Jntre~ista em 6/5/87).
Qu~n~o se.i da po1{tica, Gilberto, além de s~ em-

,. S ou t o {_I"\.
na ~o Centro Region21 do I~EP ( H2r3J..::o .a a o r , entre-

vi.st a di1 7/5/87) ,.dcs 'nvolve urnn nov n f ns« d<1 sua carreira

t n t e l e c t u a l - a 'f.é'lse l u s o t r-op í c a l c s t a . O Lus o t.r-op i c a Li srno é, evi-
de n t emen t.e , e xt e rrs ao rie certas teses giJbcrlianas antigas, mas
o conceito em si data de 1951, q u a n do . roferiu uma serie de c ori-
fe~en~ias em Goa dur~n uma vjS~·.a ofjcié'll n quase todos os ter-
~
ri~orjos do imperio p r-u~ues.

Os co~~atos de F~cyr(> co~ Por "ugal rcmonlam a sua pri-


rnc i r-a est.ada}:=J em ]9~=-, qi i.rrro o o n l r-n e m c on t.a t.o com os integra-
Lí s t a s Lu s i t ano s e pu' lica um ar igo nnt.i-democrfttico na coluna
c e honra do "Corre i o da ,;anhã" de Li sbo a . Em j 930 es ta de vo 1 ta.
'Ou t r-a s v í s í as se s e gucm , o em 1938 ele profere as conferências
que ~orma a base do 1 ív r o d e 1940. O r'illndo Ou o Portueuês Criou .
•a eroca da fundaç~o do 1 N, Gil erlo ossui contatos em lugares
elevad s da politica portu"uesn, e um rios primeiros portugueses
a v'sitar o J I é Henrlque de ; arro • ::grônomo e cunhado de Marce-
o Cae ano. O t n s t t.u o po r-t ugu os c t.n o por
í í Fr-o y r-e na apresenta-
ção o se projeto na ~'~r:.:1r3. (-, de 193~.

A í ag ern c1 Po r t ug a I e n Áfrico (> ,,1n portuguesas em


. (,.-
- -
.
:. j r i a convite r.o ,::ini~t " 00 ~.I
51

t,
~ ~.e
, 30 \Oe:rçun..,c:n
.1.. - c:U C" r
'.0~ .... o_ o _"'.-,'11+,,-l' do de- U ~o')-.
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ticir ar de c nnc La ve s C;::;, UI:::::3CC,

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C·rG.!.ü ...o 3'. lr.~:r33S10nlS':I,
" t s~mr:r2
,. • ..J! I

co~~a:r2ç02s com o Er3sil ~~aI'~ Gost:r~r a unl~3~e 20

ses aos tró~icos, e dando a ent3nder que para os africanos 8

, ".1.. '
aS18..,lCOS
h"a uma ca~sgor13
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f o o• i.e
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urna 3 tua ão ç eu 1tu !'31 "o e c o nôm í.c a r.a i o r no ("'<lJn"':o

a s, firmar o cQnc2ito:.e ura nt;rc:,:'i:ro ro1un,::jo!~••• nós, c r a s í,>-

13 iras: fecha ti do-nos de n t r o -:-je


u.. e s t r a i to nQC i ...•
ne 1iS8C c: U1-

t.u re 1,

nova.fr Terras ~orfuuou~sas,

s livros J2':"X:'~

e seus hi6 b':L1:'Qn,,<:,s.


0.L. ~
cr a e i s , • -,
ne o na '
n""cessiuE'~_ :'issc ~cr~u6,
.1.. ,.
de acorjo C08 c seu cultur l~srno, c ,..orurjue s . t2::- agijo

l' como ~giu \sU~cst~Dent3) no ôr0s~1. ~ m Sw8 lógica funcion-

em ssnti~o ~nve::-5• ~{ ~ue as ralaç5es raci :5 na '~rica o Sul

são riO~3S até ~~ ~u_ n Sul ~os Est~jos Unijcs, "ê-s com a

e Roti 3, ~.521J.
S m duv i ü a , a )<4C'0]0!'):\ dil "c()n1unidnde Lu s o t.r-o p í c a I.'! ,

