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SOLDADOS

QUE

VIERAM DE LONGE
Os 42 Heróis Brasileiros Judeus da 2ª Guerra Mundial

Com uma participação especial do General Ruy Leal Campello, Veterano


do Regimento Sampaio da FEB e do Batalhão Suez

Incorporando Retrospecto de Ações de Cidadania e Cerimônias


Cívicas Realizadas pela FIERJ

Israel Blajberg
Resende, 2008
SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE - Israel Blajberg I1

Foto da Capa: Após o término da Campanha da Itália, a 2ª Bateria do 4º


Grupo de Artilharia 155 da FEB posa para uma fotografia histó- rica, com
todo o seu efetivo, sob o comando do Capitão de Artilharia Samuel Kicis,
tendo ao fundo as 4 peças da Bateria, obuseiros de 155 mm de fabricação
americana, as peças de maior poder de fogo com que contava a Artilharia
Divisionária da FEB. (Foto gentilmente cedida por Da. Leda, filha do Gen
Div Samuel Kicis, Z”L, em reunião em sua residência no Rio de Janeiro,
com o Autor e o Dr. Nelson Menda, aos 19 nov 2004, quando nos cedeu
também as alterações militares e outros informes históricos sobre a atuação
de seu Pai na FEB.)

Conforme o Cel Ref Germano Seidl Vidal, “...a foto demonstra o nosso
grupo perfilado, com os OBUSES da bateria. O original desta foto foi
doado ao GRUPO MONTESE, na Vila Militar, na passagem do 45º
aniversário da conquista de Montese (Itália) pelos brasileiros... ...é a nossa
2ª bateria do atual 11º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC). Vários
componentes do grupo assinaram no verso da foto! É o melhor registro em
foto que temos desta brilhante corporação militar atuando no teatro de
operações na Itália.

Diagramação e Capa: Carlos Eduardo Ferreira Avila. Impressão: Gráfica


e Editora Irmãos Drumond Ltda. www.graficadrumond.com.br • (24)
3323.4956
Catalogação na fonte
Bruna Ramos Pereira CRB-7 5670

B635 Blajberg, Israel


Soldados que vieram de longe: os 42 heróis brasileiros judeus da 2ª guerra mundial / Israel Blajberg,
Ruy Leal Campello – Resende, RJ : AHIMTB, 2008.
284 p.

Participação especial de: General Ruy Leal Campello – Veterano do Regimento Sampaio da FEB e
do Batalhão Suez.
ISBN: 978-85-60811-08-3
1. Guerra Mundial, 1939 -1945. 2. Judeus . 3. Militares – Brasil. 4. Ex- combatentes. I. Campello,
Ruy Leal II. Título.
CDD 940.53
Palavras – Chave: Ex-combatentes judeus, 2ª Guerra Mundial, FEB

II Israel Blajberg - SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE


Israel Blajberg
Brasileiro nato de 1ª geração

Sócio - Titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil –


IGHMB Cadeira 73 – Marechal Mascarenhas de Moraes

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil AHIMTB –


Cadeira 24 – Coronel Mário Clementino E–mail: iblaj@telecom.uff.br e
iblaj@hotmail.com SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE - Israel Blajberg III
Dedicatória
Dedicamos este trabalho In Memoriam a nossos saudosos Pais e Avós,
emigrantes poloneses para esta Terra Abençoada: Sara e Bernardo Langier,
Abram e Perla Blajberg, Aron, Eva Lea e José Rubinsztajn, Jacob e Sara
Rubinstein.

À minha querida e dedicada esposa Marlene Rubinsztajn Blajberg que tanto


colabora e incentiva nossas atividades culturais e associativas,
enriquecendo-as com suas fantásticas habilidades de desenhista, artista
plástica, arquiteta de brilhantes idéias.

A nossos filhos Carlos, Silvia, Rosa, Rubens, genros Rony e Henrique, nora
Jane, netinhos Daniel, Débora e Gabriel, que nos trazem alegria, carinho e
felicidade.
In Memoriam
Aos 474 soldados, marinheiros e aviadores brasileiros tombados na 2ª
Guerra Mundial. Aos 1441 tripulantes e passageiros dos 35 navios
brasileiros afundados. Aos 6 milhões de correligionários assassinados pelos
nazistas no Holocausto, mártires pela santificação do Nome (de D_us). Aos
avós Salo- mão Blajberg, Ana Frida Keller Minc Blajberg, tios e primos
assassinados pelos nazistas em Treblinka, Polônia. Todos sonhadores e
lutadores da mesma causa comum de liberdade e democracia.
Agradecimentos
À AHIMTB e FIERJ pelo apoio cultural concedido a esta edição, na pessoa
dos Presidentes Coronel Cláudio Moreira Bento e Engenheiro Sergio
Niskier.

A um anônimo como preconiza o TALMUD que concedeu relevante


patrocínio para esta edição, em homenagem ao Brigadeiro Rui Barbosa
Moreira Lima, herói do 1° Grupo de Aviação de Caça, lutando contra o
nazismo nos céus da Itália durante a 2ª Guerra Mundial.

À Associação Religiosa Israelita CHEVRA KADISHA do Rio de Janeiro,


que tão piedosamente dá continuidade e preserva os valores milenares do
judaísmo, pela valiosa contribuição.

Aos Irmãos Marco Jacques e David Jacob, que em nome da Família Cohen
concederam importante contribuição, In Memoriam de seu pai Jacob David
Cohen, Z”L, 3º Sargento do Exército Brasileiro que participou ativamente
do esforço de guerra do Brasil durante a 2ª Guerra Mundial, deslocando-se
em comboio marítimo e integrando o dispositivo de Defesa do Litoral do
Nordeste.

A Bnei Brith, que nos acolheu como Irmão e integrante da Comissão


Organizadora dos eventos Heróis Brasileiros Judeus da Segunda Guerra
Mundial, realizados em 1º de maio de 2005 no Monumento Nacional aos
Mortos da Segunda Guerra Mundial e Grande Templo Israelita do Rio de
Janeiro, talvez a primeira, única e última grande homenagem prestada aos
Veteranos Brasileiros Judeus. Certamente nem todos foram localizados para
o merecido reconhecimento, restando-nos a certeza de que D_us sabe seus
nomes.

Ao Memorial Judaico de Vassouras e seu Presidente Dr. Luis Benyosef,


Guardião do Acervo e Memória do Casal Egon e Frieda Wolff, pela
consulta ao repositório das pesquisas e trabalhos pioneiros sobre os
soldados judeus do Brasil, desde os tempos coloniais e o Império até os dias
atuais, trazendo a lume relatos pioneiros da participação de militares
brasileiros judeus nas forças de Terra, Mar e Ar que combateram na

SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE - Israel Blajberg V

Segunda Guerra Mundial, conforme descrito em seus livros e na


conferência proferida no Instituto de Geografia e História Militar do Brasil,
“Judeus nas Forças Armadas”.

Heróis Brasileiros Judeus da II Guerra Mundial Comissão Organizadora dos


Eventos

Bnei Brith
CEMBRI - Centro de Mídia Brasil Israel Conselho Sefaradi
FIERJ
Grande Templo Israelita
Museu Judaico
Naamat
Velger Eventos
WIZO

Anna Bentes Bloch Fanny Lewin


Israel Blajberg Jacob Guterman, Z”L Jayme Gersberg Jayme Gudel Leila
Velger Michel Mekler Nelson Menda Renato Aizenman Rosita Naidin Ruy
Flaks Schneider Samuel Benoliel Sylvia Cohn Gali Vera Lucia Chahon

Ex-combatentes
e familiares que colaboraram com preciosos dados e informações
Colaboradores
Arquivo Histórico do Exército Diretor Ten Cel Eng Clayton Pereira Muniz
Maj Elza Cansanção Medeiros Chefe do Depto de História Cap Alcemar
Ferreira 1° Ten QCO Omar Couto Conde

CMG Carneiro, Sub-Diretor de Ensino do CIAGA Sra Eduvirgem Orioli,


Bibliotecária do CIAGA
Mauro Rodin
Miguel Grinspan
Moshe Waldmann (Kfar Saba)
Gleice Mayer
Aluna da Escola de Museologia da UNIRIO
graças aos quais foi possível levantar o véu do tempo que pesava sobre os
ex-combatentes brasileiros judeus SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE - Israel Blajberg VII
Indice
Apresentação........................................................................................ 11
Prefácio ................................................................................................ 15
Introdução............................................................................................ 18
Capítulo 1
O Brasil na Guerra ............................................................................ 20
Capítulo 2
Apoio da Comunidade Judaica Brasileira
ao Esforço de Guerra ......................................................................... 26
Capítulo 3
Distribuição pelas Forças Singulares e Unidades ............................... 32
Capítulo 4
Grande Homenagem Marechal Waldemar LEVY Cardoso ................. 41
Capítulo 5
HOMENAGEM ESPECIAL
Os Bravos que Vieram de Longe General Ruy Leal Campello ............ 52 Capítulo 6

Homenagens Individuais e NOMINATA............................................ 64


a) Ex-Combatentes Brasileiros Judeus – 42 Veteranos........................... 64 Abrahão
Fainguelernt........................................................................ 64
Adio Novak....................................................................................... 66 Alberto
Chahon................................................................................. 68 Bernardo
Stifelman............................................................................ 69 Boris Markenzon
............................................................................... 72
Boris Schnaiderman........................................................................... 73 Carleto
Bemerguy.............................................................................. 75 Carlos
Scliar...................................................................................... 76 David
Lavinski................................................................................... 80 David Leon Rodin
............................................................................. 83 Edidio Guertzenstein
......................................................................... 87 Elias
Niremberg................................................................................. 88

8VIII
Israel Blajberg - SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE

Guilherme Bessa Filho ...................................................................... 88


Heitor Sennes Pinto........................................................................... 89
Henrique Schaladowsky .................................................................... 89
Israel Hollmann................................................................................. 91
Israel Rosenthal ................................................................................. 91
Jacob Benemond ............................................................................... 98
Jacob David Cohen ......................................................................... 104
Jacob David Niskier......................................................................... 107
Jacob Gorender ............................................................................... 110
Jacob Perelmann ............................................................................. 111
Jacob Zveiter ................................................................................... 112
José Segal ........................................................................................ 113
Leão Stambowsky............................................................................ 114
Marcos Cerkes................................................................................. 115
Marcos Galper................................................................................. 115
Mauricio José Pinkusfeld ................................................................. 119
Melchisedech Affonso De Carvalho................................................. 123
Moises Gitz ..................................................................................... 124
Moyses Chahon............................................................................... 125
Pedro Kullock.................................................................................. 132
Rafael Eshrique................................................................................ 134
Salli Szajnferber............................................................................... 134
Salomão Malina .............................................................................. 137
Salomão Naslausky ......................................................................... 140
Samuel Kicis.................................................................................... 141
Samuel Miller.................................................................................. 155
Samuel Safker.................................................................................. 155
Samuel Soichet................................................................................ 155
Saul Antelman................................................................................. 158
Waldemar Rozental......................................................................... 158
b) Figuração Honorária....................................................................... 161
Reynaldo Antonio de Borba............................................................. 161
c) Figuração Preliminar e Provisória
(Pendente de Confirmação) – 3 Veteranos...................................... 162
Donald Cohen Marques .................................................................. 162
Israel Bona ...................................................................................... 162
Jacob Chafier Sobelman................................................................... 162
d) Integrante da Representação do Brasil
na Parada da Vitória, Londres - 1946.............................................. 163
Miguel Grinspan ............................................................................. 163
e) Ex-Combatentes Judeus de Nações Amigas
no Brasil – 5 Veteranos................................................................... 165
Akiba André Levy............................................................................ 165
Georges Schteinberg ....................................................................... 166
Gerald Goldstein............................................................................. 168 Irmãos Isac e Nathan
Kimelblat ....................................................... 169

SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE - Israel Blajberg


IX9
Capítulo 7

Cerimônia do Dia da Vitória - Monumento Nacional aos Mortos da 2ª Guerra Mundial - Homenagem
da FIERJ e Bnei Brith no Túmulo do Soldado Desconhecido - 1º/mai/2005 ...................... 204

Capítulo 8

Cerimônia do Dia da Vitória - Grande Templo Israelita,


Rua Tenente Possolo, Centro - RIO - Homenagem da FIERJ e Bnei Brith - 1º/mai/2005
............................................................... 212

Capítulo 9
Dia da Recordação do Holocausto e Heroísmo
Domingo - 15/abr/2007 - MNM2GM............................................... 223
Capítulo 10
Dia da Recordação do Holocausto e Heroísmo
Segunda-Feira - 16/abr/2007 - Sinagoga de Copacabana ................. 233
Capítulo 11
Semana da Pátria - 7 set 2007 - C. C. E. R. Monte Sinai ................... 238
Capítulo 12
Tributo à Memória de Oswaldo Aranha
27 nov 2007 - Cemitério S. J. Baptista ............................................. 246
Capítulo 13
Dia Internacional de Recordação do Holocausto
24/jan/2008 - Itamaraty .................................................................. 260
Posfácio.............................................................................................. 274
Síntese da ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR
TERRESTRE DO BRASIL - AHIMTB ..................................................... 277
Delegacia da AHIMTB no Rio de Janeiro
MARECHAL JOÃO BAPTISTA DE MATTOS........................................ 281
Curriculum Vitae Sintético do Autor .................................................. 282
X
Apresentação

Cel Cláudio Moreira Bento

É com muita honra que fui convidado para apresentar o livro Soldados que
Vieram de Longe, de autoria do Tenente R/2 de Artilharia Israel Blajberg,
dirigente e exemplar acadêmico da Academia de História Militar Terrestre
do Brasil, da qual, por merecimento é o seu 3º Vice Presidente e seu
Delegado na Delegacia Marechal João Baptista de Mattos no Rio de
Janeiro, homenagem ao historiador dos monumentos brasileiros.

Obra editada em parceria da Academia de História Militar Terrestre do


Brasil (AHIMTB) com a Federação Israelita do Rio de Janeiro.

Em 1944/1945 o Brasil enviou à Itália a Força Expedicionária Brasileira


para dar a sua contribuição ao esforço de guerra aliado para defender a
Democracia e a Liberdade Mundial, seriamente ameaçadas pelo Nazismo e
o Fascismo que se espalharam ameaçadores sobre extensas áreas da Europa,
Ásia e África, na idéia de dominar o mundo, inclusive o Brasil, em especial
o Sul por possuir colônias alemãs e italianas em expansão.

E nesta luta dos Aliados, no Brasil se incorporaram as Forças Armadas do


Brasil em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial 42 homens de
origem judaica, dos quais 29 do Exército, e dentreelesoficiais R/2, formados
comoIsraeltambémnosCPORs, do que é muito orgulhoso desta formação, a
integrar, na sua expressão, a Reserva Atenta e Forte, cuja memória
pesquisa, preserva, cultiva e divulga de forma comovente, não deixando que
sejam esquecidos na mídia castrense, participando dos eventos históricos do
Exército, em especial na cidade do Rio de Janeiro, registrando os mesmos
pela Internet acompanhados de fotos expressivas.
Da Marinha Mercante registra 5 participantes, assuntos que abordamos em
conjunto com as demais forças em nossa plaqueta As Forças Armadas do
Brasil e sua Marinha Mercante na 2ª Guerra Mundial, em duas edições em
1995 e 2000, prefaciadas por dois acadêmicos eméritos da AHIMTB,
General Plínio Pitaluga e Vet FEB José Conrado de Souza, heróis da FEB
na guerra e na paz, por na paz liderarem expressiva parcela de veteranos em
defesa de seus interesses.

Registra 3 descendentes de judeus na Força Aérea, força esta cuja atuação


evocamos na citada plaqueta.
Sem dúvida além da importante participação de descendentes de judeus
filhos de imigrantes vindos de Marrocos, Rússia, Polônia, etc, eles corriam
além do risco de perecer em combate, o de serem capturados pelos alemães
e executados sumariamente, ou do envio para campos de extermínio, como
ocorreu com milhares de soldados judeus combatendo nos exércitos da
Rússia e Polônia, aumentando o expressivo número de milhares de judeus
sacrificados bar- baramente nos crematórios e câmaras de gás, no evento
sem igual da barbárie humana que passou a História como Holocausto.
E Israel dá visibilidade a estes soldados brasileiros e os coloca em merecido
alto relevo entre os bravos brasileiros de várias origens étnicas que
integraram a luta contra o nazismo. Providência que tomamos em relação
aos sargentos brasileiros do Exército mortos na campanha da FEB em
pesquisa solicitada pela Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos em Cruz
Alta – RS e ESA em Três Corações MG que intitulamos: Os 68 Sargentos
heróis da FEB mortos em Operações de Guerra na Força Expedicionária
Brasileira.
Bravos que segundo Péricles, estratego e dirigente grego no século V, A.C.,
que levou o seu nome, assim também os considero.
“Aquele que morre por sua Pátria serve-a mais em um só dia que os demais
em toda a sua vida”.
Lamentavelmente não tivemos um patrocinador para dar uma mais
profunda e justa divulgação impressa desses bravos, somente o fazendo
com cópias digitadas com apoio do então Diretor do Centro de Recuperação
do Exército Cel Médico QEMA Flávio Arruda Alves.
Através do ilustre e falecido casal Egon e Frida Wolf nossos confrades no
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, conhecemos através de seus
numerosos livros detalhes da colônia judaica no Brasil sobre a qual
escreviam. E muito deles, seus convidados conhecemos nas Bodas de Ouro
do casal no Hotel Glória no Rio. E com o Acadêmico Arnaldo Niskier
juntos estivemos numa mudança de guarda no Monumento aos Mortos da 2ª
Guerra Mundial em 1984, onde representamos o Exército e ele como
secretário de Educação do Rio de Janeiro.
E ali por certo recordou a participação dos 42 descendentes de Judeus e em
especial, os que ali jaziam e que este livro de Israel Blajberg faz justiça na
voz da História.
Em 1977 estivemos numa sinagoga em São Paulo, como representante do
Gen Ex Dilermando Monteiro comandante do atual Comando Militar do
Sudeste e ali sentimos a dimensão do Holocausto nas exposições em filmes
daquela tragédia humana, incluin- do depoimento de sobreviventes do
Holocausto.
Exposição em filmes e fotos que foi possível graças a esta histórica decisão
do General Eisenhower, comandante dos Aliados no Dia D da invasão na
Normandia e depois presidente dos Estados Unidos. Ele ordenou que
fossem levados para visitar os campos de extermínio todos os moradores de
áreas vizinhas para testemunhar o que eles apresentavam e documentar com
fotos e filmes aquela barbárie nazista para prevenir que no futuro alguém se
apresentasse negando a existência do Holocausto.
Conhecíamos a projeção de Osvaldo Aranha na criação do Estado de Israel
por sua atuação neste sentido na ONU, mas desconhecíamos que ele era
muito reverenciado pela Colônia Judaica do Rio de Janeiro. E então a
pedido de Israel lhe fornecemos alguns subsídios que ele abordou em
homenagem ao ilustre brasileiro que estudou no Colégio Militar do Rio de
Janeiro e integrou o Esquadrão de Cavalaria de seus alunos. Mais tarde foi
o líder militar civil na Revolução de 1926, participando do combate de
Seival próximo a Lavras do Sul onde foi atingido por um tiro de fuzil no
calcanhar que provocou intensa hemorragia quase o levando a morte. Foi
um dos principais articuladores da Revolução de 30 e o primeiro a defender
a memória do General Bento Manoel Ribeiro injustamente condenado
popularmente, o que foi agravado recentemente por seu linchamento moral
injusto pela novela A casa das sete mulheres. Em realidade Bento Manuel
foi o maior general farrapo e para o lado que pendesse levava a vitória. E
acompanhamos a interpretação deste grande brasileiro em nosso livro O
Exército farrapo e seus chefes, BIBLIEx, 1992 com apoio em fontes
históricas confiáveis sobrepu- jadas pela vitória do mito popular
consagrado. Osvaldo Aranha teve um de seus filhos integrando como
soldado a FEB, em defe- sa da Liberdade e Democracia.
Israel Blajberg orgulhoso de pertencer a Reserva Atenta e Forte do
Exército, enfatiza que dos tenentes que integraram a FEB, a metade era
constituída de oficiais oriundos do CPORs e que constituíram a metade dos
tenentes mortos em ação na FEB. Por oportuno o primeiro comandante que
tivemos no Exército ao ingressarmos em 1950, como soldado na 3ª
Companhia de Comunicações em Pelotas foi o Tenente Isaac Clerman que
era muito apreciado por todos e formado pelo CPOR/PA.
Israel Blajberg dá especial atenção e muito justo destaque na elaboração dos
perfis dos 42 brasileiros descendentes de Judeus, ao oficial brasileiro filho
de judeus, a mãe descendente de imigran- tes e o pai convertido ao
judaísmo, o atual Marechal Waldemar Levy Cardoso, hoje com 107 anos, o
único Marechal vivo e atual detentor do Bastão de Comando da FEB. Como
Tenente Coronel comandou um Regimento de Artilharia da FEB. E deste
modo ele inicia a sua exposição apresentando os feitos dos combatentes
descendentes de judeus da FEB que se destacaram na carreira das Armas,
das artes, letras, etc. E o Marechal Levy Cardoso deu seu incentivo
poderoso ao autor conforme carta que lhe escreveu que figura em destaque
na 4ª capa do livro.
Resende, a cidade dos Cadetes, 25 de agosto de 2008, Dia do Soldado.

Cel Cláudio Moreira Bento Presidente da Academia de História Militar Terrestre do


Brasil e do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul
Prefácio

Cel Germano Seidl Vidal (ao centro) em Sessão da AHIMTB no Forte de


Copacabana, confraternizando com General Moreira e Marechal Levy
Cardoso, na posse como Acadêmico do Cel Roberto Mascarenhas de
Moraes, na Cadeira que tem por Patrono seu avô o Marechal João Baptista
Mascarenhas de Moraes

A obra do prezado amigo, escritor e companheiro, o Engenheiro Israel


Blajberg, acadêmico do Instituto de Geografia e His- tória Militar do Brasil,
graças ao excelente desempenho que vem dando curso no seu novo meio
acadêmico - a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, apresenta
um quadro geral e minuciosamente pesquisado da participação dos
brasileiros de origem judaica no teatro de operações da II Guerra Mundial.

Israel Blajberg mantém até hoje os laços que adquiriu ao servir


noCPOR/RJaindajovemeemfasedeformaçãoprofissional,deonde
saiucomooficialR/2,ecomumaincansávelatuaçãoacadêmicaede estudos
sociais, culturais e militares. Suas pesquisas desenvolvidas, os estudos e
levantamentos sobre a participação dos brasileiros judeus
naIIGuerraMundialesuaatividadecomopacifista,credenciam-noe fazem
quase que obrigatória a leitura desta obra.

Os judeus brasileiros que foram convocados e partiram junto à Força


Expedicionária Brasileira – FEB, para a Itália, como qualquer outro
brasileiro que lá estava, lutaram na defesa da democracia e da liberdade,
paz e harmonia entre os povos e contra o nazi-fascismo.

Quando partiram em 1944 ainda não sabiam que seria criado o Estado de
Israel, quando o Brasil teve uma ação fundamental para o reconhecimento
internacional na ONU, a partir de uma atitude diplomática de um brasileiro,
numa sessão da ONU em 29 de maio de 1947, presidida pelo Sr. Oswaldo
Aranha, e que decidiu pela divisão da Palestina Britânica em dois estados,
um judeu e outro árabe, que deveriam formar uma união econômica e
aduaneira.

Foram 42 heróis judeus brasileiros, jovens e cheios de esperança que


lutaram e voltaram ao Brasil vivos após terem cumprido a missão cívica e
heróica de defender a pátria, tornando-se mais tarde bem sucedidos nas suas
diversas áreas de atuação.

Fato inusitado foi desses brasileiros de várias origens terem omitido


expressamente suas segundas identidades lastreadas em padrões religiosos.
Basta lembrar que antes tiveram a participação declinando sua integração
na comunidade judaica ainda sujeita as regras de vida comunitária de suas
origens. Vale apontar que o soldado judeu, como todos que participaram dos
239 dias lutando no “front” italiano estavam sujeitos aos riscos do genocí-
dio, condenados pelo mesmo ato. Apesar desse ônus duplo não
esmoreceram na sua atuação como qualquer outro incorporado como
soldado brasileiro.

Os 42 soldados integrantes da 1ª Divisão de Infantaria, lutaram sob


comando exemplar do Mal. Mascarenhas de Moraes.
Talvez tenha sido fraca a divulgação deste fato! Foram todos heróis
nacionais que suplantaram todos os riscos envolvidos e mereceram
distinções. Levou-se 62 anos para serem reconhecidos nominalmente.
Vale lembrar que o mundo de hoje está sob permanente conflito por razões
raciais, provocados pela intifada, o esfacelamento da URSS e lutas
regionais tratadas com participação ou não de organismos garantidores da
paz. Isto vem à conta da existência de comunidades rebeldes a sua
integração ou subordinação ao poder local. Na verdade, tais fatos decorrem
de muitos anos de convivência violenta bem característica dos respectivos
povos.
No Brasil, tal fato não ocorreu a despeito de uma total incompatibilidade
entre o regime ditatorial de Vargas e a expectativa da nossa gente de viver
em uma sociedade livre e democrática, servindo como exemplo o propósito
das forças aliadas em colaborar para a unidade nacional.
Agradeço ao amigo Israel por nos dar grandes informações sobre mais esta
etapa na formação de um Brasil de paz, junto com os nossos irmãos judeus
brasileiros, contribuindo para a história e para a cultura militar.
Germano Seidl Vidal Escritor e Historiador Participou como expedicionário Comandante de
Linha de Fogo da 2ª Bateria de Obuses do 4º Grupo de Artilharia da FEB na II GM, atual Grupo
Montese - www.guerraproscrita.com

2º Tenente em 15 de maio de 1944 designado Comandante da Linha de Fogo da 2ª Bateria do então I


Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta (Grupo Escola) - I/1º RAPC (GE), função na qual
permaneceu durante toda a Campanha da Itália, somente sendo desligado dessa função quando
transferido, por necessidade do serviço, já no Brasil, em 10 de janeiro de 1946.

Corpo Permanente da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA 68/72

MONTOR - Montreal Organização Industrial e Econômica S/A, em 72/73, Editor Técnico do Projeto
MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA contrata- do pelo MME e IPEA e realizado, durante 30
meses, por 18 Grupos de Trabalho em seis das mais conceituadas empresas de consultoria - então
capacitadas no mercado nacional para o “metier” - a fim de projetar o balanço energético do país,
para todos os tipos e formas de energia, até o ano de 1985, num horizonte de planejamento de um
decênio e meio.

Homenagem ao Marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes no


ano do seu 125° Aniversário de nascimento 13 nov 1883 – 17 set 1968
Herói Nacional e Ínclito Comandante da FEB – Força Expedicionária
Brasileira,
Desenho a bico de pena pelo General Augusto Fragoso
Introdução

Coronel Nilton Freixinho, Sócio-Titular do Instituto de Geografia e


História Militar do Brasil e Contemporâneo de Oswaldo Ara- nha, tendo
servido como Ajudante de Ordens do Ministro da Guerra Gen Eurico
Gaspar Dutra. Coronel Freixinho usa da palavra dando o seu testemunho
pessoal do relevante papel político de Oswal- do Aranha naqueles tempos
difíceis. O Coronel é grande amigo da Comunidade. Em livros e artigos
discorre frequentemente sobre a tematica judaica. Ao lado, Dr Jaime
Gudel(E), Mentor da Loja Herut da Bnei Brith e o Sr Alberto Nasser (D),
ex-presidente da CONIB – Confederação Israelita do Brasil

Pede-me o Professor e Historiador Israel Blajberg para escrever algumas


palavras à guisa de introdução à obra de sua autoria - “Soldados que Vieram
de Longe”, editada sob a égide da Academia de História Militar Terrestre
do Brasil, AHIMTB, com apoio da Federação Israelita do Estado do Rio de
Janeiro, FJERJ.

Ambos somos membros da AHIMTB, onde contribuímos para cultivar e


preservar a memória dos feitos da construção da nacionalidade, por séculos
sucessivos.

Sou testemunha de que, desde algum tempo o autor vem se empenhando


para projetar e divulgar a atuação de brasileiros vinculados à herança e à fé
judaica, que participaram dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial,
século 20, seja como integrantes da Marinha Mercante, seja como militares
vinculados às Forças Armadas do Brasil.
Neste último aspecto, soldados brasileiros judeus participaram da guerra
contra o 3° Reich em todas as frentes: na defesa do litoral brasileiro; na
campanha anti-submarino e de proteção a comboios no Atlântico Sul; e no
Teatro de Operações Europeu, integrando a Força Expedicionária do Brasil,
a FEB.

O expressivo título escolhido - “Soldados que Vieram de Longe” - de um


lado, revela o estofo de historiador de Israel Blajberg, e por outro lado,
denota a natureza do combatente brasileiro judeu, cujos antepassados,
historicamente, sempre estiveram afeitos à luta armada. No meu entender, o
título da obra por si só dispensa qualquer tentativa de avaliar a propriedade
e a importância da homenagem prestada aos brasileiros judeus que
participaram da luta contra o 3º Reich germânico. Vieram de “longe” não
no sentido “geográfico”, mas sim na acepção de “tempo histórico” de
“permanência”, por séculos a fio, na histó- ria dramática do povo judeu.

A obra, em síntese, registra nominalmente os mencionados brasileiros


judeus - cerca de meia centena - especificando para cada um a área de
atuação profissional e a hierarquia à época do conflito internacional e ao
término da carreira militar. Por fim, apresenta o esboço biográfico de vários
deles.

Torna-se necessário mencionar que a vinculação de herança e de fé religiosa


dos jovens militares brasileiros judeus, confere à participação dos mesmos
na Segunda Guerra Mundial, conotação especial ao considerarmos a justa
reação as inomináveis atrocidades cometidas pelas hordas nazistas contra a
comunidade judaica residente nos países que foram ocupados, na Europa,
pelo 3º Reich. No fundo, aqueles jovens militares lutaram por uma causa
que insere motivação complementar aos naturais asseios de patriotismo.

Não há de se negar a valiosa e oportuna contribuição de Israel Blajberg,


como historiador, ao registrar acontecimentos que marcaram a Segunda
Guerra Mundial, no contexto da participação do Brasil, ao lado das nações
democrática.

Cel. Nilton Freixinho Sócio Emérito da AHIMTB e do IGHMB


Capítulo 1
O Brasil na Guerra
Breve Resumo da Participação Brasileira na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945)

Diversos autores já há muito vem se dedicando a descrever a participação


do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o que portanto não será objeto deste
trabalho.

Entretanto, apenas a título informativo, eis que não se trata do objeto da


presente edição, adiantamos a seguir algumas informações alusivas, para
suprir o leitor de alguns elementos básicos que auxiliarão a compor o
quadro onde se inseriram os combatentes brasileiros judeus.

Razões da Declaração de Guerra

Os submarinos nazistas afundaram a partir de 1942, 36 navios mercantes


nacionais, com perda de um milhar de vidas preciosas brasileiras, 549
tripulantes e 502 passageiros.

Somente em um dia, 16 ago 1942, 3 navios foram afundados com perda de


quase 600 vidas, o que levou o Presidente Vargas, sob o clamor popular, a
declarar em 22 ago 1942 o Estado de Beligerância contra a Alemanha
Nazista e o Eixo.

1942 - Cronologia dos Acontecimentos que determinaram a entrada do


Brasil na Guerra

15.01 (quinta) - A Terceira Reunião de Consulta dos Chanceleres das


Repúblicas Americanas acontece no Rio de Janeiro, para assegurar uma
resolução unânime e garantida de que as Repúblicas Americanas romperiam
relações com as potências do Eixo.

28.01 (quarta) - O Governo Brasileiro atende a resolução nº 15 da Segunda


Reunião de Consulta dos Chanceleres das Repúblicas Americanas e rompe
relações diplomáticas com os países do Eixo.
15.02 (domingo) - Torpedeado o navio Buarque.
18.02 (quarta) - Torpedeado o navio Olinda.
25.02 (quarta) - Torpedeado o navio Cabedello.
07.03 (domingo) - Torpedeado o navio Arabutan.
08.03 (segunda) - Torpedeado o navio Cayrú.
07.04 (quarta) - A primeira divisão da VP-83 chega a Natal (RN)
11.04 (domingo) - A primeira divisão da VP-83 inicia sua atividades de
busca e patrulha.
15.04 (quinta) - Instalado um destacamento do exército em Fernando de
Noronha.
Abril - Descobertos no Rio de Janeiro centrais de rádio equipadas com
modernos equipamentos alemães para enviar informes da quinta-coluna e
espiões nazistas principalmente as posições dos navios em rota de
abastecimento para o Norte da África.
01.05 (sexta) - Torpedeado o navio Parnahyba.
18.05 (quarta) - Torpedeado o navio Comandante Lyra.
22.05 (sexta) - Um B-25 Mitchell operando na Base Aérea de Fortaleza
estava em patrulha próximo à costa onde o navio Com. Lira havia sido
torpedeado dias antes pelo submarino Barbarigo. As 14:00h, a tripulação do
B-25 comandado pelos Capitães Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona
encontrou um submarino na tona, que imediatamente começou a atirar no
B-25 com metralhadoras. Como o Brasil era neutro, as regras de combate só
poderiam ser usadas se o inimigo atacasse primeiro. A tripulação do B-25
lançou cargas de profundidade que caíram próximo ao submarino mas não o
danificaram.
23.05 (sábado) - É instituída a Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados
Unidos.
24.05 (domingo) - Torpedeado o navio Gonçalves Dias.
01.06 (segunda) - Torpedeado o navio Alegrete.
05.06 (quarta) - Torpedeados os navios Paracuri e um pesqueiro.
26.06 (sexta) - Torpedeado o navio Pedrinhas.
25.07 (sábado) - Torpedeado o navio Tamandaré. 28.07 (terça) -
Torpedeados os navios Piave e Barbacena. 15.08 (sábado) - Torpedeados os
navios Baependy e Araraquara.
16.08 (domingo) - Torpedeado o navio Annibal Benévolo. 17.08 (segunda)
- Torpedeados os navios Itagiba, Arará e um pesqueiro.
18.08 (terça) - O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) publica
nota esclarecendo à população os torpedeamentos.
19.08 (quarta) - Torpedeado o navio Jacira.
22.08 (sábado) - Face a agressão, o Brasil após reunião do Ministério
reconhece a situação de beligerância contra a Alemanha e Itália. Fundado o
Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da Aeronáutica.
24.08 (segunda) - A rádio de Berlim irradia para o Brasil um comentário
falso sobre o estado de beligerância. 26.08 (quarta) - A tripulação do Vultee
V-11 GB2, operando da Base Aérea de Porto Alegre, comandado por
Alfredo Gonçalves Corrêa atacou um U-boat próximo a Araranguá (SC). O
U-Boat foi atingido e adernou bastante, mas a aeronave também foi
danificada quando as bombas explodiram. A aero- nave retornou em
segurança para o aeroporto de Osório (RS) e não para sua base.
28.08 (sexta) - A tripulação do Vultee V-11 GB2 de Manuel Rogério de
Souza Coelho atacou um submarino inimigo próximo a Iguape (SP) sem
reportar qualquer dano. 31.08 (segunda) - Através do Decreto Lei 10.358, o
governo declara o estado de guerra para todo o Brasil.
05.09 (sábado) - Criado o primeiro comboio regular entre portos brasileiros.
07.09 (segunda) – Em grande operação a Polícia descobre no Rio de Janeiro
diversas bombas-relógio ocultas em pontos estratégicos no entorno do local
do Desfile Militar de 7 de Se- tembro. Alguns sabotadores são presos.
12.09 (sábado) - O Brasil coloca sua força naval sob o controle operacional
da Marinha dos EUA, sob o comando do Almirante Jonas Ingram.
27.09 (domingo) - Torpedeados os navios Osório e Lages.
28.09 (segunda) - Torpedeado o navio Antonico.
03.11 (terça) - Torpedeado o navio Porto Alegre.
22.11 (domingo) - Torpedeado o navio Apalóide.
02.12 (quarta) - São estabelecidas no Rio de Janeiro a Base de Operações
Navais e a Base Aérea Naval.

Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial

– Força Expedicionária Brasileira, iniciala) Exército - FEB


mente prevista com três Divisões de Infantaria Expedicionária, entretanto o
término do conflito tornou desnecessário o envio de outras tropas além da
1ª DIE, enviada para a Itália com 25 mil homens sob o comando do então
General Mascarenhas de Moraes, depois promovido pelo Congresso
Nacional a Marechal enquanto viveu.
A FEB foi incorporada ao V Exército Americano, lutando em terreno
íngreme e montanhoso dos Apeninos, em temperaturas de até 20 graus
negativos, perdendo 457 soldados mortos em combate. Teve grandes
vitórias em combates famosos como Monte Castelo, Montese, Castelnuovo,
Camaiore, Colechio, Fornovo e tantos outros.

Derrotou e capturou a 148ª Divisão nazista completa sob o comando do


General Otto Freter Pico, com 20.573 homens, dos quais 2 generais e 892
oficiais alemães, 80 canhões, 5 mil viaturas e 4 mil cavalos.

b) Aeronáutica - 1° Grupo de Aviação de Caça, o Senta a Pua foi enviado


para a Itália sob o comando do Tenente Coronel Aviador Nero Moura.

A FAB organizou o 1° Grupo de Aviação de Caça que foi treinado e


recebeu aviões no Panamá e Estados Unidos, incorporando ao 350° Grupo
de Caça americano na Itália. Tinha 458 homens, tendo perdido 8 pilotos e
16 aviões.

c) Marinha - Realizou a proteção dos comboios de navios mercantes no


Atlântico Sul, afastando os submarinos nazistas. Escoltou os navios que
transportaram a FEB para a Itália.

A Marinha realizou 195 escoltas a comboios, com 1.396 navios brasileiros e


1.505 de outras nacionalidades, perdendo mais de 500 homens em suas
missões durante a guerra.

d) Marinha Mercante – sofreu enormes perdas humanas e em tonelagem


de navios, durante a campanha submarina nazista, mantendo ainda assim as
linhas de transporte estratégico. Com a formação de comboios protegidos
por navios de guerra nacionais, as perdas praticamente cessaram.

Dos 25 mil Veteranos da FEB, estima-se que em 2008 existam cerca de


20% de remanescentes, na faixa etária acima de 80 anos. A ANVFEB
realiza um trabalho de amparo aos Veteranos e descendentes.

Metade dos tenentes da FEB foram formados nos CPORs. Eram estudantes
universitários convocados. Prova do apoio da sociedade ao esforço de
guerra. Os que assim desejaram, puderam candidatar-se a prosseguir a
carreira após a guerra, galgando postos superiores.

Na Itália existem diversos monumentos em homenagem aos pracinhas


brasileiros, onde até hoje se realizam atos recordatórios. Em 2005, nos 60
anos do Dia da Vitória Aliada na Europa, delegações brasileiras foram a
Itália, e delegações italianas vieram ao Brasil marcar a data. Até hoje os
italianos das regiões onde a FEB operou manifestam sua gratidão por terem
sido libertados pelos brasileiros.

ORGANIZAÇÕES MILITARES FEBIANAS

Infantaria
1° BIMTz (ES) – Rio de Janeiro - RJ
6° BIL – Caçapava - SP
11° BI Mth – São João Del Rei - MG
1° BPE – Rio de Janeiro – RJ

Cavalaria
1° Esqd C L – Valença - RJ

Artilharia
1° GAC Sl – Marabá - PA 21° GAC – Rio de Janeiro - RJ 20° GAC L –
Barueri – SP 11° GAC – Rio de Janeiro - RJ

Engenharia
9° BE Cmb – Aquidauana - MS
Comunicações
BEsCom – Rio de Janeiro - RJ
Intendência
21° B Log – Rio de Janeiro – RJ Transporte da FEB para o Teatro de
operações da Itália

Com exceção de 111 militares, dos quais 67 enfermeiras que seguiram via
aérea, a FEB foi transportada em navios americanos escoltados por
belonaves nacionais entre 02 jul 1944 e 04 fev 1945, em 4 escalões.
O 2º escalão foi transportado no General Mann (1º RI e outras unidades) e
General Meigs (11º RI e outras unidades). Organização da FEB

A FEB ERA CONSTITUÍDA PELA 1ª Divisão de Infantaria


Expedicionária - 1ª DIE, integrando o IV Corpo do V Exército Americano.
Sua estrutura básica compreendia:

Quartel General da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária: Tropa Especial


(QG; Destacamento de Saúde; Cia. de Manutenção; 1ª Cia. Intendência; 1º
Pel. de sepultamento; Pel. de Polícia; 1ª Cia. de Transmissão), 1º Esquadrão
de Reconhecimento.
Infantaria Divisionária:
1º Regimento de Infantaria (Regimento Sampaio), Vila Militar
6º Regimento de Infantaria, Caçapava,
11º Regimento de Infantaria (Regimento Tiradentes), São João Del Rei,
Artilharia Divisionária:
I Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto-Rebocado, originário do 1º
Grupo de Obuses de São Cristóvão.
II Grupo do 1° Regimento de Obuses Auto-Rebocado, originário do I
Grupo de Artilharia de Dorso de Campinho.
I Grupo do 2º Regimento de Obuses Auto-Rebocado, originário do VI
Grupo de Artilharia de Dorso de Quitaúna.
I Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta, originário do Grupo
Escola.
9º Batalhão de Engenharia de Aquidauana - MT.
1º Batalhão de Saúde.

Capítulo 2
Apoio da Comunidade Judaica Brasileira
ao Esforço de Guerra
A participação de dezenas de combatentes judeus brasileiros nas forças
brasileiras de Terra, Mar e Ar durante a Segunda Guerra Mundial é pouco
conhecida. Mesmo os que se tornaram heróis, agraciados com medalhas
concedidas apenas em casos de bravura excepcional em combate foram
quase esquecidos.

Os registros históricos da participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial


praticamente não explicitam a participação de brasileiros judeus. A razão é
simples. Basicamente os cidadãos de fé judaica eram mobilizados normal e
regularmente como qualquer outro. Não havia nem há soldados brasileiros
judeus, mas tão somente soldados brasileiros, o que honra e orgulha a
Comunidade Judaica.

Entretanto o inimigo nazista enxergava sim uma diferenciação. Os


combatentes judeus participantes do conflito além de compartilhar dos
riscos normais de uma guerra sujeitavam-se ainda caso fossem capturados a
execução sumária ou envio aos campos de extermínio do III Reich. Foi esse
lamentavelmente o destino de quase todos os militares judeus russos (85
mil) e poloneses (65 mil) que caíram prisioneiros dos alemães.

No Brasil a Comunidade Judaica se mobilizou, como vemos pela notícia de


27 de agosto de 1942 do Correio da Manhã sobre o ato religioso celebrado
na A.R.I. provavelmente no dia anterior em memória das vítimas do
torpedeamento dos navios brasileiros pelo Eixo.

O rabino Henrique Lemle correlacionando o sofrimen - to e perdas de vidas


humanas na comunidade judaica européia e seus parentes, descendentes
sobreviventes no Brasil podia emocianadamente ressaltar a convergência
de dor e revolta de brasileiros e judeus: (...) seus inimigos são nossos
inimigos; seus sofrimentos são nossos sofrimentos; e suas vítimas são
nossas vítimas. (Correio da Manhã de 27 de agosto de 1942)
O jornal “O Globo” noticiava em relação à mesma sole - nidade: sob os
auspícios da Associação Beneficente Israelita que Paulo Zander e Marc
Leitchic da diretoria propuseram e a reunião resolveu contribuir para a
coleta patrocinada pela Sra. Oswaldo Aranha com a quantia de
5:000$000; propos-se, idem, a formação de um corpo de voluntarios
composto de vitimas do nazi-facismo para servir no momento atual, ao
Governo e ao Brasil os quais poucos dias depois já começavam a
inscrever-se nas listas particulares para tal fim. Nos primeiros dias o
número de voluntários que já começavam a inscreverse nas listas
particulares para tal fim ultrapassava de trezentos (“O Globo” 26-08-42).

Em 19 de fevereiro de 1943 realizou-se um leilão da Liga de Defesa


Nacional (fundada em 24/3/24) na ARI para os futuros pracinhas com uma
parte musical a cargo de seu coro ensaiado pelo cantor-mor Fleishman.

Consta que reuniões foram realizadas pela comunidade, tendo havido


alistamento de voluntários para o caso de o Brasil entrar em guerra, com
mais de 300 assinaturas.

Esta história preciosa foi relativamente esquecida, ao contrario do que


ocorreu com os combatentes judeus das demais nações, recordados no
Museu do Veterano Judeu em Israel.

A meio caminho entre Tel-Aviv e Jerusalém uma antiga fortaleza viu de


tudo. Por ali passaram de legiões romanas a tropas do Mandato Britânico, e
hoje Latrun serve de museu para o Corpo Blindado das Forças de Defesa de
Israel.

Tanques sírios e egípcios T-55 Stalin capturados ainda com a pintura branca
para o combate na neve... tanques azuis, amarelos, lançadores de pontes,
artilharia, canhões imensos, ao lado das silhuetas esguias dos Merkavá
quase colados ao solo, escondendo-se atrás de elevações do terreno. É a
maior coleção de tanques na face da terra. Mais de 500.

Também ali situa-se o Museu dos Veteranos Judeus, assim considerados em


2 categorias, os que lutaram nos Exércitos Aliados durante a II Guerra
Mundial, e os que vieram de 44 paises em 1947/48 como voluntários para
fortalecer a nascente Tzvah Haganah LeIsrael.(1) Este último era o
chamado Machal.

Portanto, a bandeira do Brasil tremula em Latrun, junto com as dos Aliados,


como país que participou do esforço para derrotar a Alemanha nazista.
Também do Brasil seguiram voluntários Machalniks.

O museu eterniza a coragem e valentia de tantos veteranos judeus, a maioria


americanos, canadenses e soviéticos. Muitos vieram a Latrun para as
comemorações dos 60 anos do Dia da Vitória, os peitos cobertos de
medalhas.

Uma lacuna porém. Até maio de 2005, o Museu de Latrun desconhecia que
existem Veteranos Judeus Brasileiros da II Guerra Mundial.

A Diretora do Centro de Informação de Latrun ficou surpre - sa ao saber


que pelos menos 42 judeus brasileiros participaram da luta conta a
Alemanha Nazista. E trata-se de uma israelense

1- Forças de Defesa de Israel – união da Haganá e Palmach com o Irgun Tzvai Leumi e
dissidências (Lehi e Grupo Stern).
que fala português, já que casada com um brasileiro...

Mas não só ela se surpreendeu. Pouca gente além dos familiares sabia, até
aquele histórico domingo do Rio de Janeiro no Grande Templo, 1º de maio
de 2005.

O objetivo desde trabalho é portanto relatar um pouco da história destes


valentes soldados que não hesitaram em exporse ao duplo perigo. Que o
relato da sua epopéia fique como exemplo de patriotismo para as futuras
gerações.

Esta história aguardou mais de 60 anos para ser contada, relato da atuação
durante a 2ª Guerra Mundial de militares brasileiros judeus servindo nas
Forças de Terra, Mar e Ar. Páginas de uma epopéia gloriosa que
permaneceu quase desconhecida por mais de meio século, até que uma
homenagem foi prestada a 42 ex-Combatentes judeus no Grande Templo
Israelita do Rio de Janeiro, quando o grande público tomou conhecimento
de que militares judeus da FEB destacaram-se, tendo sido condecorados por
atos de bravura em combate na Itália com importantes medalhas, como a
Silver Star do Exército Americano e a Cruz de Combate de 1ª Classe.

Igualmente no mar e no ar, tripulantes judeus a bordo de navios das


Marinhas do Brasil e Mercante e nos aviões da FAB em missões de patrulha
ao longo do litoral participaram de importantes missões no enfrentamento
dos submarinos nazistas.

Aqui traçamos breves perfis de alguns destes combatentes, o texto


abordando tanto aqueles que seguiram carreira militar, alguns alcançando o
generalato, quanto veteranos que ocuparam posições de destaque na
sociedade civil, nas artes, literatura, política, etc.

Dos pelo menos 42 militares brasileiros judeus que integraram as forças


brasileiras de terra, mar e ar no maior conflito do século XX, ao final de
2008 apenas 13 estão comprovada- mente vivos. Sua participação foi quase
ignorada. Mesmo os que se tornaram heróis, agraciados com medalhas
concedidas apenas em casos de bravura excepcional em combate foram
praticamente esquecidos.

Em geral não se conheciam entre si. Brasileiros natos de primeira geração,


seus pais e avós eram imigrantes de países como Marrocos, Polônia,
Turquia, Rússia.

A participação judaica foi grande em termos percentuais, mas poderia ter


sido maior, não fosse o grande numero de imigrantes que constituía a massa
populacional da comunidade, portanto estrangeiros dispensados do Serviço
Militar. Com efeito, da população brasileira em 1942 da ordem de 40
milhões de habitantes, apenas 60 mil se declararam judeus segundo o IBGE.
Da ordem de 57 mil imigrantes judeus aportaram no Brasil de 1920 a 1942,
dados estes mais confiáveis, visto que coletados nos portos.

Old Soldiers Never Die... A letra de antiga canção da I Guerra Mundial


poderá finalmente ser aplicada a militares ju- deus brasileiros. Eles não
mais serão recobertos para sempre pela poeira do tempo.
Nas páginas seguintes, teremos o privilégio de revelar quem foram eles,
alguns dos Heróis Brasileiros Judeus da Segunda Guerra Mundial.

Mensagens Recebidas pela Comissão Do Coronel R/1 Oly Fischer dos


Santos, ex Comandante do Grupo Escola de Artilharia, em Deodoro, Rio de
Janeiro.

Ilustre amigo Israel


Comungo inteiramente com o justo júbilo dos brasileiros de origem
israelita, que de forma tão patriótica e expressiva se integraram no mais
elevado espírito de cidadãos realmente amantes de seu país.
Será sem dúvida uma cerimônia de alto simbolismo de cunho marcante da
integração incondicional de gente originária de todas as origens - raças e
credos - em nossa pátria.
Muitos países de nosso planeta, mesmo alguns de dimensões geográficas
expressivamente menores que as do Brasil não tiveram este previlégio.
Vivem um eterno clima de disturbio social, de lutas sangrentas, às vezes,
justamente por motivos de intolerâncias religiosas ou étnicas.
Cumprimento o amigo pelo seu empenho cotidiano e exaustivo em ressaltar
quanto o povo de origem judaica, que aqui vive e labuta representa uma
parcela importante em nossa cominidade brasileira, representou e
representa, no contexto de nossa nacionalidade.
Um forte abraço Oly Fischer dos Santos

Da Sra Devori Borger, do Museu dos Veteranos Judeus da Segunda Guerra


Mundial em Latrun, Israel, à margem da Rodovia Tel-Aviv-Jerusalém.

