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www.etnolinguistica.org •
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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"BOLETINS 01 FACULDADE :OE FllillSllA, CIÊNCIAS ELETRAS
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Etnografia Brasileira •
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Lingua tup1-guaran1
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Toda a correspondencia relativa ao presente Bo-
lel'im deverá ser dirigida., ao seguinte endereço:
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MUSEU DE ETNOGRAFIA
' Caixa postal 2926,
São Paulo, Brasil
...
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·· Reitor:
.....
_ Prof. Dr. Domingos , Rubião Alves Meira.
• Diretor:
Prof. Dr. Alfredo Ellis. ...
•
CADEIRA DE ETNOGRAFIA BRASILEffiA E LJNGUA TUPí-GUARAN/
Professo·r :
Dr. Plinio Ayrosa•
•
A ssisten.te:
T
Licenciado Rozendo Garcia. •
•
•
•
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•
•
XI -
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Etnografia Brasileira
e
Lingua -tupí-guaraní
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N.º l •
1N'DICE •
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SÃO PAULO
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(BRASIL)
•
1939
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PLINIO A YROSA
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determinativa de
f posse no tupí-guaraní
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S. PAULO
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1939 '
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A'
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memoria suaviss1ma
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de
Anchieta
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NOTA PRELIMINAR
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.1 0 PLINIO AYROSA
12 PLINIO A YROSA
•
•
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14 PLINIO AYROSA
•
DO S f N DI CE S DE . R E LAÇÃO 15
• •
16 PLINIO AYROSA
'
fonéticos indispensáveis á boa inteligência da grafia
usada por uns e por outros, a "Arte" de Figueira pode
parecer muito diversa da de Montoya ou Anchieta. Mas,
quando se verifica a correspondência de valores sônicos
representados po.r símbolos gráficos diversos, f9rça é
confessar que, ao mesmo passo que uma reflecte a mo-
dalidade do falar do norte e outra do sul, ambas reflec-
tem as peculiaridades de uma lingua ~penas, inteiriça,
'
levemente tocada, alí e áqui, pelos provincialismos inevi-
táveis.
O trabalho que apresentamos, elaborado com o são
propósito de esclarecer e metodizar um dos mais emba- •
•
•
'
•
•
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18 PLINIO AYROSA
•
-
•
-
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.-
(18) Anchieta (José de) - Oh. cit. Ed. Platzmann. Lipsia,
1874, pags. 17 e segs.
(19) No té"xto impresso .p or Platzmann (ed. de 1874, cit.),
· ha sérias incongruencias gráficas que não podem ser imputadas
· a Anchieta. As confusões entre o i especial e o i ou y são cor-
...
w.
•
t
•
I
nhaúúma
ce nimbó <2•)
cuya
.,.
cu1a
panacú
moéma, tambem tem temoéma
ce mbetára, tambem tembetára
(p) urú, cum suis compositis faz cepurú, in- ..
terposito p
•
.'
\
22 . PLINIO A Y RQ S _A
••
Haec fere
mi,apé
. -
mimoya
miára, vel mbiára
ce
. .,
mimoipoca
.
mingau
;
mindipiron
michira (25)
..
•
•
-. 24 PLINIO AYROSA
tobaqué, coram
çobaqué, eo coram
che robaqué, me coram
oobaqué, se coram, vel ogobaqué.
>
•
DOS f N DI CE S DE R E LAÇÃO 25
1 yxeornortdôrerne
l Ped.ro oçô J endeornondôrerne
l ogúbaornondôrerne e não yrnondôrerne
(
DO S f N D1 C E S DE R E LAÇÃO 27
..
--- ~
•
•
'
28 PLINIO AYROSA
, •
,
2.ª exceção :
•.
•
80 PLINIO A YROSA •
A.ª exceção
•
•
DOS t N D I -C E S DE R E LA Ç Ã O 31_
•
________
,, ,.,..,.....
.. .
32 PLINIO A YROSA
.
• • DOS f N D1C E S D. E R E LAÇÃO 33
'
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•
•
atribuir ...
. as cQ~fusões ..... ... - '
·. das '
~: gl:.~máticas
.• "'°'
e as· defic1ências >"• .;: - - ::5- •
."' de -esclarecimento,
- .
~pereéptíveis até hoje nas obras mo-
.
.
demas-. ,,. • ·.. - •f•
~ .