";)0 t a a s o sp í rac ors n ac o n a Lí n t.rus


í d a s colônias portuguesas (que

G:ilbel~to c h arna de "afl~O-I~é-lcist"sllpo r: de í c ndc r-cm o. "negriLude"

e não ac e i t a I~ m o f a t. o I, i s LÓ I'i C' o ci a "d c 1no c r a c i a s o c ia 1 a Lrav e s

da me s t í ç ag ern" que teria oc o r-r do na Áí r í c a Portuguesa tanto quan-

to no 'BrasiL Bolpi,im 13/14, 19GIl/5, p.296), e r-a lltil ao governo

salazarista. No próprio Boletir. O? IJN de 1957, no "noticiário",

ouv~mos o Ministro da Previd~ncia, Marcelo Caetano, afirmando que

"a filosofia Lu s o t r-op c a I í ... é considerada válida pelo Governo

Por ugue s nas suas atu-ais r-c l aç oe s com populações e c u I turas tro-

picais" (p.133). No ano seguin e, seu livro lntegração Portuguesa

nos Trópicos ~ publicado em edição billngUe(português/lngles) pela

.Jun t a de Lnve s t í g ac o e s do Ul t.r-ama r de Li sboa.

'PU3'"""'~
Uma pesqlliga 6bvia sobre o lusotropicalismo é como seu

~ 2 e <:; = :. :. a c:o r in t e l~p re to u 2. t l~(1


j c t. 6 l' ia oo "u 1 t r arna r " p o r tu gu ê s nas

6~cAdas de 60 e 70, uma trajet6ria que pareceria ter impossibili-

: ::(~' : 2.!~?: s o mp r-e 2: "comunidaàe luso r-op c a l !'


í • ° prefácio à segun-
j<:; ej}ç~o do livro Arte, Ciência e Tr6pico, de 1980, nos tira qual-

quer temor de que Gilberto pudesse proceder a uma auto-crítica.

Segundo o prefácio de 1980, as simpatias de Salazer pelo luso-tro-


f

picalisrn que implicaria numa prpsenç~ cultural em conjunto de

Portu[al e do Brasil nas Ãfric~s Negras, de caráter não-colonialis-

. a e nao imperialista, nu.rc co o rarn muiLo longe. ° 'lI\,

s a l áf-i smo , que

i r-eyr-e ja criticava em 1952 (quanoo d a p r me í.r-a


t í ed íç ao do livro),

pagou caro pelo seu nao-a~a-,amc 0 do l\lsotrpicalismo.

"O governo de Por urrr,


1 eur-opeu 1 repetiu Dom Sebastião

nos seus m~ todos e n t re g e n t es nõo-eu r-ope a: J í


-
... , nao - europeias
,

embora e possivel que potencj(1Jmcn e ortuguesas através de m~todos

menos simplis as de ten~ativas de expansão de Portugal como poder

eurocristão. (O salazarismo) dClx u de procurar em elementos ge-

nuinamente Lu s oaf r c ano s í .. , <l! o o s que


í teria encontrado ... 'Eram

ele entes rentos a passarem da ca egoria de passivos colonizados


,
por Portugal europeu à de al' os nuto-colonizadores ou co-coloni-

zadores lusotropicais (assim c mo aconteceu no Brasil) ••. prepa-

rando-se para u.a crescente al'onomia nacional sem prejuizo da


68

efetiva so Li da r eoade com o Po rt.u


í g aI materno, em pontos essenciais:
inclusive na promoç~o da línGua port 19uesa e de valores cultu-
r ai s lusotropicais" (pr.8-10).

"Denunc i c i ao P r es í.do n te Sél] nz a r o grave e rro de, nas


Áfricas Portuguesas, .roibir-se a j~ assimilados nativos o acesso

a postos de comando pt1S Forças Armarias. [Salazar concordou comigo


tamb~mJ quanto ~ necessidade de se estabelecerem estudos universi-
tarios em Angola e Moçél.mique, evi ando-se, inclusive, o ~xodo de
jovens angolanos e moç<1mbicanos brancos para estudos superiores
~ U n i.- ao
na. S u I -Ar
A~ r ai c an a , 'e onde regressavam 'arianistas' anti-lusi-
tanamente desdenhosos ele r.cn t.e s de cor e de c u I tu r as afri canas 11

(p.1I).

E agora, o sonho luso rOl ical morreu? N~o por completo.


I!A Lí rigu a po rt u gue sa pe!'l;k,necl
.. transnacional e tão mais
tropicalizada que qualq ler OUlra dél.Slínguas de origem europeia,
(e se associa ao) desdnvolvim nto de ·oda uma série de integrações
d valores europe~s em ambientes tropicais e de reciproca tropica-
t zaç ao desses
í valores por esses ambientes" (p.13).

~m defesa do luso ropicaljsmo, Roger Bastide comenta


que, apesar de ser uma apologia rio ,crime português da epoca ele
represen a t amo ern u . momento import.ante no estudo da interação
en~re culturas européias e não-européias, pois frisa a necessida-
de de se estudar a acão dos Lrbpico~ sobre os brancos e a constru-
ção de "cul"'uras sim' io j cas !' • e não apenas a aç ao dos brancos
sobre as eu] uras indi gcn as" (Bas tide pp. 87 -88) .