Dear Mr. Blajberg,


It was a great honor to meet you in the National Memorial Day of the
Fallen. Soldiers of the IDF at Yad Lashiryon.

I was impressed from your knowledge and your deep motivation to join our
important effort by suppling information for the Museum of the Jewish.
Soldier in WWII which is in establishment.

The information that you sent regarding the participation of the Brazilian
Jewish soldiers (Incuding the general background) is very essential and
useful- the summery and the lists
- since we are working on databases, individual stories and the aspects of
the Allies forces and, events and combats during the Second Would War.

You generously suggested to send photos and further information regarding


the Jewish soldiers as far as you get - that means that we should be in
current contact.

I would be very glad to supply for you information you need for your
research and use when it would be possible and available.

“Muito obrigado”, “Shavua tov”.


Be our guest of honor.

Devori Borger The Museum of the Jewish Soldier in WWII treasury office
Latrun Information Center - The IDF Armored Corps Library

Capítulo 3
Distribuição pelas Forças Singulares e
Unidades
Como forma de divulgar, principalmemte para as novas gerações quem
foram os bravos soldados brasileiros judeus, seus feitos heróicos e resumos
biográficos aqui se oferecem neste livro aos estudiosos e interessados na
temática militar e judaica brasileira.

No Capítulo 6 apresentamos em ordem alfabética as minibiografias dos


Heróis Brasileiros Judeus da Segunda Guerra Mundial.

Apesar do esforço desenvolvido em 2005 pela Comissão, e de nossas


pesquisas posteriores, dois óbices restaram insanados:
1 - É provável que existam outros nomes a serem recuperados para a
merecida homenagem.
2- Dos nomes constantes desta obra, alguns não puderam ser localizados, ou
seus familiares, assim não foi possível dar o devido destaque as respectivas
biografias, que ficaram care- cendo do necessario detalhamento. Em alguns
poucos casos ficou faltando inclusive a confirmação final de que realmente
eram membros da Comunidade Judaica Brasileira. Optamos por manter
estes nomes na esperança de que a divulgação da obra traga a lume novas
informações, de possíveis parentes e amigos, a serem incorporados a futuras
edições.
Considerou-se neste trabalho para elaboração da Nominata, a definição de
ex-combatente preconizada na legislação brasileira, a saber:
I - integrante da Força Expedicionária Brasileira ou de Força do Exército
que tenha participado ativamente de operações bélicas ou servido em Zona
de Guerra.
II - integrante da Marinha de Guerra que tenha participado ativamente de
operações de guerra, em missão de escolta, comboio ou patrulhamento
oceânico ou servido em Zona de Guerra.
III - integrante da Força Aérea que tenha participado ativamente de
operações de guerra na Itália, ou em missões de escolta, comboio ou
patrulhamento oceânico, a bordo de aeronaves armadas, nacionais ou
aliadas, engajadas em missões de proteção às rotas marítimas; ou servido
em Zona de Guerra.
IV - tripulantes embarcados a bordo de navios mercantes, pertencentes a
Companhias Nacionais e Estrangeiras, navegando em águas oceânicas ou
costeiras sujeitas ao ataque de submarinos inimigos.
Constitui prova de participação ativa em operações de guerra, um dos
seguintes documentos:
I - para o ex-combatente do exército: Diploma de Medalha de Campanha,
Medalha de Sangue do Brasil, Medalha Cruz de Combate de 1ª ou 2ª
Classe, Medalha de Serviços de Guerra.
II - para o ex-combatente da Marinha de Guerra: Diploma de Medalha de
Serviços de Guerra com ou sem Estrelas, Medalha da Força Naval do
Nordeste, Medalha da Força Naval do Sul, Cruz de Guerra Naval ou
Medalha de Serviços Relevantes, em ambos os casos, acompanhados da
respectiva Certidão do Conselho do Mérito de Guerra;
III - para o ex-combatente da Força Aérea Brasileira: Diploma de Medalha
de Campanha, Cruz da Aviação ou Medalha da Campanha do Atlântico Sul;
IV - para o ex-combatente da Marinha Mercante: Diploma de uma das
Medalhas de Serviços de Guerra, acompanhada da respectiva Certidão do
Conselho do Mérito de Guerra.
Além dos 42 Heróis Brasileiros Judeus da 2ª, Guerra Mundial, optamos por
mencionar mais 10 Veteranos, sendo:
1 Veterano – honorário, por sua afinidade com a Comuni- dade Judaica;
3 Veteranos – cuja condição de integrante da Comunidade Judaica está
pendente de confirmação;
1 Veterano – integrante da Parada da Vitória em Londres – 1946
5 Veteranos – Ex-combatentes Judeus de Nações Amigas residentes no país,
em geral naturalizados e com filhos brasileiros.
Com base no exposto, consolidamos a seguir a nominata, com os
respectivos sub-totais de nomes levantados e sua classificação:

a) Ex-Combatentes Brasileiros Judeus – 42 Veteranos Abrahão


Fainguelernt
Adio Novak
Alberto Chahon
Bernardo Stifelman
Boris Markenzon
Boris Schnaiderman
Carleto Bemerguy
Carlos Scliar
David Lavinski
David Leon Rodin
Edidio Guertzenstein
Elias Niremberg
Guilherme Bessa Filho
Heitor Sennes Pinto
Henrique Schaladowsky
Israel Hollmann
Israel Rosenthal
Jacob Benemond
Jacob David Cohen
Jacob David Niskier
Jacob Gorender
Jacob Perelmann
Jacob Zveiter
José Segal
Leão Stambowsky
Marcos Cerkes
Marcos Galper
Mauricio José Pinkusfeld
Melchisedech Affonso De Carvalho
Moises Gitz
Moyses Chahon
Pedro Kullock
Rafael Eshrique
Salli Szajnferber Salomão Malina Salomão Naslausky Samuel Kicis
Samuel Miller
Samuel Safker
Samuel Soichet
Saul Antelman
Waldemar Rozental

b) Figuração Honorária Reynaldo Antônio de Borba


c) Figuração Preliminar e Provisória (Pendente de Confir - mação) – 3
Veteranos
Donald Cohen Marques
Israel Bona
Jacob Chafier Sobelman

d) Integrante da Representação do Brasil na Parada da Vitória,


Londres - 1946
Miguel Grinspan

e) Ex-Combatentes Judeus de Nações Amigas no Brasil – 5 Veteranos


Akiba André Levy
Georges Schteinberg
Gerald Goldstein
Irmãos Isac e Nathan Kimelblat

Distribuição pelas Forças Singulares

A partir dos levantamentos efetuados pela Comissão Organizadora do


evento Heróis Brasileiros Judeus da 2ª Guerra Mundial realizado em 1º
maio de 2005 no Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro, chegamos aos
seguintes números:

Exército Brasileiro – FEB - 25 homens


Oficiais da Ativa - 5 Oficiais R/2 - 6
Sargentos - 6
Cabos e Soldados - 8

Exército Brasileiro – Defesa do Litoral - 4 homens Oficiais R/2 - 2


Sargentos - 2

Total Exército Brasileiro - 29 homens

Marinha do Brasil - 4 homens Oficiais - 2


Marinheiros - 2

FAB - 3 homens Sargentos - 3


Marinha Mercante - 6 homens Comandantes - 3
Comissários e Outros - 3

Total - 42 homens

Ao final de 2008, destes 42 veteranos 13 pemanecem comprovadamente


vivos, sendo que dos demais 29, alguns não foram localizados.

A seguir apresenta-se a Nominata dos Veteranos, com o posto que


ocupavam à época da guerra, e entre parênteses, se foi o caso, o último
posto atingido ao final da carreira.

Marinha do Brasil

Ten Boris Markenzon (Almirante)


Capitão Tenente Méd Dr. Edidio Guertzenstein (Almirante) MN Leon
Stambowsky
MN Melchisedech Afonso de Carvalho (2º Ten)

Exército Brasileiro – F E B

Oficiais da Ativa
Tem Alberto Chahon (Cel Mat Bel) Tem Moyses Chahon (Gen Div) Ten
Salli Szajnferber (Cel Art) Cap Salomão Naslausky (Cel Art) Cap Samuel
Kicis (Gen Div)

Oficiais R/2
2º Ten INF Israel Rosenthal
2º Ten INF Marcos Cerkes
2º Ten ART Marcos Galper (Major R/2)
2º Ten INF Pedro Kullock
2º Ten INF Salomão Malina
2º Ten Méd Dr Samuel Soichet

Sargentos
3º Sgt Adio Novak (Cap)
3º Sgt Boris Schnaiderman Sgt Heitor Pinto Sennes (Maj)
2º Sgt Henrique Schaladowsky
3º Sgt Jacob Perelmann (Cap)
3º Sgt Rafael Eshrique

Cabos e Soldados Sd Carleto Bermeguy Cb Carlos Scliar


Cb David Lavinsky Sd Elias Niremberg Cb Samuel Safker Cb Saul
Antelman Cb Moises Gitz
Sd Jacob Gorender 2° Ten R/2 ART Abrahão Fainghelernt 2° Ten R/2 INF
José Segal
3º Sgt Jacob David Cohen
Sgt Waldemar Rozental (1º Ten)

Força Aérea Brasileira – Veteranos 2ª G M

S3 Bernardo Stifelman (1º Ten) Israel Hollman


SO Jacob Zveiter (T Cel)

Marinha Mercante – Veteranos 2ª G M

Capitão-de-Longo-Curso David Leon Rodin Capitão-de-Longo-Curso


Jacob Benemond Capitão-de-Longo-Curso Samuel Miller 1º Radio-
Telegrafista Guilherme Bessa Filho 1º Comissário Jacob David Niskier
2º Comissário Mauricio José Pinkusfeld

Distribuição pelas Armas e Unidades

Aqui classificamos os 42 homens relacionados segundo a Arma, Quadro ou


Serviço, com o posto ocupado durante a guerra e a unidade na qual
serviram.

Exército Brasileiro – FEB

Oficiais - Infantaria
1º Ten Alberto Chahon – I RI – Regimento Sampaio
1º Ten Moisés Chahon – I RI – Regimento Sampaio
2º Ten R/2 Salomão Malina – 11 RI
2º Ten R/2 Marcos Cherques – CRP/FEB – DP
2º Ten R/2 Pedro Kuloc – CRP/FEB – DP
2º Ten R/2 Israel Rosenthal – CRP/FEB – DP
Artilharia
Cap Samuel Kicis – I/I RAPC – 2/4 – II / 4 GO 105 Cap Salomão
Nauslausky – I/I ROAuR
2º Ten Salli Szajnferber – I/II ROAuR
2º Ten R/2 Marcos Galper – II/I ROAuR

Serviço de Saúde
Asp Of R/2 Méd Dr. Samuel Shoichet – I Btl Saúde

Sargentos
Infantaria
3 Sgt Jacob Perelman – DP/FEB
3 Sgt Heitor Sennes Pinto – CRP/FEB - DP

3 Sgt Adio Novak – QG/I DIE

Artilharia
3 Sgt Boris Schnaiderman – II/I ROAuR
3 Sgt Waldemar Rozenthal – 2° GADo
3 Sgt Jacob David Cohen – 2°/3º. RAAAe

Engenharia
3 Sgt Henrique Chaladowsky, – 9 Btl Eng

Cabos e Soldados
Infantaria
Cb Samuel Safker – QG/I DIE
Sd Jacob Gorender – I RI – Regimento Sampaio Sd Elias Nirenberg – CRP-
FEB – Tropa QG Sd Carleto Bemerguy

Cavalaria
Cb Saul Antelman, – QG/Gen Falconieri Cb Moises Gits – CRP/FEB –
DP/FEB

Artilharia Cabo David Lavinski – I/II ROAuR Cabo Carlos Scliar – I/I
ROAuR

Oficiais Infantaria 2º Ten R/2 José Segal, CRP/FEB


Artilharia
Sgt Waldemar Rozental, 2° GADo
2º Ten R/2 Abrahão Fainguelernt, 1° BMAC

Sargentos
Artilharia
3º Sgt Jacob David Cohen 2°/3° RAAAe

Marinha do Brasil CT Méd Dr. Edidio Guertzenstein, CT Boris


Markenzon,
MN Leon Stambovski,
MN Melchisedech Affonso de Carvalho

FAB - Força Aérea Brasileira SO-FT Bernardo Stifelman


Israel Hollmann,
SO Jacob Zveiter

Marinha Mercante Cap Longo Curso Jacob Benemond, Cap Longo Curso
David Leon Rodin, 2º Comissario Jacob David Niskier, 2º Comissario
Mauricio Pinkusfeld, 1º Radio-Telegrafista Guilherme Bessa Filho

Capítulo 4
Grande Homenagem Marechal Waldemar
LEVY Cardoso
Nascido em 04 dez 1900, Dia de Santa Bárbara Padroeira da Artilharia,
homem que viveu em 3 séculos, o único Marechal vivo, Veterano da 2ª
Guerra Mundial, atual detentor do Bastão de Comando da Força
Expedicionaria Brasileira, um ícone da Nacionalidade, figura querida e
admirada por todos.

Há Cardosos de origem judaica, mas não é o caso do Marechal.


Sua raiz judaica provém do sobrenome Levy de sua mãe, com origem
provável na Argélia, descendente de judeus franceses.
“Disso me orgulho muito, pode crer”, afirmou o Marechal ao imortal
Arnaldo Niskier, por ocasião de uma cerimônia onde estiveram juntos
(Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, 04/04/2005)
Sua família era toda do Rio, apenas o pai sendo natural do Rio Grande do
Sul, Antônio de Almeida Cardoso filho de por- tugueses, falecido quando o
menino Waldemar tinha 11 anos, passando então a ser criado por sua mãe,
professora. O pai havia se convertido ao Judaísmo para casar-se com Da.
Stella Levy, em 1898.
Tiveram 2 filhos, Armando Levy Cardoso, que consta ter sido ativo na
comunidade judaica, na época de Capitão. Alcançou o posto de Coronel,
tendo falecido em maio de 1983.
O menino Waldemar foi educado na religião judaica, tendo se convertido a
Religião Católica com 53 anos. Na época comandava o Regimento de
Artilharia de Itu – SP, cidade com a qual tem fortes laços familiares.
Consta que Frei Gilberto, daquela cidade, desempenhou papel relevante na
sua conversão, cuja motivação remonta a um episódio ocorrido durante a
guerra na Itália.
Tendo o então Ten Coronel Levy se extraviado, adentrou uma igreja para
solicitar informações sobre a posição da tropa brasileira.
O pároco não sabia, mas aproveitou para mostrar uma antiga e valiosa
imagem de Santa Barbara, a mártir cristã. Ao retirar-se, Levy percorreu
curta distância e avistou o pavilhão nacional hasteado no ponto que
procurava.
Ainda conforme relatado ao Prof. Niskier, uma pequena medalha de Santa
Bárbara que lhe foi dada pela mulher, na véspera da partida para a guerra, o
protegeu: “sou judeu, não nego, mas Santa Bárbara, a quem venero, foi
quem salvou a minha vida.”
“Minha mãe era muito religiosa. tinha o sobrenome Levy. não queria que
me casasse fora da religião judaica, mas aconteceu”.
Assim, tendo nascido no Dia de Santa Bárbara, padroeira dos Artilheiros, o
jovem Levy Cardoso optou pela Arma de Artilharia, e já adulto pela
religião católica.
A vida de Santa Bárbara se relaciona à artilharia porque após ser
martirizada ocorreu violento temporal com raios e trovões, semelhantes ao
estrondo e clarão dos disparos de canhão. A Santa nasceu em um 4 de
dezembro no século III, na Ásia Menor, sob domínio romano. Era filha de
pagãos, e seu pai a prendeu numa torre para evitar casamento indesejável ou
seduções do cristianismo. A jovem fugiu, é trazida de volta pelo pai e
entregue ao governador Marciano que a martiriza. Após sua morte um raio
fulmina o pai. A santa tornou-se padroeira da boa morte, sendo invocada
pelos devotos quando de relâmpagos e trovões.
Sempre a cada 4 de dezembro, uma missa no Forte Copacabana celebra o
Dia da Padroeira, quando o Marechal manifesta grande religiosidade e
devoção à Santa.
Acompanhado por familiares e amigos, contrito ouve a palavra do Capelão
Mlitar, e ao final recebe a Hóstia, nos últimos anos em cadeira de rodas,
devido a uma queda que sofreu em sua residência.
Já é uma tradição seu comparecimento ao Forte de Copacabana no Dia de
Santa Bárbara, que coincide com a reunião da Ordem dos Velhos
Artilheiros, da qual é o Decano. O Almoço Festivo reune Artilheiros da
Ativa e da Reserva, em torno do carismático e respeitado Marechal, que
reside nas proximidades, na Rua Toneleros.
Em diversas outras solenidades sua presença confere um clima todo
especial ao evento, como no 8 de Maio – Dia da Vitória, e no 10 de junho,
Dia da Artilharia, em uma unidade da Arma de Mallet.
Quer seja de noite ou de dia, nas Fortalezas de Santa Cruz ou São João, na
Vila Militar ou em São Cristóvão, o Marechal está sempre presente,
invariavelmente acompanhado de seu genro, General de Exército Antônio
Joaquim Soares Moreira, ex-Chefe do Estado Maior do Exército e ex-
Presidente do Superior Tribunal Militar.
A dedicação e carinho do General Moreira para com o Marechal são
notáveis. Também ele oriundo da Arma de Artilharia, está sempre junto ao
Marechal, auxiliando os acompanhantes a desloca-lo em cadeira de rodas.
Na reunião de 04 dez 2007 foi inaugurada a imagem de Santa Bárbara junto
ao Portão Histórico do Forte de Copacabana, entronizada pelo Capelão da
1ª Região Militar Padre Lindenberg, seguindo-se a Missa em homenagem à
Santa no auditório do Forte.
Toda unidade de artilharia costuma ter uma imagem da Santa Padroeira em
local de destaque.
No Cassino dos Oficiais, o Marechal Levy recebeu o Bas- tão de Comando
da FEB, como mais antigo ex-combatente, e da janela comandou uma Salva
Festiva disparada por peças do 21º GAC.
Depois do “Parabéns” o Marechal apagou as velas e agra- deceu
emocionado, encerrando-se a festa com a Canção da Artilharia.
Na Homenagem aos Heróis Brasileiros Judeus da 2ª Guerra Mundial, o
Marechal Levy compareceu ao Grande Templo Israelita, no Centro do Rio,
mesmo em cadeira de rodas, embora não tivesse sido um dos
homenageados, pois a Comissão considerou que a religião atual deveria
prevalecer.
Entretanto, mais tarde concluimos que o Marechal deveria ter sido
justamente lembrado, ainda que de forma honorífica, por ser o detentor do
Bastão de Comando da FEB, o que foi sanado no 19 de abril, Dia do
Exército, que recorda a Batalha de Guararapes em 1648, quando os
holandeses foram expulsos do Brasil, e que marca as origens do Exército
Brasileiro.
No Salão Nobre do Palácio Duque de Caixas, sede do Comando Militar do
Leste, aproveitando a presença do Marechal, o Autor fez a entrega informal
do Diploma, homenagem que a rigor deveria ter feito juz na solenidade
realizada em maio de 2005 no Grande Templo Israelita. O Marechal,
sorridente como sempre, agradeceu e comentou “sou judeu, não nego minha
raça, minha mãe era Stella Levy, mas pela religião sou católico”.
Na ocasião o correligionário Melchisedec Affonso de Carvalho, Diretor
Cultural da Associação dos Ex-combatentes do Brasil foi agraciado com a
Medalha da Ordem do Mérito Militar, mais alta comenda do Exército
Brasileiro, pelos relevantes serviços prestados à Força Terrestre, na
solenidade que foi presidida pelo General de Exército Domingos Curado,
Comandante Militar do Leste.
Da sua vida familiar judaica quando solteiro o Marechal ainda guarda
algumas recordações, embora não possa precisar a data da chegada da
família de Da. Stela Levy e seus pais e outros parentes, por nunca ter
indagado, como em geral acontece dado que poucos jovens se interessam
por estas questões.
Sua mãe formou-se professora na Escola Normal na Praça da República,
onde hoje está instalada a Escola Municipal Rivadávia Correia. Com ótima
classificação, foi convidada pelo seu Profesor Bricio Filho para ser sua
Assistente. Terminado esse estágio foi classificada em uma escola no litoral.
Para lá chegar viajava de bonde de tração animal até a estação Central do
Brasil, onde embarcava no trem para Campo Grande. De lá, um pajem
contratado pelo marido Armando a conduzia a cavalo até a escola.
Fazia o caminho de volta chegando em casa ao anoitecer. O marido lhe
pedia que deixasse de lecionar, mas ela insistia, alegando ser seu dever
ENSINAR, o que fez sucessivamente nas escolas do Alto do Morro do
Castelo, que subia a pé, Rua do Vianna em São Cristóvão, Rua Mariz e
Barros, e finalmente na Escola Teophilo Ottoni da Rua Senador Furtado na
Praça da Bandeira, quando se aposentou.
Ao final do séc XIX, quando Stella e Armando se casaram a população
judaica do Brasil era pequena, apenas 300 indivíduos segundo o IBGE, mas
diversos autores como o Casal Wolff, AJC e outros estimam que um
número mais real seria da ordem de 3 mil almas.
O Marechal recorda que relacionavam-se com seu pai Armando Levy, Wolf
Klabin e Horácio Lafer, da Indústria de Papel Klabin, as famílias Azulay,
Kanitz (ou Kaminitzer) e a família Abraão, cujo filho Rafael (Rafa) possuía
uma fazenda de café em São Paulo.
Havia outros familiares judeus, como Armando Lyndaimer, casado com
uma tia de Da. Stella Levy também chamada Stella, Henry Levy, Frances da
Alsácia que emigrou para o Brasil após a guerra de 1870 e casou com Clara,
uma prima de Stella Levy. Tiveram um filho, René, que foi o melhor amigo
do Marechal durante a sua vida.
Elias Toruzman, judeu marroquino de Casablanca, emigrou para o Brasil,
casando-se com Rachel, outra prima de Stella Levy.
Isaac Nahon, casou-se com a tia mais velha do Marechal, Maria, tendo uma
filha, Fortunée, e um filho também chamado Isaac Nahon, que chegou a
General de Exército.
O jovem Waldemar freqüentou uma sinagoga no Centro da cidade do Rio
de Janeiro, não se recordando exatamente o local, talvez na Rua do
Rezende. Como todo menino judeu, foi circuncidado e fez o Bar Mitzvá,
cerimônia que marca a maioridade religiosa aos 13 anos, e que ele recorda
ser designada como Tefilim e sido oficiada por um judeu a quem chamavam
de Rabi.
Seus pais foram sepultados no Cemitério do Caju, e conforme acredita o
Marechal, sua genitora o foi no cemitério judaico ali existente.
A memória do Marechal é prodigiosa, recordando, em suas próprias
palavras, que quando foi fazer o Tefilim, lhe foi entregue uma oração,
escrita como se pronuncia em hebraico (que ele não dominava), assim:
“Baru, Batai, Adonai, Mitzvá, Achê, Eloeinu, etc ...“
O jovem Waldemar não praticava a religião, mas todos respeitavam o Yom
Kippur (Dia do Perdão, o mais sagrado do ano).
Waldemar jejuava durante 24 horas, inclusive sem beber água, indo a pé de
casa até a Sinagoga, como preconiza a Lei Mosaica.

Turma de 18 de Janeiro de 1921 da Escola Militar do Realengo a que


pertence o Marechal Levy Cardoso

A Turma de Aspirantes-a-Oficial formada em 18 de janeiro de 1921 na


Escola Militar do Realengo daria ao Brasil importantes personalidades
históricas, diversos Marechais e Generais que viriam a ter papel
preponderante em acontecimentos relevantes da história pátria:

Pertenciam à esta Turma: Ministro da Guerra, General Jair Dantas Ribeiro;


Chefe do Estado-Maior do Exército, General Humberto de Alencar Castello
Branco; Comandante do I Exército, General Armando de Moraes Ancora;
Comandante do II Exército, Gen Amaury Kruel; o Comandante do III
Exército, General Benjamim Rodrigues Galhardo; Chefe do Departamento
Geral do Pessoal, General Arthur da Costa Silva; Chefe do Departamento
de Provisão-Geral, General João de Segadas de Viana; Comandante da 4°
RM, General Olímpio Mourão Filho, Generais Adhemar de Queiroz, futuro
Ministro da Guerra;João Baptista de Mattos, escritor e historiador militar;
Octacílio Terra Ururahy; Nilo Augusto Guerreiro Lima; Estevão Taurino de
Rezende Netto; João Batista Rangel; José Theófilo de Arruda; Emílio
Maurell Filho; Ignácio de Freitas Rolim e Antônio Accioly Borges.
Por Armas, entre outros, estes foram alguns de seus integrantes mais
conhecidos:
INFANTARIA: Humberto de Alencar Castello Branco, Olympio Mourão
Filho, Aguinaldo Caiado de Castro, Nilo Augusto Guerreiro Lima, Jair
Dantas Ribeiro, Ignácio de Loyola Daher, João Baptista de Mattos,
Armando Levy Cardoso.
CAVALARIA: Armando de Moraes Ancora, Estevão Taurino de Rezende
Neto, Amaury Kruel.
ARTILHARIA: Waldemar Levy Cardoso, Alcides Gonçalves Etchegoyen.
ENGENHARIA: Edmundo Macedo Soares e Silva, Otacílio Terra
Ururahy.
WALDEMAR LEVY CARDOSO é o último Marechal vivo do Exército
Brasileiro, posto que foi extinto em 1967, e a que chegaram militares como
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, Manuel Luís Osório,
Patrono da Arma de Cavalaria, Deodoro da Fonseca, proclamador da
República, Cândido Rondon, paladino da causa indígena, Juarez Távora,
Cordeiro de Farias, Costa e Silva, Eurico Gaspar Dutra, Floriano Peixoto,
Sousa Aguiar, Lott, Hermes da Fonseca, Castello Branco, José Pessoa,
Mascarenhas de Moraes, Aguinaldo Caiado de Castro, Ângelo Mendes de
Moraes, Carlos Machado Bittencourt, João de Deus Mena Barreto, João de
Segadas Viana, José Pessoa, Odílio Denys e outros.
O Marechal Levy assesntou praça aos 09 jan 1918 como voluntário na
Escola Militar, passando para a Reserva em 06 out 1966 com 48 anos, 08
meses e 28 dias de tempo de serviço militar.
Cursou o Colégio Militar da Capital Federal, Escola Militar do Realengo –
1918/1921, Escola de Artilharia – 1933 e Escola de Estado Maior –
1935/1937.
Casou-se com Da. Maria da Glória de Oliveira Levy Cardoso,nascida em 23
de junho de 1907 e falecida em 2006.
Sua carreira militar foi vasta e profícua, servindo em diversa unidades de
Artilharia, tendo sido Comandante do 1º Regimento de Obuses Auto
Rebocado, unidade da Força Expedicionária Brasileira em campanha na
Itália – 1944/45, a convite do General Cordeiro de Farias, Comandante da
Artilharia Divisionária. Sua unidade teve desempenho destacado na
conquista de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese.
Em 1951, foi enviado para a Europa como adido militar às embaixadas do
Brasil na França e na Espanha.
Retornando ao Brasil em 1953, foi comandar o Segundo Regimento de
Obuses 105 em Itu-SP, onde servira como Aspirante tendo permanecido até
a promoção a general-de-brigada.
Em 1957, foi nomeado para a chefia do gabinete do mi- nistro da Guerra,
general Henrique Teixeira Lott, em seguida Diretor da Diretoria de
Aperfeiçoamento e Especialização – 1961; Comandante da 2ª Divisão de
Infantaria – 1961; Diretor da Diretoria de Serviço Militar – 1963;
Após a revolução de 1964, assumiu a chefia do Departa- mento Geral de
Pessoal e Departamento de Provisão Geral.
Passou para a reserva em 1966, com a patente de marechal. Em abril de
1967, foi nomeado presidente do Conselho Nacional do Petróleo, cargo que
manteve até março de 1969, quando assumiu a presidência da Petrobras.
Deixou a presidência em novembro de 1969. Entre 1971 e 1985, foi
conselheiro da Petrobras.
Possui as seguintes Medalhas e Condecorações:
Medalha Militar de Prata – 1934
Medalha de Guerra – 1945
Medalha Militar de Ouro – 1949
Medalha Marechal Hermes de Prata com 1 coroa – 1956
Medalha do Pacificador – 1957
Medalha Mérito de Santos Dumont – 1957
Medalha Militar de Ouro com passadeira de Platina - 1958 Cruz de Guerra
com Palma – 1945
Croce Valore Militare (Itália) – 1945
Bronze Star (EUA) – 1946
Cruz de Combate de 2ª Classe – 1947
Ordem do Mérito Militar – 1955
Ordem do Mérito Naval - 1958
Promoções:
ASPIRANTE: 18/01/1921
2º TENENTE: 11/05/1921
1º TENENTE: 07/09/1922
CAPITÃO: 26/06/1929
MAJOR: 05/03/1940 - merecimento
TENENTE-CORONEL: 24/06/1943 - merecimento CORONEL:
25/03/1948 - merecimento
GENERAL-DE-BRIGADA: 09/08/1954
GENERAL-DE-DIVISÃO: 25/03/1961
GENERAL-DE-EXÉRCITO: 25/11/1964
MARECHAL-DE-EXÉRCITO: 06/10/1966 - Inatividade

Coronéis Levy Cardoso (esq.) e Isaac Nahon na época em que comandaram


o Regimento MALLET de Santa Maria da Boca do Monte - RS
Seria interessante destacar que tanto o Coronel Levy Cardoso quanto o
Coronel Isaac Nahon comandaram a mais tradicional unidade da Arma de
Artilharia do Exército Brasileiro, o Regimento MALLET, onde também
serviu o neto do segundo, Tenente Coronel Paulo Antônio Nahon Penido
Monteiro.

Decano das unidades de Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro, foi


criado em 4 de maio de 1831, com a denominação de Corpo de Artilharia a
Cavalo em Rio Grande de São Pedro (RS).

Sob o comando de Mallet, participou da Campanha contra Oribe e Rosas,


na qual adquiriu o legendário apelido de “Boi de Botas”, participando da
maior batalha da América do Sul, Tuiuti, em 24 de maio de 1866, onde
enfrentou mais de vinte cargas da Cavalaria paraguaya: “Eles que venham!
Gra- nada e metralha, espoletas a seis segundos!... Por aqui eles não
passam!... Por aqui não entram!”.

Em 1925 o 5º RAM instalou-se em Santa Maria (RS), recebendo em 1932 a


denominação histórica “Regimento Mallet”. 54 integrantes da unidade
integraram a Força Expe- dicionária Brasileira na Itália.

Posteriormente recebeu a denominação 3º Regimento de Artilharia 75mm


Auto Rebocado, 3º Regimento de Obuses 105mm e atualmente 3º Grupo de
Artilharia de Campanha Autopropulsado, o “Regimento Mallet”, por ter
recebido em 1971 obuseiros M 108 105mm autopropulsados.

Abriga o Memorial Mallet, onde repousam os restos mortais do Patrono da


Artilharia e sua esposa, e o museu, que possui um fragmento de osso de
Santa Bárbara. A relíquia é guardada em estojo de prata guarnecido de
ouro, protegida por uma tampa redonda de cristal atada com um cordão de
seda vermelha com o selo do Vaticano, e tem certificado de autenticidade
assinado pelo vigário-geral do Vaticano. Ela foi recebida como doação pelo
marechal Levy Cardoso, excomandante do Regimento Mallet, quando
visitou o mosteiro de Monte Casino, na Itália, em 1945.

O grupo de Santa Maria construiu uma capela que abriga o estojo com o
fragmento de osso e imagens de Santa Bárbara e Nossa Senhora da
Conceição, padroeira do 3º GAC.
Foto 1
Foto 3
Legenda das Fotos:

Foto 2
Foto 4

Foto 1 - Marechal Levy e o Autor na solenidade do Dia da Artilharia, 10 jun 2008, no 11° Grupo de
Artilharia de Campanha – Grupo Montese, na Vila Militar – Rio de Janeiro. Foto 2 - Diploma
concedido ao Autor pela Ordem dos Velhos Artilheiros, assinado pelo Decano Marechal Levy
Cardoso.
Foto 3 - Brasão de Armas da mais tradicional unidade da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro,
o Regimento MALLET de Santa Maria - RS.
Foto 4 - Marechal Levy e o Presidente da FIERJ Sérgio Niskier na Tribuna de Honra do Desfile
Militar de 7 de Setembro de 2007, na Av. Presidente Vargas, Rio de Janeiro.

Capítulo 5
HOMENAGEM ESPECIAL
Os Bravos que Vieram de Longe
Participação Especial do General Ruy Leal Campello, Veterano do
Regimento Sampaio
da FEB e do Batalhão Suez

Este é um depoimento precioso, da lavra de um grande Soldado, que aos 92


anos o elaborou especialmente, escrevendo penosamente à mão devido a
dores que o acometiam, ao longo de vários meses em 2008, para este livro,
em meio as vicissitudes da luta travada pelos últimos remanescentes vivos
da gloriosa Força Expedicionária Brasileira para manter acesa a chama que
ilumina a memória dos feitos de nossos patrícios na Segunda Guerra
Mundial, constituída pela ANVFEB – Associação Nacional dos Veteranos
da FEB.

O General CAMPELLO é Presidente do Conselho Deliberativo da


ANVFEB, e desejou prestar a sua homenagem aos colegas de turma da
Escola Militar do Realengo, os Irmãos Chahon e o Ten Pinto Duarte.

I - Introdução

Estamos vivendo novo século. São passados mais de sessenta anos.


O Brasil foi, então, envolvido em sangrentos acontecimentos e obrigado a
responder afrontosos atos que feriram sua soberania. Era a II Grande Guerra
que assolava todos os recantos de nossos continentes. Tivemos que preparar
representação, isto é, um braço forte - militar - para apoiar os aliados e
revidar os ataques sofridos ao longo da costa brasileira, contra unidades de
nossa marinha mercante. Tal foi, sem dúvida, o motivo cruciante que
levantou a opinião nacional e acabou por exibir o rompimento diplomático
e a seguir - o estado de guerra - contra as potências do eixo.
E o Brasil foi à guerra. Na península italiana, no Continente Europeu, de
onde partiram os navegadores e as caravelas de Dom Manuel, de Sagres;
Colombo, o Genovês; Vasco da Gama e aqui aportou Cabral.
Muito se tem escrito - loas e acerbas críticas - que vão do desempenho
glorioso, a impiedosas considerações, que abrangem todos os setores
envolvidos políticos e militares - e o mesmo povo que acudia às ruas
exigindo revide aos “ataques do eixo”, passado o tempo, esquece seus
mártires e despreza os feitos de seus bravos soldados, aí incluídos aqueles
que escrevem “abalizadas opiniões” para diminuir os êxitos e aumentar as
falhas ocorridas e que, em havendo nova feita, ocorrerão certamente.
Tendo vivido os acontecimentos, função da profissão abraçada, com ardor e
dedicação labutado toda uma vida, não posso deixar passar sem frustração
tal sentimento, quando, no último quartel da existência, assisto, leio ou
escuto opiniões, que tocam fundo a alma de velho soldado e combatente da
arma de infantaria. Em algum ponto e, ninguém é perfeito, podemos ser
apontados por um senão. Assumimos a responsabilidade, mas estamos
conscientes de havermos procedido visando, sempre e apenas, ao
cumprimento do dever.
O devaneio acima surgiu após recentes comemorações do sexagésimo
terceiro aniversário da tomada de Monte Castelo, a 21 de fevereiro de 1945.
Incluo, ainda, recente envolvimento com o grupo de veteranos congregados
na ANVFEB (Associação Nacional de Veteranos da Força Expedicionária
Brasileira). A Associação encontra-se em difícil situação, sem recursos
financeiros para fazer frente aos encargos administra- tivos e quadros
capazes de enfrentar a eventualidade, pois seus associados são cidadãos que
já ultrapassaram oitenta anos!
Ao finalizar este intróito devo incluir a razão que me obri- ga recordar fatos
e passagens vividas, quando, como jovem tenente, integrei a 5° Cia
Fuzileiros do Regimento Sampaio. Decidi atender solicitação de dedicado
professor Israel Blajberg, que planeja editar trabalho exaltando a conduta de
jovens brasileiros, durante o desenrolar da Campanha da Itália e intitula o
trabalho, “SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE”. Examinando a
relação apresentada, todos israelitas, retirei dois nomes. Eis que foram
colegas de nossa turma de cadetes da saudosa Escola Militar de Realengo,
matriculados em 1938, portanto, época em que o fantasma da II Grande
Guerra preparava-se para mostrar suas garras avassaladoras.
Tentaremos mostrar o desempenho dos sempre lembrados companheiros
Alberto Chahon e Moyses Clahon, dois irmãos que viveram, como todos
nós jovens tenentes da arma de infantaria todas as agruras da guerra,
integrando o Regimento Sampaio. A exposição relativa a Moyses Chahon é
mais ampla, pois participou de todas as operações do II BI (Major Syseno),
justamente o meu batalhão e daí a decisão de mostrar nossas observações
que retratam os embates enfrentados na campanha pelos executantes de 1°
escalão de combate. No que respeita ao caro companheiro e amigo Alberto,
integrando o 1° BTL (Major Uzeda) do mesmo Regimento citamos, um
resumo, mas sua conduta merece toda admiração e é digna de ser apontada.

II - Dois Tenentes

O Tenente Alberto Chahon, mais moço dos citados, comigo serviu no 2°


Regimento de Infantaria, quando se iniciou a organização da FEB. Foi
classificado no 1° Batalhão do Regi- mento Sampaio e exerceu função de
realce como “oficial de transmissões”, termo usado na época para indicar
importante necessidade de combate e chefia, isto é, as comunicações ne-
cessárias ao comando, no que respeita o estabelecimento das ligações,
transmissão de ordens e informações de combate. No 1° Batalhão de
Sampaio permaneceu durante toda a campanha. Viveu as dificuldades da
entrada em ação no ataque, de 29 de novembro de 1944, a Monte Castelo, a
defensiva de inverno no Vale do Reno; o ataque vitorioso a Monte Castelo
de 21 de fevereiro de 1945; as operações da ofensiva da primavera em
Montese e a perseguição das colunas inimigas até o Vale do Pó. Em
nenhum momento ouvi ou presenciei atos ou reclamações, que atingissem
sua atuação profissional, principalmente, no seu Batalhão (Btl Uzeda), cujo
comandante não poupava àqueles que apresentassem alguma falha. Alberto
Chahon continuou sua carreira, já agora, no posto de Coronel e fazendo
parte de quadro especial, pois concluira o curso do instituto Militar de
Engenharia (QMB), Material Bélico. Calmo, simples e cortês, compareceu
sempre às reuniões de sua turma
- “Os cadetes de 1938”. Em setembro de 2001, perdemos o caro
companheiro e fomos homenageá-lo em seu sepultamento, no Ceminário de
São Francisco Xavier (Ala Israelita).

O Tenente Moisés Chahon, irmão mais velho de Alberto, sempre apresentou


traços diversos de personalidade. Alegre e comunicativo conosco
confraternizou, nos tempos felizes de tenentes solteiros, na Tijuca e em suas
reuniões festivas. Inteligente e com facilidade no trato de idioma
estrangeiro, deixou passar oportunidade e foi ultrapassado por Alberto, que
foi declarado. Aspirante a oficial, da arma de Infantaria, um ano antes, a de
3 de dezembro de 1940. A época era de incerteza e vamos encontrá-lo,
vejam o destino, também classificado no Regimento Sampaio, que se
preparava para integrar a FEB. Eram os tempos do 2° Batalhão (Major
Syseno) e o Ten Chahon fora assumir a sua função de comandante de
pelotão da 6° CIA. Em novembro 1944, nosso comandante do Regimento, o
sempre lembrado Coronel Aguinaldo Caiado de Castro, em sua “Ordem do
Dia” alertava seu Regimento: “Além, nas Al- turas Apeninas, o “Boche”
invasor e traiçoeiro vos espera...!” Estávamos ainda acampados na área da
Tenuta di S. Rossore (PISA), em final de ajustamentos. Dias antes, final de
outubro de 1944, puro acaso, quando nos deslocávamos, vamos encontrar,
em animada conversa, Alberto e Moyses Chahon que estavam “sendo
visitados” por outro companheiro de turma - o Tenente José Maria Pinto
Duarte, que integrava o 6° RI, em ação no Vale do Serchio, pois seu
Regimento fazia parte do 1° escalão da FEB e nos precedera na chegada
além-mar. A conversa seguia animada e Pinto Duarte transmitia suas
observações. O inimigo estava em retirada e seu Regimento, até o
momento, não encontrara dificuldades. O 6° RI conseguira os promeiros
louros de sua atuação. Anotei as observações. Mas, o destino acabaria por
desfazer a facilidade pintada pelo nosso entusiasmado e sempre lembrado
companheiro. Ele seria, mais adiante, uma das vítimas a lamentar! O
inimigo, na verdade, manobrava em retirada, até a linha de alturas escolhida
para quebrar o ímpeto ofensiva do nosso GT (Grupamento Tático) que
atuava no Vale do Serchio e, tinha razão, a advertência de nosso
Comandante, o Coronel Caiado.

III - Entrada em Ação

Finalizados os reajustamentos necessários, o nosso 2° Batalhão (Major


Syseno), entra em ação no Vale do Reno, substituindo tropa do 6° RI. A 6°
CIA, do Tenente Moyses Chahon ocupa posição a oeste da 5° CIA, região
de Áfrico-Volpara. Tivemos, então, os primeiros contatos com o inimigo.
Grande tensão e apreensão. Surgem as primeiras baixas. O frio já mostrava
suas dificuldades. A leste do dispositivo do 2° Batalhão sobressaiam às
alturas de Torre de Nerone e Soprassaso que tinham amplo domínio de
observação sobre nossas posições. Ação de artilharia e morteiros. Patrulhas
que procuram sondar os pontos sensíveis do dispositivo. A lama e as alturas
dificultam o aprovisionamento e remuniciamento. São empregados muares
dos alpinos italianos.

Mais adiante, as linhas avançadas aparecem cobertas de panfletos. Eram os


tiros de propaganda inimiga que, aquela al- tura, já identificara a
nacionalidade da tropa que o enfrentava. Procurava, assim, influir na moral
de nossas tropas. Os panfletos poderiam ser utilizados como salvo-
condutos.

Nas posições defensivas e, naqueles dias de verdadeira adaptação à vida do


infante em campanha, tivemos, todos nós, ocasião de provar nossas
condições físicas e morais necessárias aos embates que estavam por
acontecer. A 29 de novembro o 1° Batalhão (Uzeda), tomara parte em
operação de ataque a Monte Castelo. A notícia chegara ao conhecimento
dos 2° e 3° Batalhões, em posição, na frente defensiva. Claro que o impacto
do insucesso foi recebido com preocupação. Logo a seguir, início de
dezembro, o inverno já fazia sentir seus efeitos. Os Batalhões (2° e 3°) que
estavam em linha são substituídos, colocados em reserva e reajustam seus
efetivos. Haverá nova operação de ataque a Monte Castelo, em data ainda
não conhecida em nosso escalão, mas nos reconhecimentos realizados
indicavam que logo estaria para acontecer. A 12 de dezembro, a operação é
desencadeada. O 2° Batalhão, incluindo a 6° CIA do Tenente Moyses
Chahon, torna parte no ataque. As três subunidades, a 4°, 5° e 6° CIA, são
engajadas e sofrem pesadas baixas. A visibilidade não permitia o apoio
necessário dos fogos de artilharia e dos carros de combate americanos. A
infantaria não conseguiria e não conseguiu quebrar as resistências alemãs
que em suas casamatas e dominando a observação do compartilhamento de
ataque, impede a progressão do escalão de ataque, causando pesadas baixas.
A 6° CIA e ai estão os Tenentes Apolo Rezk, Moyses Chahon e
Deschamps, assim como os demais integrantes da 4° e 5° CIAS, tiveram
papel importante e provaram sua tempera de infantes. O Tenente Apolo foi
o mais sacrificado, pois, vencido pelas dificuldades de observação, foi
envolvido e seu pelotão é praticamente dizimado pelo fogo ajustado do
inimigo. Ao cair da tarde, a operação é encerrada e a tropa atacante retorna
às bases de partida. Muitos ali ficaram e seus corpos só foram recupera- dos
mais tarde, por ocasião da ofensiva da primavera. A neve, que começara a
cair, seria a mortalha daqueles que, sem medo e com denodo, cumpriram o
sagrado dever de servir ao seu Exército e a sua Pátria. Devo acrescentar que
esta dissertação é difícil de resumir e tudo o mais que ainda falta relatar. Eis
que, como o Tenente Moyses Chahon, enfrentamos o inimigo e, na pele e na
alma de jovens oficiais, sentimos os efeitos da dolorosa jornada e
experimentamos o amargor da derrota e do insuscesso.

V - Ataque a Monte Castelo a 21 de fevereiro

O IV CEx que enquadrava a nossa DIE recebera o reforço de uma divisão: a


10° DIMnth, especialmente preparada para combater em regiões
montanhosas e que estava concentrada na região de Vididiatico, no limite
oeste da zona de ação, tendo ao Norte, justamente, os conjuntos
montanhosos de Monte Capel Buzo (1.151) Pizzo di Campiano - Monte
Belvedere (1140) - Monte Gorgolesco (1120), cuja posse era essencial para
o sucesso da ofensiva. O cenário daquelas alturas, observando a Região
Norte e Nordeste da localidade da Gaggio Montano, onde surgia Monte
Castelo (977), era menos íngreme. A observação da topografia deixava ver
a dificuldade do ataque, sem anular, em um primeiro lance, o domínio das
elevações citadas a oeste. Desta vez, porém, Monte Castelo seria atacado
pela DIE, após a ação da 10° DI Mnth, e em cobertura de seu flanco leste
para permitir a progressão visando às passa- gens que levavam ao Vale do
Pó.

Tomaram parte na jornada, o 1° Ten. Alberto Chahon como oficial de


transmissões do 1° BI (Major Uzeda) assegu- rando as ligações e
transmissões de ordens e o 1° Ten. Moyses Chahon, na 6° CIA, 2° BI
(Major Syseno) que seria lançado no prosseguimento da operação de La
Serra.

VI - De La Caselina - La Serra

Os dia que se seguiram, após o êxito do ataque a Monte Castelo, exigiram


grande atenção e redobrados reforços. Monte Castelo era nosso!

Entretanto, os alemães ofereciam séria resistência, ainda em Torracia,


dificultando a progressão da 10° DI Mnth. Era necessário anular a
obstinação inimiga. O 2° BI (Major Syseno) é lançado a Leste, na direção
Caselina La Serra, com a missão de conquistar Cota 958 - La Serra, em
condições de prosseguir sobre Roncovelio. Operação de grande
importância, pois o sucesso tornava difícil a manutenção de Torracia pelo
inimigo.

O desempenho dos Tenentes Apolo e Chahon foi merecedor de destaque,


bem assim o Tenente Deschamps e os demais integrantes da 5° Cia, Tenente
Bicudo, Segismundo e Moacir. Estão incluído também e com destaques os
Tenentes Bordeaux e Acioli do 3° BI (Major Franklin).

A noite de 24/25 de fevereiro, passada em Caselina, foi enfrentada debaixo


de pesados bombardeios desencadeados e destacamos o desempenho dos
Cap. Cmt. da 6° e da 5° Cia, pela calma e segura atuação orientando a ação
de combate de seus pelotões. O Pelotão Chahon ultrapassa Bela Vista e
conquista 958. O Tenente Apolo sofre leve ferimento e é substituído pelo
Sargento Schultz, mais tarde promovido a 2° Tenente. O Pelotão
Deschamps é lançado em reforço para La Serra. A operação tem sucesso,
afinal, e a frente 950 - La Serra - Sene- veglio está em nossas mãos.

VIII - Montese - Ofensiva da Primavera

Recebemos ordens para reconhecimentos de novas posições:


Campo Del Sole - Tamburini - Sassomolare, a sudeste de Montese, onde
deveríamos substituir tropa americana da 92° DI, cujos efetivos eram
constituídos por homens de cor e somente os oficiais superiores brancos.
Um tipo de segregação racial, para os brasileiros estranho. Hoje, tal atitude
mudou. A conduta dos homens da 92° DI era displicente, inclusive
abandonando material.
Diversas proclamações foram distribuídas às tropas atacantes: Do Supremo
Comandante Aliado do Teatro de Operações do Mediterrâneo, Marechal
H.G. Alexandre; Do CMT do V Exército, Tenente Gen. L. K. Truscott Jr e
do CMT da DIE, Gen. Mascarenhas de Moraes. Os textos das proclamações
mostravam, de maneira incisiva, a certeza do êxito e da vitória final que
resultaria da ofensiva a desencadear. A operação ganhou o nome de
“Ofensiva da Primavera” e teria início a 10 de abril.
Nesse interim, foram realizadas patrulhas à luz do dia. Face a Montese
visando 747 e 759, ao comando do Tenente Iporan e Sargento Max Wolf, do
11° RI. O desempenho do Sargento Wolf mostrou sua intrepidez e bravura e
sua morte, à frente de seus homens, notável exemplo de abnegação e
liderança.
Mais a leste, na frente da 4° Cia, em Creda e Possessione, o Aspirante
Amorim e Aspirante Mega, lutam com denodo e determinação, resultando o
ferimento do Aspirante Amorim e a morte do Aspirante Mega, além do
soldado enfermeiro Wilson Bonfim, vitimado em campo minado.
A 5° Cia recebe ordem de reforçar à 6° Cia, a leste do dispositivo,
permanecendo, ainda na defensiva ocupando, 810 - Campo Del Sole. Pouco
mais tarde, já na região de Sassomolare, em reforço a 6° Cia, assistimos a
chegada do General Mascarenhas acompanhado de um grupo de oficiais de
seu estado-maior. O Cmt da Cia, Capitão Wolfango tem, então,
oportunidade de apontar os pontos no terreno que estão mais à frente,
ocupados por seus pelotões e que encontram dificuldades pela reação
inimiga de ultrapassar 744, Pe- lotão Chahon e Apolo. O local, de onde
observam a frente, Posto de Observação (PO) , é hoje, histórica fotografia e
dali foi possível mostrar ao General Mascarenhas, o comportamento do
ataque em curso. Pouco mais adiante, o General Cmt retira-se.

IX - Perseguição - Final das Operações

A DIE organiza 3 GT (Grupamentos Táticos) ao comando dos Gen.


Cordeiro, Falconiere, Zenóbio com a missão de continuarem a ofensiva
visando o cerco do Exército da Ligúria. A 2 de maio, recebe a DIE ordem
de cessar as hostilidades tendo em vista a rendição total das forças inimigas.
O nosso 2° BI (Major Syseno) ocupa PIACENZA e o Quartel General da
DIE é localizado em Alexandria. A missão que nos cabe então, é de
ocupação do território italiano, livre agora do jugo nazi-fascista!