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:Oe todos · es_tes ·autote~,. ..aquele~·qµe c6m mai,s' lai;ga, ... ._... • ' ·~"- I --· •• ·:
,, - ·v isão
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tentou . i
j ustific· -
à r ·o empreg(j d.e relativos ~e · recíprocos . ~
!'Ili • •
'" • • :i.:c ·.· • • "" ' ·-
nh~e,Por da; ,lingua·e anal-ista . minució~o ·da célebre "Abá ._"'., -::. ,
. retá ycaraY,, .e yn . baecué Tupã ·upé·ynemb.oaguiyé ucá Pay., .
de· .l â _Comp.'!' de. I. ·,H. ·s~. pÓromboéramo'', rião"':teve, :
~ p~i:ém, -opo~unid;;lde ·de, ,e ín. seu ·v~li<?~rssimo'· ''.EsbôÇo .. . ', :-~ . •'-
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, DO S f N DI CE S DE R E LAÇÃO 35
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36 P-LINIO A Y ROSA
1
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D O S ·1 N D I C E S DE R E LA Ç Ã O 37
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DO DEMONSTRATIVO GENÉRICO T
E DOS TEMAS EM GERAL
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40 . PLINIO A YRO.·S.A
.
Ora, admitida. a -existência, pelo menos teórica,. das
· .palavras em es~ado .de indeterminação, tais como eçá, .
etã, enondé, etc., e verificada a per.da do t, que as pôs.
em estado absoluto, desde o momento em que entram em
' .
estado de possessão relativa por força dos indices ou da
presença do pronomes, é logico admttir que é o t que ~e
substitue por outros índices e não os índices que 1 dire:.
'
tamente se vão antepor ao tema primário. Ha como que.
uma passagem harmônica do estado indeterminado para.
o estado de Posses~ão relativa ou recíproca.
Como, porém, esse fato só se verifica com frequên-
. cia nas palavras que se iniciam por vogal, isto é, .nas .
que têm vogal inicial quando reduzidas ao seu estado de·
indeterminação, em duas classes se~ hão de dividir os
temas capazes de serem alterados pelos índices de relação::
I
-
ttde renondé.- a frente de ti -
> ->
~
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I
• •
•
I
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42 PLINIO A YROSA
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, ,.,.
-
•
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DOS fNDÍCES DE RELAÇÃO 43
·bem.os que, por extensão, tecó _se traduz tambem por vida,
norma, conduta, mas quizemos manter o sentido primário,
que, aliás, se revelaria, mesmo em português, nas expres-
.sões tenencia e tença, embora antiquadas.
Á segunda classe pertencem numerosas palavras que
se iniciam por consoantes quaisquer, isto é, inclusive as
·iniciadas por r e n 01{ ro .e no, e mesmo algumas por m.
Mas, com rigor, poderiamos considera-las como da pri-
meira classe, recebendo te em lugar do t simples e,
vice-versa, muitas daquelas poderia~ passar para esta,
desde que as considerassemos com r apôsto, tais como
ayr, rayr; eçá, reçá, etc.. Temos, entretanto, a distinguir
entre as que têm r apôsto de transição ou r apôsto per-
-manente.
'
Reçá, por exemplo; tem um r apôsto transitorio, pois
·o abandona logo que eçá ent!a em estado de relatividade
-ou de reciprocidade
. possessiva, ao passo que rahá tem
11m r apôsto permanente, pois mesmo nas relações de mim,
de ti, de nós, de vós, -recebe outro r ( re) e não o perde
.(}uando acrescido de outros índices <66>.
Isso demonstra que muitas das palavras iniciadas por
eonsoante no momento em que se tratou do estudo da
língua ( mea·dos do ·seculo XVI), poderiam em épocas
anteriores ter tido vogais iniciais. A própria indole
-d a lingu.a, não -permitindo
~ . .
a conjunção de duas consoan-
~ .....
i;es (P1'1 gr, cr, rp, ct, etc.) ·póde ser argumento favo-
•
.J
•
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. •
44 , ~ PLINIO A YROSA
.. ~ ..
r
f •
pessoais regidos :
che mbaé ~ a cousa de mim .-
, b , f nde mbaé - a cousa de ti · ·
m bae - > m ae --- > - ~
· . 'l ore, mbae, - · a cousa ,. de · nós ,_-..