Por outro lado, e nao apenac com a vantagem de mais trin-


ta ano s de história, é ev ce n c que a visão
í gilbertiana do império
por ugues a decada de 50 deixava·a ~sejar. Sua visão de uma sé-
69
54-

r e Je
í Br-as s Lus o t r-op i c n i s , s cc r c os quais
í certamente o Brasil
i.e r i a a
,
r a maz i a de mog r a f j c a , cul t 1l1'é1e
~-
economica, nao correspon-
dia (como ele reconhece agora) (\ s verdadeiros desejos do governo
po r t ugu e s (")o r mat s qu c a i de i n 1uso L r op i c a 1 f os s e ú til pa r a fi n s
pro agandisticos), e nem corres ondia (o que ele n~o parece reco-
nhecer at~ hoje) ~ realidade dé1s re]aç~es raciais nas col;nias.
Gi Lbe r o lenta í ap l c a r
í ;1 s ua 1('1 t.u r a r-nc a l democ r-a t t c a da histó-
í c

ria ~rasileira a lodo nurido po r uguc s . Isso porque ele privile-

gia: na sua explicaçao do Drasil, os fatores culturais portugueses,


e nao os - fatores in ernas a historia brasileira. Seguindo o racio-
c'n~o, o por~ugu~s devc ter agido igual em todas as suas col;nias .
.-ias ". a s= a r a í é-' Fr-ey r e d?l'-Se demorado no estudo das r-e La oe s ra-
ç

c a s na ;-.:~'::"~: !"':--:':uclcsa
í í ' ... a r a concluir que o papel determi-
nante que C0,' :'. !".' ;:0 I pg<,do I~OI't llr,ues ... carece de f urid amen t aç ao
hi s t or í c a" .: .·:',~s. ,~q"

J rn o 1 h a J" L~" . v <I J i o g r a f a de Gilberto


í Freyre (ver
anexo 6) r-ev e l a u: :'í'j. que 1 ?to d<.>ixn de lembrar a dos artigos

_do Boletirr: e d n Ciênci2 (> Trópjco. Temos, em primeiro lugar, a


f amos a t.r-íol or i o sob. a ~,tC'il~riadC' pa t.r i a r-ca I do Nordeste açucarei-
.0 (.ubljcada c .. 933, 10~G c 1~~9), }/rcnunciada pela tese de mes-
t r ac o (19 2 e r: i ig I ês, 19Gq em . OJ~t uguc s ) . Do teoria, so emos
,
uma o r a (Soclo'ogié'., ,. ]9~S) e u e dr-co r-r-eu ria sua unica expe-
:-iencia mais longa no ...a g t s t.e r i c . Os guias de cidades e livros
de receitas corr.eçaram ct sair logo que sua fama foi estabelecida
(1934, 1939, 1939 e 1955), sintonjzados com o regionalismo dos
anos 20. Not a-i s e de passage. que depois de começar -c orn a Edi tora
I,' ai a e Sc h ir.i d t do Ri o, c c om c d 1 o r as do Re c 1 f e, de 1936 em di an te
Gilberto já publica com grandes editoras de S~o Paulo e do Rio,
principalmente COffi'a os~ Olymp10. Como um homem que nao ensina
70

r-e gu la r-me n t e em un ve rs dn dc s , rnn s escreve


í í em jornais e, ja famoso,
dá con fel"~nc ias em mu:i os 1U[;íI I'C St boa pu r t e elos seus 1iVI'OS são
colet~neas de artigos ou confer~ncias (J935, J938, 1941, 1944,
1950, 196<:1,1965, 1979).

Outro gênero t í p co d s t.eescritor


í "ibérico" é a "socio-
1og ja pe Ia b iog rafia," (194 O, 1911O, 19 11Li, 1959, J 96 8, J968 ). Dom i-
nando a segunda fase da sua produç~o (anos 50 e 60), temos o luso-
tropical:ismo (1940, ]gS3, 1953,1958,1961,1962,1965 - e tambem
os" opu sul os 11 deI 9~<', 1957, 1959, 1962, 19 611, J 957, 1975 e 1977 ).