A 8 de maio, é divulgada a notícia do término oficial da guerra na Europa!


A operação denominada “ofensiva da primavera” ini- ciada em 14 de abril
tivera seu final a 2 de maio, e exigira dos integrantes dos dois Exércitos
aliados - o V Exército Americano e o VIII Exército Britânico -
determinação e denodo nas diversas fases da campanha em que foram
envolvidos.

X - Considerações Finais

Estamos chegando ao final do nosso trabalho e não foi fácil consegui-lo. O


tempo passado e o peso dos anos, têm influência muito grande. Procuramos
fazer o possível para satis- fazer ao pedido do professor Blajberg. De início,
achamos que ficaria mais apropriado intitular a nossa resposta: “OS
BRAVOS QUE VIERAM DE LONGE”

A FEB foi organizada, mobilizada para a guerra, lançando mão do sistema


de mobilização vigente, previsto na Lei do Serviço Militar - convocando
reservistas das diversas classes e categorias para completarem os quadros
das unidades combatentes, agora e então, obedecendo a novos padrões de
unidades, quadro de efetivos e funções, não existentes no Exército em
tempo de paz. Evidente, portanto, que as mudanças necessárias exigiam
reestruturação dos quadros de organização. Daí, o importante papel da
reserva, em particular os oficiais da reserva, que foram integrar os novos
quadros de organização.

Os oficiais da ativa, profissionais de carreira, efetuaram o enquadramento e


o preparo dos convocados, especialmente, aos destinados às pequenas
unidades. O total empenhado foi apreciável. Sua conduta e desempenho
atenderam à expectativa. A realidade da campanha enfrentada, a entrada em
ação, o combate, mostrou a todos a necessidade e o valor do exemplo, da
disciplina e da iniciativa, fatores importantes para os comandantes e lideres
na ação e condução de seus homens.

Julgo que foram bravos, muito em particular, os integrantes de primeira


linha, os nossos soldados que, vindos de todos os recantos do País,
enfrentaram as agruras da missão que lhes foi imposta. Não havia
preconceito de cor ou religião. Havia, enfatizamos, elementos de credos e
religiões diversas. Assim era e é o Brasil. À terras distantes e
desconhecidas, foram mandados em revide ais infaustos e mortais golpes
desferidos pelas nações totalitárias e como prova de nosso compromisso
com a liberdade e a democracia.

Da relação apresentada pelo professor Blajberg, selecionamos dois oficiais,


por coincidência, irmãos e integrantes de nossa turma de aspirantes da
saudosa Escola Militar do Realengo. É oportuno acrescentar que
destacamos também um outro companheiro daqueles tempos, o 1° Ten. José
Maria Pinto Duarte, que foi abatido pelo inimigo no VALE DO SERCHIO.
Colocamos, em apêndice, a homenagem de que foi alvo, quando foi
organizado o livrinho da TURMA DE ASPIRANTES (cadetes de 1938).
Mais de 60 (sessenta) tenentes de nossa turma, inclusive da FAB, entraram
em ação na CAMPANHA ITÁLIA.

Os tenentes Alberto e Moyses Chahon compartilharam conosco em toda a


caminhada do glorioso Regimento Sampaio, do RIO ARNO ao VALE DO
PÓ, nas operações realizadas, durante a II Grande Guerra. Seu desempenho
foi escrito baseado na bibliografia existente e na memória do autor. É claro
que, em se tra- tando de um resumo, foram deixados de parte muitos
detalhes. Os elogios a que fizeram jus sintetizam passagens da atuação de
cada um deles e não podem suscitar dúvidas ou considerações.

O calor do combate e a emoção ao recordar os quadros e as situações que


vivemos permanecem gravados e íntegros nas minhas lembranças de velho
combatente da FEB.

A figura inolvidável do nosso Comandante de Regimento, o Coronel


Aguinaldo Caiado de Castro, que preparou a unidade moral e
profissionalmente; o Major Syseno Sarmento, Comandante do 2° BI, figura
ímpar de soldado e chefe que exerceu o comando do Batalhão, durante toda
a campanha, transmitindo a seus comandados, carinho e solidariedade, em
todas as agruras enfrentadas; o nosso Comandante da 5ª Cia Fzos, Capitão
Valdir Moreira Sampaio, um exemplo de Capitão de Infantaria, digno de ser
apontado e seus subalternos (Tenentes Segismundos, Darcídio, Bicudo,
Gilson, Moacir e Evilásio), não podem ser esquecidos. Hoje, não estão mais
presentes, mas o seu trabalho e convivência permanecem através o passar
inexorável dos tempos. Nossos bravos graduados e soldados que
suportaram as dificuldades surgidas e os esforços dispendidos para que as
missões fossem cumpridas, mostraram o valor dos soldados brasileiros.
Muitos tombaram ou foram vítimas de seqüela durante o desenrolar da
campanha, mas souberam elevar bem alto o conceito do Exército e do
Brasil!

Homenagem Póstuma
1° Ten. Inf. José Maria Pinto Duarte 8 fev 1920 (Rio de Janeiro – DF) 31
out 1944 (S. Quirico, Itália) Cadete do Realengo, 1938
Apirante de Infantaria, 1940 Comandante do Pelotão de Metralhadoras
Tombou em Combate
Promovido Post-Mortem ao Posto de Capitão Medalha de Campanha
Medalha de Sangue
Cruz de Combate de 1ª Classe

“Os Bravos Camaradas do 6°RI”


Fonte de Consulta: Um Capitão de Infantaria da FEB - Biblioteca do
Exército Editora - Ruy Leal Campello - 1999

Gen Ruy Leal Campello, Presidente do Conselho Deliberativo da ANVFEB – Associação Nacional
dos Veteranos da FEB, faz um pronunciamento por ocasião do almoço em 16 jul 2008, comemorativo
dos 45 anos da fundação da ANVFEB.

Capítulo 6
Homenagens Individuais e Nominata
a) Ex-Combatentes Brasileiros Judeus – 42 Veteranos Abrahão
Fainguelernt

Filho de Bella e Jacob, Abrahão nasceu no Paraná aos 23 set 1923.


Como tantos estudantes da tradicional Escola Polytechnica, Alma Mater da
Engenharia Nacional, apresentou-se como voluntário para cursar o
CPOR/RJ, no quartel de São Cristóvão, ao lado da Quinta da Boa Vista.
Sentou praça como Aluno do CPOR/RJ em 16 mar 1942, tendo sido
declarado Aspirante a Oficial da Reserva de Artilha- ria em 29 set 1943, em
12° Lugar na turma de 81 alunos, com média 7,329.
Aos 06 jan 1944 foi reincluido ao serviço ativo do Exército, para fins de
Estágio de Instrução no 3° Grupo de Artilharia de Costa e Forte
Copacabana.
Terminado o Estágio no Forte Copacabana, por Decreto de 17 abr 1944 o
Presidente da Republica o promoveu ao posto de 2° Tenente.
Abrahão foi convocado para o Serviço Ativo e mandado realizar o Curso de
Especialização em Artilharia de Costa para Oficiais da Reserva na EsACos,
Fortaleza de São João, tendo sido diplomado em 03 ago 1944 com média
9,7 em 2° Lugar numa turma de 25 alunos. Na sua Folha de Alterações o
Comandante da Escola o conceitua como Oficial calmo, pontual,
inteligente, um dos melhores da turma, podendo ser aproveitado para
Instrutor, revelando na parte prática boa aptidão para os comandos de seu
posto e superiores.
Em 07 ago 1944 Abrahão foi incluído no 1° Grupo de Artilharia de Costa e
Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba – Niterói, onde foi Oficial Subalterno
da 1ª Bateria.
O Comandante, Tenente Coronel Henrique Sadok de Sá o elogiou pela sua
conduta e colaboração ao Grupo no curto período em que serviu, mostrando
primar por excelente educação civil e militar.
Aos 14 dez 1944 foi transferido por necessidade do serviço para a 1ª
Baterial Móvel de Artilharia de Costa, na Vila do Mosqueiro, Estado do
Pará, onde desempenhou as funções de Comandante das 1ª e 2ª Seções,
Oficial de Tiro e Trans- missões, Encarregado da Escola Regimental,
Encarregado dos Paióis e Oficial de Educação Física.
O Comandante da Bateria o elogiou em Boletim como “ ... Oficial de escol,
disciplinado, estudioso e inteligente, bas- tante competente em qualquer
assunto, principalmente na parte referente a eletrotécnica, deixando
uma lacuna difícil de ser preenchida. Lamentando o seu afastamento,
formulo os melhores votos de felicidades ao Ten Abrahão para que na
vida civil, e na nobre profissão que abraçou, cujos estu- dos interompeu
para prestar seu concurso a defesa da Pátria durante os dias negros da
maior conflagração mundial, con- tinue empregando os maiores
esforços para ver brilhantemente coroado seu ideal.
No Pará, serviu até ser licenciado do Serviço Ativo aos 04 jan 1946, tendo
participado efetivamente de operações bélicas durante o conflito mundial,
cumprindo missões de Vigilância e Segurança do Litoral com a sua Bateria
no período de 03 nov 1944 a 08 mai 1945, o Dia da Vitória Aliada na
Europa.
Seu tempo total de serviço militar foi de 03 anos, 06 meses e 13 dias, o que
lhe deu o direito a pensão especial concedida em 18 out 96, nos termos do
Art 53, inc. II do ADCT (Constituição Federal de 1988) e Lei 8059/90.
Retornando a vida civil, Abrahão retomou os estudos na Escola Nacional de
Engenharia da Universidade do Brasil, onde recebeu o Prêmio ENG
ADOLPHO MURTINHO, do CONFEA
– Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura, como melhor aluno em
1947 das cadeiras de Eletrotécnica Geral, Medidas Elétricas e Magnéticas,
Estações Geradoras, Transmissão de Energia Elétrica e Aplicações
Industrias da Eletricidade.
Distinto Oficial da Reserva de Artilharia, que honrou as tradições da Arma
de Mallet na Defesa da Costa brasileira contra uma possível invasão
nazista, deixou-nos aos 06 dez 2000, deixando a viúva, Sra Miriam
Fainguelernt.

Adio Novak

Adio Novak nasceu em 12 ago 1920 no Rio de Janeiro, filho de Motta e


Vera Novak, tendo sido 3º Sgt da FEB, e trans- ferido para a reserva no
posto de Capitão R/1 de Infantaria. Foi condecorado com as Medalhas de
Guerra e de Campanha.
Era filho de Motta e Vera Novak. Frequentava a Sinagoga Beith Yacov de
Copacabana na Rua Capelao Alvares da Silva.
Seu filho Markus Novak e esposa Ana Lúcia Novak toma- ram a si a
honrosa tarefa de preservar a memória deste dedicado ex-combatente, pela
organização de um minucioso arquivo, que inclui fotos, DVDs das suas
apresentações no Rockefeller Center, recortes de jornais, quadros com
medalhas, enfim uma pleiade de valiosos documentos que ficam assim para
a pos- teridade, alguns inclusive doados em vida por ADIO para o Museu
da FEB na Rua das Marrecas, a casa da FEB que Adio tanto prestigiava
tendo sido um dos primeiros sócios.
Adio embarcou para a Itália em 22 set 1944, integrando a tropa do QG do
Gen Olympio Falconiere da Cunha.
Na Itália foi incorporado ao QG / I DIE. Foi ao Front para combate na
Itália, mas dadas as suas habilidade de fama internacional, foi requisitado
para desempenhar atividades especiais tais como servir de Intérprete oficial
entre os exércitos americano e brasileiro e atuar no Serviço Especial da
FEB para entretenimento dos soldados brasileiros.
Formou o primeiro time de futebol da FEB que teve como participantes os
jogadores Perácio, Jeninho e o goleiro Gilmar que se tornaram não só
campeões do seu próprio time, mas também foram importantes jogadores
do Botafogo.
Convidado a fazer parte do Serviço Especial da FEB para entretenimento
dos soldados, o fato de ter vivido no exterior e a fluência em inglês e outras
línguas o credenciaram a servir de intérprete oficial entre oficiais dos
exércitos americano e brasileiro.
Os judeus tem grande tradição nas artes, no teatro, na música, mas no que
concerne a outras especialidades, como as que Adio praticava, a história já
registra menor participação relativa.
Na área dos grandes circos, houve importantes nomes judeus,
principalmente na Europa Central, como inigualável Harry Houdini.
Malabarista, contorcionista e mágico, conhecido como o rei das escapadas,
na verdade era o judeu hungaro Erik Welaz, que deveria ter sido rabino,
assim como seu pai, que morreu pouco depois de emigrarem para Nova
Iorque.
Nascido em 1874 em Budapeste – Hungria, com 9 anos já montava e
desmontava que tipo de fechadura, indo trabalhar num circo. Abria
algemas, escapava de baús trancados no fundo do Rio Hudson e de jaulas, e
se libertava de camisas de força pendurado nos arranha-céus de NYC.
Morreu em 1926. Sua habilidade para escapar era enorme, graças as
fechaduras da infância.
Adio Novak foi o nosso Houdini, e recebeu como prêmio pela sua
participação ativa e importante no Exército Brasileiro uma viagem à
Europa.
Em suas alterações militares oficiais consta um elogio do comandante da
FEB, General Mascarenhas de Morais pela sua participação especial na
Campanha da Itália, documento hoje incorporado ao acervo do Museu da
FEB.
O Cap Adio retornou ao Brasil em 28/jul/1945. Foi dos primeiros sócios da
ANVFEB, sob nº 813, e identidade militar 1G 258.731. Morava na Rua
Raul Pompéia em Copacabana.
Este bravo soldado brasileiro faleceu em 7 de junho de 1988, e sua memória
ficará eternizada como uma das glórias da comu- nidade judaica brasileira
na sua contribuição a derrota do nazismo e restabelecimento das liberdades
na Europa e no Mundo.

Alberto Chahon

Alberto Chahon, nascido em 12 dez 1919 no Rio de Janeiro, sentou praça


como Cadete da Escola Militar do Realengo aos 28 abr 1938, sendo
declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria aos 3 dez 1940.

Em sua rica e extensa carreira militar ao longo de 39 anos, serviu em


diversificadas Organizações Militares, como 14° Batalhão de Caçadores em
Florianópolis, 2° Regimento de Infantaria, Rio de Janeiro, 1° Regimento de
Infantaria, Regimento Sampaio, da Vila Militar no Rio de Janeiro, quando
participou da Campanha da Itália, tendo embarcado em 22 set 1944 no
posto de 1° Tenente, ao qual fora promovido aos 15 abr 1943.

Na guerra era comandante do Pelotão de Transmissões do Regimento


Sampaio, encarregado das comunicações do comando com as subunidades
no front, o que o levou a exporse inúmera vezes ao perigo nas primeiras
linhas de combate, para garantir a chegada das ordens a tempo e a hora, as
vezes sob a inclemência de tempestades de chuva e neve e sob fogo
inimigo. Participou de ações importantes empreendidas pelo Regimento,
como as batalhas de Monte Castelo.
Foi a guerra junto com o irmão Moyses, do mesmo Regimento, fato que foi
noticiado na imprensa da época.
Por sua atuação foi agraciado pelo Presidente da República com a Cruz de
Combate de 2ª Classe, concedida aqueles que demonstraram heroísmo em
combate em ações coletivas.
Retornou da guerra em 22 ago 1945. Após a promoção a Capitão aos 25 dez
1945 veio a ser matriculado na Escola Técnica do Exército, atual IME,
formando-se em Engenharia Industrial de Armamento, sendo transferido
para a Arma de Comunicações do Quadro de Engenheiros Militares.
Serviu durante 6 anos no Arsenal de Guerra do Rio, e durante quase 5 anos
como Diretor Técnico do Corpo de Bombeiros do então Distrito Federal, de
onde foi para o DEPT – Departamento de Estudos e Pesquisas Tecnológicas
do Exército, de onde saiu para tornar-se Diretor do Arsenal de Guerra de
São Paulo.
Foi promovido a Coronel do Quadro de Material Bélico aos 25 dez 1966,
tendo passado para a Reserva em 08 abr 1974.
Foi agraciado com as seguintes Medalhas: Cruz de Combate de 2ª Classe,
Medalha de Campanha, Cavaleiro da Ordem do Merito Militar de 1ª Classe,
Medalha Militar com Passador de Ouro (30 anos), Medalha de Guerra,
Pacificador, Mérito do Engenheiro Militar, Marechal Mascarenhas de
Moraes, Conquista de Monte Castelo, Centenário do CBDF.
Na vida civil foi Chefe da Assessoria de Planejamento e Coordenação da
ECT e Engenheiro da Itaipu Binacional. Faleceu aos 11 set 2001.

Bernardo Stifelman

Nascido aos 20 mar 1914, Bernardo era natural da Colonia Philipson, em


Santa Maria da Boca do Monte, Rio Grande do Sul, filho de Guilherme
Stifelman e Rosa Goldenberg Sti- felman. Seria interessante recordar um
pouco da incrivel história de como judeus foram parar no interior do Rio
Grande, transformando-se em autênticos gauchos…

O anti-semitismo grassava na Rússia Czarista e na Polônia, ela mesma


durante anos subjugada pelos russos.
Entre os que também tentaram amenizar o sofrimento de seus irmãos,
destacou-se o Barão Maurice de Hirsch. Descendente de uma antiga família
de banqueiros e industriais da Baviera, destacou-se como financista em
Bruxelas, e fez fortuna construindo ferrovias para o então poderoso Império
Otomano.
Nas suas andanças pelas obras, viu como seu povo sofria, castigado pelo
isolamento e pela miséria que lhes impunham as autoridades religiosas. Era
igual ou pior que na Polônia e Rússia. D_eus, em sua infinita sabedoria,
submetia Seu povo a provações, enquanto dele saiam nomes como Jesus
Cristo, Moises, Freud, Einstein, Marx, e por que não, Steven Spielberg e
Madonna...
As guerras russo-turcas pioraram a situação, e se de um lado os
maltratavam, de outro sadicamente não os deixavam sair. Era caro vencer a
burocracia e partir. Os judeus eram pobres, e Hirsch, junto com sua esposa
Clara de Bischoffsheim tentou minorar a calamidade criando centros
educativos e de ajuda.
A perda do único filho determinou o lançamento de todas as energias e
fortuna do casal num dos esquemas filantrópicos mais extraordinários da
história. A Tzedaka, milenar palavra hebráica que significa caridade, a que
o judaísmo obriga seus fieis, passou a ser o centro das suas vidas, ainda que
estivessem longe de serem religiosos, muito menos ortodoxos.
O barão fundou a Jewish Colonization Agency, que comprava terras no
interior do Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá, e pagava as
passagens dos judeus que quisessem sair da Europa sofrida e se
transformarem em agricultores naquelas terras abençoadas, carentes de
povoação e mão-de-obra, onde prosperariam e conservariam sua ricas
tradições, como relatado amplamente em Los Gaúchos Judios, Gerchunoff,
e El Moises de Las Américas, Dominique Frischer, Ateneo.
Os Stifelman poderiam ter escolhido Moiseville no Pampa argentino,
Erechim ou Quatro irmãos, onde ate hoje existem judeus descendentes
daqueles trazidos pelo barão. Mas por alguma razão preferiram Santa
Maria, passando a desfrutar da vida rural com que sonharam na Rússia.
Maurice e Clara continuaram salvando seus irmãos, criavam escolas,
serviços públicos, entidades assistenciais.
Mas, ao contrario das ferrovias, o barão nunca visitou as terras que
comprou. E sem a sua presença, problemas diversos acabaram arquivando
os sonhos grandiosos de instalar milhões de judeus. Ainda assim, milhares
foram trazidos, e sua descendência hoje se multiplicou. O grande publico
nem sonha quem são eles. Muitos se surpreenderiam em saber quanta gente
importante descende daqueles que um dia perambularam de pés descalços,
com seus pais e avos, pelo solo poeirento dos Pampas, gaúchos ou
argentinos
... Ministros, médicos, generais, advogados, escritores, e ate
revolucionários,
Em sua luta, o barão se tornou amigo do Príncipe de Gales, que viria a ser
Eduardo VII, passando longos períodos em Londres. Cosmopolita, com
passaporte austríaco (a família viveu por gerações na Baviera), morava em
enorme complexo de mansões em Paris, sua primeira base de operações foi
Bruxelas, e fez fortuna na Turquia.
Em 1955, a JCA se transformou na ICA - Israel Colonization Agency, que
ate hoje perpétua a memória do barão, ajudando kibutzim, instituições
agronômicas e concedendo bolsas para estudo e pesquisa agropecuários.
Como tantos de seus correligionários, o jovem Bernardo deixou o interior,
atraido pela cidade grande, onde foi ser auxiliar de escritorio na
Cooperativa dos Funcionários da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, nas
horas vagas frequentando o Circulo Social Isralelita em Porto Alegre.
Gostava de aviões, que observava aterrisando e decolando no então
longinquo aeroporto, depois Salgado Filho. Dai para alistar-se na
Aeronautica foi um passo.
Mandado servir na Base Aérea de Recife, foi Sargento e Sub Oficial,
Fotógrafo de Voo, Metralhador e Bombardeador.
Eram tempos difíceis, a Alemanha já dominava meia Europa, Polônia,
França, estendia seus tentáculos malignos para a Africa, e os submarinos
ameaçavam a navegação atacando nossos navios em plena costa brasileira.
Bernardo passava longas horas a bordo de aeronaves patrulhando o
Atlântico. Mas felizmente a ameaça nazista ao Brasil se desvaneceu, assim
como os sonhos malévolos do III Reich de dominar a América Latina, em
seus pretensos mil anos que foram apenas 12.
Assim, em razão de sus dedicada atuação, o 1° Sargento Q-FT Bernardo foi
condecorado com a Medalha Militar da Campanha do Atlântico Sul, pelo
Ministro da Aeronáutica, e promovido a Sub-Oficial, em 07 dez 1945, pelo
Ministro da Aeronautica Armando Trompowski.
Em 23 jul 1953 o Presidente da República decretou a sua passagem para a
Reserva, no posto de 1° Tenente, por ter realizado missõe de patrulhamento
no Atlantio Sul, garantindo a livre navegacao dos comboios ao longo da
costa barsileira.
Na vida civil Bernardo dedicou-se ao plantio de café e depois ao comércio,
residindo hoje em Lauro de Freitas, município próximo a Salvador, Bahia,
onde nas tardes calmas costuma observer o mar azul e o céu a sua frente,
recordando os tempos da juventude em que observava os antigos aviões em
Porto Alegre, e as missões que cumpriu ali mesmo sobrevoando aquele
mesmo mar hoje a sua frente.

Boris Markenzon

Nascido no Rio de Janeiro em 28/05/1915, era filho de Adolfo Markenson e


Anna Markenson, imigrantes russos que se fixaram no Rio de Janeiro.
Tinha um irmão, Samuel, médico e professor.

Boris cursou o Colégio Militar na Rua São Francisco Xavier na Tijuca, e a


Escola Naval, na Ilha de Villegaignon, Rio de Janeiro, onde foi praça de
Aspirante de 26 abr 1934, sendo declarado Guarda-Marinha do Corpo da
Armada na Turma de 23 dez 1938.

Como jovem Tenente esteve embarcado até o final da Guerra, participando


de operações de escolta a comboios de navios mercantes. Sonbre aquela
época, seus filhos Ricardo e Roberto não recordam a presenca do pai em
casa, apenas as chegadas e partidas, e a apreensão da mãe, Da. Amália.

Os filhos tambem cursaram a Escola Naval, tornando-se Oficiais de


Marinha.
Havia o risco da presença de submarinos alemães, responsáveis por dezenas
de torpedeamentos de navios mercantes nacionais. Em um destes navios, o
Anibal Benévolo, estava o cunhado de Boris, Mauricio Pinkusfeld, irmão
caçula da esposa, lamentavelmente desaparecido no mar no afundamento.
Foi promovido a Capitão Tenente aos 10 dez 1951, sendo nomeado Capitão
dos Portos da Paraíba, e promovido a Capitão de Corveta aos 17 mar 1952.
Em 1957 serviu na Força de Transporte da Marinha, a bordo do Navio
Transporte Ary Parreiras.
Realizou o Curso de Submarinos e de Comando da Escola de Guerra Naval.
Em 1958 foi Imediato do Navio Transporte de Tropas Barroso Pereira, que
transportou o Batalhão Suez para a região de Gaza, onde atuou como Força
de Paz da ONU no período 1957-1967.
Em 1959 tirou o CEMCFA – Curso de Estado Maior e Comando das Forças
Amadas, na ESG – Escola Superior de Guerra.
Em 1960 era Chefe da 4ª Seção do EMFA – Estado Maior da Forças
Armadas, no Palácio Monroe, na Cinelândia, Rio.
Em 1961 comandou o contra-torpedeiro Greenhalg.
Em 1964 foi Capitão dos Portos do Pará e Amapá, e Delegado do Trabalho
Marítimo. Por diversas vezes exerceu interinamente o comando do 4°
Distrito Naval.
Recebeu a Medalha de Serviços de Guerra, Medalha da Força Naval do
Nordeste, Mérito Tamandaré, Medalha Militar em Ouro – 30 anos de Bons
Serviços, Ordem Nacional do Mérito da República do Paraguay.
No posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra, passou para a Reserva em 16 out
1964, e por ter servido em Zona de Guerra e com mais de 35 anos de
serviço, elevado na inatividade ao posto de Vice-Almirante.
Falecido em 07/08/1988.

Boris Schnaiderman

A FEB era um verdadeiro microcosmo da Sociedade Brasileira, com


homens de diversos estados do Brasil, tanto é que até hoje existem
associações de ex-combatentes em mais de vinte cidades brasileiras.

Havia nordestinos, sulistas, nortistas, pretos, brancos, enfim, era o Brasil


que ali estava. Consequentemente, o grau de instrução dos pracinhas
variava bastante, encontrando-se nas fileiras desde aqueles pouco afeitos as
letras até artistas e inte- lectuais de elevada expressão, alguns dos quais
integrantes da Nominata deste volume, como Boris Schnaiderman.

Jornalista e Escritor consagrado, gentilmente nos enviou suas informações,


que reproduzimos ao final. Ficou conhecido como tradutor, ensaísta e maior
autoridade em literatura russa no Brasil, ele que nasceu na Rússia
justamente em 1917, ano da Revolução de Outubro. Desde os anos 40
traduziu diretamente do russo grandes autores como Dostoievski, Tchekov,
Tolstoi e Gorki, entre outros.

Autor de Guerra em Surdina, livro autobiográfico e semificcional que relata


sua experiência como Pracinha da FEB, onde serviu no 2° Grupo do 1°
Regimento de Obuses Auto Rebocado, tendo embarcado aos 02 jul 1944 e
retornado aos 18 jul 1945. Boris era 3° Sargento e foi destacado para a
Central de Tiro como controlador vertical, pelos seus conhecimentos
matemáticos de engenheiro, formado pela Escola Nacional de Agronomia
na então Universidade Rural do km 47 da antiga Rio-São Paulo em
Seropédica, Estado do Rio.

Boris não pôde fazer o CPOR, privativo de brasileiros natos, mas como
engenheiro agrônomo deveria se naturalizar e prestar o Serviço Militar, para
poder exercer a profissão. Era a norma do Estado Novo.

Em 1960 foi o primeiro professor do Curso de Língua e Literatura Russa da


USP.
Atualmente reside em Higienópolis, uma cidade de São Paulo.
Informações sobre Boris Schnaiderman (Chnaiderman, nos registros
oficiais)
Nasci em Úman, Ucrânia, em 1917, mas fui levado para Odessa quando
tinha cerca de um ano. Tive formação russa.
A família emigrou para o Brasil em fins de 1925. Residi- mos uns seis
meses no Rio de Janeiro e, depois, em São Paulo, onde cursei o primário e o
secundário.
Meu pai estabeleceu-se no Rio de Janeiro em 1934, quando o ajudei numa
lojinha de perfumes. Ingressei em 1937 na Escola Nacional de Agronomia,
pela qual me diplomei como engenheiro-agrônomo.
Devido à legislação do Estado Novo, só poderia registrar meu diploma
depois de me naturalizar e obter o certificado de reservista. Minha
naturalização saiu em 1941, e em 1942 cumpri o serviço militar no Segundo
Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto-Rebocado (nome dado à unidade,
depois que foi incorporada à FEB), onde fiz curso de sargento.
De posse da documentação exigida, tornei-me funcionário do Ministério da
Agricultura, lotado no Instituto de Ecologia Agrícola, na Baixada
Fluminense.
Convocado nas vésperas do embarque do Primeiro Escalão da FEB para a
Itália, fui designado para a função de calculador de tiro, na qual permaneci
no decorrer da campanha. De regresso ao Rio de Janeiro, reassumi o meu
cargo no Ministério da Agricultura, do qual me demiti pouco depois.
Tendo residido ora no Rio ora em São Paulo, reingressei em 1948 na
carreira de agrônomo do Ministério da Agricultura, sendo designado para a
Escola Agrotécnica de Barbacena (Minas Gerais), onde permaneci até 1953,
quando me demiti novamente, passando a residir em São Paulo.
Trabalhei como redator de uma enciclopédia e, em 1960, tornei-me
professor da Universidade de São Paulo, onde fundei o Curso de Russo.
Paralelamente, fui tradutor de obras literárias russas (atividade a que me
dediquei durante muitos anos, pois minha primeira tradução de livro saiu
em 1944). Publiquei também artigos e livros de literatura, que incluem
Guerra em Surdina (ficção-documento sobre os brasileiros na guerra) e
algumas coletâneas de ensaios.
Aposentado da USP em 1979, continuo minhas atividades literárias até
hoje.
Sou casado com Jerusa Pires Ferreira e tenho dois filhos de minha primeira
esposa, Regina Schenkman Schnaiderman, já falecida.
B.S.

Carleto Bemerguy

Não foi possível fazer contacto ou identificar familiares ou pessoas que


pudessem falar sobre Carleto Bemerguy. As pesquisas também não
revelaram maiores detalhes. Entretanto, outros membros da Comunidade
Judaica o identificaram como tal, in- formando ter ido a guerra, ignorando
seu paradeiro atual.

Os registros da Associação Nacional de Veteranos da FEB dele dizem ter


dido Soldado, tendo embarcado aos 08 fev 1945 integrando o CRP – Centro
de Recompletamento de Pessoal e retornado em 22 ago 1945 no 1°
Regimento de Infantaria, Regimento Sampaio.

Isto significa que após algum tempo na retaguarda rece - bendo instrução
foi mandado a linha de frente para suprir uma baixa, incorporando-se ao 1°
RI.

Carlos Scliar

Carlos Scliar nasceu em Santa Maria da Boca do Monte aos 21 jun 1920.
Foi um dos grandes mestres brasileiros da gravura e da pintura.

Embarcou para a Itália aos 22 set 1944, integrando o 1° Grupo do 1°


Regimento de Obuses Auto Rebocados, retornando em 28 jul 1945 com a
Tropa do QG.
Mais adiante reproduzimos trechos de uma entrevista ao VERDE OLIVA,
onde o artista fez reminiscências sobre o seu período na FEB.

Em 1950, após voltar da Europa, Scliar recebeu convites para a realização


de murais, sobre o levante do Gueto de Varsóvia (SP), teve projetos
aprovados por Oscar Niemeyer, para Brasília e ainda para os Estados
Unidos, através do Itamaraty.

Em 1966, Carlos Scliar realiza o mural para o Banco Aliança, em edifício


projetado por Lúcio Costa, em 1973 para a Manchete, onde surgiria o
primeiro grande painel sobre Ouro Preto.

Carlos Scliar realizou inúmeras mostras individuais de pintura, desenho e


gravura, trabalhos criados em seus ateliês de cabo Frio e Ouro Preto.

Também integrou centenas de coletivas no Brasil e exterior. Suas obras


estão em Museus e coleções nacionais e estrangeiras.

Sobre Scliar, escreveu o mestre Oscar Niemeyer: “Um dia, em Paris, André
Malraux me falou do seu “mu- seu imaginário” e comentou: “Cada um de
nós tem o seu mu- seu. Coisas que leu e viu emocionado, guardando-as
cuidadosamente no seu subconsciente”.
No meu pequeno museu, guardo com especial carinho a obra de Scliar.
Obra feita de amor e beleza; de coerência e personali- dade. E quando dela
me lembro, nela adiciono, sem querer, sua figura generosa, entregue à sua
pintura, é claro, mas sem esquecer o mundo em que vive, com suas misérias
revoltan- tes. E, como também não me alheio de tais problemas, esse
aspecto humano do nosso amigo assume para mim um peso maior. Não é
apenas um grande artista, mas um homem que preza a vida e seus
semelhantes, pronto a com eles dividir e participar.”
(Oscar Niemeyer, texto para exposição “Scliar: Obras Recentes”, Galeria
AM Niemeyer, março de 1981).
Em entrevista para Verde-Oliva, Setembro/Outubro 1997
- Ano XXV Nº 157 Scliar menciona que mudou sua percepção da vida após
integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra:
“Nasci em Santa Maria (RS) em 1920. Por acaso, meu pai passou por lá a
caminho de Porto Alegre. Ele trabalhava em Buenos Aires. Em Santa
Maria, encontrou uma organização especialista em roupas e lá conheceu
minha mãe, uma operária.
Hoje sou “Honoris Causa” na Universidade. Acho curiosa a minha cidade.
Tenho muito orgulho em dizer que sou de Santa Maria da Boca do Monte,
pois fui levado para Porto Alegre e só voltei em 1950.
A FEB foi decisiva para a pessoa e para o artista. Como artista, era muito
menor.
É a miscigenação, que tem uma formação peculia-ríssima. O índio, o
ibérico, o negro, cada um deles trouxe a sua con- tribuição. Isso nada mais
é do que a origem do Exército em Guararapes.
Essa experiência toda que tenho acumulada me faz dizer que o problema
social era muito importante e a FEB foi uma ruptura nesse sentido. Foi
uma experiência densa e marcante porque eu tinha a sensação de que todo
dia seria o último lá na FEB.
A guerra é isso.
“Sinto que foram esses desenhos, quase um mil, não sei exatamente
quantos, tantos rasguei, quase tantos quantos guardei...”
Fui do Grupo Levi Cardoso – I Grupo – I/1º RO/AuR, atu- ando na central
de tiro na função de controlador horizontal.
Na primeira vez em que se organizou a Unidade de Artilharia, sediada em
São Cristóvão, o Cel Levi Cardoso me consultou se aceitaria fazer um
curso. Aceitei, fui aprovado e promovido a cabo. Na Itália, com a
experiência de artista gráfico, fui trabalhar no serviço especial para a
imprensa, na confecção do “Cruzeiro do Sul”.
Eu, que até então pintava só o lado social em torno de mim, achei que tinha
de mostrar que a vida poderia ser bela. Nós tínhamos de lutar para que o
mundo fosse melhor do que era. Tinha de mostrar que o mundo dependeria
da gente. A guerra me ensinara isso. A guerra me deu a sensação de
quanto a vida é uma coisa precária. A guerra a gente controla até um certo
ponto.
A FEB, no meu ponto de vista, significa para o Brasil real- mente a
consciência de que o Estado Novo, nascido da influ- ência do fascismo, não
tinha mais razão de ser e que a vontade do povo, daqueles que fazem a
grandeza do País, tem de ser respeitada.
Para nós, o nazismo, com seus campos de concentração, onde milhões de
pessoas foram exterminadas por razões ideológicas, raciais e religiosas, foi
uma monstruosidade que não cabe em lugar nenhum. Eu tive com os nossos
soldados e superiores uma relação respeitosa, atenciosa, de tal maneira
condizente com as expectativas.
Aprendi, mas aprendi na pele porque, para mim, a guerra foi uma lição de
que cada dia poderia ser o último e, por isso, era essencial vivê-lo. Hoje,
vejo um mundo como algo que precisa ser reformulado e depende de nós.
A experiência da FEB, para mim, foi tremendamente rica. Acho que todos
os que passaram pela experiência da FEB devem ter aprendido ensina-
mentos decisivos para a vida pessoal.
Primo de Carlos, o médico e escritor Moacyr Scliar enviou um texto que foi
lido em 1º de maio de 2005 no Grande Templo Israelita, no Rio de Janeiro,
durante a homenagem aos Heróis Brasileiros Judeus da Segunda Guerra
Mundial, e que aqui segue:
“Ser primo do Carlos Scliar era para mim motivo de orgulho. Aliás não só
para mim, para toda a família. Que não era pequena. Nove filhos a minha
avó Ana trouxera da Rússia e todos eles também tiveram um número
razoável de filhos. Resultado: uma grande tribo de gente voltada sobretudo
para a cultura: vários músicos, um fotógrafo e cineasta, vários profis-
sionais liberais... Mas em Carlos eu via um modelo, sobretudo por causa da
coerência e da dignidade com que sempre se dedicou à sua arte.
Mais que isto, desde cedo revelou-se um militante que acreditava em um
mundo melhor, sonho que partilhava com numerosas pessoas, entre elas
Jorge Amado e Zelia Gattai. Foram os primeiros escritores que conheci, e
isto graças ao Carlos, que lhes servia de anfitrião cada vez que vinham a
Porto Alegre.
Eu admirava o talento de Carlos. Um talento que ele, generosamente, tratou
de me transmitir. Um dia, eu ainda garoto, resolveu me ensinar a desenhar.
Deu-me um lápis, uma folha de papel, e pediu que eu o retratasse. Desenhei
um círculo com vários pontinhos dentro. Ele olhou aquilo, meio espantado,
e perguntou o que era o círculo. A tua cara, respondi. E esses pontinhos, ele
indagou. A barba, foi minha resposta. Ele não disse nada, mas não voltou ao
assunto. Em compensação, quando comecei a escrever minhas primeiras
historinhas, era a ele que mostrava. Lia, anotava, dava sugestões. E
indicava-me autores para ler; foi graças a ele que descobri Clarice
Lispector. Até hoje lembro Carlos lendo em voz alta o belíssimo conto
“Uma galinha”, que tinha publicado na revista Senhor.
Antes disso, porém, ele foi para a guerra. De novo, aquilo me encheu de
orgulho. Mas seus pais sofriam muito. Pior ainda, a mãe, Cecília, faleceu
quando ele estava na Itália. Meu tio Henrique, desnorteado, não sabia como
dar a notícia ao filho, numa época em que as comunicações eram precárias.
Entrou em contato com Rubem Braga, que era então correspondente de
guerra junto aos pracinhas e pediu que o fizesse. Numa crô- nica notável,
Braga conta que procurou Carlos e encontrou-o felicíssimo: era sua
primeira folga no fronte e ele ia aproveitar para visitar Florença. Braga
adiou a revelação: “Não se pode estragar a primeira visita de um jovem
artista a Florença.” No fronte e na vida Carlos Scliar foi um lutador
admirável e humano. Faz falta. Faz muita falta.”
Junto ao Canal de Itajuru, em Cabo Frio no Rio de Janeiro está instalado um
extenso repositório de sua obra, o Instituto Cultural Carlos Scliar, que
dispõe de um acervo de 150 obras do próprio Carlos e de outros renomados
artistas e que foram doados pelo pintor para a instituição, juntamente com a
belíssima casa, um sobrado do final do sec. XVIII adquirido em ruínas em
1960, dos herdeiros do Marechal Candido Rondon, onde o artista residiu
por 40 anos.
Scliar faleceu em 28 de abril de 2001 no Rio de Janeiro, onde foi cremado,
e as cinzas, atendendo a seu pedido, lançadas no mar de Cabo Frio.

David Lavinski

Em 1944, David estava acantonado no Forte de Campinho, subúrbio do Rio


de Janeiro, com o seu Grupo de Artilharia. Embarcou em 22 de setembro
com o 2º e 3º dos 5 escalões da FEB, integrando o Grupamento General
Cordeiro de Farias, Comandante da Artilharia Divisionária da FEB. Era
véspera de Yom Kippur. A bordo do navio da Marinha Americana, U.S.S.
General W. A. Meenor, de transporte de tropas, o gaúcho de 4 Irmãos David
Lavinsky ouviu pelo fonoclama um Rabino Capelão Naval americano
convocando os judeus que estivessem a bordo para o Kol Nidrei.

Compareceram trinta militares da fé mosaica, entre brasileiros e


americanos. A cerimônia teve de ser interrompida pela ameaça de ataque de
submarinos nazistas e o navio começou a navegar em zigue-zague, o que
provocou enjôo em muitos expedicionários, inclusive David, que se julga
um homem valente, tendo sido a única ocasião em toda a sua vida que
sentiu medo, muito medo.

David era cabo, servindo no I Grupo do 2º Regimento de Obuses


Autorebocado (I/2º ROAuR). Pertence a uma família de agricultores judeus
que até hoje se dedica ao plantio de soja e trigo no Rio Grande do Sul.
Nasceu na antiga Erechim, hoje município de Getulio Vargas, aos 5 de
março de 1920, filho de Gregório e Sara.

Como outros Veteranos judeus, David descende de imigrantes que vieram


da Rússia no projeto financiado pelo Barão Maurice de Hirsch, que fundou
a Jewish Colonization Agency, que comprava terras no interior do Brasil,
Argentina, Estados Unidos e Canadá, e pagava as passagens dos judeus que
quisessem sair da Europa sofrida e se transformarem em agricultores
naquelas terras abençoadas, carentes de povoação e mão-deobra, onde
prosperariam e conservariam sua ricas tradições.

David Lavinsky, gaúcho de Quatro Irmãos reside atualmente em Belo


Horizonte.
Havia acabado de prestar o serviço militar e dado baixa como cabo
telegrafista e motorista quando o Brasil declarou guerra aos países do Eixo.
Era reservista de 1ª categoria quando, aos 14 de fevereiro de 1944 foi
incorporado como voluntário ao estado efetivo do grupo, sendo promovido
a Cabo Metralhador.
Alistou-se como voluntário e aceitou a função de soldado “para evitar a
extinção do povo judeu”, segundo suas próprias palavras. Até o dia em que,
já embarcado no navio norte-americano que transportava o contingente
militar brasileiro para a Itália, foi chamado pelo alto-falante para a
cerimônia do Iom Kipur, não conhecia outro judeu que tivesse participado
da FEB.
A tripulação era toda norte-americana e como houvesse muitos judeus a
bordo, havia um rabino-capelão, que oficiou parte da celebração, que teve
de ser interrompida pelas manobras que o navio precisou fazer para fugir
dos torpedos disparados pelos submarinos alemães.
Já no front, Lavinsky participou de toda a campanha da Itália dirigindo
caminhões que transportavam munição para as unidades de artilharia. Trata-
se do Grupo Bandeirante, antigo I Grupo do II Regimento de Obuses
105mm de Quitauna, hoje transformado no 21 Grupo de Artilharia de
Campanha Leve de Barueri, a unidade que até hoje comemora a última
missão de tiro na Itália, a 01:45 da madrugada do dia 29 de abril de 1945,
coincidindo com a rendição da 148 DI alemã. David foi elogiado pelo
Capitão Comandante da 2ª Bateria, Walmicki Ericsson, nos seguintes
termos: “Agradeço e louvo o Cabo David Lavinski pela eficiência e
cooperação na marcha e ocupação de posição na noite de 13 para 14 de
novembro de 1944.”
A 15 de junho de 1945, recebeu mais um elogio individual do Cmt Bia: “O
Cabo David Lavinski, metralhador durante toda a Campanha da Europa,
mostrou ser um subordinado disciplinado, zeloso com o material que lhe foi
distribuído, sempre pronto para atender as ordens e de eficiente manejo da
sua metralhadora. Apesar dos rigores do inverno, sempre esteve alerta de
sentinela. É um cabo cioso de suas funções dotado de espírito militar e
sobretudo de boa educação.
A 20 de junho foi novamente elogiado individualmente pelo Cmt Bia nos
seguintes termos: “O Cabo 456 David Lavinski, metralhador, pela atuação
que teve no desempenho das suas funções na ofensiva da primavera que
começou com o ataque ao triangulo Montese - Montelo – Monte de Bufani,
e culminou com o ataque as rotas do inimigo na Itália. Sempre que
necessário estava a postos, conservando em bom funcionamento as
metralhadoras que lhe foram confiadas, disciplina- do, honesto, trabalhador
e tem perfeita consciência do cumprimento do dever.”
A 5 de julho, o Exmo. Sr Major General U. S. Army Willis D. Crittenberg
conferiu-lhe o título de MEMBRO HONORÁRIO do IV U. S. Army Corps.
Aos 15 de agosto, já no Brasil, foi licenciado do serviço ativo do Exército,
indo residir na Estação de Erebango – RS. Por ter participado das operações
de guerra na Itália, David foi condecorado pelo Presidente da República
com a Medalha de Campanha pelos relevantes serviços prestados ao esforço
de guerra, em diploma assinado pelo Ministro da Guerra, General Pedro
Aurélio de Góis Monteiro.

DAVID LEON RODIN (*)

David Leon Rodin nasceu aos 05/10/1912 no Rio de Janeiro, filho de Isaak
e Elisa Rodin.
Seus pais eram da Rússia, o pai de Odessa e a mãe de Dubessá na
Bessarabia. Quando jovens, no início do século XX, emigraram para a
Argentina onde se conheceram e se casaram.
Viveram alguns anos na Argentina e depois vieram para a cidade de Santos,
no Brasil, onde montaram um pequeno hotel. Mais tarde se mudaram para o
Rio de Janeiro e se estabeleceram na Praça Onze, onde Isaak montou uma
loja de antiguidades, próxima à Rua de Santana, e Elisa, exímia cozinheira,
uma pensão. Lá, tantos judeus como não judeus se deliciavam com sua
culinária tipicamente judaica.
Foi em um sobrado na Rua Benedito Hipólito 65, na Praça Onze, bairro em
que naquela época se concentrava a maioria da comunidade judaica do Rio
de Janeiro, que David Leon Rodin nasceu e passou grande parte de sua
vida.
Desde cedo, manifestou aos pais seu sonho de viajar e conhecer lugares
distantes e remotos e lhes disse que queria entrar para a Marinha, o que,
então, não foi levado em conta por julgarem ser um sonho efêmero.
Diziam-lhe que ele seria médico, engenheiro ou advogado, como seus
colegas.
David cursou o primário na Escola Pública Clementino da Silva, na Rua do
Senado, próxima a sua residência. Prestou concurso para o Colégio Pedro
II, na antiga Rua Larga e atual Av. Marechal Floriano, tendo passado em 1º
lugar, e onde cursou o ginásio e o científico.

(*) A partir de texto original fornecido pelo seu filho, Eng°. Naval Mauro Rodin.

Em busca da realização de seus sonhos, prestou concurso, em 1927, para a


Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante do Brasil, obtendo a
1ª colocação, onde formou-se como Praticante de Piloto, em 13 de
novembro de 1929, aos 17 anos.

Por ser filho único, David teve sérias rusgas com seu pai que era
radicalmente contrário a carreira que ele pretendia seguir e que o sujeitaria
a ausências prolongadas e fora do convívio familiar. Mas quem tem sonhos
e ideais deve persegui-los, assim o fez David, vindo a tornar-se o primeiro
Comandante brasileiro judeu da Marinha Mercante Brasileira.

Por isto e por ser rígido e exigente com seus comandados, e consigo mesmo
no cumprimento de suas obrigações, era conhecido como o “Comandante
Judeu”, o que muito o orgulhava.

Em 1935, aos 23 anos, já embarcado como Piloto em navios do LLOYD


BRASILEIRO, conheceu numa festividade judaica Cecilia Sintob, também
da Praça Onze, que viria tornarse sua mulher.
Por ser da Marinha Mercante, ocorreu um fato pitoresco neste
relacionamento: David apaixonado por Cecilia, por diversas vezes tentou
pedi-la em casamento aos seus pais, como era o costume da época, mas o
pai de Cecília, Isaac Sintob, opunha-se terminantemente ao casamento pois
achava que ele, David, sendo da Marinha, deveria ter uma mulher em cada
porto.

David, desanimado, achando que ia perder a noiva, apelou para um amigo


que era delegado de polícia, pedindo-lhe que intimasse Isaac Sintob. Este
muito assustado compareceu à delegacia e, após saber do que se tratava,
explicou ao delegado porque não queria o casamento. O delegado, muito
paciente, conversou com Isaac e explicou-lhe a sincera intenção de David.
Depois de muita conversa e persuasão, Isaac concordou com o casamento,
que ocorreu com grande pompa em 20/03/1937, na casa dos pais de David.

Por força das constantes e ininterruptas viagens, David pouco participou da


vida comunitária, porém fazia questão que seus filhos tivessem uma
tradicional educação judaica, co- mandada por Cecília, oriunda de família
seguidora de preceitos judaicos ortodoxos. Quando aportava no Rio,
freqüentava a Sinagoga da Rua de Santana; em outras cidades, procurava
Sinagogas mais próximas do porto.