· pendé mbaé - a cousa de vós
• , ,
~ I che quycé - a faca de mim
nde quycé - a faca de ti
1
quyce - > quyce - >, oré quycé - a faca de nós
· l
1
che rembaé
nde rembaé
-mbaé - > tembaé - > oré remba~
'
'" '
' pendé r embaé
'
•
che requycé
,. nde requycé
quycé - > tequycé - > oré requycé
pendé .ré.quycé
'
' ~,
. ,.
' .
. "
D OS f N D1CE S DE R E LAÇÃO 45
che reiiaên
• nde renaên
. ~
naên -> ,
- ...
ore renaen •
pendé refíaên
·. i
che renimbó
nde renimbó
• nimbó -> oré renimbó )
l pendé renimbó
•
che repanacú •
,
pana.cu->
f nde répanacú
, ,
ore repanacu
. ,
pendé repanacú
.f
<
• ~·
che remimby
nde remimby
mimby -> 1 1
oré remimby
! ~
l pendé remimby
..
. .
•
r che
renondé
enondé -> tenondé _ > , nde renondé _ > henondé
i oré renondé
· l
pendé renondé
•
,. •.
•
~ . r che . recó
nde recó
ecó -> ·
tecó -> ~l oré rec6 · -> hecó
{ pendé recó _
,
_ che mbaé
nde mbaé
I
mbae -> mbaé ->
ore., m bae,
•
-> imbaé
"·
'
pendé mbaé l
che quycé.
. nde quycé
quycé ___:. > quycé -~ oré quycé -> iquycé
l
pendé quycé
..
•
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org
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'
•
•
che renaêún
•
- ", . nde renaêún
naeun - > ·l oré :renaêún -> henaêún
pendé refíaêún
cke remymb"á
nde remymbá
mymbá -> oré ·r emymbá -> hemymbá
l pendé remymbá
'
Quanto
•
ao i, · considerado apenas índice de relação,
-:póde .aparecer tambem, excepcionalmente, antes dos temas
•Começados por vogal e, nesse caso, que exigiria uma série
de observações extranhas á finalidade deste trabalho,
desdobra-se em ij, ou in se a vogal que se lhe segue é
:nasal <70 >.
Podemos citar um exemplo para cada caso:
\ '
'
1
.. , ..
•
\
D OS 1N DI C E S DE R E LAÇÃO 49
. . che reçá
· nde reçá
eçá -> teçá ~> · ·. oré reçá 7--> heçá - > gueçá
pendé reçá
che retã
nde retã
etã -> tetã -> oré retã
- > hetã - > gueta
pendé retã
che renondé
enondé .
ndê renondé
-> tenondé -> oré renondé -> henondé ->
guenondé
pendé renondé
•
che recó ..
1 ~ '
nde recó
• ecó -> -- tec6 -> oré rec6 - > hec6 - > guecó
• pendé recó
'
'
'
<
. .
•
. '"
50 . PLINIO AYROSA •
1
che nib(l,é
" ndé mbaé ,·
mbaé-> mbaé ~>
oré mbaé
-> imbaé -> ombaé
pendé mbaé
quycé -
. > lnd~ <f-UYc~ ~>
> quycé -
che q"!ycé -~ ·
iquycé - > .oquycé
ore quyce
l pendé. quycé ·-
pé - py -> o + py + ->
com seus-pés,
pe opype- -
,
a pe.
dor - acy - > .gu + acy + pe - > guacype -. com sua.
· dor, dificilmente.
coração - pyá -> o+ pyá + pe -> ôpyápe - de· co-
ração, cordialment~.
f
1 Como no ca_so das dições começadas por r, n e m,
as quais podem receber h (e) excepcionalmente, recebem
taníbem gu em lugar de o. Dai a _regra que manda
• intercalar gu (e) entre o índice pronominal de 3.ª pessoa
e o tema dos v:erbos de 1.ª conjugação que se iniciam
por ·r.
• •
'
'
•
DOS 1 N D I CE S DE R E LAÇÃO 51
• •
. ..
".
• •
•
52 .· · P L-X N 1 O A YR OSA ·
Anchieta:
..
1
(74) Anchieta ~ Arte de Gramática, cit. pag. 17.
Montoya - Arte de Gramática, cit. pag.40.
Figueira - Arte de Gramática, cit. pag. 71.
Vide pag•. 19 deste trabalho•
• .
•
DOS f N D1 C E S DE R E LA Ç Ã O 53
Monto~a: (7 6 )
•
• • • • •• • • • • • • • • • • • Pr + rTR
,
H era ......... '-. .......... . hT
Guéra ..... .. ............. . guT
Che remimboé ........... . Pr + rTR
Hemimboé ............... . hT
Guemimbôé . .............. . ·guT
, ' .