As duas "seminovelns" (1964 e 1977) e as co Le t arie as de


poesias (1962, 1980 e 1980) s~o desenvolvimentos posteriores. O
lançamento de Dona ..'1'-L1'"'.. (' o Filho PAdre (1964) e "recebido com mais
curiosidade do que entusiAsmo", segundo outro anLrop610go-romancis-
ta (Ribeiro: p.I06). Mesmo assim, o romance e logo traduzido para
o inglês (1967), o que cc r t arnc n t c nno 'teria acontecido se tivesse
sido publicado rLn t.a Anos an t es . Pé'.I'Ll
.... mo s t ra r seu "dominio comple-
to do oficio de escritor" (rv'liceli,
p. XXV), Gilber o se torna tam-
bém memorialista(1968, 1975). E como pensad0~ consagrado, se lança
2 criar neologismos e a fé'\larda Condição Humana (1972, 1973, 1982).

~
Co n st a t amo s a p r-e scnc a de varios desses generos nos pe-
1'io01cos do IJN (a hjst6rj~ SOCiAl nordestina; o regionalismo mais
cu l t u r-a I e até pitoresco: os "perfis" bibliográficos; a li eratu-
r-a : e a e o Luso t r-cp i c. Lí srno ) , r'iasdevemos ressaltar a r-e La t v a
í

ausencia do lustropicalism nos ~rtigos das revistas (1957, 1958),


se bem que reforçado um pouco pelas "análises" e pelo "noticiário".
Embora se fale bastante no IJN em tropicologia, principalmente nos
Se~inarios de Tropico ogja d~sconfiLlmos (sem ter ainda procedido
a um exame dos anais do Se,innr1o) que mesmo lá a tese lusotropi-

calista não se'a muito à fendidn nem discutida. Aflnal, não há


71

11ec e s s i d o d C a lg uma de :tb ra ç' (; - 1 é1.P ilr~ r o ele J' 11 S i tu D r 11 t I' o P i c a 1 me 11 te


~
os estudos sociológicos, conomicos, geográficos, agronomicos,
rné d ic o s c' c .O rné r i to' que E <1s t ide de s c o b re 11e 1a , ou se j a, a 11 de fe -
~
sa e ilus raç~o do margin<11ismo", uma antropologia menos eurocen-
trica, este mel'ito é plenamente desvincul~vel da ideologia pró-
protuguesa que se tornilva cadél vcz mais dificil de defender poli-
licamente e de engolir aCé1.c1pmicamenLc.

lusolropic:tlismo, Q nosso ver, parece representar uma


t cn t.a 'ivq de, n a éPOC3 da gUC!Ta f r i a , estender a recuperaçao de
Portugual e a afirmaç-o dos trópicos como suscetiveis ao processo
civiliza ório. Gil erto v~ o mundo lusotropical como um terceiro
bloco Ln t e r-n ac o n a L. liai s uma
í v ez , é a r-e a ç ao a r s t.oc ra t c a saudo-
í í

si s a di an e dos do is [:!'(\ll(leS
fenômenos do mundo mo de rno, o c ap i-
<:21is80 e o socialismo r.o s= c ap í t.aLí s a ou mo de r-n zan t e . Nao í deixa
,
de lembrar um pouco O "soci?.lismo íeuoal, de que fala o Manifes-

o Comunis a, com RS costé1.S ornad~s de'velhos bras~es, escrevendo


lf b e Lo s co tra a sociedade burguesa.

O vinculo do 1 N com O outro grande Ilisl11o"da carreira


de Gilberto. o regionalismo, está mai~ do ~ue claro, nao - so no
sen ido obv10 de que o Institut.o se limita D estudar o Norte/Nor-
des te. c.. ,!03 que o r-c r: i0.18 1 ismo gi 1be r t iano dos anos 20 é abraça-

do pelo 1, ao co, r;'}o do luso ropicalismo. em parte porque re-


força a . r-op r a e x s t c nc o ela ins
í í í í .u í ç ao , ma em parte também
orque coincidiu com as tenel~nciRs de toda uma geraçao de intelec-
tuais pernambucanos \O~ r:tdicados em Pernambueo). A estas tend~n-
cias Gjlber~o p;de acr"scen ar uma justificativa histbrica (a
necessida'c de es udar Br:ls:i em ermos de SURS lIilhas de civi-
Lí zaç a fi), e uma c o r r-on i e antropológica (b as c aô a no culturalismo

rela·ivista b02s1ano). f um regionalismo que não almeja a separa-


cao nem a,hegemonia n~cionnl rna s .que ab r-aç a o saudosismo' aristo-
72

, ,
ções históricas, e q u (. h o j c o.C 0. 1. t a, c o mo U ti 1 ca sa i da, a posição

de mendigo constantemente pedindo a intel'vcnçno do governo federal.