O primeiro embarque de David ocorreu em 29/11/1929 no navio


“Barbacena” na categoria de Praticante de Piloto.
Cada categoria exigia um período mínimo de prática, quando então David
retornava aos estudos na Escola de Marinha Mercante para galgar nova
categoria, e assim sucessivamente.
Desta forma, foram muitos os navios de embarque e as funções
desempenhadas por David, inclusive durante a 2ª Guerra Mundial.
ANTES DA 2ª GUERRA
• Praticante de Piloto – navios “Barbacena” e “Alegrete”, de 20/11/1929 a
09/02/1931;
• 2º Piloto – navios “Ayuroca”, “Rodrigues Alves”, “Parna- íba”,
“Mantiqueira” e “Comandante Alcídio”, de 12/03/1932 a 17/02/1937;
• 1º Piloto – navios “Rodrigues Alves”, “Comandante Capela”, “Annibal
Benévolo” e “Aracajú”, de 19/03/1937 a 31/01/1941.
DURANTE A 2ª GUERRA
• Como Capitão de Cabotagem ou Imediato, fez parte do comando dos
navios “Murtinho” e “Pirineus”, no período de 01/02/1941 a 22/12/1945,
realizando 65 viagens em “Zona de Risco Agravado” para assegurar o
abastecimento e o transporte de materiais necessários à obtenção da vitória,
sob a orientação das autoridades navais brasileiras, ao lado das Nações
Unidas.
Foi agraciado pelo Presidente da República com a “MEDALHA DE
SERVIÇOS DE GUERRA COM 3 ESTRELAS”, ou- torgada pelo
CONSELHO DO MÉRITO DE GUERRA DA MARINHA DO BRASIL,
em 02/07/1948. Como reza o Diploma assinado pelo Ministro da Marinha,
Almirante Sylvio de Noronha, “pelos serviços prestados durante a II Guerra
Mundial ao lado das Nações Unidas contra os países do Eixo, a bordo de
navios mercantes nacionais ou estrangeiros, empregados em assegurar o
abastecimento e o transporte de materiais necessários a obtenção da Vitória,
tornou-se merecedor da MEDALHA NAVAL DE SERVIÇOS DE
GUERRA, COM 3 ESTRELAS”. APÓS A 2ª GUERRA
• Capitão de Cabotagem, no navio “Sabará”, de 02/01/1946 a 09/10/1946;
• Capitão de Longo Curso, nos navios “Comandante Ca- pela”, “Sabará”,
“D. Pedro II”, “Duque de Caxias”, “Joazeiro”, “Rio Tocantins”, “Rio
Guaiba”, “Carioca”, “Loide Equador”, “Goiasloide”, “Ascanio Coelho”,
“Comandante Ripper”, “Jan- gadeiro”, “Rodrigues Alves” e mais tantos
outros navios de 09/10/1946 a 10/04/1967.
David era membro da ASSOCIAÇÃO DOS EX-COMBATENTES DO
BRASIL, seção do então Distrito Federal, sob a matrícula 12.720 e ident.
15.068.
Ainda como Capitão de Longo Curso, foi nomeado para chefiar a
representação do LLOYD BRASILEIRO na Holanda, com a missão de
fiscalizar a construção de 8 navios para aque- la autarquia. Lá ficou durante
26 meses.
Foi também o responsável pela chefia da fiscalização da construção de 6
navios na Polônia para o LLOYD BRASILEIRO, bem como de, no
comando, trazê-los ao Brasil.
Foi professor da Escola de Marinha Mercante e incentivava jovens
brasileiros judeus seguir carreira na Marinha Mercante.
Enquanto navegava, como Capitão de Longo Curso, tinha por norma
convocar judeus para fazerem parte de sua tripulação e dentre os mais
assíduos se destacavam o 1º Comissário Jacob Niskier Z”L e o Assistente
de Comissaria David Blinder Z”L.
No início de abril de 1964, David, por ser dirigente do Sindicato dos
Oficiais de Náutica da Marinha Mercante, per- maneceu recluso durante 92
dias, em regime de incomunicabilidade, em Belém do Pará.
No final de 1967, por força da grave diabetes que lhe aco- metia, deixou de
navegar e assumiu a chefia da Área Técnica do LLOYD BRASILEIRO,
exercendo o cargo de SUPERINTENDENTE TÉCNICO DA FROTA, que
era constituída por mais de 60 navios, e considerada, então, uma das
maiores frotas do mundo. Ocupou este cargo até dezembro de 1972 quando
de sua aposentadoria.
David falava correntemente idish, russo, inglês, francês, alemão e um pouco
de japonês.
David faleceu em 20/03/1974, data em que completava 37 anos de
casamento com Cecília Rodin, deixando 6 filhos: Sara, Rachel, Alberto,
Mauro, Jane e Aiza.
Com certeza, David Leon Rodin, realizou todos os seus sonhos de criança
de vir a conhecer o mundo inteiro.

Edidio Guertzenstein

Nascido em São Paulo em 21 de Junho de 1918 era filho caçula do


reverenciado Rabino Marcos Guertzenstein e Sara Guertzenstein.

Formou-se em Medicina com 21 anos de idade e prestou concurso para o


Quadro de Saúde da Marinha do Brasil, na qual ingressou no posto de 1º
Tenente.

Ao longo da II Guerra Mundial permaneceu embarcado, tendo cumprido


cerca de 180 dias de mar em missões de escolta a comboios na costa
brasileira e nas rotas do Caribe e em operações com as forças da IV
Esquadra norte-americana. Seu Tempo em Campanha na Segunda Guerra
foi de 15 mar 1944 a 16 mai 1945.

Pela sua participação na II Guerra foi agraciado pelo Presidente da


Republica com a Medalha Naval de Serviços de Guerra com 2 Estrelas, que
premia os que participaram das operações visando assegurar as
comunicações marítimas necessária a vitoria, sendo o Diploma assinado
pelo Ministro da Marinha Almirante Sylvio de Noronha.
Fato marcante no período foi o nascimento de sua primeira filha, Solange,
em 19 de Abril de 1944, quando encontrava-se embarcado, a familia não
tendo como participar-lhe a notícia.

Após o término do conflito teve uma carreira destacada, sendo um dos


primeiros Oficiais-Médicos da Marinha do Bra- sil designados para cursar
nos Estados Unidos. Especializouse em Cirurgia Pulmonar no Saint Albans
Naval Hospital, em Nova York, e fez curso de cirurgia torácica em Boston,
onde foi assistente do renomado cirurgião Professor Overholt.

Foi Diretor do Sanatório Naval de Nova Friburgo e implantou a Clínica de


Cirurgia Torácica do Hospital Naval Marcilio Dias, a qual na época
constituiu-se em referência no tocante à cirurgia pulmonar.

Recebeu diversas condecorações, nacionais e estrangeiras, incluindo-se a


Ordem do Mérito Naval.
Promovido a Capitão-de-Mar-e-Guerra, solicitou transferência para a
Reserva, no posto de Contra-Almirante.
Autor de livros sobre cirurgia pulmonar, Edidio Guertzenstein foi
Presidente da FIERJ – Federação Israelita do Rio de Janeiro, no período de
1965 a 1968.
Faleceu em 28/06/1978.

Elias Niremberg

Elias nasceu a 14 set 1919, tendo embarcado aos 08 fev 1945 integrando o
CRP – Centro de Recompletamento de Pessoal, e retornado em 18 jul 1945
integrando a Tropa do QG.

Consta que, por dominar a lingua inglesa, atuou como interprete junto aos
Altos Comandos da FEB e do V Exército Americano.

Elias teria sido motorista do Marechal Mascarenhas de Moraes.


Reside em Porto Alegre – RS, e teria sido um dos introdutores do Synteko
no Brasil, gozando de boa situação financeira, o que lhe teria permitido
auxiliar a Regional de Porto Alegre da Associação de Veteranos, sendo
bastante ativo e comparecendo assiduamente aos Encontros Nacionais.
Guilherme Bessa Filho Nascido aos 08 jan 1922 em Guajará-Mirim,
Rondônia, era filho de Guilherme Bessa e Cecilia Pereira Lopes. Foi casa-
do com a Sra. Guita Litwack Bessa.

Era Primeiro Rádio-Telegrafista da Marinha Mercante, ten - do sido


tripulante de navios navegando em Zona de Guerra, fazendo jus a Medalha
de Serviços de Guerra com 3 Estrelas, outorgada pelo Presidente da
República, sendo o Diploma assinado pelo Ministro da Marinha Almirante
Sylvio de Noronha.

Falecido aos 15 dez 89, foi sepultado no Cemitério Comunal Israelita, no


Caju, Rio de Janeiro.
Heitor Sennes Pinto

Heitor é outro ex-combatente oriundo das Colônias estabelecidas no Rio


Grande do Sul pelo Barão Hirsch.
Como 3° Sargento embarcou com o Centro de Recompletamento de Pessoal
da FEB aos 08 fev 1945, retornando em 17 set 1945 com o DP – Depósito
de Pessoal.
Foi transferido para a Reserva de 1ª Classe aos 03 ago 1966.
Sua mãe, Dona Maria Zilberstein, já falecida, era conheci- da na Colônia de
Quatro Irmãos como uma pessoa de grande coração. Adotou diversas
crianças pobres, a quem transmitiu seu nome.

Henrique Schaladowsky

Henrique nasceu aos 26 abr 1919 no Rio de Janeiro, filho de Samuel e Ana.
Na juventude freqüentou o Cabiras e o Clube Azul e Branco.
Embarcou para a Itália como 2° Sargento do 9° Batalhão de Engenharia aos
22 set 1944, retornando com a mesma unidade aos 13 ago 1945.
Sua unidade desemenho relevante papel, como primeira tropa de
Engenharia a atravessar o Oceano Atlântico para combater em outro
continente, tendo Henrique pertencido a Companhia de Comando e
Serviços, o primeiro elemento do 9° BE e da FEB a entrar em ação aos 06
set 1944 no Teatro de Operações da Itália.
O 9º Batalhão de Engenharia de Combate foi criado pelo decreto nº 4.799,
de 06 de outubro de 1942, e organizado no quartel do 1º Batalhão de
Engenharia (atual BEsEng) na cidade do Rio de Janeiro, com efetivos
locais, e do 2º Batalhão de Engenharia, da cidade mineira de Itajubá.
Deslocou-se para Aquidauana, no então Estado de Mato Grosso, no dia 1º
de dezembro de 1942, ocupando ao chegar, o aquartelamento já existente
desde 1922, e que no momento era ocupado por um Grupo de Artilharia.
Em agosto de 1943 foi designado para compor a 1ª Divisão de Infantaria
Expedicionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaria na 2ª
Grande Guerra Mundial (1939-1945). Posteriormente à designação, seguiu
para a cidade fluminense de Três Rios, a fim de realizar os treinamentos,
visando o em- barque para o Teatro de Operações da Europa.
Incorporado à 1ª DIE/FEB, o 9º Batalhão de Engenharia participou da
Campanha da Itália (1944-1945), durante a 2ª Guerra Mundial, realizando
importantes trabalhos de engenharia e cooperando eficazmente nas
conquistas de Monte Castelo, CastelNuovo, Camaiore e Montese, além da
manobra divisionária que culminou com a rendição incondicional da 148ª
Divisão de Infantaria Alemã.
O livro “A FEB por Seu Comandante”, do Comandante das Tropas
Brasileiras na Itália, Marechal Mascarenhas de Moraes (1960), descreve a
participação brasileira na 2ª Guerra Mundial, durante a Campanha da Itália:
“A Primeira tropa brasileira a cumprir missão de combate em território
italiano foi a 1ª Cia do 9º BE Comb (9º Batalhão de Engenharia de
Combate), comandada pelo capitão Floriano Möller...”.
Naquela oportunidade uma das pontes construídas foi denominada
“Aquidauana”.
Por seus gloriosos feitos na Campanha da Itália, a Bandeira Nacional do 9º
Batalhão de Engenharia de Combate foi agraciada com as seguintes
condecorações: Cruz de Combate 1ª Classe, Ordem do Mérito Militar e
Medalha Italiana “Valore Militare”.
Após a Chegada ao Brasil, o 9º Batalhão de Engenharia de Combate foi
desmobilizado, e reduzido a uma companhia.
Durante a desmobilização, em 1945, o comandante do Batalhão na
Campanha da Itália, Coronel Machado Lopes, percebeu a importância
histórica da participação do 9º BE Cmb na 2ª Guerra Mundial, guardando
consigo parte dos arquivos históricos da Campanha na Itália, que serviram
posteriormente para a criação do Museu do 9º BE Cmb, hoje denominado
Museu Marechal José Machado Lopes, em homenagem ao seu insigne
comandante.
Em 1956, o então Presidente da República, Juscelino Kubitschek,
restabelece o 9º Batalhão de Engenharia de Combate, com a designação
histórica de “Batalhão Carlos Camisão”, homenagem ao insigne
comandante da “Retirada da Laguna”.
Em 06 de outubro de 2007 o 9º Batalhão de Engenharia de Combate -
Batalhão Carlos Camisão, comemorou seu 65º Aniversário, unidade de
grande importância para a Engenharia Militar Brasileira
Henrique recebeu a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha.
Na vida civil Henrique dedicou-se ao comércio, tendo sido empresário de
uma cadeia de lojas de eletrodomésticos.
Falecido em 13 mar 1967.

Israel Hollmann

Israel era mecânico de vôo da FAB, também de Quatro Irmãos e já falecido.


Era primo dos também ex-combatentes Heitor Sennes Pinto e Moisés Gitz,
os três originários da Colônia Agrícola de Quatro Irmãos, criada pelo Barão
Hirsch no interior do Rio Grande do Sul.

Israel Rosenthal

Israel nasceu no Rio de Janeiro aos 7/fev/21. Seus pais Rubin e Clara
emigraram da Bessarábia, hoje Moldávia, no começo do século XX, indo
morar na Praça XI. Israel estudou no Colégio Nacional e apresentou-se
como voluntário para prestar o Serviço Militar. Prestou exame de admissão
para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro,
CPOR/RJ, tendo sido aprovado e matriculado no Curso de Infantaria.

Entre seus contemporâneos, havia vários rapazes judeus, que


simultaneamente cursavam faculdades e o CPOR, entre os quais Marcos
Cerkes, Pedro Kullock e Salomão Malina, que integraram a FEB, e os
médicos Isac Faerchtein e Jacob Kleiman, que não foram a guerra, bem
como Reuven Josef Rosental, Aluno do 2° Ano do Curso de Artilharia
falecido em 15 set 1944, em decorrência de um acidente quando montava
um cavalo que disparou durante exercício na Barreira do Vasco, indo de
encontro a um bonde.

Israel formou-se Cirurgião-Dentista pela Faculdade Nacional de


Odontologia da Universidade do Brasil em 1943, tendo obtido um dos
primeiros registros no CRO-RJ sob nº 196.

Em concorrida cerimônia no Estádio do Vasco da Gama em São Januário,


Israel foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria, na Turma de
1944.

A 19 de dezembro de 1944, o Aspirante a Oficial R/2 Is - rael foi


convocado para o serviço ativo, apresentando-se no Centro de
Recompletamento de Pessoal – CRP/FEB, tendo sido classificado no 2º RI
e designado subalterno da Companhia de Metralhadoras do III Btl.

Aos 8 de fevereiro de 1945 embarcou no transporte de tropas americano


USS General Meighs, com destino ao Teatro de Operações da Itália.

Naquela época, o Brasil era ainda um país essencialmente agrícola, com a


população carente de serviços de saúde, particularmente dentários.

Um soldado com dor de dente ou um canal infeccionado era um soldado


fora de combate, assim, dada a carência de profissionais no Brasil em geral,
e na FEB em particular, Israel dada a sua condição de cirurgião dentista
formado foi logo requisitado pelo Comando.

Ele seria tão útil ao esforço de guerra em um Gabinete Odontológico,


empunhando brocas e boticões, quanto no front à frente de um Pelotão de
Infantaria.

Assim, Israel foi reforçar o atendimento aos soldados que sofriam, e não
eram poucos, já que para 25 mil homens, havia apenas 25 dentistas, uma
relação extremamente baixa.

Como resultado, Israel e seus colegas do Serviços Odontológico


trabalhavam quase sem parar 7 dias por semana, saindo do Gabinete
praticamente apenas para dormir. O horário era de 7 as 12 e 13 as 17, mas
frequentemente ultrapassado, com as refeições feitas também no Gabinete.
Como agravante não havia energia elétrica no Deposito de Pessoal, que
enquadrava o Gabinete.
Era um dos 4 únicos oficiais combatentes formados em Odontologia, já que
os demais pertenciam ao Serviços de Saúde do Exército, e pela sua atuação
exemplar, Israel foi elogiado em Boletim pelo Major Virgilio, Chefe do
Serviço de saúde do Deposito de Pessoal da FEB.

“... apesar de pertencer aos Quadros das Armas, pelos inestimáveis serviços
profissionais prestados, cooperando para o bom êxito e eficiência do
Serviço de saúde, demonstrando conhecimentos amplos e amor a profissão,
a par de esmerada educação civil e militar. Disciplinado, possuidor de
espírito de camaradagem, muito tem contribuído para o bom andamento do
Serviço Odontológico.”

O Boletim estava assinado pelo Coronel Mario Travassos, Comandante do


DP/FEB.
Em 4 de agosto de 1945, por Decreto do Presidente da República, foi
promovido ao posto de 2º Tenente da Reserva, tendo aos 28 de agosto de
1945 se deslocado juntamente com o III Btl Inf em caminhão de Francolise
para Nápoles, onde ocorreu o embarque no Navio de Transporte de Tropas
Duque de Caxias, com destino ao Brasil via Lisboa.
Em 3 de setembro, tropa desembarcou em Lisboa, desfi- lando diante do
Presidente da República Portuguesa, quando este condecorou todos os
elementos do III Btl Inf com a Medalha de Ouro do Valor Militar.
Por ter participado das operações de guerra na Itália, Israel foi condecorado
pelo Presidente da República com a Medalha de Guerra e Medalha de
Campanha pelo relevantes serviços prestados ao esforço de guerra, em
diplomas assinados pelo Ministro da Guerra, General Pedro Aurélio de Góis
Monteiro.
Retornando ao Brasil, Israel continuou praticando os valores morais
militares, como Conselheiro Nato da associação Nacional dos Veteranos da
FEB, aonde chegou a Presidente do Conselho Fiscal, dividindo um gabinete
com o falecido eminente General César Montagna de Souza, Presidente do
Conselho Deliberativo, e ex-Presidente do Clube Militar, no prédio da Rua
das Marrecas que abriga o Museu da FEB e serve de sustentáculo para as
ultimas poucas centenas de Veteranos, todos já na casa dos 80 anos.
Israel atuou também como voluntario na Policlínica da Sociedade
Beneficiente Israelita, fundada em 06 abr 1920, na Rua Joaquim Palhares
595, Praça da Bandeira, conforme o Diretor Médico Dr Bernardo Grabois,
em delaração datada de 29 jul 1947.
Israel aposentou-se no Serviço Público Estadual, e vem atuando na
ANVFEB durante décadas ajudando a defender os interesses dos veteranos,
nem sempre lembrados em sua necessidades mais elementares.
Pela sua valiosa atuação, foi agraciado com diversas condecorações, entre
as quais:
Membro Efetivo do I Congresso Brasileiro de Medicina Militar – São
Paulo, 1954.
Medalha da Vitória, Ass. Dos Ex-Combatentes do Brasil, Seção Rio – 1985.
Medalha da Conquista de Monte Castelo – Regimento Sampaio,
21/fev/1990.
Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes – 1992.
Diploma Colaborador Emérito do Exército – 2003.
Diploma da Ass. dos ex-Combatentes do Brasil – Seção Nova Iguaçu.
Este dedicado Soldado Brasileiro de fé judaica, após tantos anos de bons
serviços prestados ao Exército e aos Veteranos da FEB em uma carreira
exemplar seguiu para a Itália no mês de abril de 2005, como membro da
Delegação Oficial do Exército Brasileiro as comemorações dos 60 anos da
Vitória Aliada na Europa.
A seguir transcrevemos reportagem Os garotos que vieram do Brasil para
lutar pela liberação da Itália de Alberto Riva, suplemento “II Venerdì” do
jornal “La Repubblica” - 01/04/2005 (traduzido do italiano), realizda na
sede da ANVFEB na Rua das Marrecas 35, Lapa, Rio de Janeiro, com
depoimentos pretados por Israel e seu grande amigo e irmão de armas Cel
Sérgio Gomes Pereira, Presidente da ANVFEB, também ele oriundo do
CPOR/RJ.
Eram os 25 mil homens da Força Expedicionária Brasileira, que chegaram
após o General Clark. Sessenta anos depois, retornam em peregrinação em
Roma, Nápoles, Livorno. E nos Apeninos, onde os uniformes de inverno
lhes foram fornecidos pelos norte-americanos. Porque eles, a neve, nunca
tinham visto.
Do Pão de Açúcar aos Apeninos. Existe um pedaço de memória italiana no
centro do Rio de Janeiro. Um prédio de cinco andares, apertado por
edifícios de cimento e vidro na Rua das Marrecas, antiga estrada do bairro
da Lapa. Sérgio Gomes Pereira, 81 anos, coronel reformado, sobe todos os
dias até o quinto andar e senta atrás da sua mesa. É o Presidente da
Associação Nacional dos Veteranos da FEB, a Força Expedicionária
Brasileira, que de julho de 1944 até maio de 1945, teve seus homens junto
às tropas norte-americanas do General Clark em território italiano. Para o
Exército Brasileiro, sob o comando do General Mascarenhas de Moraes, era
a primeira missão além das fronteiras nacionais. Para muitos daqueles
homens, a primeira neve, jamais vista, e a primeira viagem, talvez a única,
fora do Brasil. Dos 25 mil soldados, 457 nunca mais voltaram a ver a Baia
de Guanabara, e quase 2.000 voltaram feridos e mutilados.
Agora, depois de exatamente sessenta anos daquela expedição, Sérgio
prepara-se para atravessar novamente o oceano: no final de abril estará
chefiando uma delegação na Itália, em- penhado em um tour nos lugares da
memória: Roma, Staffoli, Pistoia, Montese, Collecchio, Gaggio Montano...
Nomes de pequenas cidades que, no português claro do Coronel Gomes
Pereira, soam familiares. Nomes de batalhas. No térreo de Rua das
Marrecas 35, onde se encontra o Museu da expedição, aqueles nomes são
fotografias em preto e branco, ou velhos uniformes colocadas nas paredes,
armas enferrujadas seqüestradas às SS, medalhas, cartas, recordos. “A sede
da FEB é aqui” explica Sérgio Gomes “porque todos partimos do Rio. O
porto era protegido, enquanto os outros eram ameaçados pelos submarinos
alemães e italianos. Muitos navios tinham sido atacados e ocorreram mortes
entre civis. Entramos em guerra por este motivo”.
Para a guerra os tinha levado Getúlio Vargas, o Presidenteditador, que
governava sem interrupções desde a Revolução dos anos trinta. Até 1941, o
Brasil tinha se mantido neutro. Mas, após Pearl Harbour, tinha declarado
sua solidariedade aos Estados Unidos, portanto tinha cortado suas relações
diplomáticas com o Eixo. A Alemaha de Hitler não tinha gostado - mesmo
porque deste modo o Brasil tornava-se uma base preciosa para as missões
Aliadas na África do Norte - e tinha começado torpedear os navios da
marinha mercante ao longo da costa do nordeste do País.
Assim, em 22 de agosto de 1942, após outro afundamento, Vargas reuniu
seus ministros e declarou guerra aos inimigos da democracia. Ele que não
era exatamente um democrata. “Tornou-se um ditador somente em um
segundo tempo” lem- bra Sérgio Gomes. “Não era fascista nem comunista,
queria somente o poder. Mas não havia liberdade. As cartas que enviávamos
do front, e aquelas que recebíamos, eram abertas e censuradas”.
Antes, porém, ocorreu a viagem: “angústia” admite o co- ronel “e também
medo. Não sabíamos aonde iríamos desembarcar. Somente no final
descobrimos de estar em Nápoles. Mas a viagem não tinha terminado. O
golfo era cheio de navios afundados. Assim, muitos foram transferidos para
Livorno, com lanchas de desembarque que os norte-americanos tinham já
usado na Normandia”. A Itália, para Sérgio Gomes, nascido no Rio mas por
motivos familiares criado em São Paulo, apresentava-se de modo
inesperado: “Pobreza” é a palavra que lhe saí da boca. “Fome absoluta. Eu
não fui para Livorno, desembarquei em Nápoles para acompanhar um
soldado em hospital e aquilo que pude ver impressionou-me.
A Itália estava pagando seus pecados”. E por falar nisto, Sérgio olha para
um antigo companheiro que ainda hoje está com ele, na associação. O
Tenente dentista Israel Rosenthal, aqui, confirmando aquelas lembranças
como se fossem suas próprias.
“Eu, ao invés, fui para Livorno”, conta Rosenthal “e che- gar lá foi um
pesadelo. O mar revolto, ninguém ficou de pé. Assumi logo o serviço junto
à um hospital de campanha em Staffoli. Acredito de ter feito mais de cinco
mil cirurgias. Não tínhamos energia elétrica nem água. Lembro que daquela
localidade vinha um médico italiano que me pedia o anestésico porque ele
não tinha mais”. Continua Sérgio: “Naqueles dias fizemos muitas amizades.
Nossos mortos foram sepultados em Pistóia, onde hoje há um monumento.
Do meu pelotão morreram dezessete. Subimos para o norte e as batalhas
foram duras: Monte Castello, Montese, Vignola. Não era fácil se orientar.
Em cada um de nossos pelotões, tinha pelo menos um “partigiano” com a
fun- ção de apoio. Eles conheciam bem as trilhas. Nos acompanhavam e
logo após desapareciam para não serem presos pelos alemães”.
Uma página de história que ficou, não sabemos porque, às margens do
conflito. Mesmo se entre os brasileiros desem- barcados na Itália houvesse
pessoas que, posteriormente, tornariam-se famosas. Aquele que muitos
consideram o maior cronista brasileiro, Ruben Braga (1913-1990),
correspondente do Diário Carioca. Ou o pintor Carlos Scliar (1920-2001),
que trouxe de volta uma agenda cheia de desenhos. Tinha Celso Furtado
(1920-2004), que depois se tornou o maior economista brasileiro. “Partimos
juntos e fizemos a viagem na mesma cabine” conta Rosenthal. “Estudava
direito e falava um perfeito inglês, era o interprete”.
As lembranças, nas palavras dos veteranos, se acumulam. Nas velhas
fotografias, irreais paisagens geladas e soldados enfiados em uma espécie
de saco branco com capuz: “Os uniformes para o inverno, tinham sido
fornecidas pelos norteamericanos. Nos partimos como se tivéssemos que
combater na África...”.
E a saudade do Rio de Janeiro? Sérgio Gomes tem um flash: “Era um
sábado de carnaval, acredito, no final de janei- ro. Posicionamos-nos nas
proximidades de Gaggio Montano, na neve. Do nosso rádio, ao invés das
ordens da base, em um determinado momento ouvimos uma música. Era a
festa que estava se desenvolvendo no Cassino da Urca, no Rio, o cassino
onde se apresentavam todos os grandes da época, como Carmen Miranda.
Não lembro o que fosse, mas era um samba, disto estou certo”.

Jacob Benemond

Jacob Benemond, Capitão-de-Longo-Curso, comandava o Olinda, segundo


navio nacional a ser torpedeado por submarino nazista. Conseguiu salvar
toda a tripulação, a deriva no mar gelado durante 36 horas.

Jacob Benemond nasceu em Belém do Pará aos 05 agosto de 1881 e faleceu


em 23 out 1960 no Rio de Janeiro.
Era filho de Abraham Benemond e Emilia Benemond, Fre- qüentava a
Sinagoga Shell Guemilut Hassadim.
Pelo heroísmo demonstrado no episódio do afundamento do Olinda, o
Comandante Benemond foi condecorado pelo Presidente da República com
as medalhas:
Medalha de Serviços de Guerra, tendo em consideração os valiosos serviços
prestados ao país.
Medalha do Mérito Naval com 3 Estrelas como recompensa aos valiosos
serviços prestados em 18 de fevereiro de 1942 ao ser o Olinda torpedeado
por um submarino alemão, quando com risco da própria vida corajosamente
efetuou em meio ao pânico geral o salvamento dos 46 homens da guarnição,
reunindo-os em duas baleeiras abastecidas que permaneceram à espera de
socorro durante 30 horas consecutivas.

Ordem do Mérito Naval


Durante as comemorações da Semana da Marinha, várias personalidades
foram condecoradas com a Ordem do Mérito Naval, entre outras, o Sr.
Cornélio Verolme, General Pantaleão Pessoa, Dr. Daniel Carvalho e a filha
do Sr. Jacob Benemond, homenageado “post mortem”.

Medalha Mérito Tamandaré


Segundo Arthur Oscar Saldanha da Gama, em A Marinha do Brasil na
Segunda Guerra Mundial p.112:
O Olinda navegava às 12h30min do dia 18 de fevereiro de 1942, na posição
de 36 56’N e 37 30’W, na costa da Virgínia, Estados Unidos, sendo
denunciado por aeronave espiã, que deu a sua rota, velocidade e posição ao
U-432, do CapitãoTenente Heinz-Otto Schultze, o mesmo que havia
torpeado o Buarque.
A nave veio, antes, à superfície, mandando o mercante parar. Em seguida,
limpo e bem manobrado, como havia bom tempo, atracou no costado,
chamando ao seu convés o Comandante do mercante, Sr. Jacob Benemond,
que se fez acompanhar do 2° Telegrafista com os papéis de bordo.
Os oficiais do submarino, polidamente, interrogaram-nos em inglês fluente
e fotografaram os papéis do navio. O coman- dante, que dava ordens aos
seus homens em alemão, mandou de volta os brasileiros com a ordem de
abandonar o navio e, depois, desatracou com facilidade.
Esperou que todos embarcassem nas baleeiras, que foram arriadas e, a tiros
de canhão, pôs a pique o Olinda. A tripulação de 46 homens, foi salva pelo
USS Dallas. O Olinda era o ex-Kanemer-land e ex-Cara, inglês, agora da
Carbonífera RioGrandense, afretado à CIA. Comércio e Navegação. Levava
para Nova-Iorque 53.400 sacos de cacau, sacas de café e de mamona.
Deslocava 4.086 t brutas e 2.532 líquidas, comprimento 109,7 m boca 15,31
m, pontal 7,62 m, calado 6,30 m e velocidade 9 nós. Salvaram-se os 46
homens da tripulação. Compilado de O Brasil e a Segunda Guerra
Mundial, Ministério das Relações Exteriores.
Três dias depois, nas proximidades da mesma área, outro navio nosso foi
atacado, em pleno dia, às 12h30min de 18 de fevereiro, por um submarino
nazista, do tipo de bolso, sem prévio aviso; a vítima fôra o vapor do Olinda,
de 4.085 toneladas brutas de deslocamento, da companhia Comércio e
Navegação, fretado a Companhia Carbonífera Rio-grandense, que navegava
para Nova-Iorque, procedente de Santa Lúcia, prossessão britânica, nas
Pequenas Antilhas, de onde havia partida na tarde do dia 9, sob o comando
do Capitão Jacob Benemond.
O submarino, usando um canhão de pequeno calibre, fez 14 disparos contra
o navio, sendo que apenas três projéteis atingiram o alvo, desmantelando a
antena e a estação radiotelegráfica.
Duas baleeiras foram arriadas ao mar com os 46 homens da tripulação.
Quando essas estavam razoavelmente afastadas do navio, o submarino
aproximou-se das baleeiras e homens de sua guarnição exigiram a presença
do comandante e do radiotelegrafista, aos quais os oficiais alemães
inquiriram sobre os documentos de bordo, a natureza da carga, bem como,
por segurança própria, se haviam, tido tempo de emitir pedido de SOS.
Tiraram duas fotografias, uma dos náufragos nas baleeiras e outra do
Comandante e do radiografista a bordo do submari- no, quando da
entrevista.
Em seguida, após o retorno às baleeiras, foi novamente o Olinda alvejado
pelo submarino, de uma distância de um quarto de milha, que disparou
cerca de 20 tiros contra o navio, que, embora bastante adernado, levou
aproximadamente uma hora para ir ao fundo.
A nacionalidade alemã do submarino agressor foi perfeitamente
identificada, não só pelo comandante do Olinda, como por diversos de seus
homens. Ao sangue-frio, a habilidade e energia do comandante, deveu-se o
salvamento de todos os 46 homens da tripulação nesta triste conjuntura.
Aparecendo no local 4 aviões norte-americanos da defesa coteira, o
agressor submergiu e desapareceu; um dos aviões comunicou aos náufragos
help on way, nessa ocasião deviam estar cerca de 40 milhas da costa do
Estado de Virgínia, nos Estados Unidos. Vinte horas após o desastre, mais
ou menos às 8h do dia seguinte, apontou no horizonte do destróier
norteamericano Dallas, que recolheu os tripulantes e os transportou para a
base naval de Newport, na Virgínia.
No dia 20, o Governo brasileiro, devidamente informado de ambas as
ocorrências, enviou uma nota ao Governo alemão, por intermédio de
Portugal, protestando contra os torpedeamentos dos navios Buarque e
Olinda, que navegavam fora da zona de bloqueio, fartamente iluminados,
permitindo serem facilmente reconhecidas as bandeiras que traziam.
Em março, duas outras ocorrências vieram aumentar as nossas perdas. Na
primeira foi vítima o cargueiro Arabutan, ex-Caprera, com 7.874 toneladas
de registro, de propriedade de Pedro Brando, a serviço do Lóide Nacional
S.A. e sob o comando do Capitão de longo-curso Aníbal Alfredo do Prado.
Havia partido às 16 horas do dia 6 de março de Norfolk para o Rio de
Janeiro, com escala em Port Of Spain, Trinidad, transportando 9.613
toneladas de carvão para a Estrada de Ferro Central do Brasil. Às 15h10min
do dia seguinte, este, nas proximidades do Cabo Hatteras, foi
inopinadamente torpedeado por um submarino nazista, sendo atingido na
altura do porão número cinco do lado boreste, afundando por água aberta,
em vinte minutos, a 81 milhas da costa, no ponto de coordenadas 35 15’N e
73 50’W, de Gr. Na emergência, o comandante determinou a expedição dos
sinais de socorro e deu-se início à faina de salvamento.
O submarino, segundo o primeiro-piloto, devia ter 800 toneladas de
deslocamento, com cerca de 60 metros de comprimento, estava armado com
um canhão de 75 mm na proa e uma metralhadora antiaérea à ré; tinha o
casco pintado de verde-garrafa e, pelas fotografias exibidas em Norfolk, por
acasião do inquérito, foi reconhecido como de nacionalidade alemã.
O atacante, que não fora pressentido pela tripulação, só veio à tona quando
o pessoal já se encontrava nas baleeiras e o navio havia soçobrado
completamente; sem hostilizar os náufragos nem procurar obter qualquer
informação, descreveu um círculo em torno do ponto de afundamento e
submergiu, possivelmente em face da aproximação de aviões da Marinha
norte-americana, que atendiam ao pedido de socorro, lançado...
História Naval Brasileira, p. 342, editado pelo Serviço de Documentação
Geral da Marinha.
No torpedeamento desse navio, aconteceu um fato estranho, segundo relato
do comandante: às 19h30min um avião sobrevoou o navio para iluminá-lo.
Hoje, sabe-se que os alemães tinham uma aeronave espiã, com base em
território norte-americano para guiar os submarinos.
Quinze minutos antes de 1h do dia 16, Buarque recebeu o primeiro
torpeado.
Em seguida e após o regresso às suas respectivas baleeiras do Comandante
e do 2º telegrafista foi o Olinda novamente alvejado. Cerca de 20 projéteis
foram então disparados contra o navio, que adernou e rapidamente
submergiu.
Nem o comandante, que já havia servido na linha de Hamburgo, nem o 2º
telegrafista, nem os demais telegrafistas do Olinda ofereceram dúvidas
quanto à nacionalidade do submarino, unânimamente reconhecido como
sendo alemão.
Há divergências, entretanto, com relação à posição do navio no momento
do ataque, o que se deve certamente à inexperiência do 2º piloto que se
encontrava de quarto.
Segundo os seus cálculos a posição seria: Latitude, 36 56’N e Longitude 74
02’ W. De acordo com o Comandante, entretando, a posição deveria ser,
aproximadamente 37 30’N de latitude 75 00’W de longitude, posição
corroborada pelo 1º piloto e pelas estimativas das autoridades americanas.
Mais ou menos 20 horas depois do ataque, ou cerca das 8 horas do dia
seguinte, foi a tripulação do navio brasileiro socorrida pelo destróier
americano Dallas, que a levou para a Base Naval de Newport News,
Norfolk, Virgínia. Washington, em 24 de Fevereiro de 1942 J. Carneiro
Leão

Correspondência recebida do Consulado do Brasil em Nolfolk - 28 de


Fevereiro de 1942

Senhor Ministro,
Em obediência às ordens contidas no telegrama nº 4 dessa Secretaria de
Estado, tenho a honra de passar as mãos de Vossa Excelência, cópias fiéis
das declarações prestadas pelos senho- res, Comandante Jacob Benemond:
Imediato, Manuel Pereira Gonçalves; Chefe de Máquinas Abílio Paulo de
Azevedo; Piloto Rosauro de Almeida; Piloto de quarto, José da Costa
Dutra; Radiotelegrafista de quarto, Francisco Lustosa Nogueira; Mari-
nheiro Álvaro Gustavo dos Santos e Marinheiro Manuel Bispo da Cruz, do
vapor brasileiro Olinda, afundado no dia 18 do corrente, na Costa da
Virgínia.
Das declarações em questão, depreende-se ter sido o referido vapor atacado
por um submarino alemão, sem prévio aviso; na posição estimada de
latitude 36 30’00’’ Norte e longitide 75 00’00’’ Oeste, às 12,30 horas do dia
18 de fevereiro de 1942, e posto a pique com cerca de vibte tiros de peça.
Ao sangue frio, habilidade e energia do Comandante e Imediato, deve-se o
salvamento das quarenta e seis pessoas que compunham a tripulação do
Olinda.
Aproveito o ensejo para reiterar a Vossa Excelência os protestos da minha
respeitosa consideração.
J. A. Rodrigues Martins

Anexo 1:
Eu, abaixo assinado, Comandante do Vapor Olinda, brasileiro, de
propriedade da Companhia Carbonífera Rio Grandense, fretado à
Companhia Comércio e Navegação, sinistrado no dia dezoito do corrente
mês, às doze horas e trinta minutos, na Coata da Virgínia, Estados Unidos
da América do Norte, declaro ao cônsul do Brasil, em Norfolk o seguinte:
Que o vapor partiu do último porto de Santa Lúcia, na tarde do dia 9, do
corrente mês, com destino ao porto de Nova York; a essa hora acima ouví
um tiro de canhão, sendo em seguida verificado pela popa do navio, um
submarino que continuava atirando, cerca de quatorze tiros, tendo atingido
o navio três tiros, sendo um na altura da radiotelegrafia, outro no
alojamento da guarnição de proa e outro no costado. Imediatamente parei o
navio e dei sinal para a salvatagem, isto é, o acidente deu-se na latitude 37
graus, trinta minutos norte, e longitude, sesenta e cinco graus, (o) zero
minutos, oeste de Greewinch. Às doze horas e quarenta minutos, arriou-se a
baleeira número dois (2), com 23 tripulantes e as doze horas e cinquenta
minutos, a de número um (1), com a mesma quantidade de tripulantes.
Fomos intimados pelo Capitão do submarino para atracar ao costado do
mesmo, sendo eu interrogado pelo dito Capitão, sobre o manifesto da carga,
porém eu respondi que o manifesto se achava a bordo. O 2º Rádio também
surgiu e foi interrogado. Depois de curto tempo, voltamos para as baleeiras,
tendo em seguida o submarino dado marcha até que se aproximou do
Olinda, cerca de um quarto de milha, tendo disparado cerca de vinte tiros,
adernando em seguida e posto a pique. Tenho a declarar mais que o
submarino e sua guarnição, são alemães. Passamos nas baleeiras, vinte
horas, quando fomos salvos por um destroier Americano, e logo que
chegamos, em Norfolk, fomos hospitalizados no Hospital da Marinha.

Jacob Benemond - Comandante. Jacob David Cohen

Jacob nasceu aos 25 abr 1921, filho de David e Jamile Cohen.


Freqüentava o Templo Sidon, tradicional sinagoga da rua Conde Bonfim na
Tijuca , Rio, que congrega os descendentes dos judeus de Sidon, no Líbano,
que emigraram há cerca de 1 século para o Brasil.
O bairro reune boa parte da comunidade sefaradi carioca, ou seja,
descendentes dos judeus de Espanha (Sefarad em hebraico).
No ano de 1492 Madrid era ainda um pequeno povoado desconhecido. na
corte de Toledo, os reis catolicos Fernando de Aragon e Isabel de Castilla
haviam resolvido expulsar os judeus de Espanha. numa última tentativa, o
conselheiro real Isac Abravanel tenta reverter o decreto, sem o conseguir.
Tangidos pela intolerância, os judeus de Sefarad se espalharam pelos quatro
cantos do mundo civilizado de então, abandonaram penosamente a patria
em direção ao exílio, deixando para tras uma efervescentte vida judaica,
uma época incrível quando judeus e mouros conviveram lado a lado com os
cristãos.
Em 1992, Juan Carlos I, de Bourbon e Battenberg, adentraria em Madrid a
primeira sinagoga erguida em Espanha nos últimos cinco séculos, e diante
da sua Reina Sofia, do General Chaim Herzog, presidente do Estado de
Israel, e de um punhado de descendentes daqueles mesmos judeus expulsos
pelo reis católicos, declararia ao mundo seu desejo real de que a paz viesse
para todos os povos...
No alto daquela casa de orações, as mesmas inscrições da Sinagoga del
Transito de Toledo foram reproduzidas, como que a simbolizar a
continuidade judaica.
A humanidade tanto deve aos que partiram da Sefarad, e seus descendentes,
que importante papel desempenhariam nos nas ciências, artes, cultura,
negócios, etc.
A sua busca por um lugar onde pudessem acreditar em seu D_us sem ter
que prestar contas ao rei, em que pudes- sem praticar sua religião
livremente os levaram a descobrir um novo mundo, e assim muito ajudaram
a lançar as bases da nossa sociedade civilizada.
E dentre tantos que tiveram que partir de Sefarad, estava um remoto
antepassado do Sargento Jacob David Cohen, que via Sidon acabou
chegando ao Brasil.
Várias sinagogas sefaradis se situam num raio de alguns quarteirões
tijucanos, como a Beyruthense, União Israel, Maghen David, e o Templo
Sidon, este herdeiro das ricas tradições sidonenses, quase centenárias no
Rio de Janeiro, a princípio instalado no centro da cidade, que reunia a
comunidade oriunda daquela cidade libanesa.
Mais tarde, com a abertura da Avenida Presidente Vargas, houve a mudanca
para a atual sede na Tijuca.
Em 1938 Jacob cursava a Escola Superior de Comércio, realizando a Linha
de Tiro na Vila Militar, onde teve como Instrutor o Sargento Torreão, e
como colega de farda o jovem Mair Credman.
Em 1942 foi transferido para Olinda – PE, ao 2° Grupo do 3° Regimento de
Artilharia Anti-aérea, onde era sargento da Bateria de Metralhadoras.
A Bateria contava com um grande efetivo, de 200 soldados e 10 oficiais. Na
época temia-se por uma invasão alemã, e eram constantes os torpedeamento
de navios mercantes nacionais, que determinaram a entrada o Brasil na
guerra.
Em seus deslocamentos do Rio para o Nordeste, Jacob navegou em águas
sujeitas a ação submarina alemã, mas teve sorte, nada lhe acontecendo.
Lamentavelmente, outra foi a sorte de seus camaradas do 7º Grupo de
Artilharia de Dorso, que deslocava-se com toda a guarnição e material para
o Cais do Porto, onde embarcaria para Olinda.
Era preciso defender a nossa costa, para o que não hesitaram um só minuto,
navegando pelo mar onde se escondia o submarino nazista traiçoeiro. Não
haveriam de alcançar seu destino.
A viagem não teve retorno para 150 dos 243 artilheiros, comandados pelo
Major Landerico de Albuquerque Lima.
Corria o mês de agosto de 1942. Navios mercantes que transportavam as
tropas, o Itagiba e o Baependy não poderiam se defender do ataque cruel,
ordenado por aquele cujo nome e sua memória sejam esquecidos.
Diante da imensidão da tragédia, o povo foi às ruas a exigir uma resposta à
tamanha covardia. Em apenas 5 dias, o U-507 torpedeou 6 navios nacionais,
com a perda de 600 vidas preciosas de brasileiros.
Ao todo, com o afundamento de 35 navios mercantes, o mar foi o túmulo de
1.050 patrícios inocentes.
O Presidente Vargas declarou guerra ao Eixo, dando uma resposta a torpe
agressão que vitimou os heróis do 7º GADo, na viagem que não chegaria ao
destino.
Passados 2 anos do repulsivo ataque, desta vez o resultado seria diferente.
Os 5 escalões da FEB desembarcaram em segurança no solo europeu, onde
haveriam de derrotar os mesmos nazistas que tantas vidas brasileiras
haviam ceifado.
Ainda em Recife Jacob serviu no Estabelecimento de Material de
Intendência, onde ajudou a suprir a logística necessária ao esforço de
guerra, sendo em 25 mai 1945 transferido para a Sub-Diretoria de
Subsistência no Rio de Janeiro.
Era sócio efetivo da Associação dos Ex-Combatenttes do Brasil, Seção Rio
de Janeiro, por ter se deslocado em comboio marítimo e integrado o
dispositivo de Defesa do Litoral, e Pensionista do Ministério do Exército,
por ter sido convocado e ficado a disposição da Força Expedicionária
Brasileira, não ten- do embarcado para a Itália em função do término do
conflito.
Jacob foi agraciado com a Medalha da Vitória, da Associação dos Ex-
Combatentes do Brasil, pelo seu trabalho de união dos veteranos, gozando
de grande consideração e estima naquela casa, como relata seu filho Marco
Jacques Cohen.
Jacob faleceu no Rio de Janeiro aos 72 anos, em 16 fev 1994.

Jacob David Niskier

Jacob David Niskier nasceu aos 18–6–1901 em Irati - PR. No final do séc.
XX, seus pais emigraram de Ostrowiec, cidade na Polônia, 160 km a
sudeste de Varsóvia.

Era uma cidade judaica, aonde a população chegou a ter 90% de judeus.
Esta importante comunidade poucas décadas depois seria exterminada pelo
ódio.

A Família Niskier era grande e bem situada em Ostrowiec. Muitos se


salvaram do Holocausto, emigrando para diversas partes do mundo, para
onde se conseguisse o visto salvador, como Toronto no Canadá, Estados
Unidos, Israel e Brasil.

Aqui as novas gerações dos Niskier deram ao Brasil importantes nomes na


Educação e Cultura, Direito, Medicina, Engenharia e outras atividades,
alguns de projeção nacional e internacional. É uma família bastante extensa.

Jacob, como muitos brasileiros natos de primeira geração na época, teve


uma infância e juventude pobre. A regra geral era se dirigir para o
comércio. Jacob era o irmão mais velho, mas não tinha nenhuma queda para
o ramo. Chegou a ser mata-mosquitos para poder estudar.

Mas a história corre por caminhos que só o Grande Arquiteto do Universo


conhece, e um dia Jacob viria a ser um Comandante da Marinha Mercante
do Brasil. Suas lides o levariam de volta a Polônia, desta vez para buscar
navios que o Brasil encomendara naquele pais, trocando-os pelo bom café
brasileiro, o que renderia anos depois o episódio que ficou conhecido como
“as polonetas”, títulos obscuros alvo de ne- gociatas, conforme noticiavam
os jornais.

Nesta ocasião Jacob teve a oportunidade de visitar Ostrowiec. As casas e


propriedades de seus pais e familiares, de onde foram tangidos pelos
nazistas para o Campo de Concentração de Treblinka em 1942 / 43, ainda
estavam lá.

Pouquíssimos se salvaram, e ao tentarem retornar tiveram negado o acesso


as antigas propriedades, já ocupadas por invasores.

Antes do Holocausto (1939-1945), na véspera do Shabbat o Rynek, a praça


do mercado de Ostrowiec, efervescia de carroças carregadas e donas de
casa fazendo as últimas compras para o jantar festivo. O burburinho gerado
pelo palavreado em yiddish cortando os ares em todas as direções
aumentava à medida que o anoitecer se aproximava, para de repente cessar
de vez, como por milagre. De lá, onde um dia floresceu uma comunidade
temente a D_us seguidora da Lei de Moisés e guiada por sábios rabinos,
pode se ver ao longe as Montanhas. Reza a lenda que lá vivem as bruxas, e
elas ainda estão por ali. Mas os judeus se foram, para nunca mais retornar ...

As sementinhas daquela árvore outrora pujante do Judaísmo Europeu


vieram germinar em terras abençoadas, renascendo após atravessar os 7
Mares, como Jacob o fazia nos navios do Lloyd Brasileiro. E aqui deram
frutos, sob o calor tropical acolhedor.

Em 14 de Maio de 1948, poucas horas após a Declaração de Independência


do Estado de Israel, o que ocorreu graças a uma Assembleia-Geral da ONU
presidida pelo grande brasileiro Oswaldo Aranha, Jacob viveu uma
experiência marcante.

Em alto mar, avistou um navio já com as insígnias do nascente Estado de


Israel, o que motivou a oportunidade de enviar uma saudação naval, a
primeira recebida oficialmente por um navio israelense. Era a primeira
manifestação em águas internacionais ligada à Independência do Estado de
Israel.

Jacob serviu em diversos navios que navegaram em águas costeiras e


internacionais sujeitas a ataques de submarinos nazistas.

O Brasil foi o 15º país do mundo em tonelagem de navios afundados pelo


Eixo nazi-fascista. Centenas de brasileiros inocentes foram vitimados.
Mesmo na condição de país neutro, navios brasileiros foram afundados, o
que levou o Presidente Getulio Vargas a decretar guerra ao Eixo em agosto
de 1942.

Portanto, tendo navegado extensivamente em Zona de Guerra, Jacob esteve


exposto aos mesmos perigos, tendo a Lei o reconhecido como Ex-
combatente por ter sido tripulante de navio mercante que participou de
comboio de transporte de tropas ou de abastecimentos, navegando em Zona
de Guerra sob a orientação das Autoridades Navais Brasileiras, no período
mar/1941 a mar/1945, nos seguintes navios:

Santos, Cayru, Raul Soares, Afonso Pena, Guaraloide, Cubatão, Aspirante


Nascimento.
Jacob foi agraciado pelo Presidente da República com a Medalha de
Serviços de Guerra com 3 Estrelas. Como reza o Diploma, assinado em
25/jun/1948 pelo Ministro da Marinha, Almirante Sylvio de Noronha,
“pelos serviços prestados durante a II Guerra Mundial ao lado das Nações
Unidas contra os paises do Eixo, a bordo de navios mercantes nacionais ou
estrangeiros, empregados em assegurar o abastecimento e o transporte de
materiais necessários a obtenção da Vitória, tornou-se merecedor da
Medalha Naval de Serviços de Guerra, com 3 Estrelas”.
A exemplo de todo antigo Lobo do Mar, Jacob tinha muitas histórias para
contar, como o salvamento de náufragos hindus ao largo da costa
nordestina, o resgate de correligionários de portos europeus, chegando até a
correr risco de prisão pela Gestapo.
Jacob era Maçom da Loja Estrela do Norte, a qual muitos Oficiais das
Marinhas do Brasil e Mercante estavam afiliados. Felizmente foi avisado a
tempo por Membros da Maçonaria local que não desembarcasse, sob pena
de ser enviado a um campo de concentração.
Jacob, Valente Navegador, dedicado Marinheiro Brasileiro de fé judaica,
nos deixou em 1973 aos 72 anos.