~- ~-
'
'
54 - P L_INIO A Y ROSA
1
Cke renói . . . . . . . . . . . . . . . . Pr + rTR
Cke roó . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pr + rTR
H oó ... ; . . . . . . . . . . . . . . . . . . hT . "'ll
••••••••••••••••• Pr + rTR'
Guirá rába .............. . Tr + rTR·
Çába, hába ...... • ........ hT c1s)
·'
<.
..
•
,• •
-
(77) Vide pag. 31 deste trabalho.
(78) Figueira · emprega tambem e (antes de e e Í) e . ç
(antes de a, o, u) _e m lugar do h de Montoya.
'
,.
--
•
DAS EXCEÇÕES - •
-,
t
'
~
....
.. ,
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act11ng
- . . - r che acáng
, ·
'
. -
(79) Segundo preceito :de Anchieta dever-se-ia dizer: acánga.
~ .
che acánga, etc., com a ~reve final.
'
'
' 7"7,,...,.,.~e-- - - -- - - -
~ I
•
. .
.
56 ' • ' PLINIO AYROSA · •
, che rúra
úr _ > flú nde rúra -> túra - :>
gúra (guúra),
~ pendé rúra
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. .
1
"
'
,.
•
.. .
D OS t N D 1 C E S DE R E LA Ç Ã O 5'T
•
' túba, tayra, tajyra, tajy, tyqueyra, tyby, túra. Como na,
regra anterior, variando o sentido de algumas delas,
caem na formação regular. Tyby, por exemplo, com <>·
IF
significado de s·e pultura, tem h por relativo, isto é :
. '
che ryby
yby
-> tyby -> . nde ryby - > hyby - > guyby ,
oré ryby
pendé ryby
f che _r.a.t~
l.
. J
-
a t a -. > "''"t-
(t(ka - > 'flile ·'Pata
;~
or~ ra
tã·- - > h at-a, tat-a - :> t-·
gua a~
•
·. · pendé ratã ·
che ràm6i ·
amói
nde ramói · . ,.
, -> tamói-> 1 ore, ramói. - > harm6i, tamoi - > , . .
-. l ,
pende ramoi
,. guamoi
• .-
'
' .
<
•
/
•
•
•
,,..
;
'
~f
c-he rapé ~ .
nde rapé
ore rape - > hapé - > gUOlpé
1
.1 a) pé-> pé-> , ,
1 pendé rapé •
''
1 •
1 f
che renimbó .
ib)· nimb6 -> nd~ ren~mbó - henimbó ~-:.. _-
nimbó _-> f ore renimb6 > . >
l
'
. bó
pend e, renim guenimb6
·
che roó
, ,- nde roó h , ,.,.''·
. e) çoo -> çoo _;_>
· oré ro 6 . -> o
6 -> .guoo
l pendé roó ·
-.
-eonstituindo, portanto, os seguintes tipos de forma.Ção
.geral:
. -;,.
,.
DOS fNDICES DE RELAÇÃO 59
.r cke tup~
_ . 1 nde tupa
. tupã -> tupa -> ~ oré t upa_ -> itupã -> otupã
' l· pendé tupã
..
•
che tuty
,f nde tuty
tuty -> tuty -> {l oré tuty
-> ituty -> otuty
pendé tuty
>
•
60 PLINIO . A YROSA
•
A primeira designativa de um ser -·suprento, de um
Deus, enfim, e a segunda equivalente a uma extensão
provavel do y, agua. São da "Conquista
. .Espiritual" estas.
palavras : <85 > ,
"Tupã reymé hába, haé hec6 mofiepeteyn abé oiquaá
ti
1
berami. Tupã yn é ramo teniã ;mocói ofieen omboyeh~á
tu hae pã. Tutú héí abá ofiemondyyn ramo. Pá coterã
pánga héi abá oporandú ramo mbaé am6 rehé. Aipó
ramo Tupã rec6 ifiungareyn baé rehé, hae hembiap6 rapi-
c.háreyn rehé oyepyá mongetá ramo Tupã héi chupé:
conicó tutú mbaé pacó ! ? Oyábo nungá corami oher6
Tupã ~. Y. ofiemondyyn catú pype héra mofiábo áng".