~
No seu di SCU1~SO na amar-a em 19'18, Gilberto Freyre recor-
da "o brado de alerta que, m 193'1, 0mos '" contra o desdem de
governos de particulares ricos c da Igreja pelas populações rurais
as a reas de rno nocu Lt.ura 1 a t i f urid í il!'L1. , o rno s t r-e de psiquiatria
social Ulysses Pe r-n amb uc ario de 1\'1<'10, c dois ou três outros", inclu-
si 'e o proprio - brado que "ficou quase sem eco nos meios oficiais"
(301etim nQ 1, 1952, p.IO). Parece que a Revolução de 1930 conven-
ceu Gilberto e ou t r-os de que não b as t av a mais o apelo à unidade
regional sob a liderança de PernAmbuco, mas que era necessario
apelar diretamente ao governo federal. A primeira oportunidade
ce concre izar seu projeto de um 'nstituto sus entado pelo gover-
no federal que e s ten cic ss seu .'eGion a li.smo 1 i t.c rar o em pesquisas í

sociológicas, veio no pós-p,uer.'0..f: d i fieU e v i tal' a conclusão

de que Gilberto acei ou ser deputado para levar adiante seu plano,
ou pelo menos e~ boa pAr e por isso.

E o momen o nao podia ser mn:~ propicio. Sua-fama ja


e_a e. c~~e e sua capacidad incon 'csLnvel;pnrcce ser um momento
em que urna porcão da intelect.uali.d"dc pernambucana deseja captar
recursos de fora da r-e g ao c se í t.o rnn rna í s :independente do gover-
••
o s~õ~ual; os vinculo~ de Gilberto no cxt rior ajudariam a viabi-
lj=ar academica e fina. ceiramenl o n~scenle Instituto; o momen-o
de .. t r-o e fora do Brasi 1 e r-a de co s r-u i r um novo mundo, livre do
~a-ismo e do racismo, e entidndes como a UNESCO buscavam promover
a ~az e a harmonia racial. Gjlbcr o. como o principal àivulgador
a nivel mundial da d~mocr~cia nci~l ras11eira, fazia render seu
pr-e s t Í g í o • f Ol..•.~DD~m,
.'.
_ne ave 1mente, o

~rincir31 divulgajor, atrav~s do·seu ti~stitution-buildinQn a

_8 sua ass!dua co_abo ~ção em jornais, e a~ ~v~s das constantes


;.. '2,
LJ :..o ~ u ~ iI :P .. n :~!\ ci : f. ~~t _ 2" ] )t..!.. •• : ~J 'J ':,j
~.'J.: 11-

I j' s t i tu to , "'.,,.
70, r o eu 1'9 1',,0;3 \..1") r
• .L r
sua Sln vania com 0<'<
~ - I ~
0<:::
,.' .. :'.1.... rl'!->.
- -
'
.1:'; S ']
nvo •
v1 t
m' no'" o 0 o v 'J r no, c: 8-
,a o,'e c a
.. d:d J.
::'I:) "E'-

(D 13r10 " .
. de rornam-
buco, 2Gj7j69, cit~~o ~m Clau·.i_ino, 1-.4?), essa
- ··ereo 'dA.,
:=nc16ds
vazes obriga a mo~ificar rer?ntinamsntc o discurso.
Numa mistura de oportunismo e veracida-
de, Gilberto diz em 1985; "Nuncé:. me nganei com esse surto militar
inic~ado em 1964 '" Os militares se deram aos tecnocratas, que
comprometeram os valorps ~ticos rio Dlas;l e nada fizeram para dimi-
n ir o d e sp r-ezo pelo No r-ôe s t c . (DpJfim NcLto era) um quase patoló-
g c o an t no r-des ino"
í í (Ci:-'ncin Hoje, p.87). l\1asparece que, mesmo
assim, na Nova Re pub I j c a o Fund;1ç?ío e s t a com problemas finance i ros
e não oferece os mesmos nt l'R 1\10S salariais de antigamente.

Provave.rmente hé1viR té1mbem um outro motivo pela criaçao


:10- ,; " E'S te mais p s so a Cjo<:::odo :;e\1 sLé1t.us rie "intelectual
i rde p en de n t.e '! , ele ou e R r-ove t a r seu c ap í í LRl acadêmico, poli-
"ico e social para criar uma ins i :uiç;o dependente dele mesmo,
'":lJe faria uma c enc a
í í :1L!Uté1'0 ,as SUé1S diretrizes. E ao optar pelo
..
"'c'0elo de um ins :ituto de p e squ s a s , í e) nRo só aproveita um mode-
o COi, muito mais h s o r a e p r-cs t g i o no Brasil
í í í do que a universi-

rlade ("Impor'tância ... ", pp.)~-20) como também algo mais controla-
vel, ou como ele o z í m no s "bt :'oct'Rtizndo". Além disso, parece
o . o modelo de un í n s t t u t o i l\~nljsciplinr1r se adapta melhor
2. tradição rn t e Le c u a I pc r-narnbucan a , i11C'rej í t.a, como O jovem
Freyre rejeitou, a spC'cia]izaç~o C'xc~ssiva, em favor do ideal do
hurnan í s t a cu Lt o . A S a ";ndjscirlinn" d i s.c p l Ln ar- d f í.c Lme ..te se
í í í

encaixa no sistema univarsiLnrio ~omparlimentalízado.