Jacob Gorender

Jacob Gorender, renomado escritor, jornalista e historiador, nasceu em 20


de janeiro de 1923, em Salvador,
Filho de Ana e Nathan Gorender, seu pai, judeu ucraniano socialista, não
sendo sionista, emigrou em 1905 para a Argentina, e de lá seguiu para a
Bahia, onde como tantos correligionários naquela época, ganhava o sustento
como vendedor a prestação.
Gorender estudou na Escola Israelita Brasileira Jacob Dinenzon e
posteriormente no Ginásio da Bahia, renomada escola pública onde
estudava a elite baiana.
Cursou a Faculdade de Direito onde teve contacto com estudantes
comunistas, que participaram ativamente da mobilização pela entrada do
Brasil na II Guerra, após os torpedeamentos em 1942.
Em 1943, Gorender, Ariston Andrade e Mário Alves apresentaram-se como
voluntários a FEB, este último não tendo sido aprovado no exame médico.
Gorender foi soldado da FEB, tendo servido no 1° Regimento de Infantaria,
o Regimento Sampaio, da Vila Militar, Rio de Janeiro, onde integrou o
Pelotão de Transmissões, participando das batalhas da Tomada de Monte
Castelo, Montese, Campanha dos Apeninos e a ofensiva até Piacenza.
Embarcou para a Itália com o 1° Regimento de Infantaria aos 22 set 1944,
retornando com a mesma unidade em 22 ago 1945. Contou tempo no Teatro
de Operações da Itália de 06 out 1944 a 11 ago 1945, sendo licenciado do
serviço ativo aos 15 set 1945, como Reservista de 1ª Categoria, tendo sido
agraciado com a Medalha de Campanha.
Seu Comandante foi o Capitão Castello Branco, e o Comandante do
Regimento o Coronel Caiado de Castro.
Em Pistóia, na Toscana, freqüentou a sede do Partido Comunista Italiano,
presenciando discurso de Palmiro Togliatti [1893 – 1964], secretário–geral
do PCI e homem de confiança de Josef Stalin na Itália.
De volta ao Brasil militou no PCB, legalizado em 1945. Foi sócio-fundador
da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil.
Jacob, um dos grandes vultos intelectuais da FEB, reside atualmente em
São Paulo, sendo Professor Visitante do Instituto de Estudos Avançados da
USP.

Jacob Perelmann

Jacob nasceu aos 29 jun 1920, filho de Marcos e Sabina Perelman.


Embarcou para a Itália aos 23 nov 1944 com o Depósito de Pessoal da FEB,
retornando em 17 set 1945 com a mesma unidade. Era 3° Sargento.
Jacob Perelman, sargento de Niterói, falando em yiddish quando estava de
guarda a prisioneiros alemães da 148ª Divisão de Infantaria, que se rendeu a
FEB, disse-lhes que era judeu e que poderia matá-los, mas que não o faria
porque não era como eles:
“Se fossem vocês que tivessem me aprisionado, teriam me matado aqui ou
em um campo de concentração, pois eu sou brasileiro e judeu. E é
exatamente por ser brasileiro e judeu que eu não vou fazer isso com
vocês”.
Em 15 mai 1945, gozando de licença em Florença, encontrou casualmente
soldados da Brigada Judaica da Palestina, Moiche Lerner e H. Bana, com
quem confraternizou na ocasião, juntamente com o Soldado Nilton, da sua
unidade.
Uma Brigada Judaica participou da II Guerra Mundial, junto aos ingleses
no leste da Itália, perto de Riccione, onde há um Cemitério que reune todos
os mortos.
Integrava os chamados “Exércitos menores” (havia tam- bém os canadenses
e malteses lutando naquela área), que participaram da libertação da Itália.
Em 06 jun 1945 foi elogiado individualmente pelo Comandante do 2°
Batalhão, Major Walter da Silva Torres.
Jacob era de Niterói – RJ, e no seu retorno o Círculo Israelita de Niterói
promoveu uma festa de boas-vindas em sua homenagem, em ago 1945,
onde ele aprece na foto com mais 2 militares, não tendo sido possível
esclarecer se eram também da FEB e judeus ou não.
Foi licenciado do serviço ativo aos 02 set 1947.
Na vida civil foi Assessor Parlamentar do Senador e Marechal Caiado de
Castro, no Palácio Monroe, antiga sede do Senado no Rio de Janeiro, no
período 1957-1960.
Era Sócio Fundador da Associação Nacional dos Veteranos da FEB,
matrícula 295. Recebeu a Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes,
concedida pela ANVFEB. Era bastante ativo junto a associação.
Faleceu prematuramente em 02 abr 1973 aos 53 anos, de doença incurável.

Jacob Zveiter

Jacob Zveiter nasceu no Rio de Janeiro – RJ no dia 15/01/1924, filho de


Moysés Zveiter e Geny Zveiter, é irmão do Ministro Waldemar Zveiter.

Serviu na Base Aérea do Galeão e em Brasília, onde e reformou-se em


08/10/1969 no posto de tenente coronel.
Serviu em zona de guerra de 27 jan 1944 a 08 mai 1945, como especialista
em Controle de Trafego Aéreo.
Estudava medicina no Rio de Janeiro, quando foi convocado na classe de
1924 para guerra. Foi transferido do Exército para Aeronáutica. Dentre
outras missões realizou o patrulhamento do litoral brasileiro nos aviões
Foch Volff e PBM Prol Bout Marine, na época em que submarinos alemães
faziam reabastecimento clandestinos nas praias de Atafona e Grussaí
(Campos – RJ) e roubavam areias monazíticas no litoral do Espírito Santo.
De tenente a tenente coronel obteve elogios e citações no curso da carreira,
Casou-se com Violet Radcliff Zveiter que trabalhou como voluntária em
fábrica de pólvoras e foguetes dos Feuu, no esforço de guerra americano.
Finda a guerra, seguiu a carreira militar.
Tem três filhos (Geny, Clara e Spencer).
Reside em Brasília com esposa, filhos, netos e bisnetos.
Serviu com os brigadeiros Eduardo Gomes, Inácio de Loiola Daher e
Anísio Botelho

José Segal

Segal nasceu na cidade do Rio de Janeiro aos 25 mar 1925, filho de Moyses
Segal e Fany Segal. Sua familia originalmente radicou-se em Nova
Friburgo – RJ.

Em 26 out 1944 concluiu o Curso de Infantaria no CPOR/ RJ com a media


5,75, em 205° lugar em uma turma de 370 alunos, sendo declarado
Aspirante a Oficial da Reserva da Arma de Infantaria, e incorporado ao
Centro de Recompletamento da FEB – CRP/FEB na Vila Militar,

Sua unidade embarcou no navio de transporte de tropas americano Gen


Meiggs com destino ao Teatro de Operações da Itália.

Segal e outros colegas permaneceram no Brasil guarnecendo o acervo da


unidade para futuro emprego em caso de necessidade, o que acabou não
acontecendo devido ao término do conflito.

Aos 19 mai 1952, o Presidente da República concedeu ao Ten Segal a


Medalha de Guerra, por ter cooperado no esforço de Guerra do Brasil.
Segal reside no Rio de Janeiro, tendo exercido a Odontologia durante várias
décadas, no Serviço Publico Municipal e em consultório particular no Largo
do Machado.

Leão Stambowsky

Leão nasceu em 30 jan 1923 em Salvador-BA , tendo sido incorporado a


Marinha do Brasil, como Aprendiz de Marinheiro e mais tarde Marinheiro
(Maquinas) MN-EL 2 Cl, tendo servido em operações de guerra embarcado
no Cruzador Rio Grande do Sul, no Tender Belmonte e no Encouraçado
Minas Gerais.

Era filho de Neiman e Rachel Lanis Stambowsky. Frequen - tava a Hebraica


do Rio de Janeiro, na Rua das Laranjeiras.
Os judeus tem uma grande tradição naval. Como se sabe o cristão novo
Gaspar da Gama aqui chegou nas caravelas de Cabral, e Abraham Ibn Ezra,
um dos primeiros integrantes da Escola de Sagres, estabelecida pelo Infante
Dom Henrique, desenvolveu os primeiros instrumentos para navegação que
possibilitaram a descoberta do caminho marítimo para as Indias e as
grandes navegações portuguesas, como a descoberta do nosso Brasil.
Assim, seu filho Eduardo Stambowski tomou a si a honro- sa tarefa de
preservar a memória deste dedicado ex-combatente, que cumpriu inúmeras
missões embarcado em comboios de escolta a navios mercantes nacionais,
assegurando as comunicações marítimas vitais, tendo participado de
operações conjuntas com a IV Esquadra Americana, tudo isso no período de
1/set/1942 a 31/jul/1945.
Lembra ele que seu pai nunca transigiu quando como judeu sofreu alguma
discriminação, reagindo ainda que isso lhe custasse eventualmete alguma
punição. Jamais ocultou a sua identidade religiosa, exemplo de coragem e
diginidade.
Leão passou para a reserva no posto de 2º tenente aos 21/maio/1949, após 9
anos, 2 meses e 14 dias de serviço em unidades navais.
Este bravo marinheiro do Brasil faleceu aos 20 de novembro de 1971, e sua
memória ficará eternizada como uma das glórias da comunidade judaica
brasileira na sua contribuição a derrota do nazismo e restabelecimento das
liberdades na Europa e no Mundo.
Leão nunca se afastou do cumprimento do dever, como bem o atesta o
diploma recebido ao ser agraciado com a Medalha de Serviços de Guerra
com 2 Estrelas, concedida pelo Presidente da República dos Estados Unidos
do Brasil em 21 de abril de 1949, pelos valiosos serviços prestados ao pais,
e assinado pelo Ministro da Marinha Almirante Sylvio de Noronha.
Apenas em passant não devemos esquecer que o cristãonovo Fernando de
Noronha foi um dos primeiros arrendatários de terra do Brasil.
Assim talvez quem assinou aquele diploma de serviços relevantes, até sem
o saber, tivesse correndo em suas veias alguns infinitésimos do precioso
sangue judaico...
Leão honrou a sua imaculada farda branca, como vemos em antigos
retratos, fazendo jus a memória do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, e
tendo sempre em mente os imortais Sinais de Barroso alçados ao mastro
principal da Fragata Amazonas no Rio Paraguay.
– O Brasil Espera que Cada Um Cumpra o seu Dever
– Máquinas à Frente a Toda Força que a Vitória e Nossa.

Marcos Cerkes

Marcos nasceu aos 10 mar 1925, filho de Isaac e Raquel Cerkes.


Cursou o CPOR/RJ, sendo declarado Aspirante a Oficial da Arma de
Infantaria.
Foi 1° Tenente na FEB.
Faleceu aos 06 abr 2003.

Marcos Galper

Marcos Galper, filho de Samuel Galper e Ana Galper nas - ceu no Rio de
Janeiro em 10 de outubro de 1921. Casado com Dona Paulina Galper,
Reside em Copacabana

Seu pai era sobrinho de Jacob Scheineider, grande ativista da Comunidade


Judaica e ativo no teatro iídiche da época.
Em 1926, a família saiu do Rio fixando-se em Sorocaba onde o pequeno
Marcos frequentou a Escola de Freiras, por falta de outras.
Em 1930, mudaram-se para Campinas voltando depois para o Rio de
Janeiro onde Marcos entrou no Colégio Pedro II, segundo colocado no
exame de admissão, com média de 93 pontos, um ponto só menos do que o
primeiro colocado.
Prestou exame, em 1938, na Escola Naval obtendo o primeiro lugar em
matemática, mas preferiu cursar a Faculdade de Filosofia da Universidade
do Brasil (hoje UFRJ), na área de matemática.
Concluiu o Curso de Humanidades no Colégio Pedro II sendo declarado
apto para o serviço do Exército, ingressando no CPOR/RJ como Aluno do
Curso de Artilharia aos 16 dez 1940.
Em 22 jan 1943 foi declarado Aspirante a Oficial da Reser- va da Arma de
Artilharia, em 47. lugar na turma de 49 alunos. Na época o curso do CPOR
tinha a duração de 3 anos.
Entre seus colegas de turma de Artilharia, podemos citar Manoel Jairo
Bezerra, professor de Matemática que se notabilizou por ser um dos “4
Autores” do livro famoso adotado nas melho- res escolas do Brasil, Mauro
Thibau, Jayme Jakubovicz, Carlos José Tuttman e os irmãos Antônio e
Mário Raphael Vannutelli.
Mário Raphael Vannutelli reside em Brasília, tendo completado 90 anos em
27 jul 2008. Serviu junto com Galper na FEB.
As Unidades de Artilharia – o 2° Grupo do 1° Regimento de Obuses Auto
Rebocados, o 1° Grupo de São Cristóvão, comandado pelo Coronel Levi
Cardoso e o 3° Grupo, do Coronel Souza Carvalho, que veio de São Paulo,
faziam manobras na região de Campo Grande e Barra da Tijuca.
Galper era Oficial de Motores da Bateria de Comando e Serviços, do 2°/1°
ROAuR, e depois Observador Avançado da 3ª Bateria, missão de alto risco
junto as primeiras linhas do avanço da Infantaria, quando escapou da morte
por ocasião de rajada de fogo amigo que atingiu a cota 911 onde estava
posicionado.
Chegando a Itália o 2°.Grupo de Galper e Vannutelli se deslocou para
região de Vecchiano, recebendo ordem, assim como o 6º RI, de engajar-se
na frente, em área já determinada pelo Comandante do IV Corpo.
O II Grupo, comandado pelo Coronel da Camino, ocupou posição vizinha
ao Monte Bastione – depois da guerra, essa Unidade foi denominada Grupo
Monte Bastione.
Lá disparou o primeiro tiro, com a Primeira Bateria do Capitão Mário
Lobato Vale. Coube à Primeira Bateria dar o primeiro tiro, no Vale do
Sercchio, fato glorioso para a Artilharia brasileira, a fim de apoiar as ações
do 6º RI na captura de vá- rias localidades importantes como Barga,
Massarosa, Galicano e tantas outras.
No I Grupo de Artilharia, comandado pelo Tenente-Coronel Valdemar Levi
Cardoso, estava seu irmão, 2º Tenente Antônio Vanutelli. Era subalterno da
Bateria Comando do I Grupo, oficial de manutenção da subunidade e
recebia muitos elogios nessa função. O Comandante da Bateria Comando
era o Capitão Odemar Ferreira Garcia, que mais tarde, chegaria a General.
Os dois, únicos filhos, sairam de casa, no Rio de Janeiro, deixando os pais,
e seguiram para Itália, para a guerra, no 1º e no 2º Escalão. Antônio, o
irmão mais novo, é falecido.
Na ofensiva de abril, a Unidade prosseguiu rumo ao Vale do Pó, sabendo
que vinha do sul, a 148ª Divisão do Exército Alemão, com remanescentes
da 90ª Divisão Panzer e da Divisão Italiana Monterosa no propósito de
atravessar os rios Pó e Panaro e prosseguir para o Norte. Houve, no início,
uma refrega, porquanto os brasileiros perceberam, através da ação do 1º
Esquadrão de Reconhecimento, que o inimigo pretendia furar o cerco.
Houve tiro de Artilharia e ação da Infantaria. Como estavam com muitos
feridos, resolveram prosseguir com os entendimentos junto ao Comando da
FEB para que se procedesse a rendição.
Vannutelli esteve presente ao evento. Perto de 20 mil homens foram feitos
prisioneiros. O comandante dessa Divisão Alemã era o General Otto Fretter
Pico e seu Chefe de EstadoMaior era o Major W. Kuhn, considerado um
oficial de elite, naquela época.
Coincidentemente, na FEB estava o Coronel Franco Ferreira, um oficial de
Estado-Maior, de Cavalaria, que tinha sido adido militar na Alemanha antes
da guerra, falava muito bem alemão.
Para ir a guerra, Galper havia conseguido a intervenção do general Cordeiro
de Farias. Foi observador avançado da FEB, regulando os tiros da artilharia
junto à infantaria participando também de patrulhas e tomando parte na
batalha de Monte Castelo, sempre como observador avançado. Possui a
Medalha de Guerra e a de Campanha e é muitas vezes elogiado na sua
Folha de Alterações.
Desembarcou no Rio de Janeiro um dia antes do primeiro escalão trazendo
material de guerra capturado e também brasileiro para apresentá-lo, no dia
seguinte, na parada dos pracinhas na Avenida Rio Branco.
No Rio de Janeiro, participou de curso no CPOR (COR) para oficiais, de
volta da Itália, para ficar na ativa, durante dois anos, tirando o primeiro
lugar em matemática.
Um mês antes do curso terminar pediu demissão por ter sido nomeado
professor na Universidade, cadeira de Complemento de Matemática.
Saiu do Exército 1° Tenente, mais tarde promovido a Capitão e em seguida
a major da reserva.
Na Itália, tinha visitado a Brigada Judaica, perto de Nápoles. Após a
fundação do Estado de Israel, vieram oficiais da- quele país para o Rio
convidando Marcos para ser instrutor do exército da nova nação. Recusou o
honroso convite; não queria voltar a vida militar.
Após a guerra, tanto Galper quanto Vannutteli cursaram o COR – Curso de
Oficiais da Reserva no CPOR/RJ, que possibi- litava aos Oficiais R/2
ingressarem na ativa.
Vannutelli chegou a Tenente Coronel, e Galper a Major, sendo a sua Carta
Patente de 15 mai 1969 assinada pelo General Aurélio de Lyra Tavares.
Aos 11 jun 1997, as peças de 105 mm do Curso de Artilharia do CPOR/RJ
receberam as denominações históricas de Ten Marcos Galper, Ten Mário
Vannutelli, Ten Antônio Vanuttelli e Ten Alfredo Nicolau.
Gaper após o término da guerra esteve no famoso cemitério de Anzio, onde
viu centenas de Estrelas de David nos túmulos dos soldados judeus que
tombaram no famoso desembarque naquela localidade italiana.
Formou-se Bacharel e Licenciado em Matemática pela FNFi, e Engenheiro
Civil e Eletrotécnico pela UFMG. Na vida civil foi Professor do Colégio
Pedro II, Matemática e Física, Professor do DASP, Professor da Escola
Técnica Nacional,Professor Adjunto do Instituto de Matemática da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Meteorologista do Escritório de
Meteorologia do Ministério da Agricultura-Assessor técnico do Ministro do
Interior, Membro do Conselho Consultivo da SIDESC (Cia Siderúrgica de
Santa Catarina), Membro da Comissão de Expedições Científicas do
Conselho Nacional de Pesquisas.
Com tamanha experiência, Galper colabora ativamente até hoje com a
ANVFEB, onde é o Vice-Presidente, já há muitos anos integrando a
Diretoria.
Recebeu as Medalhas de Guerra, de Campanha e Marechal Mascarenhas de
Moraes.

Mauricio José Pinkusfeld

2º Comissário da Marinha Mercante. O único Herói Brasileiro Judeu da II


Guerra Mundial que se sabe desaparecido em decorrência de operações
bélicas. O Mar foi o Túmulo de um Jovem Sonhador In Memoriam
2 nov 1924 - 16 ago 1942

“... Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão


rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar.
Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena...” Fernando
Pessoa, cristão-novo e o maior dos poetas portugueses

Os Hebreus possuem tradição de grandes navegadores, desde os


marinheiros do Rei Salomão, que chegou a um lugar nas costas da África
onde hoje fica a Etiópia, encantando-se pela Rainha de Sabbah, daí viverem
hoje em Israel tantos de seus descendentes diretos, de lá saídos como
refugiados.

Possivelmente um gene remoto de um daqueles tripulantes que conduziram


a Corte do Rei Salomão, adormecido per secula seculorum, despertou em
pleno Séc XX naquele garoto sonhador da Tijuca, que secretamente
admirava o garboso uniforme branco do cunhado, marido da sua irmã
Amália, e pensava um dia vir a ser também um Oficial de Marinha.

Mas quando uma criança nasce, o seu destino já foi traçado, e nada poderá
mudá-lo. Para o cunhado Boris Markenson, o Grande Arquiteto do
Universo reservara uma carreira que o levaria ao posto de Almirante.

Entretanto, para o jovem Pinkusfeld a primeira dificuldade vi - ria no exame


médico, ainda que aprovado nas provas para a Escola Naval.
Posteriormente, incentivado pelo cunhado Boris, ingressou na Marinha
Mercante, classificado em 4º lugar, em fev/1941, mas a sua carreira
lamentavelmente viria ser muito curta.

Em dez/1941 conclui o curso e em jan/42 o Estágio a Bordo, recebendo a


Carta de 2º Comissário.
Já na segunda viagem, 16/ago/1942, o Aníbal Benévolo, do Lloyd
Brasileiro, foi alcançado na popa e na casa de máquinas por dois torpedos
do submarino nazista U-507, quando navegava de Salvador rumo a Sergipe;
atacado sem prévio aviso as 4h15min da madrugada, foi ao fundo com
incrível rapidez em menos de 2 minutos. Morreram afogadas 150 pessoas,
sendo 83 passageiros e 67 tripulantes, quase todos ainda recolhidos a seus
camarotes, onde encontraram a morte.
Apenas o Comandante, o cozinheiro e mais outro tripulante se salvaram. O
mundo desabou sobre o Pai, Sam Pinkusfeld, e a Professora Bertha
Abramant Pinkusfeld. Ela jamais se recuperou do golpe sofrido, a perda do
caçula de 5 irmãos, o Buby.
Dizia que quando um dedo dói, a mão toda dói. Somente encontrava algum
consolo indo ao túmulo do Pai, Mauricio Abramant, no Cemitério do Caju,
onde fora enterrado em 1902. Ainda não havia cemitério judeu, e sim a ala
dos judeus e protestantes. Ali buscava conforto chorando a morte do filho
querido, que nem túmulo tivera, tendo que ser quase carregada de volta.
Vindo da Prússia nas primeiras levas de imigrantes judeus do séc XIX, o
patriarca Mauricio foi sempre lembrado, pois a tradição conservou seu
nome nos netos, bisnetos, trinetos, tetranetos, gerando vários homônimos ao
longo das décadas, inclusive conhecido Deputado pelo Rio de Janeiro.
Não só de Portugal eram as lágrimas de que falava Fernando Pessoa. Um
milhar de mães do Brasil também as verteram, pranteando filhos
covardemente assassinados em nossos navios afundados pelos nazistas,
chorando junto com a Professora Bertha, que ensinava piano no
Conservatório de Villa Lobos.
Mauricio se fora na flor dos seus 18 anos. A irmã Elza pou- co depois do
naufrágio o reviu em um sonho. Dizia estar em um lugar chamado Baia
Negra, na costa de Sergipe. Próximo ao local do naufrágio.
Por incrível, o lugar existia mesmo. Constava das cartas náuticas. A família
esperançada se desdobrou enviando fotos e pedidos de informação para o
lugar, ajudada pelo cunhado Boris, à época Capitão-Tenente.
Mas de nada adiantou. Mauricio se fora para sempre. O cozinheiro que se
salvara milagrosamente visitou a família, relatando como os nazistas
metralharam impiedosamente os sobreviventes nos botes salva-vidas.
O U-507 maldito afundou 7 navios brasileiros em 4 dias com perda de 607
vidas preciosas, de 15 a 19 de agosto de 1942, ao longo da costa de
Salvador a Maceió, num total de 14.795 TDW.
Diante do clamor popular, aos 22 de agosto de 1942, o Presidente Getulio
Vargas reconheceu o estado de beligerância entre o Brasil e os estados
agressores do Eixo, a Alemanha e a Itália.
Pode-se inferir portanto que foram estes atos de barbárie nazista de um
submarino que determinaram a final o ingresso do Brasil na guerra.
Em 13 de janeiro de 1943, um Catalina da F.A. Americana afundou o U-507
com bombas de profundidade a NE de Natal-RN. Todos os seus 54
tripulantes pagaram com a vida os crimes praticados contra navios
mercantes indefesos.
A Marinha Mercante arcou com as maiores perdas humanas brasileiras na
Guerra, 975 mortos em 31 navios afundados. A Marinha do Brasil perdeu
468 homens em 3 navios afundados. A FEB teve 463 mortos, e a FAB, dado
o contingente, um número comparativamente menor, 8 pilotos.
A família nunca recebeu nada das Autoridades, nem da Comunidade
Judaica, diante da enorme perda de seu filho querido, aventurando-se nos
mares infestados de submarinos, para que o Brasil pudesse estar ligado de
Norte a Sul, numa época em que não havia as estradas que temos hoje.
Mas os verdadeiros bravos não temem, e sabem honrar o juramento que
pronunciam com destemor ao graduar-se nas cerimônias de formatura:

“... prometo cumprir rigorosamente...”. as ordens das autoridades


a que estiver subordinado ...
... respeitar os superiores hierárquicos, ... ... dedicar-me inteiramente ao
serviço da Pátria; cuja honra, integridade e Instituições,
defenderei, com o sacrifício da própria vida !“

Mauricio foi o único caso até agora conhecido dos 42 Excombatentes


judeus que deu a vida pela Pátria em decorrência de operações bélicas,
como tripulante de navio mercante a serviço do progresso do Brasil.

Possivelmente uma pensão especial e uma medalha postmortem


aguardaram todo este tempo em alguma repartição. Mas nada nunca foi
requerido.

Durante 63 anos sua história foi esquecida. Mas em 1º de maio de 2005, a


memória daquele jovem brasileiro foi homenageada diante do Túmulo do
Soldado Desconhecido, no Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial
no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.

A irmã Doroteia Lola Pinkusfeld Grossman, que tinha 11 anos quando


Mauricio partiu para a viagem sem volta, última remanescente, conduziu a
tradicional coroa de flores aposta diante da Chama Eterna, sob uma chuva
de pétalas de flores . Sem ter tido sequer uma matzeivá (pedra tumular), o
nome de Mauricio está eternizado no mármore do Monumento dos
Pracinhas, junto com centenas de outros brasileiros sacrificados no Altar da
Pátria, entre os quais também um Moisés, como a lembrar o nosso grande
Patriarca.

Melchisedech Affonso de Carvalho

Nascido 16 nov 1928 em Fortaleza – Ceará, filho de Da. Dalila M. de


Carvalho, descendente de índios tabajaras e do capitão do exército e pastor
presbiteriano, Manoel Afonso de Carvalho.

Fez o curso de grumete na E.A.M Almirante Batista das Neves em Angra


dos Reis.
Prestou serviços efetivos de operações de guerra em missão de comboio e
patrulhamento, durante o período da 2° Guerra Mundial, quando embarcado
a bordo do Destroier Bracui.
Prestou ainda, serviços embarcando no Tender Ceará, Contra Torpedeiro
Mariz e Barros e Destroier Bebebribe, Força de Contratopedeiros, e 1°
Flotilha de Contra Torpedeiros.
É Diretor Cultural da Associação dos Ex Combatentes do Brasil Seção do
Rio de Janeiro, Diretor de Patrimônio da Associação de Amigos da Marinha
e Membro da The Royal British Legion e The British & Commonwealth
Society of Rio de Janeiro.
Tenente reformado, Melchisedech Afonso de Carvalho dedica-se
ativamente a causa dos Veteranos, sendo assiduo nos eventos promovidos
pela Marinha alusivos a memória dos ex-combatentes.
É ainda Assistente da Presidente da Fundação Cultural, Educacional e
Artística Maestro Eleazar de Carvalho, onde colabora para divulgar a
memória e obra do seu saudoso irmão, que também serviu à Marinha do
Brasil, tocando tuba em diversas corporações e em 1928, já no Rio de
Janeiro, estudando solfejo e harmonia e integrando a Banda dos Fuzileiros
Navais. No ano seguinte, fez concurso para a Orquestra do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro. Para prestar o concurso teve que sair da
Marinha, que perdeu um músico, mas o Brasil ganhou o Grande Maestro
Eleazar de Carvalho, a quem a música erudita no Brasil tanto deve. Regeu
as principais orquestras do mundo e ensinou em grandes escolas
americanas. Sempre voltou. Dizia: “meu lugar é aqui!”
Melchisededch participou do 5° vôo de apoio da FAB à Operação Antártica
- XXI PROANTAR, realizado em maio de 2003. Possui diversas
condecorações, entre as quais Serviço de Guerra,Força Naval do Nordeste,
Ordem Mérito Naval, Medalha Mérito Tamandaré, Medalha Mérito do
Pacificador, Me- dalha de Mérito do Ex-Combatente do Conselho Nacional
da Associação dos Ex- Combatentes, Medalha da Vitória da Associação dos
Ex-Combatentes do Brasil Seção do Rio de Janeiro, Medalha de Mérito
Mascarenhas de Moraes, Medalha Amigo da Marinha, Honra ao Mérito
Maçônico, Medalha Tenente Max Wolff Filho.

Moises Gitz

Moises nasceu em Cruz Alta – RS, aos 25 out 1925, filho de Firmina
Silverston Gitz e Salomão Gitz.
Moises estudou no Heder (escola judaica) e atualmene frequenta o Círculo
Israelita de Porto Alegre, onde reside.
Na juventude era vendedor, até ser incorporado a FEB, como Cabo, tendo
embarcado aos 08 fev 1945 integrando o CRP – Centro de
Recompletamento de Pessoal e retornado em 17 set 1945 com o DP/FEB,
Depósito de Pessoal da FEB, tendo sido licenciado em 02 out 1945.
Seu Comandante foi o Coronel Arquimino de Carvalho.
Pelo lado materno Moises descende de escoceses e ingleses, sendo seus
avós Moritz e Rachel Silverston. Seu bisavô era o Rabino Jacob Silverston,
que no começo do século passado planejou o arruamento da cidade de
Petach Tikva em Israel. Moritz trabalhava como gerente de uma fábrica,
WaterPool, cujo proprietário era seu irmão. Moritz tinha idéias socialistas, e
desentendimentos com o irmão em função de uma greve determinaram seu
afastamento, tendo emigrado para a Argentina em 1880 e de lá para o Brasil
em 1912.
Moises reside atualmente em Porto Alegre.

Moyses Chahon

Moyses Chahon nasceu aos 27/08/1918 no Rio de Janeiro, filho de José


Ascher Chahon e Mathilde Gammal. Em princí- pios do séc. XX, seus pais
emigraram de Izmir, Turquia, país onde florescia importante comunidade
judaica, há poucos anos vítima do ódio que dinamitou uma sinagoga.
Após longa viagem de navio, a família foi morar na Rua do Rezende.
Preferiram o Brasil, País do Futuro no dizer do correligionário Stefan
Zweig, seguindo os passos de outros que haviam partido mais cedo em
busca dos ares mais amenos do Novo Mundo.

Ali perto, Moyses estudou no Colégio Anglo-Americano na Praia de


Botafogo, e depois no Colégio Pedro II (Internato). Cursou a Escola Militar
do Realengo, praça de 28 abr 1939, tendo sido declarado Aspirante a
Oficial da Arma de Infantaria aos 3 dez 1941.

Promovido a 1º Tenente, foi transferido para o Rio, onde foi servir no


Sampaio, o I Regimento de Infantaria, na Vila Militar. Os jornais de
Florianópolis em jan/1944 noticiavam os atos de promoção e transferência
do Ministro da Guerra, já naquela época destacando suas qualidades
promissoras, lamentando a sua ausência e referindo-se em termos bastante
elogiosos.

Embarcou para a Itália no 2º Escalão, aos 22 / set /1944. Na FEB foi


incorporado a 6ª Companhia do Regimento, hoje o 1º Batalhão de Infantaria
Motorizada do Grupamento de Unidades Escola. Comandou um pelotão de
fuzileiros, nos ataques a Monte Castelo em 12/12/1944 e em 21/02/1945;
Conquistou as posições inimigas em La Serra - 24/02/1945.

De amarelecidos recortes de jornais zelosamente preservados pela Família


pode-se reviver uma história recoberta pela poeira do tempo. A emoção de
ler hoje estes relatos é a mesma de exatos 60 anos, aos 24 de fevereiro de
1945, 3 dias após a Tomada do Monte Castelo.

Segundo despacho do correspondente de guerra Joel da Silveira, enviado


especial da Agencia Meridional de algum ponto da Itália, ao cair da tarde os
pelotões comandados pelos Tenentes Moises Chahon e Apolo Miguel Rezk
receberam ordem de avançar sobre os morros de La Serra. Após 6 horas de
combate, a posição foi tomada, ficando feridos os Tenentes Apolo e
Moyses.

A valente conduta dos soldados sob pesado fogo alemão, tomando 2 pontos
fortemente defendidos foi elogiada pelo Comandante do V Exército
Americano, devido a sua grande importância para as operações futuras.
O Correio da Manhã sob a manchete É Carioca o Tenente Chahon divulga
que ele tem 26 anos, filho de Matilde Chahon Gammal, o endereço na Av
N. Sa. de Fátima, 86/501, e que esta senhora, alem do Ten Moyses, tem
outro filho lutando pelo Brasil, o qual se chama Alberto e é tenente do
Corpo de Transmissões.

Ao final da guerra, em 23 de maio de 1945, ainda na Itá - lia, na cidade de


Alessandria, o Comandante do V Exército Americano, Tenente General
Lucian Truscott agraciou os soldados brasileiros da FEB e da FAB que mais
se destacaram com as seguintes medalhas:

1 - Citação de Combate - Medalha “Distinguished Service Cross” (Cruz de


Serviços Distintos) – APOLLO MIGUEL REZK (1G - 153466) – Primeiro
Tenente R/2 de Infantaria.

2 - Citação de Combate - Medalha “Silver Star” (Estrela de Prata) –


MOYSES CHAHON (1G-163.603) - Primeiro Tenente de Infantaria.

GERVAZIO DESCHAMPS PINTO (1G-149.061) - Segundo Tenente de


Infantaria.
JOÃO GUILHERME SCHULTZ MARQUES (1G-243.180)
- Primeiro Sargento de Infantaria.
AFONSO DE MELLO(1G-267.486) – Soldado de Infantaria.
3 - Citação de Combate - Medalha “Bronze Star” (Estrela de Bronze) –
concedida a 11 militares brasileiros, entre os quais os Tenente Coronéis
Humberto de Alencar Castello Branco e Amaury Kruel, que um dia se
tornariam Marechais do Exército Brasileiro.
4 - Citação de Combate - Medalha “Air Medal” (Medalha de Aeronáutica)
– concedida a 20 pilotos de caça brasileiros,
Portanto, apenas 4 brasileiros receberam a Silver Star, entre os quais
Moyses.
A única Medalha de Serviços Distintos, mais alta condecoração americana,
foi concedida a apenas um brasileiro, o Ten R/2 Apolo, conhecido
justamente como o maior herói da FEB, e que comandava o outro pelotão
da mesma 6ª Cia do Regimento Sampaio, junto com o pelotão de Moyses
na Tomada de La Serra.
A citação expedida em Boletim do Quartel General do V Exército,
traduzida do inglês, concede a Silver Star a Moyses por atos de bravura em
combate aos 23 de fevereiro de 1945, na conquista do importante objetivo
de La Serra, onde sob pesado e constante fogo de artilharia e morteiros
conduziu seu pelotão no avanço sobre o ponto cotado 958, expulsando os
alemães de posições extremamente bem fortificadas. Confrontando intenso
fogo inimigo e repetidos contra-ataques, organizou e manteve a defesa da
posição recém-conquistada, ainda que penosamente, dado ter sido ferido ao
início do engajamento. O Primeiro Tenente Moyses brava e heroicamente
liderou os seus soldados na derrota do inimigo. Ingressou no Serviço
Militar no Brasil.
Moyses recebeu ainda a Medalha Sangue do Brasil, por ter sido ferido em
ação, a Cruz de Combate de 2ª Classe, Medalha de Campanha, Medalha de
Guerra, e uma Citação de Combate do General de Divisão João Baptista
Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, expedida aos 23 de fevereiro
de 1945, onde se pode ler ao final:
“A combatividade, o espírito de sacrifício, a decisão inquebrantável, a
elevada compreensão que tem da honra militar, a capacidade de comando
reveladas pelo Ten Chahon, são exemplos dignificantes que desejo por em
relevo, para os brasileiros que combatem na Itália.”
Recebeu ainda a Ordem do Mérito Militar de 1ª Classe, Medalha Militar
com Passador de Ouro (30 anos), Medalha do Pacificador, e a Carta Patente
de Cavaleiro de mérito da Or- dem Militar e Hospitalar de são Lazaro de
Jerusalém.
Moyses foi agraciado com a Cruz de Combate de 2ª Classe outorgada pelo
Presidente da República; Em extensa citação no diploma, Moyses é louvado
pela coragem com que comandou seu pelotão, mantendo-se por 4 dias em
em face de sucessivos e violentos contra-ataques inimigos, sendo atacado a
granadas de mão, desabrigado e sob fogo de artilharia e morteiros. Nos dia
seguintes melhorou as posições e repeliu diversos contra-ataques, fazendo
prisioneiros, tendo seu pelotão sofrido as maiores baixas da companhia.
Moyses retornou da Itália em 22 / ago / 1945. Transferido para reserva no
posto de General de Divisao aos 25 dez 1969, e reformado em 22/set/1971.
Moyes Chahon, este bravo Soldado Brasileiro de fé judaica, Herói de La
Serra, nos combates da Itália honrou a memória do valente cearense de
Tamboril, Brigadeiro Antônio de Sampaio, Patrono da Arma de Infantaria
que dá nome ao seu Regimento. Deixou nosso convívio em 1981 aos 63
anos.
Depoimento da Dra. Vera Chahon, filha do General Moy - ses Chahon e
sobrinha do Coronel Alberto Chahon.
Dra. Vera Chahon é psicóloga no Rio de Janeiro, e gentilmente elaborou o
relato que reproduzimos abaixo.
Julgamos oportuno preservar o estilo coloquial apenas com ligeiras
alterações, permitindo ao leitor conhecer o lado familiar dos Irmãos
Chahon, emotivo e tocante.

“Um pouquinho da história dos irmãos Chahon “ A FAMÍLIA

PAI - José Ascher Chahon - nascido em Rodes- Grécia (ele se dizia turco na
época, devido à guerras permanentes)
Chegou ao Brasil com seu irmão mais velho David.
MÃE - Mathilde Cohen (de solteira) - nascida em Smirna- Turquia, se dizia
grega pelas mesmas razões. Falava ladino. Faleceu em 1984.
Antes de chegar ao Brasil, minha avó Mathilde esteve antes na Argentina.
Meu avô José morreu jovem, aos 39 anos, deixando três filhos, Rebecca, a
mais velha e os dois meninos.
Papai ficou órfão aos 9 anos de idade e tio Alberto aos 7. Vovô sofria de
uma doença renal hereditária - rim policístico, que infelizmente meu pai
herdou e que aos 62 anos foi a causa de sua morte.
Muito pouco se falava desse avô, pois antes de falecer o casal havia se
separado - acredito que muito em função das alterações da doença, que
viemos mais tarde a conhecer em nosso próprio pai.
Sempre que ele sentia dores nos rins, nos pedia para sentar sobre suas
costas fazendo peso, e lembrava-se que o pai lhe pedia o mesmo, já
separado da mãe e morando em um quarto de hotel. Devido à situação
financeira muito precária, minha avó Mathilde passou a costurar para fora, e
conseguiu bolsa de internato para os dois meninos, no Colégio Anglo
Americano. Posteriormente tornou-se da alta costura, o que lhe garantiu
uma freguesia da “alta”. Digo isto, porque este fato teve in- fluência na
entrada dos meninos para as Forças Armadas. Ini- cialmente ao prestarem
exames, foram barrados pelo fato de serem judeus. Uma freguesa de vovó,
esposa de um general (Gen. Pondé) ao saber relatou ao marido, que então
enviou uma carta de recomendação, o que lhes abriu as portas. Uma estrela
de David no peito! Quanta diferença fez! Contavam eles que foram muito
discriminados no Internato, e até mesmo sofreram maus tratos por parte de
uma diretora
- Miss Dayse, pois eram pobres, mal vestidos. Papai contava do solado de
seu sapato, formando uma língua, das camisetas surradas... Muito diferente
dos outros meninos.
Interessante que nunca transpareceu nenhuma queixa, ressentimento ou
mágoa. Acho que nos contava estas passagens muito no sentido de nos
ensinar a valorizar as conquistas e o esforço necessário para se vencer na
vida.
Os estudos acima de tudo!!! Ele foi exigente neste ponto, mas a gente nunca
se sentiu pressionado, era muito suave a forma como exerceu sua função
paterna. Minha mãe às vezes se dirigia a ele como sendo “pai-mãe”, pois
era ele que nos le- vava ao colégio (prá que ela pudesse dormir um pouco
mais), preparava merenda, comprava livros e encapava os cadernos,
ajudava nos trabalhos de escola. E sempre fazendo amizade com nossos
mestres. Só mais tarde percebi que era uma forma de controlar nosso
“andamento”, mas também era tão sutil e natural, que nunca nos sentimos
perseguidos ou envergonhados por sua presença constante.
Lembro uma vez - meu tio Alberto já em idade avançada comentando o
fato, e tomado de tanta emoção que me comoveu, pois não sabia que tinham
sofrido a tal ponto.
Depois estudaram no Pedro II e de lá direto para a Escola de Cadetes, após
vencerem as provas dificílimas, inclusive de esforço físico, e com a carta de
recomendação do Gen. Pondé.
Seguiram carreira, papai serviu inicialmente em Florianóplolis.
Parênteses: (Nossa, Israel, ao escrever estas linhas acabei me emocionando
tanto! Fico a pensar como deve ter sido difícil a vida para eles ainda tão
pequenos, vivendo a separação dos pais, em uma época em que isto não era
nada comum. Em seguida órfãos de um pai muito querido, e separados da
mãe ao viverem no internato... Acho que para quem conseguiu vencer essas
batalhas da vida e da alma, a guerra foi... não dá para saber !).
Na época da guerra, minha avó foi chamada ao Quartel General, pois tendo
dois filhos militares, e sendo viúva, so- mente um deveria ir para a Itália.
Escolha de Sofia! Ela retrucou que iriam os 2, ou nenhum.
Daí em diante você já conhece parte da história.
Tio Alberto ocupou função nas telecomunicações, e fica- mos sabendo das
“ordens” que eram dadas, quando havia pro- blemas nos fios, sei lá.
Na época pode-se imaginar a precariedade de tudo.
Ao voltarem da guerra, fizeram de imediato exame para a Escola Técnica
Militar (atual IME). Loucos! Passaram, mas tiveram que esperar o ano
seguinte para que fossem então promovidos a Capitão (houve alteração
impedindo que 1º Ten. ingressassem no IME).
Meus pais se casaram no Grande Templo, em 26 de janeiro de 1950.
Ambos foram grandes chefes de família, pais amorosíssimos, maridos
maravilhosos, segundo as esposas.Também filhos gratos e generosos, pois
com as economias que fizeram durante a guerra, vovó comprou uma casa
geminada em Botafogo, cujo aluguel sempre foi revertido para o casal (ela e
o padrasto, um verdadeiro e amadíssimo pai postiço e avô - Selim
Gammalnascido em Alexandria, Egito). Os dois sempre se ocuparam do
bem-estar do casal, mesmo morando fora do Rio.
Papai Moyses após concluir Engenharia Mecânica de Automóveis e
Industrial, fez arquitetura na Universidade do Brasil (atual UFRJ). Mas ele
era um compositor, fazia músicas, cantava e sua grande frustração era não
tocar nenhum instrumento. Isto nunca lhe impediu de cantar nos bailes, o
que me surpreendia, porque apesar de muito expansivo e dado, ele era um
tímido lá no seu interior. Uma figura! Amava esportes, e ao receber um
trote da turma de Cavalaria, passou a se dedicar à montaria. Tenho seu
uniforme completo de equitação - menos o quepe.
Aos 36 anos de idade foi diagnosticado como portador da doença paterna, e
lhe deram de 6 meses a um ano de vida, devido à falta de recursos da
medicina.
Outra batalha a enfrentar - dietas absolutas, privações de toda ordem -
inclusive de praticar esportes.
Ele cumpriu rigorosamente tudo que lhe favorecesse uma melhor qualidade
de vida, e assim foi! Trabalhava normalmente, sem nunca faltar, enfim,
levou vida normal e controlada. Gostava muito de viver! Fazia tudo pela
família.
Saímos do Rio para Itajubá, sul de Minas (muito distante na época) e lá ele
serviu na Fábrica de Armas de Itajubá.
Em Juiz de Fora, serviu no Quartel sede da 4ª Região Militar, tendo
chefiado o setor de moto-mecanização de toda a Re- gião Militar, em
especial em março de 1964, quando apoiou a Revolução juntamente com o
Gen. Olímpio Mourão Filho, sendo o responsável pela mobilização das
tropas para o famoso encontro no rio Paraibuna.
Nunca, porém, rompeu com seu ideal de democracia, entendendo que os
Presidentes militares deveriam ter realizado a transição de poder aos civis,
muito antes do ocorrido.
Mesmo morando fora , e não tendo sinagoga nem famílias judias onde
morávamos, sempre vínhamos ao Rio para todas os festejos judaicos.
Tínhamos a sorte de comemorar com ambas as famílias, pois moravam no
mesmo prédio em Copacabana. Embora tenhamos tido na juventude pouco
contato com a comunidade, nossos avós maternos e paternos, eram muito
religiosos e zelosos quanto aos princípios judaicos, mas não diria
propriamente ortodoxos. Presunto, camarão, nem pensar.
Frequentávamos a Sinagoga Beth-El, do CIB - Centro Israelita Brasileiro,
na Rua Barata Ribeiro em Copacabana.
Com o agravamento da doença, Papai Moysés sofreu um transplante de rim,
passando para reserva, isso após ter feito o curso de Direito juntamento com
o filho, Jose Alberto Chahon, engenheiro do BNDES. Tio Alberto mudou-
se para Barueri.

Pedro Kullock

Pedro nasceu aos 12 dez 1922 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Manoel
e Sara Kullock.
Na FEB foi Aspirante a Oficial de Infantaria tendo embar- cado aos 08 fev
1945 com o CRP/FEB – Centro de Recompletamento de Pessoal, e
retornado em 03 out 1945 com o DP/ FEB – Depósito de Pessoal.
Embora jovem ainda, já era um homem com grande experiência de vida e
viajado, conhecia a Argentina, tinha residido nos Estados Unidos, e por
dominar o inglês ocupou a função de intérprete junto ao V Exército.
Oriundo do CPOR/RJ, esteve sediado em Florença, o que resultou em forte
ligação emocional com esta magnífica cidade italiana, o berço do
Renascimento italiano, e uma das cidades mais belas do mundo, terra natal
de Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia”, marco da literatura
universal.
O pessoal da FEB costuma gozar licenças nesta cidade, governada pela
família Médici desde o início do século XV até meados do século XVIII. O
primeiro líder da cidade pertencente à família Médici foi Cosme, o Velho,
chegou ao poder em 1437. Foi um protetor dos judeus na cidade, iniciando
uma longa relação da família com a comunidade judaica, uma relação tensa,
que se tornaria comprometedora com a Inquisição italiana.
Florença teve antes e durante o período de governo dos Médici uma
influente comunidade judaica, que deteve um pa- pel proeminente na arte,
finanças e negócios da cidade até que os judeus passaram a ser perseguidos
mais fortemente pela Inquisição italiana.
A Grande Sinagoga de Florença, também conhecida como Tempio
Maggiore, Templo Principal, é considerada uma das mais belas da Europa.
Destacam-se as diversas e belíssimas catedrais de épocas e estilos
diferentes. A cidade também é cenário de obras de artistas do
Renascimento, como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Giotto, entre
outros.
Em Florença nasceram os papas Leão X, Clemente VII, Clemente VIII,
Leão XI, Urbano VIII, Clemente XII
Por alguns dias Pedro teve sob sua responsabilidade prisioneiros da 148ª
Divisão de Infantaria alemã, que se rendeu a FEB em abril de 1945, com
cerca de 20 mil homens e farto material de combate. Os prisioneiros foram
entregues ao V Exército Americano que os relocou para o campo de
prisioneiros de Modena, já que a FEB não dispunha de local nem meios
para exercer a guarda.
Em dada oportunidade mandou que entrassem em forma e se perfilassem,
apresentando-se como o comandante da uni- dade a que estavam
prisioneiros, falando em yiddish, língua bastante parecida com o alemão,
finalizando com “Ich bin Jude” (Sou Judeu), ao que nenhum deles da
suposta “raça su- perior” ousou responder.
Na vida civil Pedro foi industrial e sócio e diretor da Construtora Servenco
e da Rio Som. Tinha um hobby de projetar e construir moto-homes com os
quais viajou pelo mundo.
Era artista amador no Colégio Israelita Eliezer Steinbarg, na Rua das
Laranjeiras, do qual foi um dos fundadores. A filha Eline herdou seus dotes
artisticos, atuando mas tarde no mesmo palco.
Pedro pertencia a casta sacerdotal dos Sacerdotes do Templo de Salomão
em Jerusalém. Pela tradição oral passada de pai para filho, Pedro descendia
de Aharon haCohen, irmão do Gran- de Patriarca Moises,e que foi o
primeiro Grande Sacerdote.
Isso lhe dava certos direitos e deveres na tradição judaica, como ser o
primeiro a ser chamado na sinagoga para a leitura da Torá (Bíblia), e não
poder ter proximidade com mortos, assim não podia entrar em cemitérios.
Tansmitiu aos filhos seus valores judaicos, como relata Paulo César. Era um
empreendedor, desbravador, montando a Rio Som, empresa que respondia
por 90% dos anúncios de radio ao início dos anos 60. Ajudou a consolidar a
Servenco no começo, junto com o pai e irmãos.
Já com mais de 70 anos aprendeu informática e fazia mapas astrológicos.
No final da vida, já incapacitado ainda estu- dava a possibiliddade de criar
avestruzes.
Faleceu em 11 de agoto de 2001.

Rafael Eshrique

Rafael era 1° Sargento, tendo embarcado aos 22 set 1944 integrando o QG


do General Olympio Falconiere da Cunha, e retornado em 22 ago 1945
integrando a Tropa do QG da 1ª DIE - Divisão de Infantaria Expedicionária.

Há uma foto de Rafael na Itália onde faz uma dedicatoria ao Ten Moyses
Chahon.
Salli Szajnferber

Salli Szajnferber nasceu aos 04/10/1923 no Rio de Janeiro, filho de Abram


e Berta. Em princípios do séc. XX, seus pais emigraram da Polônia. Abram
era um ex-combatente da I Guerra Mundial.

Apos longa viagem de navio, a família foi morar em Guaratinguetá – SP,


onde em 1932 Salli teve sua primeira experiência de “combate”, quando
durante a Revolução Constitucio- nalista de 1932 um avião bombardeou a
cidade.

Mudando-se mais tarde para o Rio, na Rua Carlos Vasconcellos, ao lado da


Praça Saens Peña, na Tijuca, o menino Salli de 11 anos prestou o Exame de
Admissão para o prestigioso Instituto La-Fayette, na Rua Haddock Lobo,
que existe até hoje como Fundação BRADESCO. Tirou 100 em todas as
matérias, nas 9 provas, escrita, oral e final.

Cursou em seguida o Colégio Militar, após o que prestou concurso para a


Escola Militar do Realengo, quando teve de enfrentar certas dificuldades
inerentes à época.
Dois itens da ficha de inscrição constituiam-se em obstá - culo por vezes
intransponível. Cor e Religião. Mas felizmente haviam pessoas justas e
sensíveis a quem se podia recorrer, e Salli encontrou na pessoa do Ten Cel
Inf Walfredo Reis o instrumento que materializou a vontade divina.

Sim, pois quando uma criança nasce o seu destino já foi traçado e nada
poderá mudá-lo. Salli haveria de se classificar em terceiro lugar no
concurso e aos 08/jan/1944, para orgulho dos pais, obteve o segundo lugar
da turma e foi declarado Aspirante a Oficial, do Exército de Caxias, da
Artilharia de Mallet, a cujas tradições iria honrar ao longo de uma carreira
exemplar.