Montoya, portanto, · pensava que. a palavra
,. Tupã
tinha origem numa expressão interjectiva em- que tu é
uma interjeição e pa, contração de pánga, 'índiée de in-
terrogação <86). Ora, como tal, tu ou ú se equivalem, e
tanto se poderá dizer tup.
.
ã como upã, isto
. é, com t fiJÇO..
ou com vogal inieial. Além disso, encontramos tupá,
absoluto de upá, com os significados de lugar, tempo, ,
modo de estar pousado (leito, cama, rede, . etc.) e com
índices duplos de relação (vide exceção 3. ª) ; t e h :
(85) Conquista Espiritual (Abá retá eYn, etc) • ._; Anais Bi-
blioteca. Vol. VI, pag. 107.
( 86) Montoya, no "Tesoro de la lengua guaraili ", ed. de
1876. pag. 402 v. diz tambem: "Tupã, composta de tu, admiração,
e pã, pergunta, nome que aplicaram a Deus".
(87) Aos significados gerais de tub, pae, genitor, etc. ocor-
• rem: óvos de peixe; abelha mestra; verbos estar, pousar, deixar;
-
'
..
•
DOS f N D1CE S DE R E LAÇÃO 61
• ' .
..
•
~- ,.. ..
'
'
.
•.
. .
·~
'
'
'
,
,
f •
..
1
1
•
DOS VERBOS
tupís de São Vicente que são além dos Tamoios do Rio de Janeiro,.
nunca _pronunciam a última consoante do verbo afirmativo, ut pro.
•
(
•
·.a pab dizem apá, pro acêm e apên pronunciam o til apenas; pro
. .
AaJur, BJU.
,
•
\
··- "
DOS t N D I ·e E S DE R E LAÇÃO 65
che bebe
nde bebé
bebé -> oré bebé - > ibebé - > obebé
pendé ~ bebé
..
que se interpretará :
o voar de mim - o meu vôo
o voar de ti - o teu vôo
o voar de nós - o nosso vôo
o voar de v6s - o
A
vosso voo
o voar dele :- o vôo dele
o voar de si - o seu vôo
.'
•
•
• •
'
66 PLJNIO A YROSA
che rayhú
nde rayhú
ayhú -> oré rayhú
-> hayhú· -> guayk?J.
pendé rayhú
che pába
-> - >
r, nde pába
páb pába i oré pába - > ipába - > opába
l p eridé pába
'
DOS f NDI CE S DE R E LAÇÃO 67
, '
'
'
•
68 PLINIO AYROSA
-
+. TR, +
#
J
'l
•
i
'
'
DOS fNDICES DE RELAÇÃO 69
che racy
nde racy
acy -> tacy -> ,
are racy
- > hacy - > guacy
pendé racy
che maenduár
maenduár
maenduár -> j'l nde maenduár
,. nd ,
ore mae uar
- > imaenduár
omaenduár
pendé maenduár
f.
70 PLINIO AYROSA
l o
o
doer de mim
doer de ti
- a
- a
minha dor
tua dor
•
1
'
1
1
•
. .
/
.. ~
'
'\
\
'
•.
Regra 1:
72 PLINIO AYROSA
•
Regra II:
J
\
DO S 1 N D I CE S DE R ·E· LAÇÃO 73
Regra III:
•
r
74 PliINIO A Y ROSA
l
Assim, se a frase; . Pedro está doente do estômago,
1
Regra IV:
' •
t
1
;
,
D OS t N DI CE S DE R E LA Ç Ã O 75
Regra V:
•
.1 76 PLINIO A Y ROSA
l
1
Regra VI:
•
•
CONCLUSÕES:
80 PLINIO A YROSA
'
IX - A análise profunda das formações irregula-
res poderá reduzir algumas das exceções a regras gerais.
X - Não só os índices em si, mas a situação que
ocupam junto ao tema regente, dão ao tupi-guaraní feição
digna de confr.onto com outras línguas americanas,
oceânicas e asiáticas, dentre as quais o antigo Mand-
chú c100>.
. .
•
•
•
BIBLIOGRAFIA '
•
'
•
'
r
82 PLINIO Jt.:YROSA
•
•
DOS f N DI CE S DE R E LAÇÃO 83
..
l
•
84 P L .I N I O A Y R O S .A
/
' ••
i
•
DOS 1N D 1C E S DE R E LAÇA. O 85
e•
de Fernão c ·a rdim: T'ratado da
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