Pois Gilb rto apesar ,


ao sua f ormaçao
- a ti'_pIca, continua
sendo herdeiro da radiç~o in lC'c ual da sua região. É um homem
entre dois mundcs, r essa frnsc vnlc em v~rjos sentidos. Sua edu-
c2.çao heterodoxa o n i a a r-cav í 'eU' uma tradição t n t e Le c t ua l re-
J3:iona_. inclusiv >ndr' c n s no resto
í do pais. Sua
n~e ra e de cientista so-

eial moderno formado nos Estndo- Unid0 e em escola protestante,


o pe~ ite es!udar a clvilizaç~o do aç lcnr com o olhar ao mesmo
tempo de inglis e d intimo. E sua for aç~o científico-social alia-
da aos seus vInculos lite~~rios e s~ci -pol~ticoi locais faz com
que sua carreira seja oscilante. Por um ado, ele quer ser socio-
~ogo ou antropólogo. Por outro ado, ele quer ser um escritor 1i-
t e rar í o (Como t::' Porque. p.l r)J. e um "pr-n s dor". De certa forma,

-- e vai d í xand s pesquisadore~ do IJN,

an'o e1 rne smo como f o r-rnu Lad: (' (l1S .r-an c s s n t escs I "lusotro-
í

o ca l Lsmo!' ; "me t o rr-aç a': • 'Yurb2tni.dade"


í ... 1em do apenas moderno ...")

bio~l'_ fia '::e 1_44', ;)iogc :;:) .. elo ;;.Jneses nos

dá umz l':'sta Ias o 1'35 ':lue deve r í am s s r a s c r í. t2.3 na 'lOV3

em 195 )i v_ntur~ e Ro t na í {éUC s a L em lS53 CCll.IO ,J.:.ário


da
•. ,.. ..l." ,..,
sua viagam ~m~erlO ~or~uQues - nao :.1 co n-

~
cet.ç ao •.
o r aq 1·'
i ne r CiO
l'
.i i v r o que t'8_1a 2S
t e -..•..
'.l- , '" ,,(""\ ..
t ; t u.I o j ; um ur:::-'Sl-

de UD ~rouinciano Inqui~to; Con-


fer2ncias tado5 Uni:fos; volljm~s 3,4 :: ~
n03 ::::

ser publicado). ~ Hist6ria

Sen za I a o gé.Üho mostre , .


fi rr (~ont3iro lobôto, no p r o I 3C~0 a

~~n~s~s, p.8); "o terso ,as suas inv?stigaç5es no ~3ssado

.••• ur.ia viagem de volta 2 literatura p u ra "

Um Brasileiro Na Es~anha S2rl3 fruto -1e sua viagem

pars ~m 1937 e das suas obserOaç5es sbbr_ o esr{rito 3s~anhol


~ A •

rOT:::!r9nCla es-

-
nao-a b urgues~monto L,3 ~s~3nha,
r-

de p o oro s :)J~l r e s] e i t:l:iD ••• ). :r;::3S'J.S C cu t r as o t s .:.rvações

no livro , I . I " ,
rna s s o (e~OlS u9 VO.!.t.::- '3
0'0

,
. a s c a r LI une mes.Js sem outras r re o cu.veç o s ,!U9 õ ZI ~i-J s crrt í r

i\.kJ~inCl c o c r o vo r um (:ie s o h r . o ;" r'1l]u:1i. L'í t c r 'tu-a [""içr-


1~",',c..c.. n.o 'Mp(('I\,,,\ +ç1'nJ)...1 r ••• ro r .•...r:·n l.4'r,·,.,.., \'. (('f\/1.n .r
nr •.. r.:;' l~q\
,
"
.', '.1 . \! J.: ...' _, ~ ...l .

r
+u r a na cr.r r e í.r e de C:i.' bp.rt.o.r~,-,s e po na s no e n t Lclo r_e r o fo r-