Logo escolheu por vontade própria servir em uma unidade expedicionária, o


Grupo de Artilharia de São Paulo, I/2º Regimento de Obuses Auto
Rebocado, integrante da FEB que estava sendo formada. Foi deslocado para
a Vila Militar e daí para o Forte do Campinho, embarcando em 22/set/1944
para a Itália no navio americano de transporte de tropas General Mann, 2º
Escalão.

Salli combateu em 2 grandes momentos da FEB, a Tomada de Monte


Castelo e Montese. Exerceu a principio as funções de Oficial de Motores, e
em seguida de Comandante de Linha de Fogo – CLF, e Observador
Avançado da Artilharia. Somente a sua bateria deu 3.700 tiros de obus 105
mm sobre Monte Castelo, que sumia em meio a fumaça dos bombardeios de
artilharia e de aviação.

Em Montese foi levemente ferido, quando Observador avançado junto a 9ª


Companhia do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria. Foi o mais
sangrento combate da FEB, com 574 baixas entre mortos e feridos. O III
Grupo de Artilharia deu em Montese 9 mil tiros.

Em 28 de abril de 1945 a Bateria de Salli recebeu como missão apoiar o 6º


Regimento de Infantaria no cerco ao inimigo na Ofensiva da Primavera, o
qual terminou por se render. Era a 148ª Divisão alemã, com todo seu
material, canhões, tropa a cavalo e remanescentes da divisão Panzer
Grenadier e Bersaglieri italiana. O General Otto Fretter Pico se rendeu com
outro General italiano, 892 oficiais, 19.689 soldados, 80 canhões, 5 mil
viaturas e 4 mil cavalos.
Nessa noite, a Bateria teve que fazer a guarda de 900 prisioneiros, quando
foi apreendida uma enorme bandeira nazista, que hoje se encontra no museu
do 20º Grupo de Artilharia de Campanha Leve em Barueri-SP, o Grupo
Bandeirante e que justamente a cada 29 de abril a 01:45 da madrugada
comemora a última missão de tiro da Artilharia Divisionária da FEB na
Itália.

Pela sua bravura em ação na tomada de Montese, foi agraciado pelo


Presidente da República com a Cruz de Combate de 1ª Classe. O diploma
assinado pelo Ministro da Guerra General Pedro Aurélio de Góis Monteiro
destaca sua grande coragem, sangue frio e capacidade de ação, durante os
encarniçados combates de 14 e 15 de abril de 1945. Progredindo em terreno
minado severamente batido por fogo de artilharia, morteiro e armas
automáticas, o Ten Salli cumpriu galhardamente a sua missão de
Observador Avançado ajustando com precisão os tiros da nossa artilharia.

Foi ainda elogiado em Boletim pelo Comandante do Regimento Tiradentes,


11º RI de São João Del Rei, Cel Inf Delmiro Pereira de Andrade, pela
bravura e espírito de sacrifício nas duras jornadas de 14 e 15 de abril, junto
aos pelotões terrivelmente hostilizados pelo inimigo. A sua calma, a sua
competência e a sua bravura pessoal o fizeram credor da admiração de toda
a Companhia.

Após retornar da Itália, em 22/ago/1945, Salli cursou a Escola de Educação


Física do Exército, onde foi aprovado no Curso de Instrutor de Educação
física em 1º Lugar com grau 8,568, menção MB. Em 1955 fez o curso de
Comando e Estado Maior na ECEME, com menção MB, e dela foi Instrutor
por 3 anos.

Integrou a equipe brasileira de Pentatlo Militar na Argentina e Suécia,


comandou o 6º Grupo de Artilharia de Dorso em Castro – PR, foi membro
da missão Militar Brasileira no Paraguay, conselheiro do CND por 10 anos,
e representante do Estado Maior do Exército no EMFA.

Salli passou para a Reserva em 01/ago/1966, quando servia na 4ª Seção do


Estado Maior do Exército. Por ocasião da sua despedida, foi saudado pelo
orador como um privilegiado, por ter integrado no mais alto grau todas as
capacidades do Homem, como disse um filosofo, físicas, intelectuais e
morais, exaltando suas qualidades que o colocaram sempre nos primeiros
lugares.

Salli Szajnferber, bravo Soldado Brasileiro de fé judaica, Herói de Montese,


nos combates da Itália honrou a memória de Mallet, Patrono da Arma de
Artilharia.

Salomão Malina

Salomão Malina nasceu aos 16–5–1922 no Rio de Janeiro. Em princípios


do séc. XX, seus pais emigraram de Lodz, cidade industrial na Polônia,
onde florescia importante comunidade judaica, que poucos anos depois
seria exterminada pelo ódio.

Na longa viagem de navio jamais poderiam eles sequer imaginar, mas um


dia a chegada de um menino viria alegrar a casa simples, e estava escrito
que este menino seria um pensador, e mais que isso, unindo a ação às
palavras e fazendo o caminho inverso dos imigrantes, por vontade própria
iria lutar de arma na mão contra aqueles mesmos nazi-fascistas inimigos da
Humanidade que tentavam destruir as raízes do seu povo.

A família foi morar na Praça XI, a rua judaica humilde da época. Ali perto,
Salomão estudou no Colégio Pedro II e cursou o CPOR - Centro de
Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, de onde saiu
Aspirante-a-Oficial da Arma de Infantaria.

Na FEB foi incorporado ao 11º Regimento de Infantaria de São João Del


Rei, hoje o 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, tendo comandado o
Pelotão de Minas, função natural para quem havia sido mandado fazer um
curso de especialização nos Estados Unidos antes da Guerra nesta área.
Embarcou para a Itália em 12/nov/1944.

As minas alemãs custaram a FEB um grande número de vítimas, entre


mortos e mutilados. Em atividade extremamente perigosa, detectando e
desativando artefatos e booby-traps, Salomão Malina e seus comandados
contribuíram para evitar maior perda de preciosas vidas brasileiras. Em
reconhecimento, o Presidente da República outorgou-lhe a Cruz de
Combate de 1ª Classe, medalha com a qual apenas poucos integrantes da
FEB foram agraciados, por atos individuais de bravura. Malina recebeu
ainda a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha.

Em extensa citação no diploma, Malina é louvado pela coragem com que


comandou seu pelotão, abrindo caminho para a passagem da Infantaria no
eixo de ataque através de terreno minado, sob pesado fogo da artilharia e de
morteiros alemães, durante o avanço do Regimento para a conquista de
Montese, uma das maiores glórias da FEB.

Malina retornou da Itália em 17/09/45, tendo sido reformado em


04/nov/1983.
Salomão Malina estudou na então Escola Politécnica do Largo de São
Francisco, depois Escola Nacional de Engenharia da Universidade do
Brasil, transferida para a Ilha do Fundão.
Na época, trabalhava em uma das maiores indústrias eletrônicas brasileiras,
a SESA - Standard Electric S. A., subsidiária da multinacional americana
ITT – International Telephone & Telegraph, que fabricava televisores e
outros aparelhos no subúrbio carioca de Vicente de Carvalho. Planta que
chegou a empregar milhares, esteve fechada durante 2 décadas até dar lugar
a um moderno centro de compras, o Carioca Shopping próximo a estação
do metrô.
A Associação dos Antigos Alunos da Politécnica inaugurou em dez/2004
em sua sede, no mesmo tradicional e centenário prédio da Politécnica no
Largo de São Francisco, Alma Mater da Engenharia Brasileira, uma
estatueta representando os expedicionários alunos da casa, de autoria de Da.
Silvia Vaccani, antiga Professora da Casa, e esposa do eminente e também
Professor Ernani da Motta Rezende.
Na singela peça escultórica, um soldado de arma na mão representa os
nobres ideais daqueles estudantes, que em passeatas pediam ao Governo de
Getulio Vargas que declarasse guerra ao Eixo, após o torpedeamento de
tantos navios com perda de centenas de vidas de brasileiros inocentes. Uma
placa na parede recorda os nomes de 9 bravos, onde figura Salomão Malina.
Os desígnios da vida impediram que Malina terminasse o curso de
Engenharia. Ativista político, ele e sua família levaram uma vida atribulada,
onde não raro foi perseguido, tendo que mudar de bairro, de cidade, ocultar-
se, mudar de identidade.
Não fosse os inúmeros recortes de jornais que descrevem a sua trajetória, e
cópias de documentos das autoridades policiais da época, judiciosamente
colecionados pelo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, teria sido
difícil obter detalhes ou fotos da sua vida militar, de vez que as
circunstâncias exigiam que fotos e documentos seus não ficassem
guardados em casa.
Salomão Malina foi militante histórico, último SecretárioGeral do PCB e ao
final da vida Presidente Honorário do PPS. Antes de partir, vitimado por
doença incurável de que padecia há longos anos, manifestou a vontade de
ser enterrado como judeu. Toda vida conservou o Talit (Manto Ritual) com
que cumpriu a cerimônia do Bar mitzvah (maioridade religiosa aos 13
anos). A tradicional foto de Kipá (solidéu) e Talit que todo menino judeu
tira neste dia consta do livro de memórias, lançado às vésperas de seu
passamento.
Teve enterro judaico com velório na Assembléia Legislativa de São Paulo,
onde compareceram inumeros representantes dos setores políticos e
culturais da sociedade. Frisava que suas raízes eram autênticas, e não uma
volta às origens, de vez que sempre viveu como israelita, jamais ocultando
sua fé.
Este bravo Soldado Brasileiro de fé judaica, incompreendido por uns,
enaltecido por outros, mas sem dúvida um homem fiel as suas ideias, nos
deixou em 2002 aos 80 anos.

Salomão Naslausky

Salomão nasceu no Rio de Janeiro aos 20 jun 1915, filho de Marcos e


Annita.
Serviu na Itália no 1º Grupo do 1º Regimento de Obuses Auto Rebocados,
1/1 ROAuR, sob o comando do Tenente Coronel Waldemar Levy Cardoso,
tendo embarcado aos 22 set 1944 e retornado com a mesma unidade aos 22
ago 1945. Comandou a 2ª Bateria de Obuses 105 mm.
Desempenhou importantes comissões ao longo de uma brilhante carreira
militar com mais de 30 anos, como a de Comandante da Escola de
Artilharia de Costa e Anti Aérea – EsACos AAe.
Foi agraciado com diversas medalhas, das quais destacam-se:
a) Concedidas pelo Presidente da República
Cruz de Combate de Segunda Classe, por ter, como Capitão Comandante da
2ª Bateria do 1º Grupo de Artilharia 105 mm da FEB, revelado capacidade
profissional, sangue frio e coragem nos combates em que tomou parte sua
Unidade durante a Campanha da Itália.
Medalha de Guerra, por ter prestado relevantes serviços no preparo e
instrução de sua Unidade, concorrendo com seu esforço para que a mesma
quando empregada em combate se apresentasse nas melhores condições de
eficiência.
Medalha de Campanha, por ter como integrante da Força Expedicionária
Brasileira, participado de operações de guerra na Itália.

b) Concedidas pelo Ministro de Estado dos Negócios da Guerra

Medalha do Pacificador : Medalha Militar de Ouro, por ter completado


mais de 30 Anos de Bons Serviços Militares.
Transferido para a Reserva em 30 jul 1970, na inatividade escreveu diversos
artigos com base na sua experiência de combate tendo 2 deles sido
publicados na Revista Militar Brasileira, número comemorativo do 30º
Aniversário da Organização da FEB.
Barga, págs 154 – 156.
Cota 747, págs 175 – 177, onde relata seu último encontro com o Sargento
Max Wolff Filho, quando o maior herói da FEB partia para sua última
patrulha, poucos minutos antes da morte gloriosa em combate.
Conforme relata, “... – posso contar com sua artilharia, Capitão?
Perguntou ele ao passar pelo observatório, ponto obrigatório de passagem
para se atingir as posições inimigas daquela frente...”
Depreende-se do texto que o Capitão Naslausky encontrava-se no PO do
Grupo (Posto de Observação), junto as primeiras linhas de ataque da
infantaria, uma atitude corajosa e voluntária, já que o PO é guarnecido por
tenentes, e ele como Comandante da Bateria deveria estar no PC – Posto de
Comando na retaguarda, junto a Central de Tiro que fica a alguns
kilometros, orientando a unidade.
Ao final do texto, o Cap Salomão presta uma homenagem ao Sargento
Wolff:
“...nãohaviamaisdúvidas...morreraoherói.Eaocertificar-se da verdade,
procurou o artilheiro seu abrigo individual, único lugar em que poderia
naquele momento ficar só. E lá não se conteve. Chorou. Chorou o
Artilheiro a morte do seu herói da Infantaria... “
Salomão Naslauski faleceu no Rio de Janeiro aos 11 de junho de 1984.
Samuel Kicis
A Carreira Exemplar de um Soldado Brasileiro de Fé Mosaica (*)
(*) – Palestra apresentada no evento de 1°. de maio de 2005 no Grande Templo Israelita

Corria o ano de 1944.


Leda, uma menina de 7 anos no colo da mãe assistia da varanda da sua casa
em Deodoro, a beira da linha da Central do Brasil, o lento e constante
desfilar do imenso comboio de vagões rolando sobre os trilhos, carregando
as tropas prontas para o embarque no Cais do Porto, onde os navios
americanos de transporte aguardavam, junto com a nossa Marinha de
Guerra que faria a escolta até Gibraltar.
As tropas vinham da Vila Militar e de Minas.
Mesmo no inverno, o sol do Rio de Janeiro já era quente de manhanzinha,
bem diferente da Itália gelada para onde o pai de Leda estava iniciando uma
longa viagem naquele trem, a viagem que não para todos teria retorno.
Com seus olhinhos de menina esperta, Ledinha conseguiu divisar o pai a
distância, na janela do trem.
Assim, com as bençãos infantis da filha, o jovem Capitão de Artilharia
Samuel Kicis, Comandante da 2ª Bateria do 4º. Regimento de Obuses 155,
seguiu para o front, junto com os seus soldados.
Samuel vinha de longe. Seus pais, Isaac e Bertha Kicis nasceram e
cresceram na Bessarabia, hoje Moldávia, região entre a Rumania e a Russia.
Havia dezenas, centenas de pequenas cidades onde flo- resciam pequenas,
medias e grandes comunidades judaicas. Um mundo que acabou...
Uma terra que amargava séculos de dominação estrangeira, pelos russos,
pelos prussianos, e onde a minoria judaica alternava periodos de
tranquilidade com a perseguição injustificada.
Pogrom... palavra russa que significa chacina... de ju- deus.
Em 1903, ali mesmo, em Kishinev, uma cidade central da Bessarabia,
houve um pogrom.
Um jovem poeta estava ali, viu e escreveu “A Cidade do Massacre” em
homenagem às vítimas inocentes.
Haim Nahman Bialik (1873-1934). Poeta. Judeu nascido na Rússia.
Falecido em Tel Aviv, que mais trade viria a ser conhecido como o Poeta
Nacional de Israel.
A profunda e emotiva descrição do poeta Bialik do sofrimento inimaginável
torna-o extraordinariamente apropriado para recordar Auschwitz.
“Que fazes aqui, filho do homem?
Levanta-te, foge para o deserto!
Leva para lá contigo o cálice de desgosto!
Levai a sua alma, rasga-a em mil retalhos!
Com raiva impotente, com coração deformado! Verte a tua lágrima sobre
rochas áridas
e manda o seu grito amargo à tempestade!
Era um prenuncio do Holocausto, que estava por vir. Não surpreende
portanto que tantos tenham decidido partir. Os Kicis descendem do Rabino
Ze’ev Wolf Kitzes, que viveu no séc. XVIII. A grafia experimentou
evoluções ao longo dos séculos, bem como novos ramos se incorporaram:
Kitces, Keces, Keses, Kitzes, Ketzis, Kitzis, Kicis, Kitsis, Kitses,
CHAREST, PEARSON, GORDON, WESTHEIMER, GREENWALD,
SIMON, ROHR, DUNSKY.
Os Kicis ouviram falar do Brasil. Um pais de onde diziam haver tantas
riquezas, até pedras preciosas restavam penduradas nas árvores.
Uma Terra Abençoada, onde vivia um povo alegre, ludico e musical, com
fartura de terra e água, o sol brilhando o ano todo, onde seriam bem
recebidos por um povo hospitaleiro, descendente dos índios, dos negros
escravos e dos portugueses, e que por isso mesmo não discriminava
ninguém. Todos tinham uma oportunidade, e o sol nascia para todos.
A viagem foi penosa. Reunindo os poucos pertences que podiam levar,
despediram-se dos familiares, que jamais iriam rever, iniciando a viagem
para a nova Terra Prometida. Como a maioria dos imigrantes, iam de
terceira classe, porque não havia a quarta...
Não era raro que criancas e idosos não resistissem a bordo. Os pais se
desesperavam ao ver o pequeno corpinho sendo lançado ao mar. Queriam ir
juntos, quase enlouquecidos, era preciso que os amigos os segurassem para
que não pulassem a amurada.
Mas o futuro iria sorrir para aquela gente, apesar de tudo com o coração
cheio de esperança.
Ao atravessar a entrada da barra na Baia da Guanabara, só de olhar a
paisagem já gostaram daquela terra, e entre lágrimas de saudade da família
distante, prometiam a D_us e a si mesmos que tudo fariam para honrar a
confiança que a nova patria lhes depositava, tudo fazendo para serem bons
brasileiros, criando os filhos, trabalhando e estudando por um Brasil
melhor.
Do convés, os passageiros se admiravam com o cordão de fortalezas em
volta da barra. Copacabana, Duque de Caxias, Santa Cruz, São José, São
João, São Luiz, Pico, e a última, já numa pequena ilha dentro da baia, a
Fortaleza da Lage, que seria a última barreira a repelir o inimigo invasor.
Era sinal de que o povo era hospitaleiro, mas desde a época das caravelas
saberia defender-se, se necessário fosse. O jovem casal Kicis talvez não
acreditasse se lhe dissessem que o primeiro filho um dia estaria a postos
numa daquelas fortale- zas, como Oficial da Artilharia de Costa...
E foi isso que aconteceu. Bertha e Isaac tiveram 4 filhos, Fany, Olga,
Mauricio e Samuel.
Ao desembarcarem no mesmo Cais do Porto jamais imaginariam que um
dia o Todo Poderoso haveria de lhes conceder a graça de ter dois filhos
homens, e que eles seriam Soldados Brasileiros, um deles haverndo de
embarcar ali mesmo, para navegando pelos mesmos mares mas no caminho
de volta, lutar pela liberdade e pela democracia.
E o outro, Mauricio, também artilheiro, viria a ser admitido ao Magistério
Militar, por muitos anos lecionando Frances no Colégio Militar.
Os primeiros tempos foram duros. Trabalho arduo, de sol a sol, fazendo jus
ao ditame bíblico, de ganhar o sustento com o suor do próprio rosto.
A família morava em São Cristóvão, onde Samuel nasceu na vespera de
Pessach, em 15 de abril de 1913 e estudou no Colégio Pedro II. O menino
Samuel era estudioso e morando no subúrbio, cresceu observando a
movimentacao das tropas dos quarteis próximos, os comboios, o tropel da
Cavalaria, os canhões ainda de tração hipomóvel.
Daí para a Escola Militar foi um passo. Aprovado no difícil concurso de
seleção, Samuel tornou-se um Cadete do Realengo, usando com orgulho a
cintura o espadim, a miniatura do sabre invicto de Caxias.
Praça de 8 de abril de 1930, como aluno do 3º Ano do Curso Anexo a
Escola Militar do Realengo.
Optou pela Arma dos fogos largos, profundos e poderosos, tendo sido
declarado Aspirante a Oficial de Artilharia em 25/jan/1934. Os velhos
retratos amarelecidos demonstram a alegria dos pais imigrantes.
Seu filho Samuel, um Oficial, do Exército de Caxias, da Ar- tilharia de
Mallet, envergando com garbo o Primeiro Uniforme, na cerimônia a que
compareceu o Presidente da República.
Ali começava a carreira exemplar de um Soldado Brasileiro de fé mosáica,
e que duraria quase 33 anos.
Designado para a Guarnição do Distrito Federal, foi mandado servir no
histórico quartel do Forte de Campinho, que naqueles tempos sediava o 1º
Grupo de Artilharia de Dorso, foi logo promovido a 2º Tenente aos 30 ago
1934.
Naquela época a Artilharia era hipomóvel, ou seja, as peças eram
tracionadas por muares. Assim, as unidades de artilharia muito se
assemelhavam as da Nobre Arma Ligeira, a Cavalaria. Tinham baias,
veterinarios, enfim, tudo que fosse necessário.
Os canhões Krupp 75 eram as peças mais utilizadas, deslocando-se nos
exercicios e nos desfiles lenta e seguramente, daí a tropa de artilharia seguir
uma cadencia diferente das demais, como o demonstra o rítmo peculiar da
Canção da Artilharia.
Aos 29 de novembro de 35, Kicis teve de interromper as férias devido aos
acontecimentos que se desenrolavam na capital, tendo participado do
contra-ataque aos rebeldes da Escola de Aviação Militar.
Em 25 jan 1936 Samuel casou-se em Nictheroy com Da. Ruth do Couto
Pfeil, a filha do Gen João Eduardo Pfeil. O pa- drinho de casamento foi o
Gen Alcio Souto, que era amigo do Gen Pfeil.
Promovido a 1º Tenente aos 7 set 1936, foi transferido para o I Regimento
de Artilharia Montada, na Vila Militar.
Entre diversos elogios que constam da sua filha funcional, destacamos
aquele lavrado aos 19 de janeiro de 1937, pelo General de Divisao Eurico
Gaspar Dutra, ao deixar o Comando da I Regiao Militar:
“... apraz-me manifestar meus agradecimentos ao 1º Ten Kicis, que foi meu
collaborador, pela capacidade de trabalho e inteligência.
Outras comissões se seguiram, em João Pessoa no 4º G A Do, 3ª Bia AC
Forte do Imbuhy em Nictheroy, 3º G A Do de Campo Grande – MT,
Em 10 de novembro de 37 foi decretado o Estado Novo, sem a participação
da AIB no governo. Integralistas como Olbiano de Melo, Belmiro Valverde
e Gustavo Barroso, ao lado de oficiais da Marinha, no dia 11 de maio de
1938, promove- ram uma tentativa insurrecional. Sob o comando do tenente
Severo Fournier, um grupo atacou o Palácio Guanabara, residência
presidencial, com a finalidade de depor Vargas.
O General Dutra, ministro da Guerra, soube por telefone, e como morava no
Leme, dirigiu-se ao Forte Duque de Caxias, onde requisitou uma tropa de
12 homens, comandada por um jovem tenente, dirigindo-se ao Palacio,
onde salvou o Presidente.
Quis o destino que naquele dia estivesse de serviço o Tenente Samuel Kicis.
É fácil supor o que teria acontecido se outro oficial, de idéias integralistas,
ali estivesse. Possivelmente a História do Brasil não tivesse sido a mesma.
O Grande Arquiteto do Universo nos conduz por caminhos nem sempre
claros. Não seria a primeira vez que um brasileiro judeu entrava na história
de Getúlio.
Plínio Salgado acabou seguindo em 1939 para um exílio de seis anos em
Portugal, e Kicis foi promovido a Capitão aos 25 ago 1941.
No ano seguinte, o Brasil haveria de declarar guerra aos paises do Eixo. Era
a resposta aos torpedeamentos de navios mercantes inocentes ao longo da
nossa costa.
Hitler havia decidido se vingar da ajuda brasileira ao esforço de guerra,
mandando aqui seus submarinos U-boat. Mas a nascente Aviação de
Patrulha da FAB contra-atacou, conseguindo afundar alguns submarinos, e
quando a Marinha do Brasil passou a escoltar os combois, já não houve
mais perdas.
O Brasil era um país eminentemente agrícola. Nem se sonhava com a
infraestrura e o parque industrial que temos hoje, as quais ainda iriam ser
planejadas e construidas anos mais tarde.
Mesmo assim, um esforço nacional supremo nos capacitou a enviar para a
Itália a primeira de 3 Divisões de Infantaria Expedionária, formando a FEB
– Força Expedicionária Brasileira, um Grupo de Aviação de Caça, e
guarnecer o nosso litoral com a Marinha do Brasil. Foram so na FEB 25 mil
homens, dos quais quase 500 não voltaram, além de outros milhares nas
tripulações dos navios de guerra e mercantes, e centenas de aviadores e
pessoal de terra.
Segundo o Mein Kampf, o III Reich deveria durar 1000 anos. As
populações polonesas, russas e outros eslavos seria transformadas em
escravos dos arianos, sem nenhum direito a nao ser trabalhar para a
Alemanha. Os judeus, ciganos, comunistas, homossexuais e deficientes
físicos e mentais nem esta sorte teriam. Deveriam ser impiedosamente
exterminados nas câmaras de gás, a fim de que só restasse a “raça pura”.
Os brasileiros, também considerados uma raça inferior de mestiços, e os
africanos, seriam explorados quando chegasse a sua vez, apenas fornecendo
materias primas e deixados a propria sorte para morrerem como moscas.
Dentro deste quadro tenebroso, custa a crer que houvesse, e
lamentávelmente ainda há no Brasil, embora microscópicas, ideologias pro-
nazistas, grupelhos minusculos.
Se o Afrika Korps não tivesse sido destroçado em El Alamein, e a
Alemanha conseguisse estender seus tentáculos para o outro lado do
Atlântico, iriamos ter aqui no Brasil a desgraça de conviver com traidores.
Infelizmente surgiriam novos Calabares, novos Joaquim Silvério dos Reis.
Mas não foi isso que aconteceu, neste pais que o grande escritor Stefan
Zweig, também ele vítima do nazismo, definiu profeticamente em 1942,
como o País do Futuro, raciocínio este que agora é ratificado pela CIA, ao
prever que o Brasil junto com China, India e Indonésia podem vir a
tornarem-se potências mundiais em 15 anos.
Itália
Samuel embarcou para a Itália em 19 set 1944, desembarcou na Itália já sob
o frio inclemente do inverno europeu.
Logo sua Bateria foi enviada para a frente de combate. A Artilharia da FEB
era comandada pelo General Cordeiro de Farias, e receberam diretamente
na Itália vindo dos Estados Unidos os obuseiros de 105 e 155 mm aquela
época os mais modernos, de que ainda não dispunhamos no Brasil.
O Comandante do IV Grupo era o então Ten Cel Hugo Panasco Alvim.
Conforme Germano Seidl Vidal, 2º Tenente:
“... em 15 de maio de 1944, fui designado Comandante da Linha de Fogo da
2ª Bateria do então I Grupo do 1º Regimento de Artilharia Pesada Curta
(Grupo Escola) - I/1º RAPC (GE), função na qual permaneci durante toda a
participação do IV Grupo de Artilharia 155mm na Campanha da Itália,
somente sendo desligado dessa função quando transferido, por necessidade
do serviço, já no Brasil, em 10 de janeiro de 1946. [...]
O primeiro tiro da Artilharia brasileira jamais disparado fora do continente
americano ocorreu as 1423 de 15 jul 1944.
Samuel comandou cerca de 200 homens, e ocupou por inúmeras vezes os
observatórios avançados do Grupo, junto as primeiras linhas da Infantaria,
em pontos considerdos extremamente perigosos. Sua bateria se destacou em
qualidade nas operações e nos objetivos alcançados .
Da sua folha de serviços constam inúmeros elogios individuais e coletivos,
destacando especialmente sua inteligência privilegiada e a capacidade de
comando e organização com que se houve a frente da 2ª Baterias de Obuse
155.
Suas promoções ocorreram sempre por merecimento:
Major – 25 set 1948
Ten Cel 25 abr 1953
Cel – 25 ago 1961
Realizou diversos cursos sempre com excelente aproveitamento, a saber:
1941 - Escola de Artilharia de Costa, menção Excelente (grau 9,6);
1947 - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, conceito Muito Bem (grau
9,9);
1948 - Curso de Guerra Química na Chemical Corps School (USA), nota
10,0;
1952 – ECEME, menção B;
1957 – Escola de Guerra Naval
Da sua folha de serviços neste período, verificamos ser ple- na de elogios,
inclusive de superiores que um dia se tornariam Presidentes da República,
como o na época Comandante do Núcleo da Divisão Blindada, o General
Arthur da Costa e Silva.
“....elogio o Ten Cel Kicis que integrou o meu Estado Maior, pela
capacidade de ação, inteligência, dinamismo e garbo, destacado oficial de
Estado Maior ...”
A 21 de set 1953 seu pai deixa este mundo, tendo labutado anos e anos a
fio, deixando 3 filhos.
Samuel serviu em segida no EME com outras destacados oficiais, como os
então Cel Ademar de Queiroz, que viria no futuro a ser Presidente da
Petrobras, e Cel Aurélio de Lyra Tavares, que veio a ser Ministro da Guerra
e imortal da ABL, Coronel Adalberto Pereira dos Santos, futuro VP da
República.
Aos 7 jan 56 casamento de sua filha Leda Pfeil Kicis.
Em 1957 foi mandado a Pouso Alegre – MG onde exerceu o sub-comando
do 8 R A 75 Mont
Medalhas
Pelo seu comportamento exemplar durante a Campanha da Itália, foi
condcorado com a Cruz de Combate de 2ª Classe.
No Diploma, assinado aos 6 de março de 1961 pelo Ministro da Guerra
Marechal Odilio Denys pode se verificar que ele esteve exposto ao fogo
inimigo por muitas vezes ao situar-se nos posto de observação avancada
que acompanhavam o tiro da artilharia, conquistando elogios pelo seu
espírito de sacrificio, pela assistência que dava a seus comandados,
conduzindo a sua bateria em todas as situações com calma e coragem.
A Medalha de Campanha lhe foi concedida pelo Diploma assinado aos 25
de março de 1949 pelo Ministro da Guerra Gen Canronert Pereira da Costa,
por ter participado de operações de guerra na Itália.
Foi também concecorado com a Medalha do Pacificador, e com a Medalha
de Ouro aos 30 anos de serviço.

Epílogo
Por decreto de 20 out 1961, o Presidente da República promoveu o Coronel
Samuel Kicis ao posto de General de Brigada, e na inatividade, elevou-o ao
posto de General de Divisão, contando 32 anos, oito meses e 3 dias de
efetivo serviço, dos quais 7 meses e 20 dias de Campanha na Itália e 6
meses de licença especial não gozada.

Samuel faleceu no Rio de Janeiro em 1984, ao 71 anos. Este breve relato


não poderia terminar sem que ressaltassemos o importante papel das Forças
Armadas, instituição nacional única e integradora da alma brasileira, onde
se funde a nossa nacionalidade multi-racial.

Nas Forças Armadas, convivem lado a lado o filho do rico e o filho do


pobre, o negro, o índio, e o branco, o católico, o espírita e o judeu.

No momento em que vestem a honrosa farda verde oliva tornam-se todos


iguais, companheiros, irmãos de armas, com as mesmas oportunidades que
teve um jovem filho de emi- grantes de terras remotas, a quem ora
prestamos a maior homenagem que poderia receber pela sua carreira
exemplar, o melhor elogio que poderia merecer:

General Samuel Kicis:


Foi um soldado brasileiro.
Sala General KICIS na EsAO

A Semana da Pátria de 2008 começou auspiciosamente para a Comunidade.


Já na segunda feira dia 1° a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais na Vila
Militar inaugurou uma placa e retrato dando o nome do General de Divisão
Samuel Kicis a sala de aula do Curso de Artilharia, em homenagem ao
herói da FEB que como capitão comandou uma Bateria no front italiano.
Estiveram presentes a filha e neta, Da. Leda Kicis e Da.Lucia Kicis, o
General Abreu, comandante da EsAO e o Diretor de Cidadania Israel
Blajberg.
Na tradicional escola fundada em 1919 ao tempo da Missao Militar
Francesa, a Casa do Capitão, por onde anualmente passam 500 capitães-
alunos como pré-requisito para promoção aos postos superiores, a Sala de
Aula do Curso de Artilharia passa a ostentar a denominação histórica de
Sala General de Divisão SAMUEL KICIS.

Na parede, o texto em moldura, ao lado do retrato do jovem Cap KICIS,


alusivo à inauguração da denominação histórica, é motivo de orgulho para a
Comunidade Judaica.

Em 1943, o entao Cap KICIS servia em uma unidade que nao iria para a
guerra. Solicitou então transferência para uma unidade prevista para
embarcar para a Italia integrando a FEB - Força Expedicionaria Brasileira.
Fez isso por estar determinado a lutar contra o nazismo.

Na ocasião o Comandante da EsAO, General de Brigada José Alberto da


Costa ABREU, que aniversariava neste dia, recordou seu pai, também ex-
combatente da FEB onde foi Cabo Chefe de Peça, familar com os fogos da
Artilharia pesada que tanto sobressaltavam a tropa. o General assim se
referiu ao Cap KICIS:

“Figura insigne da nossa Artilharia, deixou seu nome gra - vado na


História. Nome bem escolhido pelos Curso, muito pertinente, por tudo que
realizou.”

O Comandante do Curso de Artilharia, Tenente Coronel Claudio


Vasconcellos Santos saudou os familiares com uma bela oração.
Foi uma singela e tocante homenagem a um dos mais destacados
integrantes da Comunidade Judaica, Gen SAMUEL KICIS, magnífico
exemplo de Patriota e Soldado Brasileiro, da Artilharia de MALLET, do
Exército de CAXIAS.
Seguem-se o texto do pronunciamento do Comandante do Curso de
Artilharia da EsAO, Ten Cel Claudio Vasconcellos Santos, e o texto da
Placa Alusiva a Denominação Histórica da Sala de Aula do Curso de
Artilharia, Sala General de Divisão SAMUEL KICIS.

SOLENIDADE DE INAUGURAÇÃO DA SALA 01 – 01 SET 08


EXMO SR GEN BDA JOSÉ ALBERTO DA COSTA ABREU,
COMANDANTE DA ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE
OFICIAIS.

SR CORONEL VILEMAR , SUB CMT ESAO.


SR CEL VIANNA PERES, CHEFE DA DIVISÃO DE ENSINO

DA ESAO.
SENHORA LEDA, FILHA DISTINTA DO NOSSO HOMENA
GEADO.
TEN ISRAEL BLAJBERG, OFICIAL DA RESERVA, E BIÓGRAFO DO
HOMENAGEADO.
SENHORES OFICIAIS INSTRUTORES.
MEUS PREZADOS OFICIAIS ALUNOS DO CURSO DE AR-
TILHARIA 2008.
BOM DIA!
MINHAS PALAVRAS INICIAIS NÃO PODERIAM DEIXAR DE
SER DE AGRADECIMENTO. AGRADECIMENTO SIM A DEUS
QUE NOS CONCEDEU A OPORTUNIDADE E A LUZ PARA
QUE VIÉSSEMOS A HOMENAGEAR O GEN DIV SAMUEL KICIS,
ATRIBUINDO O SEU NOME A SALA 01 DO CURSO DE
ARTILHARIA DA ESAO. / NO CORRENTE ANO, OS
ESTABELECIMENTOS DE ENSINO DO EXÉRCITO RECEBERAM A
INCUMBÊNCIA DO DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA
PARA
QUE HOMENAGEASSEM VULTOS HISTÓRICOS DE NOSSO
PAÍS, CONCEDENDO A DENOMINAÇÃO ÀS RESPECTIVAS SALAS
DE AULA. / DESSA FORMA, NO ÂMBITO DO CURSO DE
ARTILHARIA DA ESAO, EXPEDIDOS A DIRETRIZ DE HOMENA-
GEAR EMINENTES ARTILHEIROS QUE TENHAM SE DESTACADO
NOS POSTOS DE CAPITÃO, APRESENTANDO EXEMPLOS DE
HEROÍSMO, DEDICAÇÃO AO EXÉRCITO E INTENSO
PATRIOTISMO. / APÓS UMA PESQUISA REALIZADA POR OFI-
CIAIS ALUNOS E INSTRUTORES, FORAM SELECIONADOS PARA A
SALA 01, O NOME DO GEN KICIS, E PARA A SALA 02,
O DO MARECHAL JOÃO THOMAZ DE CANTUÁRIA. NESSE
INSTANTE EM QUE REALIZAMOS A SOLENIDADE
OFICIAL DE ATRIBUIÇÃO DO NOME DO GEN KICIS À SALA
01, PERMITAM-ME COMPLEMENTAR AS PALAVRAS DO NOSSO
OFICIAL – ALUNO, NO TOCANTE AOS FEITOS DO
HOMENAGEADO. CONFORME AS PALAVRAS DO TEN BLAJBERG,
O
ENTÃO CAPITÃO KICIS, COMANDANTE DA 2ª BATERIA DE
OBUSES ORGÃNICA DO ATUAL 11º GAC – GRUPO MONTESE,
DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL,“ ...OCUPOU
POR INÚMERAS VEZES OS OBSERVATÓRIOS AVANÇADOS
DO GRUPO, JUNTO ÀS PRIMEIRAS LINHAS DA INFANTARIA, EM
PONTOS CONSIDERADOS EXTREMAMENTE PERIGOSOS...” APÓS
A GUERRA, EM RAZÃO DE SUA ELEVADA
CAPACIDADE PROFISSIONAL, O GEN KICIS VEIO A RECEBER
REFERÊNCIAS ELOGIOSAS DE EMINENTES PERSONAGENS
HISTÓRICOS DO PAÍS, PODENDO SER CITADOS OS MARECHAIS
ODILIO DENYS, EX-MINISTRO DA GUERRA E O MARECHAL
ARTHUR DA COSTA E SILVA, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
DISTINTA SENHORA LEDA: SAIBA, NESSE MOMENTO,
QUE TODOS NÓS AQUI NA ESAO ESTAMOS COMPARTILHANDO
COM A SENHORA A EMOÇÃO E O ORGULHO DE
VER NOME DO SEU TÃO ILUSTRE GENITOR ATRIBUÍDO A
NOSSA SALA 01 DO CURSO DE ARTILHARIA. A PARTIR DE
AGORA, NOSSOS OFICIAIS ALUNOS E INSTRUTORES PASSARÃO
TER, NA MEMÓRIA DO GEN KICIS, UM EXEMPLO CONCRETO DE
AMOR À NOSSA PÁTRIA E UM MODELO PLENO
DE OFICIAL DE ARTILHARIA, DIGNO REPRESENTANTE DAS
MAIS CARAS TRADIÇÕES DA NOSSA ARMA.
ASSIM, NESSE MOMENTO TÃO REPRESENTATIVO PARA
NÓS NO DIA DE HOJE, AGRADEÇO A PRESENÇA DE TODOS,
E CONCITO-OS A MEDITAR EM TODOS OS FEITOS DO NOSSO
HOMENAGEADO.
HOJE TAMBÉM, POR UMA FELIZ COINCIDÊNCIA DE DA- TAS,
ESTAMOS COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DE NOSSO
COMANDANTE DA ESCOLA, GEN ABREU, PORTANTO, COMO
COMANDANTE DO CURSO DE ARTILHARIA, EM NOME DE
TODOS OS INTEGRANTES DO CURSO, DESEJO À VOSSA
EXCELÊNCIA MUITAS FELICIDADES PESSOAIS E PROFISSIONAIS,
E QUE DEUS POSSA LHE CONCEDER SAÚDE, PAZ DE ESPÍRI- TO E
INTELIGÊNCIA PARA PODER CONTINUAR A CONDUZIR OS
DESTINOS DA NOSSA TÃO QUERIDA ESCOLA. E ELES QUE
VENHAM! POR AQUI NÃO ENTRAM! MALLET ! BRASIL!
MUITO OBRIGADO.

Texto da Placa

Filho de imigrantes judeus da Bessarábia (hoje Moldávia), o General


Samuel Kicis nasceu em 1913 na cidade do Rio de Janeiro e concluiu o
Curso de Artilharia da Escola Militar do Realengo em 1934. Fruto de seu
excelente desempenho acadêmico foi designado para servir no histórico
quartel do Forte de Campinho, sede do 1º Grupo de Artilharia de Dorso. Ao
longo de sua brilhante carreira, realizou os seguintes cursos: Escola de
Artilharia de Costa, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Curso de
Guerra Química na Chemical Corps School (USA), ECEME e Escola de
Guerra Naval.

Sua brilhante carreira militar é exemplo de uma trajetória marcada por


heroísmo, patriotismo e dedicação ao Exército. Ainda como tenente
participou do contra-ataque aos rebeldes da Escola de Aviação Militar, em
1935 na capital federal. Em 1937, comandou uma tropa de 12 homens no
combate aos integralistas que atacaram o Palácio Guanabara para depor
Getúlio Vargas.

O então Capitão Samuel Kicis embarcou para a Itália em 19 de setembro de


1944, para juntar-se aos aliados contra o eixo. Na Força Expedicionária
Brasileira comandou, como Capitão, a 2ª Bateria do IV Grupo de Obuses
155mm, tendo em suas mãos cerca de 200 homens e o maior poder de fogo
com que contava a Artilharia Divisionária da FEB. Exerceu a função de
Observador Avançado em Torre di Nerone e no quarto e bem-sucedido
ataque a Monte Castelo.

Foi condecorado com a Cruz de Combate de 2ª Classe, Medalha de


Campanha, Medalha de Guerra, Medalha do Pacificador e Medalha Militar
de Ouro.
Dos 32 anos, oito meses e 3 dias de efetivo serviço prestado pelo General-
de-Divisão Samuel Kicis, 7 meses e 20 dias foram de campanha na Itália,
durante a 2ª Guerra Mundial.

O General Samuel Kicis faleceu no Rio de Janeiro em 1984, aos 71 anos.


Samuel Miller

Capitão de Longo Curso da Marinha Mercante, participando da 2ª Guerra


Mundial, foi companheiro de viagem de JACOB NISKIER e DAVID
LEON RODIN, por ocasião do conflito mundial, e primo em segundo grau
de ADIO NOVAK.

Reside em Brasília, onde colabora como Diretor Jurídico da Associação dos


Ex-Combatentes do Brasil.
Possui a Medalha de Serviços de Guerra com 3 Estrelas, outorgada pelo
Presidente da República.

Samuel Safker

Samuel foi Cabo da FEB tendo embarcado aos 22 set 1944 integrando o QG
do General Olympio Falconiere da Cunha, e retornado em 22 ago 1945
integrando a Tropa do QG da 1ª DIE - Divisão de Infantaria Expedicionária.

Residia no Rio de Janeiro, onde faleceu aos 81 anos em 27 dez 2001.


Samuel Soichet Samuel era Aspirante a Oficial R/2 formado pelo
CPOR/RJ. Médico de Niterói, levou seu violino, e entre um e outro
atendimento empunhava o instrumento em pleno front.

Consta ter sido médico da FEB. Quando dos acontecimentos que marcaram
a Declaração da Independência do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948,
Samuel teria se incorporado ao nascente Exército de Israel, a Haganhá,
onde teria atingido a patente de Major durante a Guerra da Independência.

Foi realizar uma bolsa de residência médica nos Estados Unidos, e acabou
radicando-se naquele pais, onde faleceu.
Como tantos universitário da década de 40, Samuel cursou o CPOR –
Centro de Preparação de Oficiais da Reserva.
Nos idos da década de 20 O bravo Coronel Correia Lima teve ele uma idéia
avançada para o Brasil da época, que iria se provar acertada até hoje,
revelando-se em toda a sua magnitude durante a Segunda Guerra Mundial,
quando metade dos 800 tenentes da FEB era R/2, a mocidade do CPOR.
Lançou a ideia pioneira, de convocar os aunos das faculdades para cursar
um centro de preparação, dos quais sairiam como oficiais da reserva.
Desde logo obteve a adesão dos alunos da Escola Politécnica, não fora ela a
precursora do ensino militar no Brasil, já que naquele mesmo prédio do
Largo de São Francisco fora instalada por D João VI em 1810 a Academia
Real Militar, da qual descendem hoje em linha direta o IME, a AMAN e a
atual Escola Politécnica na Ilha do Fundão. Com efeito, a mesma placa
comemorativa mandada fundir pelo Exército em 1960 ano do
sesquicentenario, situa-se no Realengo, no IME, na AMAN e no Largo de
São Francisco.
E daquele prédio, ao lado da Cruz de São Francisco, sairiam nove
expedicionarios para a FEB, fato até hoje ali lembrado pela estatueta do
Estudante de Engenharia Expedicionário, ao lado da Bandeira Nacional na
sede da Associação dos Antigos Alunos da Politécnica.
No histórico quartel da Quinta da Boa Vista, onde hoje está instalado o
belíssimo Museu Militar Conde de Linhares, ao longo de 35 anos, de 1931 a
1966, o Exército Brasileiro formou a sua Reserva Atenta e Forte, no CPOR
do RJ. “Da Universidade à Linha de Frente” dali saíram os Bra- vos
Discípulos de Correia Lima, no dizer da Canção do CPOR o nosso
fundador, patrono e guia,
Seu descortino para a época era incrível. A idéia de reunir estudantes das
faculdades para construir uma reserva de alto nível para o Exército trouxe
importante aporte para a Força Terrestre, como se confirmou por ocasião da
II Guerra Mundial, quando os Oficiais R/2 foram chamados a compor
expressiva- mente os efetivos da gloriosa FEB - Força Expedicionária
Brasileira, como líderes de fração de tropa nos combates na Itália.
Deste quartel, somando-se aos oriundos de São Paulo, Recife, BH e SSA
partiram mais de 400 tenentes para integrar a FEB.
Nos campos da Itália, entre tantos soldados brasileiros tombados no
cumprimento do dever, 12 jovens tenentes honraram o juramento de
defender a Pátria se necessário com o sacrifício da própria vida, dos quais
meia dúzia eram oriundos dos quadros dos CPORs, os Tenentes:
Amaro Felicíssimo da Silveira;
Ari Rauen;
José Belfort de Arantes Filho;
José Jerônimo de Mesquita;
Márcio Pinto;
Rui Lopes Ribeiro;
que repousam no Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial, tendo
seguido os passos do patrono, honrando o legado deixado por Correia Lima.
Muitos mais se destacaram mercê de bravura excepcional demonstrada em
combate,como o legendário Major Apolo Miguel Rezk, herói maior dentre
os ex-alunos do CPOR, outros felizmente ainda se encontram entre nós.
Dia de glória para o histórico quartel da QBV, um ícone da nossa
comunidade R/2, prédio neoclássico construído em 1920, no Governo
Epitácio Pessoa pelo então General Rondon, Diretor de Engenharia do EB,
onde tantos cursaram, e de onde alguns em um dia já distante do ano de
1944 partiram rumo ao desconhecido, para sob a bandeira brasileira,
defender a democracia e a liberdade mundial nas montanhas geladas da
Itália.
E entre eles estavam Samuel e mais um punhado de correligionários, que
com garra e patriotismo seguiram para a Itália, a enfrentar o duplo perigo.

Saul Antelman

Saul nasceu no Rio de Janeiro aos 03 dez 1921, filho de Isaac e Maria
Antelman. Moravam na Rua 24 de Maio, estação do Riachuelo, onde Saul
se alistou no Tiro de Guerra nº 140, da 1ª Região Militar, conertendo-se no
Atirador numero 123 da classe de 1939.

A guerra iria estourar em 1º de setembro do mesmo ano. Como reservista


pelo TG 140, turma de 1939, Saul foi convocado em 1943. Serviu no I
RCD, II RMM, QG da I DIE, atingindo a graduação de Cabo QMG 02
Cavalaria, QMP 001
– Combatente, durante a Campanha da Itália no período de 06 out 1944 a 11
ago 1945, com 2 anos 5 meses e 29 dias de tempo de serviço militar de 02
mar 1943 a 31 ago 1945.
Saul embarcou para a Itália no navio americano de transporte de tropas
MARIPOSA, em 22 de setembro de 1944, integrando o QG do General
Falconieri, retornando em 22 ago 1945 com a mesma unidade.
Por ter participado das operações de guerra na Itália, David foi condecorado
pelo Presidente da República com a Medalha de Campanha pelos relevantes
serviços prestados ao esforço de guerra.
Saul trabalhou na Cia T. Janer, foi o seu segundo emprego após retornar da
Itália, e onde se apresentou como contador, formado pelo Instituto
Comercial do Rio de Janeiro, em fev/1943.
Tradicional empresa, Saul aparece no ambiente contábil que hoje não existe
mais, onde inumeros profissionais dedi- cavam a escriturar a vida das
empresas, nas antiga máquinas mecânicas de contabilidade.
Saul foi reformado em 17 jul 1979, e residia na Barra da Tijuca, no Rio,
onde faleceu aos 21 / ago / 1999, aos 77 anos.

Waldemar Rosenthal
Waldemar nasceu no Rio de Janeiro aos 20 ago 1921, fi- lho de Julio e
Rebeca Rosental.

Durante a guerra integrou a 1ª Bateria do 2º Grupo de Artilharia de Dorso, a


qual em 1942, após a declaração de guerra do Brasil aos países do Exio
deslocou-se de sua sede em Jundiaí – SP para São Sebastião, no litoral
paulista, formando com o 2º Batalhão do 5º Regimento de Infantaria de
Lorena
- SP o Destacamento Militar de Defesa da Área Litorânea do Estado de São
Paulo, área de alto risco como valor estratégico nacional, protegendo São
Paulo, o mais pujante estado da federação.

O QG estava sediado no porto de São Sebastião, de onde coordenava as


operações de patrulhamento, vigilância e defesa da soberania nacional.

O Destacamento estava subordinado ao Comandante da Segunda Região


Militar, General Mauricio José Cardoso. Como Comandante da Guarda do
Porto, o Sargento Waldemar prestou honras militares por ocasião de uma
visita de inspeção do General.

Relata ainda ter conhecido o Major Severino Sombra de Albuquerque, que


lhe indagou se era judeu. Foi um breve contacto, que impressionou
Waldemar pelo olhar firme e simpatia afável do Major, que declarou ele
mesmo ter ancestralidade judaica, acreditando descender de cristãos-novos.
No mesmo ano, o Major Severino Sombra iria ser nomeado membro da
Comissão Mista de Defesa Brasil -Estados Unidos no Pentágono em
Washington, composta de delegados brasileiros e americanos das três forças
singulares, estabelecida em 1942 para executar o planejamento de Estado
Maior para defesa mutua do Hemisfério Ocidental.

Anos depois o General Severino Sombra iria ser presidente do Instituto de


Geografia e História Militar do Brasil, e criaria uma Universidade em
Vassouras, que hoje leva seu nome.

Nesta cidade o casal de historiadores Egon e Frieda Wolff em suas andanças


pelo Brasil em pesquisas históricas sobre judeus e cristão novos descobriu
um terreno vazio nos fundos da Santa Casa, atual Asilo Barão do Amparo,
onde estavam sepultados dois judeus falecidos em meados do século XIX.

Com apoio da Prefeitura e diversos entusiastas entre os quais o paisagista


Burle Marx, que elaborou o projeto, e o General Professor Severino Sombra
de Albuquerque, então presidente da Fundação Universitária Severino
Sombra, foi erguido o Memorial Judaico de Vassouras onde repousam
Morluf Levy e Benjamim Benatar, ambos de origem marroquina falecidos
em 1879 e 1852, hoje um monumento histórico integrante do circuito
turístico da cidade.

Foi então formado o Memorial Judaico de Vassouras, sob a presidência de


Luiz Benyosef, que até hoje cuida da manutenção e preservação do
Memorial.

A fase em que Waldemar serviu na 1ª Bateria era de tempos incertos, em


que a ameaça nazista ainda era significativa, antes que as derrotas na frente
russa e na África afastassem do horizonte uma possível invasão nazista na
costa brasileira, não indo além dos cruéis torpedeamentos de nossos navios
mercantes na guerra submarina que Hitler mandou desencadear conta o
Brasil, nação pacífica e neutra.

A quinta-coluna alemã estava ativa no Brasil, informando secretamente aos


submarinos a posição de nossos navios. A espionagem nazi-fascista foi
responsável inclusive por afundamentos de navios brasileiros em mares do
Caribe.

O imenso Teatro de Operações em solo pátrio, correspondendo ao extenso


litoral e as ilhas oceânicas foi guarnecido desde 1942, muito antes portanto
da FEB iniciar operações na Itália.

Waldemar serviu em áreas virgens e inóspitas do litoral paulista, àquela


época zona endêmica de malária, infestada de protozoários e anofelinos,
sem infra-estrutura e sem material adequado. Apenas pouco antes da FEB
partir os Estados Unidos passaram a fornecer material moderno, inclusive
uma parte sendo levada diretamente para a Itália onde nossos soldados
tomaram contacto pela primeira vez com aquele armamento.

Poranto, a unidade defrontava-se fora de sede com material precário,


barracas envelhecidas e sem serviço médicoveterinario para a cavalhada, (a
unidade era hipo-móvel), o material tracionado penosamente por muares em
terrreno encharcado de difícil locomoção.

As comunicações eram antiquadas, apenas telegrafo Morse e sinalização


manual. Não existia posto médico já que o mais próximo era em
Caraguatatuba.

Entretanto, reinava na tropa elevado nível moral, cívico, patriótico, espírito


de renuncia, abnegação e altruísmo, nas palavras de Waldemar deixadas em
diário conservado pela família.

O Presidente da República concedeu ao 2º Sargento Waldemar Rosenthal a


Medalha de Guerra, por ter cooperado no esforço de guerra do Brasil.

Passou para a Reserva como 1º Tenente, falecendo no Rio de Janeiro em


2003.
b) Figuração Honorária Reynaldo Antonio de Borba

Reynaldo não era judeu, mas um ex-combatente de Erechim solicitou que


seu nome fosse incluído na relação dos homenageados no Grande Templo,
pos seus pais foram arrendatários de uma colônia da ICA (Jewish
Colonization Association) em Quatro Irmãos – RS, que era uma colônia
agrícola judaica. Sua viúva Da. Iracema Barrozo de Borba concordou,
enviando os dados para esta justa homenagem.

Reynaldo nasceu em 07 jul 1918 em Getulio Vargas – RS, filho de Jacintho


Antonio de Borba e Maria Cristina de Borba.
Foi incorporado no 2º Regimento de Cavalaria Motorizada, tendo seguido
para a FEB como Cabo. Era telegrafista. Ser- viu no Tetaro de Operações da
Itália de 22 fev 1945 a 20 set 1945, incorporado ao Depóstio de Pessoal da
FEB.
Foi licenciado do Serviço Ativo como 3º Sargento aos 15 out 1945.
Recebeu a Medalha de Campanha, por ter como integrante da FEB
participado de operações de guerra na Itália.
Na vida civil trabalhou como motorista da ICA em 4 Irmãos – RS, depois
como motorista autônomo e na CEEE – Cia Estadual de Energia Elétrica.
Participava da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, Seção de Passo
Fundo – RS.
Faleceu em Erechim – RS em 07 jun 1992.

c) Figuração Preliminar e Provisória (Pendente de Confirmação) – 3


Veteranos Donald Cohen Marques

Era Oficial da Arma de Infantaria, formado na Escola Militar do Realengo.


Consta que teria deixado o Exercito após a guerra, e se radicado em São
Paulo, onde exerceria a atividade de Corretor.

Não foi possível fazer contacto ou identificar familiares ou pessoas que


pudessem agregar informações. As pesquisas também não revelaram
maiores detalhes, nem houve identificação positiva de que o mesmo possa
ser ou ter sido um membro da Comunidade Judaica, a não ser o nome, que
sugere uma forte correlação, pois a palavra Cohen designa em hebraico a
casta sacerdotal do Templo de Salomão.

Os portadores deste nome em geral são ou possuem descedência judaica.


Israel Bona

Não foi possível fazer contacto ou identificar familiares ou pes - soas que
pudessem falar sobre Israel Bona. As pesquisas também não revelaram
maiores detalhes, nem houve identificação positiva de que o mesmo possa
ser ou ter sido um membro da Comunidade Judaica, a não ser o nome, que
sugere uma certa correlação.

Nos registros da Associação Nacional de Veteranos da FEB verificamos ter


sido Soldado, oriundo do Sul do Brasil, tendo embarcado aos 08 fev 1945
integrando o CRP – Centro de Recompletamento de Pessoal e retornado em
17 set 1945 no DP – Depósito de Pessoal.

Consta ter sido reformado em 06 de março de 1978.


Jacob Chafier Sobelman

Não foi possível fazer contacto ou identificar familiares ou pessoas que


pudessem falar sobre Jacob Chafier Sobelman. As pesquisas também não
revelaram maiores detalhes, nem houve identificação positiva de que o
mesmo possa ser ou ter sido um membro da Comunidade Judaica, a não ser
o nome, que sugere uma certa correlação.

Nos registros da Associação Nacional de Veteranos da FEB verificamos ter


sido 1° Sargento, tendo embarcado aos 02 jul 1944 inte- grando o 6°
Regimento de Infantaria e retornado em 18 jul 1945.

d) Integrante da Representação do Brasil na Parada da Vitória,


Londres - 1946
Miguel Grinspan

Soldado do 1° Batalhão de Guardas (Batalhão do Imperador); 1°


Aniversário da Vitória Aliada na Europa, V – E Day - 8 de maio de
1946;
Desfile em Londres da Representação do Brasil; Soldado do BG viaja
para Londres
e desfila na Parada da Vitória.

O sonho do jovem Miguel Grinspan era alistar-se para prestar o Serviço


Militar, mas a Guerra acabou antes, impedindo que ele se tornasse um
Soldado da FEB.

Porém estava escrito que seu destino o levaria também a cruzar o oceano
envergando o uniforme do Exercito Brasileiro, para uma missão igualmente
gloriosa.

Miguel servia no Batalhão de Guardas, tradicional unidade de elite sediada


na Av Pedro II em São Cristóvão, sempre convocada para prestar as honras
militares a autoridades nacionais e estrangeiras. Nas fileiras do BG, Miguel
prestou continência ao Presidente da República, Ministros e Generais.

Em 1946, ao realizar-se em Londres a Parada da Vitória, todos os Aliados


mandaram representações, sendo o BG a tropa naturalmente escolhida para
representar o Exército Brasileiro.

A representação incluía 8 homens da Marinha, 8 da Aeronáutica e 8 do


Exército.
A viagem ocorreu em maio/junho de 1946, sendo a delegação transportada
no Navio Transporte de Tropas Duque de Caxias da Marinha do Brasil.
Chegando em Lisboa permaneceram três dias, em seguida deslocando-se
para Bordeaux na França, onde deixaram o navio, embarcando de trem para
Paris.
Em Paris pernoitaram na École Militaire e no dia seguinte seguiram para
Londres, atravessando o Canal da Mancha.
O comandante do navio ficara preocupado com a alimen- tação em
Londres, fornecendo a cada um 5 quilos de açúcar, 5 quilos de feijão, 5
quilos de arroz e 5 quilos de café, mas em todo o período que lá estiveram
nada faltou à Delegação.
Como não houve necessidade de utilização, a reserva de alimento
gentilmente cedida pelo comandante do navio foi repassada a família Kruel,
que durante o período da guerra não recebera nenhum alimento típico
brasileiro.
Em Londres a Delegação foi recepcionada pela Embaixada brasileira, cujo
adido militar era o General José Pessoa.
Instalados no Hyde Park em barracas, cada qual recebeu cinco cobertores,
pois apesar de ser primavera fazia muito frio.
Tiveram a honra de receber a visita do grande estadista Winston Churchil
no acampamento, com charuto e chapéu o qual trocou um aperto de mão
com o comandante.
Miguel desfilou em continência a Família Real Britânica, Chefes de Estado
como Churchil e Attlee, Marechal Sir Mountbaten, o Herói de El Alamiem,
Marechais Alexander e Smuts, e ainda na aposição de uma coroa de flores
diante do Tumulo do Soldado Desconhecido, na Abadia de Westminster.
Nas históricas fotos do Correio da Manha e A Noite, Miguel aparece
envergando o uniforme verde escuro da época, com cinturão e bíbico, e
orgulha-se até hoje de ter também representado a Comunidade Israelita
Brasileira naquela significativa parada, assim como tantos outros
correligionários que envergaram os gloriosos uniformes da FEB, Marinha
do Brasil, Marinha Mercante e FAB.
Findo o desfile da Vitória, o retorno se deu em uma aerona- ve da Força
Aérea Inglesa (RAF) até Gibraltar, onde o Duque de Caxias os aguardava.
Houve uma parada em Recife e finalmente o desembarque no Rio de
Janeiro, a querida cidade maravilhosa.
Miguel aparece desfilando diante do Palanque, na Abadia de Westminster,
com soldados gregos de saiote e em passeio com colegas por Londres.
Síntese biográfica de MIGUEL GRINSPAN NASCIDO EM 31/12/1924,
RIO GRANDE DO SUL, SANTA MARIA DA BOCA DO MONTE.
DE 1930 A 1940 VIVEU EM NILOPÓLIS ONDE CURSOU O
PRIMÁRIO E POSTERIORMENTE A ESCOLA TÉCNICA
PROFISSIONAL VISCONDE DE MAUÁ,EM MARECHAL HERMES.
1946 - SERVIÇO MILITAR NO BATALHÃO DE GUARDAS, EM SÃO
CRISTÓVÃO. POR OCASIÃO DO DESFILE DOS ALIADOS DA 2ª
GUERRA MUNDIAL, REPRESENTOU O EXÉRCITO BRASILEIRO
EM LONDRES PRESTANDO CONTINÊNCIA A RAINHA DA
INGLATERRA.
1970 FORMOU-SE BACHAREL EM DIREITO.
MONTE SINAI – SOCIO FUNDADOR.
1998- ELEITO PARA O CONSELHO DELIBERATIVO DA FIERJ
(FEDERAÇÃO ISRAELITA DO RIO DE JANEIRO).
PARTICIPOU DO GRUPO DE TRABALHO DE PEQUENAS
COMUNIDADES da FIERJ: FRIBURGO, CAMPOS DE GOYTACASES
,PETROPOLIS,NITERÓI E TERESÓPOLIS, TENDO ORGANIZADO
EXPOSIÇÃO DE FOTOS, DOCUMENTOS E OBJETOS.
2007- ELEITO 1º VICE PRESIDENTE DO MEMORIAL DE
VASSOURAS.
DIRETOR DA CRISPUN MAT. DE CONSTRUÇÃO S/A
EM 05.11.2007 APRESENTOU PALESTRA SOBRE A SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL COM PRESENÇA DE VETERANOS DA FEB E
HISTORIADORES MILITARES, UMA PARCERIA DO MEMORIAL
JUDAICO COM A UNI RIO ¨- PRESENÇA JUDAICA NA CULTURA
BRASILEIRA¨ NO AUDITÓRIO DA UNIRIO A AV.PASTEUR,458
URCA.

e) Ex-Combatentes Judeus de Nações Amigas no Brasil 5 Veteranos


Akiba André Levy

Natural de Sidi – bel – Abbès, Argélia, Akiba nasceu a 05 fev 1927,


engajando-se voluntariamente na Marinha Nacional Francesa como
Marinheiro de 2ª Classe Mecânico, durante toda a duração do conflito mais
3 meses.

Inicialmente serviu no Aviso “La Boudeuse” baseado em Casablanca, e


posteriormente no Cruzador “Jean Bart” de 06 jun 1944 a 10 fev 1945.

Possui a Medaille Comemorative Francais de La Guerre 1939-1945, com


barreta “Engage Volontaire”, Croix Du Com- batant Volontaire avec
Barrette “Guerre 1939-1945” e o Di- ploma de Reconhecimento pelos
Serviços Prestados a França, concedido pelo Secretaire d’Etat a La Defense
Charge dês Ancies Combattants.

Na vida civil trabalhou na Cables de Lyon, uma empresa do Grupo Alcatel.


Em 1949 emigrou para o Brasil, onde hoje possui uma indústria eletrônica
em Pouso Alegre – MG.

É membro da Association Francaise dés Anciens Combattants a Rio de


Janeiro, tendo participado do último Desfile Militar de 7 de Setembro no
Rio de Janeiro, onde ele e outro veterano Frances, Jean Wittmer, foram os
dois únicos representantes de Nações Amigas a participarem.

Georges Schteinberg

Sargento da Armée de l’Air (Força Aérea da França Livre). Morto em


Combate aos 22 out 1943.
Georges Schteinberg era Sargento do Groupe Lorraine de
Aviação.
Sua família emigrou da Russia para a França, onde Geor
ges nasceu.
Posteriormente a família foi para o Brasil, de onde Georges se alistou nas
Forças Armadas da França Livre, sediadas na
Inglaterra.
Sargento Georges Schteinberg, da Força Aérea da França
Livre, condecorado post-mortem com a Croix de Guerre avec
Palme, por Decreto de 12 de janeiro de 1945, assinado em
Paris pelo General De Gaulle.
A citação da Medaille Militaire descreve Georges como
excelente metralhador, alistado desde a primeira hora na Armée de l’Air, no
1º Esquadrão do 20º Grupo de Aviação - Lorraine.
Seu avião foi atingido por pesado fogo de artilharia antiaérea na costa
holandesa, quando excutava uma missão de bombardeio a baixa altitude
sobre a Holanda ocupada. Após efetuar uma missão de bombardeio rasante
sobre uma fábrica de aviões próxima a Roterdam em território ocupado, a
22 de outubro de 1943, com um motor em chamas, projetou-se ao solo.
Agraciado post-mortem com a Medaille Militaire avec Palme, o diploma
está assinado de próprio punho pelo Gen De Gaulle. O documento cita
George como tendo uma morte gloriosa frente ao inimigo.
Durante décadas uma cruz esteve sobre a sua tumba no cemitério militar
frances na Holanda, até que o irmão pode providenciar a troca pela Estrela
de David.
Sua sepultura no cemitério militar frances na Holanda exibiu durante 4
decadas uma cruz (reportagem de 7 / maio / 1976 na revista israelense 7
Iamim: “Cruz na Sepultura de Herói Judeu”, quando Sr Octave Schteinberg,
75 anos, resi- dente na Tijuca, visitou um outro irmão que mora em Israel),
até ser substituída pela Estrela de David na decada de 80. Em volta, pode se
ver inúmeras cruzes com a placa “Français nonidentifié”.
Do Brasil cerca de 140 franceses, dos quais 20 a 30 exibem nomes judaicos
seguiram de fev / 41 a set / 44 para lutar na II Guerra Mundial. Uma placa
no terceiro andar da Maison de France homenageia os que morreram em
combate, onde figura o nome de Georges Schteinberg, Z”L.
Os nomes constam do livreto Action des Comites France Libre au Brésil,
1940-1945.
Um retrato do General Charles De Gaule abre o livreto, com uma
dedicatória de próprio punho:
Au Comite des Francaises du Brésil,
(ilegível)
C. De Gaulle 25/06/42
O irmão de Georges, Octave Schteinberg, viveu algum tempo na Colônia da
ICA em Resende, abandonada por baixa produtividde agrícola. As terras
foram desapropriadas pelo
Pres. Getulio Vargas, juntamente com outras fazendas da região, para que
nelas fosse erguida a Escola Militar de Resende,
atual AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras. Como na
colônia existiu uma sinagoga, pode-se concluir que uma terra
sagrada permeia de bons eflúvios aquele estabeleceimento de
ensino militar que forma Oficiais para o Exército Brasileiro. Octave
Schteinberg residia na Tijuca tendo falecido em
2007, mas os documentos que colocou a disposição da Comissão
permitiram recuperar a memória do irmão junto a AFAC –
Asociation Francaise dês Anciens Combatants de Rio de Janeiro,
identificando assim quem foi Georges, cujo nome figurava
em placas no Consulado na Maison de France e no MAUSOLÉU dos
Franceses no Cemitério São João Baptista, sem que o
seu sacrifício fosse conhecido.
Muitos outros nomes, vários judaicos, aguardam nas placas e no Mausoléu
que deles venha a ser removida a pátina do
tempo, que a tudo recobre.
No 11 de novembro, data do Armistício da I Guerra Mundial, a AFAC
promove uma visita ao MAUSOLÉU, com honras
militares prestadas por uma Guarnição da Marinha do Brasil.

Gerald Goldstein

Gerald era estudante em Nova Iorque, quando resolveu se apresentar como


voluntário para a Marinha Mercante americana.
Durante a guerra serviu como Oficial Rádio-Telegrafista a bordo de navios
mercantes navegando em zona de guerra no Atlântico Norte e
Mediterrâneo, em águas sujeitas a ataques aéreos, navais e submarinos.
Logo após a guerra imigrou para o Brasil, onde trabalhou muitos anos na
área bancária.
Aposentou-se mas continuou a prestar serviços voluntários como Presidente
dos Ex-Combatentes USA, e nas associações que congregam cidadãos
americanos e ingleses no Brasil.
Reside com a esposa Betty em Copacabana, e possui diversas
condecorações nacionais e estrangeiras.

Irmãos Nathan e Isac Kimelblat

Nascidos na Rússia, foram dos poucos a escapar do massacre dos judeus


perpetrado pelas SS em sua cidade natal, escondendo-se nas florestas
vizinhas, onde se uniram a grupos de partisans (guerrilheiros judeus), cuja
história está contada em seu livro lançado em 2007 no CIB – Centro
Israelita Brasileiro, com grande afluência de público, e presença de
representantes diplomáticos russos.

Os irmãos emigraram para o Brasil depois da guerra, onde constituíram


família e se naturalizaram.
Álbum de Fotos do Capítulo 6
Fotos pelo Autor, e Álbuns de Família

Foto 1

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Foto 141
Foto 142
Legenda das Fotos do Capítulo 6
( nominatas da esquerda para a direita )

FOTO 1 - Exposição da Semana da Pátria no Clube Monte Sinai: Veterano


Frances Akiba Andre Levy, Capitão Laurino, da Diretoria de Assuntos
Culturais do Exército Brasileiro e o Autor.

FOTO 2 - Capa do livro dos partisans Irmãos Kimelblat, lançado em 2007


no Rio de Janeiro.
FOTO 3 - Tenente R/2 de Artilharia Abrahão Fainguelernt ao tempo em
que cursava o CPOR/RJ.
FOTO 4 - Retrato do Tenente R/2 de Infantaria Pedro Kullock com a
dedicatória “Para Rosa, uma lembrança do mano Pedro”.
FOTO 5 - Capitão de Longo Curso da Marinha Mercante Jacob Benemond.
FOTO 6 - Sargento da FAB Bernardo Stifelman, Especialista em Fotografia
Aérea.
FOTO 7 - Marinheiro Leão Stambovski.
FOTO 8 - Radiotelegrafista da Marinha Mercante Guilherme Bessa.
FOTO 9 - 1° Tenente de Artilharia Waldemar Rosenthal e sua noiva.
FOTO 10 - Soldado Miguel Grinspan, do 1° Batalhão de Guardas em
solenidade na Abadia de Westminster.
FOTO 11 - Aspecto do escritório da T. Janér, onde trabalhou Saul
Antelman (assinalado pela seta).
FOTO 12 - Cabo de Cavalaria Saul Antelman.
FOTO 13 - Apresentação para os pracinhas na Itália. Adio realizou
brilhante carreira artística, integrando a dupla de acrobatas Adio & Joe, de
fama nacional e internacional, não a interrompendo nem quando servia ao
exército e particularmente no Front na Itália.

FOTO 14 - Tenente R/2 de Infantaria Pedro Kullock.


FOTO 15 - Quadro de Medalhas trazidas da Itália por Adio Novak. As de
baixo são alemãs.
FOTO 16 - Sargento Adio Novak na Itália.
FOTO 17 - Tenente Alberto Chahon e sua noiva baixo o palio nupcial na
Sinagoga.
FOTO 18 - 1° Tenente de Infantaria Alberto Chahon.
FOTO 19 - Alberto Chahon, Cadete da Escola Militar do Realengo, Rio de
Janeiro.
FOTO 20 - Irmãos Chahon, ambos Tenentes na Itália.
FOTO 21 - Tenente Alberto Chahon na Itália.
FOTO 22 - Da. Matilde Chahon Gammal, mãe dos tenentes Chahon
entrevistada pela imprensa carioca.
FOTOS 23 e 26 - Jacob David Cohen (círculo) com os colegas do Tiro de
Guerra.
FOTO 24 - Soldados Jacob David Cohen com o correligionário Mair
Credman e outro não identificado.
FOTO 25 - Identidade de ex-combatente do Veterano Jacob David Cohen.

FOTO 27 - Bateria de Metralhadoras onde serviu o Sargento Jacob David


Cohen, orgânica do 2°/3° Regimento de Artilharia Anti-Aérea de Olinda –
PE, 1942.

FOTO 28 - 3° Sargento de Artilharia da FEB Boris Schnaiderman. FOTO


29 - Gerald Goldstein, Presidente dos Veteranos USA no Rio de Janeiro, na
missa recordatória do Armistício da 1ª Guerra Mundial, Igreja dos Ingleses,
Rua da Matriz, Botafogo, Rio de Janeiro, em 11 nov 2007.

FOTOS 30 e 31 - Casal Betty e Gerald Goldstein com as medalhas


nacionais e estrangeiras que recebeu. Gerald ainda veste hoje o mesmo
uniforme de Oficial Radiotelegrafista que usou a bordo durante a guerra.
FOTO 32 - Gerald Goldstein reúne Veteranos em sua residência: Allain
Mirabet Viallon (França), Ignacy Felczak (Polônia), Gerald Goldstein,
Moyses Graziani (França), Melchisedech Affonso de Carvalho, Charles van
Hoombeck (Bélgica) e Brigadeiro Rui Moreira Lima.

FOTO 33 - Soldado Miguel Grinspan, do 1° Batalhão de Guardas em


solenidade na Abadia de Westminster.
FOTOS 34 e 37 - Soldado Miguel Grinspan, do 1° Batalhão de Guardas em
passeios por Londres.

FOTO 35 - Soldado Miguel Grinspan, do 1° Batalhão de Guardas, quando


do Desfile do Dia da Vitória de 08 mai 1946 em Londres, passagem do
Contingente Brasileiro diante da Tribuna de Honra.

FOTO 36 - Soldado Miguel Grinspan, do 1° Batalhão de Guardas, em


confraternização com soldados gregos de saiote, em Londres, 1946.

FOTOS 38 e 40 - Tenente de Artilharia Samuel Kicis, antes de ingressar na


FEB.

FOTOS 39 e 44 – Brasão de Armas da EsAO e a Bomba em Chamas,


símbolo da Arma de Artilharia, apostos na placa afixada na Sala Gen
KICIS.

FOTO 41 - O mapa mostra a Bessarábia, de onde vieram os pais de Samuel


Kicis, atual Moldávia, entre a Rússia e a Romênia.

Foto 42 – Placa afixada na Sala de Instrução do Curso de Artilharia em 01


set 2008 na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais na Vila Militar, Rio de
Janeiro, oficializando a sua denominação como - Sala General Kicis.

FOTOS 45, 46, 47, 49 E 54 - Aspectos da Sala Gen KICIS, e Turma de


Artilharia do CAO 2008 da EsAO composta de 37 capitães-alunos, entre os
quais 05 de Nações Amigas, Angola, Paraguay, Cabo Verde, São Thomé e
Príncipe, quando da Inauguração em 1º set 2008 da Sala General Kicis na
EsAO, presentes Da Leda Kicis, filha e Da Lucia Kicis, neta, GEN BDA
JOSÉ ALBERTO DA COSTA ABREU, comandante DA ESCOLA DE
APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS, o Autor E BIÓGRAFO DO
HOMENAGEADO, OFICIAIS INSTRUTORES Maj Paiva, Cap Aquilles,
Cap Brito Jr, Cap Bianco, Maj Amorim, Coord Ensino, Cap De Paula (leu o
texto da placa), Tenente Coronel Claudio, Comandante do Curso de
Artilharia da EsAO.

FOTO 48 - Convite para a dedicação da sala de aula do Curso de Artilharia


- Sala General Kicis - em 1º set 2008 na Escola de Aperfeiçoamento de
Oficiais na Vila Militar, Rio de Janeiro.

FOTOS 43, 50, 51 e 53 - Unidades onde serviu o Tenente Samuel Kicis,


antes de seguir para a Itália.
FOTO 52 - Diploma do Curso de Artilharia de Costa realizado pelo
Tenente Samuel Kicis.
FOTOS 55 e 56 - Tenente R/2 de Infantaria Salomão Malina.
FOTO 57 - Comandante Rodin a bordo.
FOTO 58 - Comandante Rodin durante Inspeção a bordo.
FOTOS 59 e 60 - Comandante Rodin e esposa embarcados.
FOTO 61 - O menino David Leon Rodin, futuro Comandante da Marinha
Mercante.
FOTO 62 - Comandante Rodin e noiva.

FOTO 63 - Marechal Levy Cardoso e o Maj R2 Galper junto com o Autor


no Dia da Artilharia na Vila Militar 10 jun 2008, 11° Grupo de Artilharia de
Campanha, unidade FEBiana, o Grupo Montese.

FOTOS 65 e 67 - Uma as peças de 105mm integrante da Bateria de Obuses


di Curso de Artilharia do CPOR/RJ leva a denominação histórica de Tem
Marcos Gal per. A foto foi tirada ainda no antigo quartel da Av Pedro II que
hoje abriga o 1° Batalhão de Guardas, Batalhão do Imperador.

FOTOS 64, 66, 69, 70, 72, 73 e 74 - Em sua residência de Copacabana, o


Major R/2 de Artilharia Marcos Galper guarda recordações da guerra, junto
com a esposa.

FOTO 68 - Major R/2 de Artilharia Marcos Galper na residência em


Copacabana recebe o Autor para discorrer sobre a sua atuação na FEB, em
2005.
FOTO 71 - O Ten R/2 de Artilharia Marcos Galper desembarcou no Rio na
véspera do Desfile da FEB na Av Rio Branco, trazendo mate- rial capturado
aos alemães a bordo de um navio de transporte.

FOTOS 75 a 77 - O Veterano Melchisedec Affonso de Carvalho no Desfile


Militar de 7 de Setembro em 2006 no Rio, e sendo entre- vistado pelo
Programa Comunidade na TV da FIERJ, em 2007 na sede da Associação
dos Ex-Combatentes do Brasil, da qual é Diretor Cultural.

FOTOS 78 e 85 - Fotos de Chahon com tocante dedicatória no verso.


Moyses é o 1º à direita, onde escreveu no verso, em 11 de janeiro de 1945:
“se os pensamentos transportassem os seres para onde estivessem voltados,
estaria agora ai para beijar carinhosamente tuas faces, querida mãe.”
Moises

FOTO 79 - O menino Moyses Chahon.

Foto 80 - Moyses, 4º em pé da esquerda para a direita aparece junto com


outros oficiais. Sentado à esquerda, o futuro Presidente da Republica, o
então Tenente Coronel Humberto de Alencar Castello Branco.
FOTOS 81 e 83 - Tenente R/2 Apolo Miguel Rezk, o maior herói da FEB,
e companheiro de Chahon recebe do General Lucian Truscott, Comandante
do V Exercito americano a Silver Star e a única Distinguished Service
Cross recebida por um militar brasileiro (30.03.45 Lizano de Belvedere e
19.05.45 Alessandria – Itália)

FOTO 82 - Veterano General Moyses Chahon e esposa no Monumento


Nacional aos Mortos da 2ª Guerra Mundial.
FOTO 84 - Flâmula do Regimento Sampaio, 1° Regimento de Infantaria da
FEB, onde serviram os Irmãos Chahon.
FOTOS 87 e 90 - Fotos de Chahon na Itália, 1944.

FOTO 86 - Tenente Chahon conduzindo a Bandeira Nacional na Guarda de


Honra. Em 1942 estava servindo em Florianópolis. Desfila na Parada de 7
de Setembro. Como oficial mais moderno, coubelhe ser o porta-bandeira na
Guarda de Honra.
FOTO 88 - Cadete Chahon com sua Turma da Escola Militar do Realengo,
onde aparece na primeira fila, primeiro à esquerda.
FOTO 89 - Tenente Chahon e noiva no dia do casamento.
FOTO 91 - 2ª Bateria de Obuses 105mm, o Comandante Capitão Salomão
Nauslausy assinalado ao centro.
FOTO 92 - Coronel de Artilharia Salomão Nauslausky quando comandante
da EsACosAAe – Escola de Artilharia de Costa e Anti Aérea.
FOTO 93 - Salomão Nauslausky como Capitão de Artilharia Comandante
de Bateria na FEB.

FOTO 94 - A Bateria de Salomão lançou projéteis por sobre as linhas


alemães contendo folhetos em alemão e português, para contrabalançar a
propaganda nazista.

FOTOS 95 a 97 - Comissário Jacob David Niskier em fotos da época, com


a Medalha de Serviços de Guerra com 3 Estrelas e identidade de Veterano.
FOTOS 98 a 101 - No Monumento Nacional aos Mortos da 2ª. Guerra
Mundial no Rio de Janeiro, o nome de Mauricio Pinkusfeld é um dos mais
de 1.500 gravados mármore.

FOTO 103 - Sargento Jacob Perelmann, de Niterói-RJ e soldado da FEB


confraternizam com integrantes da Brigada Judaica do Exercito Inglês,
durante folga em Florenza, Itália.
- Sargento Jacob Perelmann, em foto no dia que deu baixa do Exército, com
dedicatória para seu cunhado.
- Envelope com carimbos da FEB de censura em tempo de guerra.
- Uma festa de boas-vindas recebeu o Sargento Jacob e outros soldados no
Centro Israelita de Niterói.

FOTO 104 - A ficha de Mauricio Pinkusfeld na Escola de Marinha


Mercante registra que deveria concluir o Estagio a bordo, o que
lamentavelmente jamais viria a ocorrer. Ficha escolar até hoje arquivada no
CIAGA - Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, na Av. Brasil,
Penha – RIO.

FOTO 105– Retrato de Mauricio Pinkusfeld em sua ficha na Escola de


Marinha Mercante.
FOTOS 106 e 107 - Estas são algumas das poucas fotos que lembram o
jovem Comissário Mauricio Pinkusfeld, com um grupo de amigos
aparentemente em excursão ao ar livre. Desaparecido com menos de 18
anos no torpedeamento do Aníbal Benévolo, em 1942.

FOTO 108 - Samuel Safker na juventude.


FOTO 109 - Jovem estudante Samuel Safker Samuel. O uniforme lembra o
do Colégio Militar.
FOTO 110 - Cabo da FEB Samuel Safker com pais e irmãos, um dos quais
também prestava serviço militar na ocasião.

FOTO 111 - Homenagem aos Cirurgiões Dentistas que integraram a FEB:


Placa aposta na OCEx – Ocontoclinica Central do Exercito, na Rua
Moncorvo Filho, próxima ao Campo de Santa, Rio de Janeiro. Uma replica
encontra-se no Museu da FEB, na Casa da FEB a Rua das Marrecas 35 –
Lapa – Rio.
FOTOS 112 e 113 - Tenentes Homero Ramos Ribeiro, Ítalo Castoldi e
Israel Rosenthal na Itália, 1944.

FOTO 114 - 2° Tenente R/2 de Infantaria Israel Rosenthal, na Itália em


Maio / 1944.

FOTO 115 - Veterano Rosenthal em solenidade no Monumento Nacional


aos Mortos da 2ª Guerra Mundial, Rio de Janeiro, 60º Aniversário da
Tomada de Monte Castelo em 21/02/2005.

FOTO 116 - Um jornal italiano entrevistou o então Presidente da ANVFEB


Coronel Sergio Gomes Pereira e o Ten Israel Rosenthal, que posam para
uma foto em frente à Casa da FEB, Rua das Marrecas, 35 – Lapa, Rio de
Janeiro.

FOTOS 117 e 118 - Tenente de Artilharia Salli Szajnferber, Itália


6/12/1944.
FOTO 119 - Diplomada da Cruz de Combate de Primeira Classe, concedida
ao Tem Salli Szajnferber por ato de bravura individual.
FOTO 120 - Broni - Bandeira da 148ª. Divisão alemã capturada por
ocasião da rendição em Collechio. À esquerda o Ten Salli.
FOTO 121 - Comandante de Companhia da 148ª Divisão alemã se entrega
escoltado pelo Ten Salli, de sabre em punho, e 3º Sgt Luiz Albuquerque
Guillardecci do 6º RI.

FOTOS 122 e 124 - Manchete em hebraico: Uma Cruz sobre o Túmulo do


Herói Judeu.

FOTO 123 - Livreto editado pelo Comitê da França Livre relacionando


franceses que partiram do Brasil para lutar na 2ª Guerra Mundial, entre os
quais diversos judeus.

FOTO 125 - Diploma da Cruz de Guerra concedida post-mortem ao


Sargento Georges Schteinberg.

FOTO 126 - Sargento George Schteinberg, integrante da tripulação do


Groupe Lourraine, Força Aérea da França Livre.
FOTO 127 - Diploma da Medalha da Cruz de Guerra com Palma, assinado
de próprio punho pelo Gen De Gaulle, relatando a carreira do Sargento
George Schteinberg, o ataque de bombardeiros do Groupe Lorraine sobre
território ocupado e sua morte gloriosa frente ao inimigo.

FOTO 128 - Erro reparado: em lugar da Cruz, a Estrela de David sobre a


sepultura do Sargento Georges Schteinberg.

FOTOS 129 e 130 - Cadernos de Guerra – desenhos de Carlos Scliar, Cabo


de Artilharia da FEB, sobre os 11 últimos meses da Segunda Guerra na
Itália, quando registrou em desenhos “aqueles momentos terríveis que não
saem da lembrança”.

FOTOS 131 a 138 - Tenente Samuel Soichet, um dos mais de 400 Tenentes
R/2 oriundos dos CPORs que integraram a FEB. A história desses bravos
soldados, oriundos do meio universitário, ainda hoje é pouco conhecida,
encontrando-se perpetuada no Museu do Oficial R/2 no atual
aquartelamento do CPOR/RJ, Av. Brasil - Bonsucesso.

FOTOS 139 a 142 - Jacob Zveiter foi Controlador de Trafego Aéreo em


tempo de guerra, em bases da FAB no Brasil. Passou para a Reserva como
Tenente Coronel Especialista. O vemos em retrato de 2005, em Brasília-DF.
Capítulo 7
Cerimônia do Dia da Vitória
Monumento Nacional aos Mortos da 2ª Guerra Mundial Homenagem
da FIERJ e Bnei Brith no Túmulo do Soldado Desconhecido - 1º de
maio de 2005

Num histórico domingo do Rio de Janeiro, 1º de maio de 2005, procedeu-se


ao resgate de uma memorável página de nossa história comunitária que
durante 60 anos, por incrível que pareça, passou em brancas nuvens. A
participação de judeus brasileiros nas forças de terra, mar e ar,
especialmente Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a II Guerra
Mundial.

Aconteceram duas emocionantes cerimônias em homenagem aos judeus


brasileiros que participaram da II Guerra Mundial. De manhã no
Monumento aos Pracinhas, e à noite no Grande Templo Israelita, que estava
lotado.

2005 foi um ano jubilar para o mundo, marcando 60 anos do Dia V-E
(Vitória Aliada na Europa). No Brasil, entre muitas solenidades em 1º de
maio uma homenagem no Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro
recordou os Heróis Brasileiros Judeus da II Guerra Mundial.

Foi uma concorrida Cerimônia Cívica em que a Comunidade Judaica


homenageou os brasileiros de todas as fés que tombaram no esforço de
guerra contra o nazi-fascismo, realizada no domingo 1º de maio, às 10h da
manhã, no Monumento aos Mortos da 2ª Guerra, no Aterro do Flamengo,
coincidindo com a belíssima cerimônia da troca da guarda realizada no
primeiro domingo de cada mês, quando no rodízio entre as Forças
Singulares, uma tropa da Aeronáutica passou simbolicamente a Guarda ao
Túmulo do Soldado Desconhecido para o Exército, que durante o mes de
maio assume aquela honrosa missão.

Durante a cerimônia a Banda Militar executou marchas alusivas e honras de


estilo foram prestadas pela tropa diante do Túmulo do Soldado
Desconhecido, tombado em todas as guerras, do qual D_us sabe o nome.
O Pavilhão Nacional foi hasteado pelo Coronel de Artilharia Salli
Szajnferber, Veterano da FEB condecorado com a Cruz de Combate de 1ª
Classe, seguindo-se o toque do silêncio pelo Cabo-corneteiro Demétrio, do
3º COMAR, toque do Shofar pelo Hazan Nelson Zeitune e o acendimento
das velas de uma Menorá.

Torpedeamento do Anibal Benevolo.


Foi prestada uma tocante homenagem ao 2º Comissário Mauricio José
Pinkusfeld, desaparecido aos 19 anos no torpedeamento do navio mercante
Anibal Benevolo pelo submarino nazista U-507 ao largo de Sergipe, em
1942 e cujo nome encontra-se inscrito na lápide do subsolo do Monumento,
que homenageia os cerca de 1.000 brasileiros, tripulantes e passageiros de
navios mercantes, torpedeados por submarinos nazistas, e que tiveram o
mar como túmulo, com a aposição de flores ao Túmulo do Soldado
Desconhecido, sob uma chuva de pétalas de flores.
Justa homenagem prestada pela coletividade israelita, que participou ombro
a ombro com seus soldados, cabos, sargentos e oficiais das Marinha de
Guerra e Mercante, Exército e Aeronáutica na luta sem trégua contra a
barbárie nazista.
É desnecessário dizer o que essa luta representou para os israelitas, e seu
significado a todos os brasileiros judeus e não judeus que perderam suas
vidas no front italiano e nos navios covardemente torpedeados em nosso
litoral.
Essa grande festa cívica foi parte integrante das comemorações do 60º
aniversário da Vitória Aliada na Europa. ocorridas no Brasil e no Mundo.

Imaginário virtual Auschwitz Monumento dos Pracinhas


Artista Plástica Marlene Rubinsztajn Blajberg

O Quadro “Salve Nossos Heróis – Pracinhas do Brasil”

Como parte das comemorações dos 60 Anos do Dia da Vitória, a Diretoria


de Assuntos Culturais do Exército promoveu Concurso de Pintura sobre
temas alusivos a Força Expedicionária Brasileira.

A Artista Plástica Marlene Rubinsztajn Blajberg concorreu com um quadro


o qual foi selecionado para exposição, cujo embasamento incorporamos a
esta obra, agradecendo a gentileza da autora.
Salve Nossos Heróis – Pracinhas do Brasil - 60 anos do Dia da Vitória -
1945 - 8 de maio - 2005. A artista tira partido do imaginário virtual,
conectando o

portão do famigerado Campo de Concentração de Auschwitz na Polônia


ocupada pelos nazistas, abrindo-se a uma imagem de libertação passada
pela luta dos Pracinhas pela Democracia, simbolizada no belo Monumento
Nacional dos Mortos da II Guerra Mundial, enaltecendo a contribuição da
FEB e do Brasil, com luta e vidas, para a derrota da Alemanha Nazista e
libertação dos inomináveis campos de extermínio.

O distico “Arbeit Macht Frei” significa em alemão “O Tra - balho Liberta”.


Assim os nazistas iludiam os que iam morrer nas câmaras de gás, tendo
seus corpos cremados em seguida depois de despojados de todos os
pertences.
Ainda hoje pode se ver no Museu estabelecido sobre as instalações de
Auschwitz as salas que guardavam tais despojos. Cada sala abarrotada de
um determinado item.
Aproveitavam os dentes de ouro, os óculos, as pernas mecanicas, os
cabelos, a pele para abajures, a gordura para sabão humano.
Inconcebível, mas verdadeiro. Era como se fosse um matadouro. Só que,
como no poema de Drummond, “... não eram bichos... ... eram homens ...”

Cerimônia dos 60 Anos do Dia da Vitória (Fotos de Jayme Finkel e do


Autor)

Foto 1
Foto 3

Foto 5

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Foto 17

Foto 18

Foto 19
Legenda das Fotos do Capítulo 7

60 Anos do Dia da Vitória - Monumento Nacional aos Mortos da 2ª


Guerra Mundial - Homenagem da FIERJ e Bnei Brith no Túmulo do
Soldado Desconhecido, em 1° De maio de 2005
FOTO 1 - Eng José Alberto Chahon, filho do Gen Chahon, Veterano David
LAvinski, de Nova Lima – MG, Dra Vera Lucia Chahon, filha do Gen
Chahon, o Autor e a esposa, Marlene Rubinsztajn Blajberg, Arquiteta e
Artista Plástica.

FOTO 2 - Integrantes da Comissão: o Autor, Jayme Gersberg, Leila Velger,


Fanny Lewin, Rosita Naidin, Eng Ruy Flaks Schneider, Presidente do
Grande Templo Israelita, Anna Bentes Bloch.

FOTO 3 - Aspecto parcial do publico presente no domingo 1° de maio de


2005 no MNM2GM.
FOTO 4 - Cabo Corneteiro Demétrio, do 3°. COMAR, e Dr Nelson Menda,
da Comissão Organizadora.
FOTO 5 - O Autor e Dr Miguel Grinspan.

FOTO 6 - Acenderam as velas do candelabro ritual: Veterano David


LAvinski, de Nova Lima – MG, Sr Alexandre Henrique Laks, Presidene da
Associação dos Sobrevivents do Holocausto, Eng Samuel Benoliel,
Presidente da Bnei Brith, Ministro Waldemar Zveiter, Ruy Flaks Schneider,
Presidente do Grande Templo Israelita, Sr. Henri El Mann, Presidente da
Sinagoga Beth El do CIB – Centro Israelita Brasileiro, e o Autor.

FOTO 7 - Veterano Melchisedec executa a continência durante o toque do


Shofar.
FOTO 8 - Maj Galper e Cel Frazão executam a continência durante o toque
do Shofar.

FOTO 9 - Dr Miguel Grinspan assina o Livro de Honra do Monumento.


FOTO 10 - Veteranos Melchisedech e Galper ladeando Cel Frazao,
Administrador do MNM2GM.

FOTO 11 - Cantor litúrgico Nelson Zeitune, que pronunciou a ora- ção e o


toque da corneta ritual (Shofar) de chifre de carneiro, entre um membro da
equiep de filamegem e o Cabo Demétrio.

FOTO 12 - Veterano Israel Rosenthal, Presidente do Conselho Fiscal da


ANVFEB, entrevistado pela TV GLOBO.
FOTO 13 - O Autor entrevistado pela TV GLOBO.
FOTO 14 - Major Marcos Galper entrevistado pela TV GLOBO. Cel
Frazao e Anna Bentes Bloch.
FOTO 15 - Veterano Melchisedec Affonso de Carvalho assina o Livro de
Honra do Monumento.

FOTO 16 - Quadro da Artista Plástica Marlene Rubinsztajn Blajberg,


tirando partido do virtual imaginário Auschwitz – Monumento Nacional aos
Mortos da Segunda Guerra Munidal, exposto no Concurso dos 6º Anos do
Dia da Vitória, promovido pela Diretoria de Assuntos Culturais do Exército
Brasileiro.

FOTO 17 - Toque de Silêncio pelo Corneteiro do 3° COMAR. Coronel de


Cavalaria José Roberto Marques Frazão (4°) e Dr. Miguel Grinspan (9°).

FOTO 18 - Tenente R/2 de Artilharia Ney, da Associação dos Ex-Alunos


do CPOR/RJ, – Profª Dorotea Lola Grossman Pinkusfeld, irmã do 2º
Comissário Maurício José Pinkusfeld e neto, o Autor e Dr. Miguel
Grinspan, Veterano do 1° Batalhão de Guardas.

FOTO 19 - Integrantes da Comissão Organizadora junto a exposição do


CVMARJ – Clube de Viaturas Militares Antigas do Rio de Janeiro: Jaime
Gersberg, Fanny Lewin, Rosita Naidin, Eng Ruy Schneider, Anna Bentes
Bloch, o Autor, Eng Samuel Benoliel, Sylvia Cohn GAlli, Leila Velger, Dr
Jacob Guterman, Z”L.

Capítulo 8
Cerimônia do Dia da Vitória
Grande Templo Israelita - 1º de maio de 2005 Rua Tenente Possolo,
Centro - RIO Homenagem da FIERJ e Bnei Brith

No dia 8 de maio de 2005 comemorou-se em todo o mundo o Dia da Vitória


Aliada na Europa. Em Israel, uma cerimônia no Yad VaShem reuniu
cenenas de Veteranos Judeus que integraram os Exércitos Aliados,
especialmente americanos, soviéticos, britânicos, franceses, canadenses,
poloneses livres.

O primeiro-ministro Ariel Sharon e o Chefe do Estado Maior, General


Moshe Yaalom, único general de 2 estrelas das Forças de Defesa de Israel
enalteceram os veteranos judeus.

O Ministro da Defesa da Polônia, em visita a Israel na ocasião, devolveu


para um antigo oficial polonês judeu o posto de tenente, do qual fora
destituído em 1967, sob a alegação de ser judeu. Coincidentemente, este
oficial é um funcionário da Israel Aircraft Industries, que o Ministro estava
visitando no âmbito de um acordo com Israel, que irá modernizar aviões da
Força Aérea Polonesa.

No Brasil também aconteceram cerimônias, no âmbito da comunidade


maior, bem como uma que se destacou pela grandiosidade e ineditismo, a
homenagem prestada por uma Comissão formada pela Bnei Brith, que teve
também participação de outras entidades, a qual levantou os nomes ate
então quase desconhecidos de 42 Veteranos Judeus Brasileiros da II Guerra
Mundial.

Tudo foi realizado também nos devidos lugares: O Grande Templo, hoje
sem público e clientela mas o maior monumento físico e bela presença
Judaica nesta cidade, completamente tomado e resplandescente em seus
dois andares, e o Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial,
no Aterro do Flamengo.
A participação dos veteranos brasileiros judeus siquer está registrada no
Jewish War Veterans Museum de Latrun, Israel, lacuna esta que agora
poderá ser suprida.

Antecipada de uma semana, para não coincidir com as comemorações


oficiais no Monumento aos Mortos da Segun- da Guerra Mundial, ocorreu
no dia 1º de maio de 2005 a solenidade alusiva ao Dia da Vitória, no Grande
Templo Israelita do Rio de Janeiro, homenagenado os Heróis Brasileiros
Judeus da II Guerra Mundial.

Provavelmente o número exato jamais será conhecido. D_us sabe os seus


nomes. A Comissão pesquisou as listas dos soldados que participaram das
operações bélicas contra a Alemanha Nazista, conseguindo levantar o
número de 42 soldados, muitos já falecidos e mesmo após a solenidade
encerrada tomaram conhecimento de outros não levantados nas listas
prévias.

Os 42 nomes arrolados representam um percentual elevado para a


comunidade judaica da época, nucleada em imigrantes, portanto
dispensados do Serviço Militar; assim, foram os filhos desta geração de
imigrantes que voluntariamente acor- reram ao chamado da Pátria que
acolhera seus pais e avós.

Foi emocionante a cerimônia em homenagem aos judeus brasileiros que


participaram da II Guerra Mundial, à noite, no Grande Templo Israelita. O
evento foi uma iniciativa conjunta da FIERJ, B’nai B’rith, Grande Templo,
Museu Judaico, Conselho Sefaradi e organizações femininas.

A Cerimônia inicou-se com o Templo lotado, com a entrada das Bandeiras e


Estandartes Históricos da Associação Nacional dos Veteranos da FEB,
Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, Associação de Ex-Alunos do
CPOR, Conselho Nacional dos Oficiais da Reserva, e Associações de Ex-
Com- batentes das Nações Amigas, Polonia, USA, França, Bélgica e Reino
Unido, ao som da Canção do Expedicionário.

Presentes o Marechal Waldemar Levy Cardoso, 104 anos, único Marechal


vivo do Exército Brasileiro, e filho de Da. Stella Levy. Atual detentor do
Bastão de Comando da FEB, General de Brigada Helio Macedo, Chefe do
Estado Maior do Comando Militar do Leste, General de Divisão Roberto
Viana Maciel dos Santos, Diretor de Assuntos Culturais do Exército e ex-
Adido Militar em Israel (de kipá), Almirante Castro Leal, Comandante do I
Distrito Naval, Brigadeiro Paulo Hortênsio, Comandante do III Comar,
Adido Naval Adjunto americano Cap de Fragata Glenn Rosen, Secretário
de Segurança Marcelo Itagiba representando a Governadora Rosinha
Garotinho, Secretário de Cultura Arnaldo Niskier, e o Ministro Waldemar
Zveiter.

Houve 2 Mesas sobre “A Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial” e


“Brasileiros Judeus Que se Destacaram no Front”, com palestras do
embaixador e acadêmico Sér- gio Correa da Costa, pesquisador Luiz
Benyosef, Coronel Sérgio Gomes Pereira e o engenheiro e professor Israel
Blajberg, seguindo-se exibição de trechos do Documentário “A Cobra
Fumou“ O escritor Moacyr Scliar não pode comparecer, enviando um
depoimento sobre seu primo Carlos Scliar, que foi lido na ocasião.

A Banda do Regimento Avaí encantou o público, assim como a Ala de


Lanceiros do Regimento Andrade Neves em seus uniformes históricos, e a
entrada dos Estandartes Históricos de unidades FEBianas e Associações de
Ex-Combatentes Nacionais e Estrangeiras, ao longo da Guarda de Honra da
Marinha do Brasil em uniformes brancos.

A apresentação de Anna Bentes Bloch e a nominata com entrega dos


diplomas a Veteranos e Familiares, ao som da Canção do Expedicionário
emocionou a todos os presentes.

Por iniciativa da comisão que se formou através da Bnei Brith e outras,


após a tomada de decisão de se levar adiante o empreendimento a comissão
teve que levar a efeito verdadeiro trabalho de pesquisa para levantar os
nomes pela inexistência de um cadastro comunitário a respeito. Foram e
eram até então um contingente de anônimos na comunidade, não
reconhecidos publicamente.
Durante a cerimônia no Grande Templo houve a nominata de todos os ex-
combatentes judeus, com entrega de placas comemorativas aos presentes ou
seus familiares ao som da Canção do Expedicionário, brilhantemente
executada pela Banda de Música do Regimento Avai, o 2 de Ouro da Vila
Militar, diante dos Comandantes Militares de Área, 1º DN, 3º COMAR e o
Chefe do Estado Maior do CML – Comando Militar do Leste.