ça r e t~lvez 0, r oss er

. t',...·
a cesa de ~pipucos. Se j~ n~o mais Mo t~rrano cl8n'ClTlco, ~U8

com hon3stidacíe cooita abandonar lOQo r::1J'-' ju1sue r:;91izaoa

co~nletamente a sua tarefa; urna vsz CU3 haja exprimido sob

touos os s errtí.do s o SGU deor'oir.iGnto


de s oc í ó Lo qo [uma int.eres-

santa escolha
.
da :--alôvras, consi~erando ,.
sua proprla -
relaçao
,. ,---..
olograTlca com o objeto da trilogia sobre a socieda e ratri-

êlrc8l]••• r or ém no terreno das fueIas-letras ao e nas ,li Por isso,

a~esar de ter tido uma formaç~o universit~ria em ci~ncias so-

c i a s c;uanéo e ssc curso


í in~::i.s·~.~a
no :::;::r~sil,
~ n210 se tornou
,
o grande .í.npLarrt a.jo r- Lê. d i s c i: .~i'l3 ~o r3lS que ~oderia tal' sido.

no :-' . ;unàarlor', como ji, ob:=,·']'\",::, ~: r" r x arne das revistas. Não
:::..,mucanç a s no c ori r-u o de' ô t a s sejam p Len arne n t.c explicaveis
C0SS~ f0~ma, pois obed0cem nmbem a falares externos e provavel-
men r e Ô vontade de ou r r-o s ]jeien'c:: clél. t n s t ít u í ç ao . Certamente, é
d : f c I imaginar
Í í os úl t Lrno s nurne 'os"] í t.e r-a r o s " de C & 'I' saindo
í

"E:. c e c ac a de 5e-. O Lns t i u t o tinha í que conquistar um certo respei-


tc c e n t í.f Lco primeiro.
í ,1;10 S(1) crno s se houve variações na atitude
60S d':'ferentes governos rn i 1i t a r-c s com relação ao I JN. De 1980 em
c a: í e, na epoca da li? e r t u r-e ': . crescem duas tendências - primeiro,
a l f t.e r-a r r a , de posse da r-cv í s t o C & T, e segundo, a cientifico-
cocial mais ligada a cicneia social praticada no resto do pais
\ representada a bs 1985 r~lo Cadernos). Parece q~c, dos dois la-
dos, a visão ori&inal de uma cjência social altamente pragmática,
visão que parece ter sido majs ~nfa izada ainda nos anos 70, está
sofrendo erosões.
75
bl

Clal~o que aquo l a v i : no de urna "ciê, cio. a serviço" nunca

sintonizou bem com o pr-n s ame n t.o Fi lbel~l.i<.'"no" á em 1928 Gilberto


al e r t a c on t r a "0 cientificismo .. , um mal a s e r e v t aô o em nossa í

cu 1 t.u r a ... A ve r-d a de é que a r.r-aride v isão do Homem é a dos pen-


sadores". É por isso que ele des ja ser principalmente um escritor,
servindo-se da sua formação em !Jnrte cientifjca e em parte humanis-
tica (Tempo Morto, p.219). U<11'Cn a an o s depois, afirma admitir
"a validade do 'modo po c i ico de c o nh c c í.mr-ní.o ' como complementar
do ':0 o c r-n t í Í f ico '

p r-es i de n t e da FJN, c oric or a . ô \I o campo das c i e nc í a s sociais, o


Brasil necessita de p e c í s ado r-e s que, ao l ado dos seus conheci-
men t o s c í e n t f c o s , v--nh<1ITIa Li a r
í í ma visão hu .m ís i c a" (Freyre
F., p.24). Ce r-t arne n t c , q u a n o o n f i r-ma em 197:: (1IJ0 ("' plano de desen-
vol imento o gov e r nc m Lí í t a r ~lssocié3.v<1 lrcnologia e a cul-
\. Ta hurnan í s t a (Os 2 Anos. .] ~). C' t.av a ,1. ( li ,;-; ! ri s and o na sobre-
v v e nc
í í a da sua instituição. !\1nis fiel a ]jn:1;""1rilhr·)'Uana foi Se-
."as: i ã o \ i 1 a N o v a, o u and o d í s,c o r Ó ou dou s o ri a p a L3. v l~a 11 técn i co 11

p a r-a c í e n t i s t a s s oc í a s , nl
í p.,.,ndo qn e c s t.o s dr-v c r am aspirar í a
c orrc í ç ao de human r s t a s , no s e n t i rio r-o n a s c e n i s t.a (C~, vo1. 6:1,
1978, pp.159-168).

Mais nenUiné'lmCltc sintonlzé3.do com O governo militar esta-


va Fernando Freyre qUé'lndo él.ssC'vcrou qu n a universidade tem a tarefa
de ! re. arar a ao-de-o 1'a especinJizada mas n~o de fazer pesquisa,
e cj ou logo f'rT: segu:iri3 o en ;)0 Presidente Grjscl: "O objetivo das
uni -e r-s c aoc s deve í ser de f o rmn r p e s qu i sadorcs e estimular voca-
coes para é pe s .L!isa. Jamais, po r-crn , o de fB7.Cr- a pesquisa por si
,
;J!"'opria. E "ta e ma funçao cio ln t tu
í os e sj (> í.a l t zados" (Freyre,
r. p.2S/.

"ão c ie mos a i no a 3",1:11 t ar- com mui n 1 ose o impacto do


é e n t r-o e f'o r-a o hC'Cj f'e , e su a. m í rtn.nein para a história
76

das c i e nc i .:1S S oc j a i s n o R I' a s i l. U rn dos p r o du t o S 1118 i s c on h c i dos


e g nu í rio s do lJN t a l v e z s e j n Re no R bo t r-o . r>1o.s p a r oc e que,
í em

g C r ,::11, O J 1 S t i t u t O t c v e p o II C o i mP;1 C o f o r' él o o No cl e s L c, e i sso


nao ode ser atl'ibuido exclusivnmente 00 falo de possuir um man-
dato geog!~áficO delimitado. Nem él explicação do imperialismo cul-
tural paulis-a, usada por Gilberto, junto com a do preconceito
ideológico m2n;'sta~ io s c íe n t t s t.a s s oc i n s do Centro-Sul, í satis-
faz í n t e r-amo n t e . Ou arido
í FI'L'Yl'{' visitou S;)o Po..u10 pc La primeira

vez, m 1 9 2 (>, ." 1 e se li e u me 1 h o I ' omos RI' i s t. o c r a L a s do que c om


os te I cc ua s í (Rí be i r-o , p . 9). Su a opo s t ç ao no modernismo pau-
lista, que e r a urna oposiçno;' mo do r-n iz aç ao , v m de muito antes
do s 'rgimento de sociólogos mnrxjcLos. Embora posso ser verdade
o e, como i i :; Gjlbcl"O v a s c oric o l c s , "tksoe O'swa l o de Andrade sabe-
se que o )--.2 I í s t a qu e r e squc c c r !'c.)rt.u[:.<11. Fr-c y r-c n80 entra na his-
.o r i a Oi1 USi") I'C) Y;U(, C" 1 (' <'0])1'" ,:(' (' 1 OIT, i o" n f n ç rmh n 00 po r t uguc s

! os 1 : 2, 1~)' J, p.;' .1 G ) há ou t r-os motivos. Gil-

be r t o pa r e c e C' • ar mais em con a o com r-omanc í t a s e com a elite

po Lí t í ca 'o Que com os cr cnt r s .é1S s oc i n i s do 1~C"r.-t.O do pais. Como


E: 1 e meS mo !~e c o n h é c e em 1 9 7 1: " (~u (' o..} ga c~n~ra o IJNPS? .. Diz-

se ... que nele a ci~nei2 soei .•l - ou 00 Homem - & principalmente


a do c h ama o o 'ipo literário. Ou nurnan s t c o sem -Deixar í í de ser ei-
en t í f í co . O q\JC' n ao d e i x a cie s o : o x a t.o " (Bo l c t í rn 18, 1971, p.249).

'- u ai o o s a u Caso.-G í 1'[l.!1()(> f' Scnzal a, 10[;0 se reparou que


a ra "r:8 COI clu í " (JoÃo l'jhcil'O). SC'p-ldndo o exemplo do mestre
pu c o s , pC" o menos nc-s :.(' prl:'l i c u l n r- (po : rso u s ou' ros meri tos
. .
são
;C K:-

mais
j

àir: e s í e t mt tn r ) . ô c i xo r-crnos i~lu'so


S

.s t e trabalho
pre_ 1 lffilnar
- .
...
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P esqul~as
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Gilbert.o ;\soionalis
,J .'"~ . . ed, - R'3cife:

- .. FR';:'.'. ~: Gilbe:rt,Q - .;;Q;..,.l~I_8_s...;e~


. .....;..;:-_.o ~_.t~ r~vist8 e êur.entada
- .!.
~,os,~

J
_-
--_ ~or.f2r~nc;ês
~~
..•....
~m ôUSCé' m L::itor

:::·.EY '-'!=:, Ci '1('.' o -J I'!:,: ,:. ~ \'015.

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de ~:1neirD:

lcc-Il
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!"~~ I 2.~, 19 - E .

f.t.s ,,-...
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~ au i or 1~[4.

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