O Kadish, Oração fúnebre em hebraico, foi pronunciado pelo Rabino Henry


Sobel em memória dos Brasileiros de todas as fés que tombaram nos
campos de batalha, dos inocentes que morreram nos navios torpedeados em
nosso litoral e dos 6.000.000 de judeus assassinados pelos nazistas.

O Hazan (Cantor litúrgico) Nelson Zeitune realizou o to - que do Shofar


(Chifre de carneiro utilizado como instrumento de sopro em rituais
judaicos), seguido do Toque de Silêncio pelo Corneteiro da Aeronáutica,
Cabo Demétrio.

Há muito não via tanta sintonia fina entre o desejo since - ro de reverenciar
uma bela história do engajamento libertário no Brasil e a realização de um
evento a respeito.

A Interpretação do Hino Nacional Brasileiro pela cantora Ithamara Koorax


emocionou os presentes, bem como as falas tocantes do Cel Salli
Szanferberr representando os Veteranos presentes, e da Dra Vera Lucia
Chahon, representando os familiares.

Ao final ocorreu a Abertura da Exposição “Cadernos de Guerra”, 40


desenhos de Carlos Scliar elaborados durante o conflito, no salão de festas
do Grande Templo.

O impacto que o evento teve sobre a opinião pública em geral e a


comunidde judaica em particular foi bastante significativo.

A Rede Globo promoveu extensa divulgação. As homenagens prestadas no


Monumento foram transmitidas pela Globonews durante todo o domingo e
na segunda-feira foram destaque no Bom-Dia Rio e RJ-TV.

O Programa da FIERJ Comunidade na TV do domingo seguinte as 9h da


manhã pela TV Record foi totalmente dedicado aos eventos, com grande
audiência.
Foto 2

Foto 4

Cerimônia do Dia da Vitória


Homenagem da FIERJ e Bnei Brith
(Fotos de Jayme Finkel e do Autor)

Foto 1
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Foto 21

Foto 22
Foto 23

Legenda das Fotos do Capítulo 8

A Cerimônia do Dia da Vitória foi realizada em um local histórico, o


Grande Templo Israelita, Rua Tenente Possolo, Centro do RIO, hoje
um monumento tombado. A Homenagem da FIERJ e

Bnei Brith reuniu dezenas de Veteranos e familiares.

FOTO 1 - Dr Marcelo Itagiba, Prof Arnaldo Niskier, Eng Osias Wurman,


Ministro Waldemar Zveiter, General de Exército Antônio Joaquim Soares
Moreira, ex-Chefe do Estado Maior do Exército e ex-Presidente do STM -
Superior Trinbunal Militar, ao lado do seu sogro, Marechal Waldemar Levy
Cardoso, Detentor do Bastão de Comando da FEB, à época com 104 anos.
FOTO 2 - Ministro Waldemar Zveiter ao receber o diploma do seu irmão,
Tenente Coronel da FAB Jacob Zveiter, ladeado por dois Ve- teranos
polneses.

FOTO 3 - Presidente da FIERJ Eng Osias Wurman dirige-se ao público


presente.
FOTO 4 - Dr Ruy Flaks Schneider, Presidente do Grande Templo Israelita,
que sediou o evento.
FOTO 5 - Dr Samuel Benoliel, Presidente da Bnei Brith dirigindo-se ao
público presente.
FOTO 6 - Dr Osias Wurman Presidente da FIERJ saúda as Autoridades
Civis e Militares presentes.

FOTO 7 - Parte do público estimado em mil pessoas que lotou o Grande


Templo. Em primeiro plano o Veterano Cabo de Artilharia David Lavinski,
vindo de Nova Lima – MG para o evento, Chico Scliar, filho do ex-
combatente e Pintor Carlos Scliar e Curador da Fundação Carlos Scliar, e o
filho de Salomão Malina.

FOTO 8 - Dr. Osias Wurman, Presidente da FIERJ, em vibrante


pronunciamento.
FOTO 9 - O Autro com o General Helio Chagas de Macedo Juniro, Chefe
do Estado Maior, representando o General Domingos Curado, Comandante
Militar do Leste, que se encontrava em Brasília.

FOTO 10 - Anna Bentes Bloch foi a apresentadora deste histórico e


inesquecivle evento.

FOTO 11 - Presidente da Bnei Brith Eng Samuel Benoliel recebe o Rabino


Sobel, com uma Ala de Lanceiros do Regimento Andrade Neves em
uniformes históricos guarnecendo a entrada do Grande Templo.

FOTO 12 - Brigadeiro Rui Moreira Lima, herói do 1° Grupo de Aviação de


Caça, o Senta-a-Pua (3° Da esquerda); Visão geral do recinto, com público
estimado em mil pessoas que lotou o Grande Templo.

FOTO 13 - Veteranos Moyses Graziani (França) Jonh Mason e esposa


(Inglaterra).
FOTO 14 - Bandeira Nacional portada por um Tenente do Regimento
Sampaio, Estandartes da Associação dos Ex-Alunos do CPOR/RJ, portado
pelo Tenente R/2 de Infantaria Clovis Benchaia Cardoso, e da ANVFEB
pelo Tem R/2 de Engenharia Roberto Eduardo Albino Brandão.

FOTO 15 - Ten R/2 Israel Zuckerman conduz o Estandarte do CNOR.


FOTO 16 - Veterano Frances Akiba Andre Levy.

FOTO 17 - Chegada ao Templo dos Veteranos Franceses (bibico azul)


Akiba Andre Levy e Moyses Graziani (com o estandarte da AFAC), e
poloneses (boina preta) Cap Ignacy Felcszak, Presidente da Associacao dos
Ex-Combatentes Poloneses (com bracaeira).

FOTO 18 - Apresentadora Anna Bentes Bloch, Tenente R/2 de Infantaria


Israel Zuckerman, portando o Estandarte do CNOR – Con- selho Nacional
de Oficiais da Reserva, homenageando os 8 Oficiais R/2 judeus formados
nos CPORs.
FOTO 19 - O Autor proferindo a palestra “General de Divisão Samuel
Kicis – Veterano da FEB – A Carreira Exemplar de um Soldado Brasileiro
de Fé Mosaica”.

FOTO 20 - Dr. Jayme Gudel, Dr. Marcelo Itagiba, Secretário de Segurnaca


representando o Governador, Dr. Israel Klabin, Rabio Henry Sobel, o Autor,
Marechal Levy Cardoso, Embaixador Sérgio Correia da Costa.

FOTO 21 - Major R/2 Marcos Galper e esposa, ladeado pelo sobrinho Eng
Johnny Galper, membro da ADESG de Uberlândia - MG.

FOTO 22 - A Bandeira Nacional dá entrada no recinto ao longo da Guarda


de Honra formada por alas de Marinheiros do 1° Distrito Naval, ao som do
Hino a Bandeira.

FOTOS 23 e 24 - O material promocional do evento utilizou como marca a


foto histórica da Bateria comandada pelo Capitão Samuel Kicis, graças a
sua filha, Dona Leda Kicis, que cuidadosamente pre- servou o acervo
histórico de seu pai.
Capítulo 9
Dia da Recordação dos Heróis e Mártires
do Holocausto
Domingo 15 de Abril de 2007 às 10 h MNM2GM - Monumento
Nacional aos Mortos da 2ª Guerra Mundial
Homenagem ao Soldado Desconhecido

A FIERJ – Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, em nome da


comunidade judaica fluminense, com a colaboração da Administração do
MNM2GM celebrou cerimônia recordatória e Ato Cívico com a
Participação de Civis e Militares em Homenagem ao Soldado Desconhecido
Brasileiro e aos Heróis que tombaram no Levante do Gueto de Varsóvia, no
exato local onde aos 22 de dezembro de 1960, o Presidente Juscelino
Kubistchek de Oliveira recebeu das mãos do Marechal João Batisa
Mascarenhas de Moraes, Comandante da Força Expedicionária Brasileira,
uma urna com os restos mortais de um soldado brasileiro desconhecido,
morto em combate durante a 2ª Guerra Mundial.

A partir de então, naquele local passaram a ser prestadas as homenagens aos


bravos que sacrificaram suas vidas no Holocausto da Pátria por ocasião da
segunda Guerra Mundial.

Tal ato recordatório visou que a data tivesse maior alcance junto a
Sociedade Fluminense, marcando efeméride tão significativa, colaborando
para que principalmente as novas gerações sejam educadas a lutar contra o
racismo, preconceito, ódio e intolerância, com os valores humanos e morais
desta ação imprimindo marcante efeito positivo junto ao grande público.

Durante a Segunda Guerra Mundial, tanto o Brasil quanto a Polônia, ainda


que ocupada, combateram um inimigo comum: o Nazismo.

No caso da Polônia, as forças que defrontaram os nazistas eram semi-


regulares, ou seja, a Resistência Polonesa, cuja expressão máxima se deu no
Levante de Varsóvia (1944), e a Organização Judaica Combatente, que
lutou bravamente no Levante do Gueto de Varsóvia (abril de 1943).
Portanto o Dia do Soldado Polonês, também comemorado em agosto no
MNM2GM e o Dia da Recordação dos Heróis e Mártires do Holocausto
guardam estreita correlação com a homenagem aos Soldados
Desconhecidos Brasileiros: estas 3 forças lutaram pelos mesmos ideais de
democracia e liberdade, contra o mesmo inimigo.

Dia 15 de abril de 1943 marcou o início do Levante do Gueto de Varsóvia.


Nesta data rende-se uma homenagem aos Mártires, vítimas indefesas do
Holocausto, e aos Heróis que tombaram resistindo em luta desigual.

Após 27 dias a batalha final ocorreu na Rua Mila 18, o bunker que abrigava
o Posto de Comando da ZOB – Orga- nização Judaica Combatente.

O Levante do Gueto foi o primeiro na Europa dominada pelos nazistas, e


inspirou o grande Levante de Varsóvia de 1944, desta vez de toda a
população da cidade.

Em tributo a revolta, 19 de abril foi escolhido para simbolizar o Dia do


Holocausto e do Heroísmo.
É também um dia de orações em memória aos 6 milhões de vítimas civis do
Holocausto.
Assim, neste Monumento que homenageia os brasileiros mortos na Segunda
Guerra, a FIERJ prestou homenagem a estes bravos, associando-a também
às vítimas e heróis do Holocausto, lutadores contra o mesmo inimigo
nazista, apondo uma coroa de flores junto ao Túmulo do Soldado
Desconhecido, com a finalidade de homenagear e manter viva a imagem
dos heróis que, no anonimato, lutaram até o sacrifício da própria vida.
Participaram Autoridades Militares, Veteranos da ANVFEB e Conselho,
Veteranos das Nações Amigas (Polônia, Inglaterra, França, EUA e Bélgica).
Representações Militares, Representações Governamentais, Diretoria da
FIERJ, Entidades da Comunidade Judaica e um grande público de mais de
200 pessoas.
A emoção tomou conta de todos, quando o Corneteiro executou o Toque de
Presença de Ex-Combatentes, já que encontravam-se presentes nesta
solenidade ex-combatentes da FEB, prestando assim a merecida
homenagem àqueles que com sacrifício, bravura e glória, souberam
defender a honra da Pátria e os ideais de liberdade e democracia.
Em homenagem ao soldado desconhecido a banda executou o refrão do
monumento, de autoria do ten Paulo de Paula Pimentel, quando todos os
militares presentes prestaram a continência individual.
Foi aposta uma coroa de flores junto ao túmulo do sol- dado desconhecido
brasileiro, simbolizando com este gesto o reconhecimento ao soldado
brasileiro que como os heróis do levante do Gueto de Varsóvia sacrificou a
sua vida em prol da liberdade, enquanto a banda executava a canção do
expedicionário.
Foi acendido o candelabro com 6 velas em respeito à memória das vítimas,
simbolizando os 6 milhões de desaparecidos no holocausto.
O corneteiro executou em seguida o toque de silêncio, enquanto uma chuva
de pétalas de rosas caia sobre a plataforma do monumento, sendo prestada a
continência ao soldado desconhecido simbolizando o respeito e o
reconhecimento a todos os que morreram em combate na Segunda Guerra
Mundial, pela restauração da liberdade e da democracia no mundo.
A banda de música executou brilhantemente o o hino dos partisans,
relembrando o sacrifício daqueles heróis que tombaram pela liberdade. Foi
a primeira vez que uma banda militar execcutou o Hino dos Partisans, no
Brasil.
O Encerramento com o Hino Nacional Brasileiro galvanizou os presentes a
esta histórica cerimônia, que marcou época e que doravante deverá ser
realizada anualmente, sempre recordando o heroísmo e o martírio tanto das
vítimas e heróis do Holocausto quanto das vítimas civis nacionais e bravos
militares brasileiros.
Ao final as Autoridades Presentes assinaram o Livro de Honra do
Monumento e os presentes visitaram o Museu e Mausoléu.

Alexandre Henrique Laks Uma das figuras mais carismáticas presentes


foi um Sobrevivente do Holocausto, Sr. Alexandre Henrique Laks.

Natural de Lodz na Polônia, o Senhor Laks foi prisioneiro do Gueto durante


quase toda a II Guerra Mundial, executando trabalho escravo infantil. Em
agosto de 1944 com 17 anos foi deportado para o Campo de Extermínio de
Auschwitz, tendo sobrevivido milagrosamente até 27 de janeiro de 1945,
data em que o Campo foi libertado. Esta data foi designada pela ONU como
o Dia Mundial da Lembrança do Holocausto.
O Senhor Laks imigrou para o Brasil após a guerra. Hoje é naturalizado,
com filhos e netos brasileiros, sendo Presidente da Associação Brasileira
dos Sobreviventes do Holocausto – Seção Rio de Janeiro. (Sherit Hapleitá
em hebraico)

Aos 80 anos, dedica-se a ministrar palestras em escolas, universidades e


eventos. É autor do livro “O Sobrevivente – Memórias de um Brasileiro que
Escapou de Auschwitz”, edita- do pela Record em 2000, com várias re-
edições e prefaciado pelo Pe. Jesus Hortal Sanches, SJ, Reitor da PUC-RIO.
O Senhor Laks costuma autografar o livro com a mensagem “Que o meu
passado não seja o futuro de ninguém”.

Especialmente nos dias que correm, quando lamentavelmente retornam as


mesmas ameaças de fanatismo e intolerância, é fundamental manter viva a
memória do Holocausto. A pretexto de uma pseudoteoria racista que
discriminava minorias, pretendendo-as inferiores, foram exterminados
ignominiosamente milhões de seres humanos inocentes, entre judeus,
ciganos, deficientes físicos, homossexuais, doentes mentais, dissidentes
políticos.

As palestras do Sr. Laks enfatizam valores humanísticos e morais,


mostrando a importância da defesa dos direitos humanos, negação do
preconceito, racismo e intolerância, temas fundamentais para professores e
estudantes em geral.

São mensagens de alerta e esperança em tempos melhores, a fim de evitar


que tais fatos possam se repetir, que via de regra muito sensibiliza os que a
assistem.

Hino dos Partisans


(Combatentes da Resistência Judaica)

Letra: Hersh Glick (1920-1944) Musica: Dimitri Pokras (1889-1978)


(Tradução livre do yiddish pelo Autor)

A execução do Hino dos Partisans por uma Banda Militar foi um


acontecimento único não so no Brasil, mas queremos crer, em todo o
mundo. Apenas em Israel temos conhecimento de que o Hino é executado
por bandas militares em cerimônias realizadas no Yad Vashem em
Jerusalém, o instituto e museu que preserva a memória do Holocausto.

Nunca digas que este é o último caminho... Ainda que nuvens de chumbo
toldem o azul do ceu.
Chegou a hora que tanto esperávamos.
Marchando ao som dos tambores - aqui estamos!

Da terra de verdes palmeiras ou coberta pela branca neve, viemos com dor,
mas determinação.
Onde quer que nosso sangue seja derramado,
há de brotar nossa fé e valor.
Um dia o sol brilhará sobre nós,
enquanto o inimigo desaparece no passado.

Mas se a alvorada tardar demais a chegar,


que esta canção seja uma bandeira, de geração em geração.
Ela não foi escrita com tinta, mas a sangue. Não é o canto de um pássaro
em liberdade.
Um povo entre muralhas que tombam, cantou esta canção de armas na mão!

Foto 2

Dia da Recordação do Holocausto e Heroísmo Domingo 15 de abril de


2007 no MNM2GM (Fotos de Jayme Finkel e do Autor)
Foto 1

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Foto 19
Legenda das Fotos do Capítulo 9

Dia da Recordação dos Heróis e Mártires do Holocausto, domingo 15


de abril de 2007 às 10 h no MNM2GM Monumento Nacional aos
Mortos da 2ª Guerra Mundial Homenagem ao Soldado Desconhecido

FOTO 1 - Sr Laks ladeado por dois jovens do Movimento Juvenil


Hashomer Hatzair,Sergio Niskier, Presidente, o Autor, Sra Helena
Honigman, Diretora de Eventos, Claudia Grabois, Diretora de Inclusão
Social, e Da. Lea Lozinsky e Eng Jayme Salim Salomão, Vice- Presidentes
da FIERJ.

FOTO 2- A flor branca emergindo do arame farpado simboliza a esperança


em dias melhores para a Humanidade.

FOTO 3 - General Beraldo, Major Elza Cansanção Medeiros, Enfermeira


da FEB, o Autor e o Tenente R/2 de Artilharia Luiz Eugenio Bezerra
Mergulhão, da Associação de Ex-Alunos do CPOR/RJ e Grão Mestre do
Esquadrão Tenente Vaz.

FOTO 4 - Em segundo plano, entre os já citados, de paletó branco o


Veterano da FAB Sandoval Alvarenga.
FOTO 5 - Continência ao Soldado Desconhecido.
FOTO 6 - Sr Alexander Henryk Laks sobrevivente do Holocausto, acende
uma das 6 velas evocativas dos 6 milhões de mártires do Holocausto. Ao
fundo a representação da Associação dos Veterans do Corpo de Fuzileiros
Navais.

FOTO 7 - Veteranos Gerald Goldtein, Akiba André Levy, Sr Alexandre


Laks, o Autor e Sergio Nislier.
FOTO 8 - Grupo de jovens de movimentos juvenis com Sr Laks e Diretores
da FIERJ.
FOTO 9- Cel Amauri agrdece pela palestra e entrega um Diploma ao Sr
Laks.
FOTO 10 - Tem Rosenthal, Eng Niskier, Sr Laks e o Autor.

FOTO 11 - Homenagem diante da Chama Etena e Túmulo doSoldado


Desconhecido: o Autor, Eng Sergio Niskier, Presidente da FIERJ, General
de Divisão Roberto Viana Maciel dos Santos, Diretor de Assuntos Culturais
do Exército Brasileiro, e ex-Adido de Defesa em Tel-Aviv, Tem Israel
Rosenthal, Presidente do Conselho Deliberativo da ANVFEB e Ten
Melchisedec Affonso de Carvalho.

FOTO 12 - Parte do público presente. Em primeiro plano, Capitão Ignacy


Felczak, Capitão Osias Machado da Silva, herói do 1° Grupo de Aviação de
Caça, o Senta-a-Pua, Vet Allain Mirabet-Viallon, Prsidente da Association
rancaise dês Anciens Combattants, do Rio de Janeiro, e o Autor.

FOTO 13 - Vista parcial do público presente.

FOTO 14 - Veteranos John Mason, Presidente da Royal British Legion no


Rio de Janeiro e esposa, Vet Charles van Hombeeck, Presidente da
Sociedade Belga de Beneficiencia, o Autor e netinho Daniel, de 4 anos,
Capitão Ignacy Felczak, Presidente da SPK – Veteranos Poloneses e Tem
Melchisedech Affonso de Carvalho, Diretor Cultural da Associação dos Ex-
combatentes do Brasil.

FOTO 15 - Coroa aposta junto a Chama Eterna: “AO SOLDADO


DESCONHECIDO BRASILEIRO E AOS HERÓIS DO LEVANTE DO
GUETO DE VARSÓVIA”.
FOTO 16 - Autoridades presentes formam o dispositivo para abertura da
cerimônia.

FOTO 17 - Eng Sergio Niskier, General de Divisão Roberto Viana Maciel


dos Santos, Vice-Chefe do DEP – Departamento de Ensino e Pesquisa do
Exército Brasileiro, e ex-Adido de Defesa em Tel-Aviv, General João
Tranquilo Beraldo, Diretor de Assuntos Culturais do Exército Brasileiro,
Tenente Israel Rosenthal e o Sr Alexander Henryk Laks, Presidente da
Associação dos Sobreviventes do Holocausto – Rio de Janeiro.

FOTO 18 - Eng Sergio Niskier, Presidente da FIERJ, traça um paralelo


recordando os ex-combatentes brasileiros da 2ª Guerra Mundial e do
Levante do Gueto de Varsóvia, todos lutadores pela mesma causa.

FOTO 19 - No Auditório do Monumento, o Sr Alexandre Henrik Laks,


sobrevivente do holocausto, deu o seu emocionante testemunho. Presentes
Eng Sergio Niskier, Presidente da FIERJ, o Autor e o Administrador do
Monumento, Coronel de Artilharia Amauri Santos de Oliveira.

Capítulo 10
Dia da Recordação dos Heróis e Mártires
do Holocausto
Segunda 16 de Abril de 2007 às 19 h Sinagoga de Copacabana

No dia seguinte, segunda-feira 16 de abril às 19 h realizou-se o Ato


Religioso do Dia da Recordação, na Sinagoga de Copacabana - Rua
Capelao Alvares da Silva 15, Copacabana - Transversal a Figueiredo
Magalhaes após Toneleros e Metro Siqueira Campos.

O Dia da Recordação dos Heróis e Mártires do Holocausto (Yom Hashoá


veha Gvurá em hebraico) lotou completamente a Sinagoga Kehilat Yacov
(Copacabana), reeditando as grandes reuniões que no passado congregavam
a comunidade judaica nesta data tão significativa.

O presidente da sinagoga, Dr. Salomão Binesztok, abriu o ato solene


convidando a Banda Sinfônica da Guarda Municipal a executar o Hino
Nacional Brasileiro.

Seguiu-se a leitura pelo jovem José Mauricio Uris, do Kiruv (organização


juvenil religiosa), da proclamação anunciada pela rádio clandestina para o
Mundo Livre, pelo Comandante da Revolta, o jovem de 24 anos Marcos
Anilevitch, transmitida do Posto de Comando da ZOB - Organização
Judaica Combatente na Rua Mila 18, na noite de 19 de abril de 1943, em
que se iniciou o Levante do Gueto de Varsóvia, ouvida com grande emoção
pelos presentes.

Sobreviventes acenderam as seis velas: Miriam Glat (representando seu pai


Freddy Glat), Alfred Sobotka, Simon Moskal, Zalman Grossman, Bela e
Yosef Luftman, e Samuel Rosemberg, que relatou a sua vivência na Bélgica
ocupada quando, com apenas 12 anos, passou por duras provas.

O rabino Eliezer Stauber pronunciou as orações do Kadish, Yzkor e El


Malé Rachamim, alternados com pronunciamentos de Aleksander Laks,
Sergio Niskier, da FIERJ, e Flavio Segalis, do Conselho Juvenil Judaico.
O ex-partisan Isac Kimelblat fez um tocante relato da epopéia que ele e seu
irmão Natan viveram junto com mais 28 jovens que escaparam do massacre
de três mil judeus da sua cidade natal, e que se uniram a tropas russas para
combater os nazistas de dia, escondendo-se a noite na floresta.

Encerrando a cerimônia, e a Banda Sinfônica da Guarda Municipal


interpretou o “Hino dos Partisans” (“Zog Nit Kein Mol”) e foi feita uma
homenagem a quatro ex-combatentes: tenente Melchisedech Affonso de
Carvalho, da Marinha do Brasil; veterano Sandoval Alvarenga, do 1° Grupo
de Aviação de Caça (Senta a Pua); Ofi- cial de Radio da Marinha Mercante
Americana Gerald Goldstein, presidente dos veteranos EUA; e Krzysztof
Gluchowski, da Armya Krajowa polonesa, que combateu no Levante de
Varsóvia.

O evento foi organizado pela FIERJ, com apoio do rabino Eliezer Stauber e
Aleksander Henrik Laks, presidente da Sherit Hapleitá.
Foto 3

Foto 5

Foto 4

Foto 6
Legenda das Fotos
do Capítulo 10
Dia da Recordação do Holocausto e Heroísmo 14 de abril de 2007 na
Sinagoga de Copacabana
(Fotos de Jayme Finkel e do Autor)

FOTO 1 - Pronunciamento do Eng Sergio Niskier, Presidente da FIERJ. Na


Mesa: Eng Jayme Salim Salomão, VP da FIERJ, Sr Laks, Rabino Stauber,
Dr Binensztok, Dra Lea Lozinsky, VP da FIERJ, Dr Gerson Hochmann,
Presidente do Conselho Deliberativo da FIERJ.

FOTO 2 - O MONTESE de ago 2008, informativo da Associação Nacional


dos Veteranos da FEB – ANVFEB – Seção Mato Grosso do Sul, recorda
que a luta da FEB também era contra o Holocausto.

FOTO 3 - Sobrevivente acende uma vela.

FOTO 4 - Pronunciamento Sr Alexander Henryk Laks, Presidente da


Organização dos Sobreviventes do Holocausto, Seção Rio de Janeiro.

FOTO 5 - Sr Alexander Henryk Laks, sobrevivente do Holocausto, Rabino


Eliezer Stauber, Eng Sergio Niskier, Presiente da FIERJ.

FOTO 6 - Dia da Recordação dos Heróis e Mártires do Holocausto, 16 de


abril de 2007 na Sinagoga de Copacabana - Dr Salomão Binensztok,
Presidente da Sinagoga, Sr Alexander Henryk Laks, sobrevivente do
Holocausto, Rabino Eliezer Stauber, Eng Sergio Niskier, Presiente da
FIERJ.

FOTO 7 - Banda Sinfônica da Guarda Municipal da Cidade do Rio de


Janeiro executa o Hino Nacional Brasileiro e o Hino dos Partisans
(Guerrilheiros Judeus).

Capítulo 11
Semana da Pátria
7 de Setembro de 2007
Centro Cultural Esportivo e Recreativo MONTE SINAI
Brasil – 185 anos de Independência no MONTE SINAI

A Comunidade Judaica Fluminense através da Federação Israelita do Rio de


Janeiro – FIERJ e Centro Cultural Esportivo e Recreativo MONTE SINAI
da Tijuca comemorou a Semana da Pátria com Cerimônia Cívica,
Exposição Alusiva aos Feitos Heróicos da FEB no domingo 2 de setembro,
Mesa Redonda Conversando com os Veteranos e Ato Religioso na Sinagoga
do Monte Sinai. A programação foi a seguinte:

SEMANA DA PÁTRIA

Promovida pela FEDERAÇÃO ISRAELITA do RIO DE JANEIRO e


COMUNIDADE JUDAICA FLUMINENSE no CENTRO CULTURAL
ESPORTIVO e RECREATIVO MONTE SINAI

Rua São Francisco Xavier 104 – Tijuca (fte Estação Metrô São Francisco
Xavier)

Domingo 02 set 2007 às 11h30


• Cerimônia Cívica – Abertura da Semana da Pátria
• Formatura e Hasteamento da Bandeira Nacional
• Canto do Hino Nacional Brasileiro
• Abertura da Exposição Temática das Forças Armadas e

Auxiliares (aberta ao público de domingo a quinta das 10 às 20 h)


• Saudação do Presidente da FIERJ as Autoridades Civis e
Militares por ocasião da Semana da Pátria
• Coquetel Comemorativo

Quarta 05 set 2007 às 19h30


• Mesa Redonda: Conversando com Veteranos da FEB, Marinha e 1º Grupo
de Aviação de Caça (Senta a Pua) - Veteranos respondem perguntas do
público.
• Coquetel de Confraternização

Os acordes do Hino Nacional Brasileiro executado pela Banda da PMERJ


emocionaram o público presente à abertura da Semana da Pátria no Monte
Sinai, ao ser o Pavilhão Nacional hasteado pelo Coronel Leonardo de
Andrade, Diretor do Museu Militar Conde de Linhares, de São Cristóvão,
com o Ginásio colorido pelo garance do uniforme de gala com penacho
verde amarelo do Colégio Militar, azul do uniforme histórico da Artilharia
Divisionária da Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, alvos uniformes
brancos do Batalhão Naval dos Fuzileiros, da Fortaleza de São José, verde-
oliva dos Alunos do CPOR/RJ, o caqui operacional dos Bombeiros
Militares do DBM 3/11
– Tijuca, e as boinas azuis dos Veteranos da FEB e do Batalhão Suez.

O Presidente Sergio Niskier homenageou as Forças Armadas com a entrega


de um distintivo da FIERJ a Major Elza Cansanção Medeiros, primeira
enfermeira voluntária da FEB, que agradeceu em tocante oração. Foi lida
mensagem do Ministro Waldemar Zveiter, Sereníssimo Grão Mestre sobre a
contribuição da Maço- naria a Independência, e o Coronel Amauri Santos
de Oliveira, Administrador do Monumento Nacional aos Mortos da
Segunda Guerra Mundial dirigiu uma saudação a Comunidade Judaica.

Na quarta dia 5 a Mesa Redonda Conversando com os Veteranos despertou


grande interesse dos associados e tijucanos para ouvir o Capitão Osias
Machado da Silva, do 1° Grupo de Aviação de Caça (Senta-a-Pua)
representando o lendário Brigadeiro Moreira Lima, em viagem ao
Maranhão, a Major ELZA, e ao Te- nente R/2 de Infantaria Israel
Rosenthal, Veterano da FEB, ao som da Banda da Escola de Instrução
Especializada do Exército.

Encerrando a Semana da Pátria, em todas as 29 sinagogas do Estado do Rio


os Rabinos pronunciaram predicas alusivas à data, invocando as bênçãos do
Todo Poderoso para o Povo Brasileiro, por ocasião das preces que abriram o
Sábado Judaico na noite de sexta feira, 7 de Setembro.
Ao serviço religioso na sinagoga do Monte Sinai compareceu uma
representação da Diretoria de Assuntos Culturais do Exército, para honra e
orgulho da Comunidade Judaica, e o Veterano André Akiba Levy, ex-
combatente da Marinha Francesa na 2ª Guerra Mundial.

A presença marcante de nossa Comunidade foi uma bela demonstração de


nossa cidadania e nos insere de forma relevante na vida nacional, pelo
sucesso de todos os eventos.

A FIERJ recebeu a seguinte mensagem dos alunos do Colégio Militar que


abrilhantaram as solenidades com sua presença:
“Em nome da Sociedade Literária do CMRJ, felicitamo-os por este período
de união, data em que todas as querelas e desentendimentos são perdoados,
tornando-o significante para a manutenção de um convívio interpessoal
pleno, mostrando quão sábios são os ensinamentos da Torá.
Desejamos que a vinda deste novo ano seja consagrada com a doçura do
mel mais pura e pacífica, como o equilíbrio da natureza.
Shana Tová”

Semana da Pátria – 7 de setembro de 2007 no C.C.E.R. Monte Sinai

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Legenda das Fotos do Capítulo 11

Semana da Pátria – 7 set 2007 no Centro Cultural Esportivo e


Recreativo Monte Sinai, comemorada com uma Solenidade Cívica
na Quadra de Esporte no domingo de manhã. Inaugiração da
Expoisção e Mesa Redonda com Veteranos da FEB.

(Fotos D’Nigris Eventos Sociais - “Marimbondo” e do Autor)

FOTOS 1, 15 e 17 - Na Cerimônia Cívica em homenagem a Semana da


PÁTRIA, uma formatura abrilhantou a solenidade, com alunos do Colégio
Militar, representação da Marinha do Brasil, soldados da Fortaleza de Santa
Cruz em Uniforme Histórico, Bombeiros e Policiais Militares.

FOTO 2 - Cel Santos Oliveira, Administrador do Monumento dos


Pracinhas saúda o público presente, vendo-se o Autor, o Veterano Israel de
Oliveira Costa Wangler, da associação Integrantes Tropas de Paz da OEA,
um Veterano do Batalhão Suez, Tenente Coronel Claudio Ricardo Hehl
Forjaz, da Diretoria de Assuntos Culturais e Tem Rosenthal.
FOTO 3 - Representação de Alunos do CPOR/RJ compareceu a Mesa
Redonda.

FOTO 4 - Capitão Osias Machado da Silva dá seu depoimento sobre a


atuação do 1° Grupo de Aviação de Caça na Itália, sob as vistas da Major
Elza Cansanção Medeiros.

FOTO 6 - Sara Salomão, Diretora da FIERJ, entrega uma lembrança a


Major Elza pela sua participação na Mesa Redonda.
FOTOS 5 e 7 - Aspectos da Mesa Redonda com Veteranos da Segunda
Guerra Mundial.

FOTO 9 - Major Elza Cansanção Medeiros faz entusiastico


pronunciamento, ao lado do Presidente Niskier e do Autor.
FOTOS 8 e 10- Bolinhos de gefilte fish, prato típico da culinária judaica
ganham um toque verde e amarelo combinando com a Semana da Pátria.
FOTO 11 - Parte do público presente.

FOTO 12 - O Autor apesenta a Mesa Redonda com ex-combatentes,


Capitão Osias, Major Elza e Tenente Rosenthal, vendo-se ao fundo Sara
Salomção, Diretora da FIERJ.

FOTO 13 - Peças integrantes da Exposição da Semana da Pátria.

FOTO 14 - Dr Altamiro Zymerfogel, Presidente do MONTE SINAI com o


Coronel Leonardo Andrade, Diretor do Museu Militar Conde de Linhares,
em São Cristóvão, e esposa.

FOTO 16 - um dos jipes da exposição, pertencente ao CVMARJ – Clube


de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro.

FOTO 18 - No local reservado as autoridades, Major Elza, Presidnete


Altamiro, Coronel Leonardo, Coronel Amauri, Tenente José Candido da
Silva (Candinho), Veterano do Regimento Sampaio e Tem Melchisedech.

FOTO 19 - Presidente Sérgio Niskier homenageia a Major Elza Cansanção


Medeiros com a aposição do broche da FIERJ.
FOTO 20 - Corte da fita inaugural da Exposição: Maj Elza, Ten Ro-
senthal, Cel Santos Oliveira, José Alberto e Vera Lúcia, filhos do General
Chahon e o Presidene Altamiro.

FOTO 21 - Major Galper, Tem Rosenthal, Maj Elza e Sergio Niskier.


FOTO 22- Dr Altamiro Zymerfogel e o Autor na Exposição da Se- mana
da Pátria.

Capítulo 12
Tributo à Memória de Oswaldo Aranha
Dia 27 de Novembro de 2007 Cemitério São João Baptista

Os 60 anos da Resolução 181 - Partilha da Palestina, 29 de novembro de


1947 - 29 de novembro de 2007, com a criação de um País para os Árabes e
outro para os Judeus, na Histórica Sessão da Assembléia-Geral da ONU
presidida pelo Grande Brasileiro Chanceler Oswaldo Aranha (1894 – 1960)
foram comemorados no Cemitério São João Batista na Quinta-feira
29/11/2007 às 10h, com a Presença de dez Familiares do Chanceler e
Aposição de Coroas de Flores no Jazigo Perpétuo da Família, enviadas pela
FIERJ, ORGANIZA- ÇÃO SIONISTA DO BRASIL, LOJA HERUT DA
BNEI BRITH E AMIGOS DO MEMORIAL JUDAICO DE VASSOURAS,
com os seguintes dizeres:

A Oswaldo Aranha Eterna Gratidão do Memorial Judaico de


Vassouras

Homenagem da FIERJ e Comunidade Judaica Ao Grande Chanceler


Oswaldo Aranha 1947 – 2007

Como Mestre de Cerimônias atuou o Diretor de Cidadania da FIERJ, e


autor deste livro.
O evento contou com a presença maciça de Familiares do Chanceler
Oswaldo Aranha, a saber:
Embaixatriz Delminda Aranha Correa do Lago (Dedei), fi- lha, Sra Taís
Aranha Varnieri Ribeiro, sobrinha; Embaixatriz Maria Ignez Barbosa, Sr
Manoel Aranha Correa do Lago, Sr Eduardo Oswaldo Terra Lopes Aranha,
Sra Luciana Aranha Hoffmann, Professor Luiz Aranha Correa do Lago, Sr
Pedro Aranha Correa do Lago, netos, e Sr Oswaldo Aranha e Srta Ana
Correia do Lago, bisnetos.
Entre as Autoridades presentes, o Cap Joaquim CAETANO da Silva,
Presidente do Conselho Nacional dos Ex-Combatentes, que participou da 2ª
Guerra Mundial, servindo juntamente com Oswaldo Gudolle Aranha, filho
do homenageado, e que também ocupou o mesmo cargo; Cel Nilton
Freixinho, membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil,
contemporâneo de Aranha e que à época serviu no Gabinete do Ministro da
Guerra, General Dutra, Veterano Melchisedec Afonso de Carvalho, Diretor
Cultural da Associação dos ExCombatentes do Brasil, Seção RJ, e Gerald
Goldstein, Presidente dos Veteranos USA.
Uma representação dos Veteranos do Batalhão Suez estava presente,
capitaneada pelo Diretor Antonio WALTER dos Santos, como a primeira
Força de Paz brasileira, estacionada de 1956 a 1967 na Faixa de Gaza sob
os auspícios da ONU, tendo sido enviados 20 contingentes.
A Banda de Música do 7º Batalhão da PMERJ sob a regência do Mestre 1º
Sgt Mus Milton Mothe Pereira executou o Hino Nacional Brasileiro, após o
que foram lidas mensagens da Diretora do Museu Oswaldo Aranha, em
Alegrete, e de outras autoridades.
Fizeram uso da palavra o Coronel Nilton Freixinho, do IGHMB e
contemporâneo de Oswaldo Aranha, o Presidente da FIERJ Sergio Niskier,
Alberto Nasser, Presidente do Conselho Sefaradi, Dr Gerson Hochmann,
Presidente do Conselho Deliberativo da FIERJ, e o Diretor de Cidadania,
Israel Blajberg, que dirigiu uma mensagem aos presentes em nome da
FIERJ.
Foram tocantes pronunciamentos, ao longo dos quais alguns dos presentes,
mormente familiares do Chanceler mal puderam conter as lágrimas.
O neto Professor Luiz Aranha Correa do Lago usou da palavra fazendo um
retrospecto histórico e expressando a emoção da Família pela homenagem.
Encerrando a cerimônia, Familiares e representantes da FIERJ, Organização
Sionista do Brasil, Loja Herut da Bnei Brith e Amigos do Memorial Judaico
de Vassouras apuseram coroas de flores verde-amarelas e azul-e-branco ao
som da Canção do Expedicionário, executada pela Banda do 7º Batalhão da
PMERJ, em homenagem a Oswaldo Gudolle Aranha, que foi pracinha da
FEB e está sepultado no mesmo Jazigo, e a seus companheiros Veteranos
presentes.
O evento marcou a singela expressão de eterna gratidão da Comunidade
Judaica Fluminense, simbolizada em ato tão significativo para os familiares.
A seguir, reproduzidmos os pronunciamentos feitos na ocasião:
Prof. Luiz Aranha Correia do Lago,
em nome da Família Aranha
Prezados Amigas e Amigos, Senhoras e Senhores. É com profunda emoção
e gratidão que a família Aranha recebe as homenagens prestadas a Oswaldo
Aranha, ontem, na Assembléia Legislativa e hoje, aqui diante do seu
túmulo, por iniciativa da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro.
Ao longo de toda a sua história, o povo judeu sempre soube identificar
claramente os seus inimigos, e mostrar reco- nhecimento e gratidão eternos
para com seus amigos.
Nessas duas ocasiões foi destacado por vários oradores que o sentimento de
justiça e a busca da conciliação guiaram sempre os passos de Oswaldo
Aranha.
Sem incorrer em repetições das detalhadas evocações que ouvimos dos
eventos que levaram à histórica decisão da Partilha da Palestina há
exatamente 60 anos, gostaria de partir daqueles dois traços de personalidade
de Oswaldo Aranha, para recordar alguns eventos que mostram como
Oswaldo Aranha buscou sempre lutar por seus ideais, se necessário de
armas nas mãos, mas tendo como objetivo final a paz e a concórdia.
Entre 1923 e 1926, Oswaldo Aranha participou de 4 campanhas militares
em seu estado natal, sendo ferido em combate 2 vezes. Se ficou famoso por
suas cargas de cavalaria, seu pres- tígio aumentou particularmente em
função da sua conciliadora gestão como intendente - hoje se diria prefeito –
do Alegrete, sua cidade natal, reduto tradicional da oposição federalista,
onde conseguiu de forma duradoura a colaboração de republicanos e
federalistas para a modernização da cidade.
Foi também seu trabalho de conciliação, amplamente reconhecido como
essencial durante o Congresso das Municipalidades, que permitiu o
surgimento da Frente Única Gaúcha, em que pela primeira vez,
republicanos e federalistas – estes agora com a denominação de libertadores
- apoiaram a candidatura única gaúcha de Getúlio Vargas à presidência da
república.
Grande defensor da Aliança Liberal, Aranha em paralelo foi o principal
articulador e líder civil da Revolução de 1930. No dia da revolta, não
hesitou em tornar novamente as armas, comandando o ataque ao quartel
general em Porto Alegre.
Ministro da Justiça no governo provisório, Oswaldo Aranha não permitiu a
perseguição dos vencidos, como desejavam vários revolucionários.
Logo sua luta se voltaria para outras direções: no Ministério da Fazenda,
renegociou a dívida externa brasileira com fir- meza e participou ativamente
da Constituinte de 1934, como líder da maioria, contribuindo para alguns de
seus traços mais democráticos.
Embaixador em Washington de 1934-1937, destacou-se pela sua habilidade,
que resultou em importante tratado comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Renunciou à embaixada por ocasião da promulgação da Constituição do
Estado Novo, com a qual não concordava.
De retorno ao Brasil, instado por amigos temerosos da crescente influência
de elementos pró-fascistas no governo Vargas, Aranha aceitou o Ministério
das Relações Exteriores.
Já foi evocada ontem a sua atuação no sentido de alinhar o Brasil com os
aliados. Sua atuação durante a Conferência dos Chanceleres, sentado à
mesa ontem ocupada pelo nosso querido deputado Gerson Bergher, foi
fundamental para o rompimento das relações do Brasil e de vários países
latino americanos com o Eixo, e a partir da entrada do Brasil na Guerra
assim como o envio à Itália do Corpo Expedicionário Brasileiro, do qual
participou seu filho Oswaldo, tão amigo de muitos aqui presentes.
Acredito que a liderança civil da Revolução de 1930 e a decisiva atuação
para a entrada do Brasil na Guerra contra o Eixo, cruciais para o
desenvolvimento do Brasil por vários décadas, já reservariam um lugar de
destaque para Oswaldo Aranha na História do Brasil.
Mas caberia ainda a Oswaldo Aranha desempenhar papel internacional de
grande relevância, já longamente tratado ontem e hoje, na Presidência da
Assembléia Geral das Nações Unidas.
A Partilha da Palestina foi a primeira decisão de grande importância das
Nações Unidas. O seu objetivo, defendido firmemente por Oswaldo
Aranha, era a criação de um Estado Judaico e de um Estado Árabe-
palestino.
Após 60 anos, o Estado de Israel é uma realidade tangível como almejavam
os defensores da Partilha. Esperamos que a recentíssima Conferência de
Anápolis resulte finalmente em um acordo para a formação de um Estado
Palestino, que garanta a segurança definitiva do Estado de Israel e a sua
convi- vência pacífica com seus vizinhos, como deseja ardentemente o povo
judeu em todo o mundo. Estarão assim alcançados os ideais de paz que
guiaram Oswaldo Aranha e homens e países norteados por um sentimento
de justiça na inesquecível sessão da ONU de 29 de Novembro de 1947.

Oswaldo Aranha - Cidadão do Mundo, Herói Nacional


Pronunciamento do Diretor de Cidadania Israel Blajberg em nome da FIERJ
e da Comunidade Judaica Fluminense diante do Jazigo Perpétuo da Família.

O dia 29 de novembro de 2007 marca a data do quase milagre que


possibilitou a criação do Estado de Israel, pela ação pessoal e o descortino
do grande brasileiro Oswaldo Aranha.

Momento de grande simbolismo, dias que antecedem Hanuká, a Festa das


Luzes, quando há 2 mil anos um outro milagre também ocorreu.

E quem sabe, um terceiro milagre esteja a ponto de acontecer, quando nesta


semana em Anápolis tantos paises entre eles o nosso querido Brasil lá se
reúnem em busca da tão sonhada paz entre as nações.

Quis o destino que Oswaldo Aranha encontrasse a sua última morada aos
pés do Cristo Redentor.
Do alto do Corcovado ele também nos envia as suas bênçãos, assim como
abençoou as gerações de imigrantes que nos antecederam, ao ingressarem
na Baia de Guanabara sendo recebidos de braços abertos nesta Cidade
Maravilhosa.
O Brasil e os judeus da Europa sofreram a brutal agressão da Alemanha
nazista e da Quinta-Coluna, mas os povos e os brasileiros se uniram como
nunca se havia visto.
O Mundo assistia horrorizado a invasão nazista da Europa. Oswaldo
Aranha, tomou posse como Ministro das Relações Exteriores, vindo dos
Estados Unidos onde servira antes, encontrando o Presidente, Ministros,
Ministro da Guerra e generais impressionados pelo poderio do Exército
alemão. Iria reverter esta situação.
Em 1942, ao final da Conferência dos Chanceleres das Américas presidida
por Oswaldo Aranha o Brasil cortou relações com os países do Eixo.
Foi da sua lavra o discurso onde o Brasil declarou guerra ao Eixo. E foi a
sua pena corajosa que lançou a assinatura na resolução que permitiu acolher
aqui em terras brasileiras os judeus que escapavam do Holocausto.
Se no alto daquela montanha tantos emigrantes enxergaram a salvação, bem
perto o mausoléu da FEB nos recorda que neste mesmo Jazigo Perpétuo da
Família Aranha também repousa seu filho, Oswaldo Gudolle Aranha, um
dedicado e valoroso ex-combatente.
Aquele jovem, na época o filho do Ministro das RE não hesitou em
envergar voluntariamente o uniforme de pracinha da FEB, honrando o
nome de seu pai.
A FEB vitoriosa trouxe conseqüências extraordinárias, mudou o País,
depois dela tivemos a volta da Democracia. A FEB representou um
momento fundamental na vida brasileira, na história do Brasil, que também
a Oswaldo Aranha devemos.
Oswaldo Aranha era filho do Alegrete, na planície do pam- pa
riograndense, antiga capital farroupilha da fronteira oeste, berço de grandes
combates históricos.
Estudou no Colégio Militar tendo integrado seu Esquadrão de Cavalaria.
Defendeu o governo no Rio Grande do Sul como líder militar civil, tendo
sido ferido gravemente em combate, com um tiro de fuzil no combate de
Seivalzinho, próximo a Lavras do Sul, por pouco não tendo perecido.
Liderou no Rio Grande do Sul a Revolução de 30, tendo participado do
ataque ao QG da 3ª. Região Militar.
Foi o primeiro a defender de forma notável em 1946 a memória do grande
líder farroupilha Marechal Bento Manoel Ribeiro, conforme abordado no
livro O Exército Farrapos e seus Chefes, do Cel Cláudio Moreira Bento.
Oswaldo Aranha, Cidadão do Mundo e grande herói nacional.
A ele, como Presidente da Assembléia-Geral da ONU, o Povo de Israel
deve o seu Estado.
Os judeus do mundo inteiro, e do Brasil em especial, jamais olvidaram
Aranha, uma das mais significativas home- nagens sendo a praça que leva
seu nome ilustre, em singelo bloco no coração da Cidade Santa de
Jerusalém, bem próximo da Muralha Ocidental do Templo de Salomão,
onde nos caracteres dos alfabetos hebraico e da língua portuguesa, está
indelevelmente gravado seu nome.
Passados quase 2 mil anos, aquele Muro santificado pon- tifica novamente
sobre uma pátria judaica, graças a este ilustre brasileiro.
Em nome da FIERJ e da Comunidade Judaica Fluminense, em comunhão
com seus estimados descendentes, reverenciamos a memória do Chanceler
Oswaldo Aranha, grande brasileiro, expressando o nossa reconhecimento, o
nosso agradecimento e a eterna admiração dos seus compatriotas.

Mensagens recebidas pela FIERJ


Do Prof Luiz Aranha Corrêa do Lago
Prezado Israel,
conforme combinado encaminho-lhe a minha breve fala

no cemitério ontem. Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer a


forma como voce conduziu a cerimônia, que muito emocionou a família.
Foi um prazer conhecê-lo. Um abraço, Luiz Aranha Corrêa do Lago.

Profª Andréa de Oliveira, Diretora do Museu Oswaldo Aranha de


Alegrete, saudação lida pelo Dr Nelson Menda

O Museu Oswaldo Aranha, nessa data tão significativa presta homenagem


junto à comunidade Judaica ao “Cidadão do Mundo”, aquele que nasceu
para servir o seu país, não para se sevir dele.

Homem que escreveu a história do Rio Grande, do Brasil e da ONU. Que


teve o seu berço aquecido no fogo das revoluções e bravamente atravessou
rincões ao soar dos cascos dos cavalos gaúchos, da mesma forma que
atravessou mares em busca da paz.

Andréa Oliveira - Diretora MOA

Mensagem do Cel Cláudio Moreira Bento Presidente da Academia de


História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) e Instituto de História e
Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS), lida na Solenidade de
Homenagem ao Chanceler Oswaldo Aranha - Cemitério São João Baptista.

Osvaldo Aranha estudou no Colégio Militar tendo integrado seu Esquadrão


de Cavalaria.
Defendeu o governo no Rio Grande do Sul como líder militar civil, tendo
sido ferido gravemente em combate com um tiro de fuzil no combate de
Seivalzinho próximo a Lavras do Sul e por pouco não perecido.
Liderou no Rio Grande do Sul a Revolução de 30 tendo participado do
ataque ao QG da 3ª Região Militar.
Foi o primeiro a defender a memória do General Bento Manoel Ribeiro
conforme abordado no meu livro O Exército Farrapos e os seus chefes.
Natural de Alegrete, foi um grande herói nacional, e a ele, como Presidente
da Assembléia-Geral da ONU, Israel deve o seu Estado.
(a) Cel Cláudio Moreira Bento

Do Tenente R/2 de Comunicações


Elizio Damião Gonçalves de Araújo
Bravo e Caro Israel
Obrigado por transmitir um pouco da memória do belo e

singelo acontecimento. Fiquei emocionado ao ler no seu texto, a referência


às plagas da fronteira oeste, o Alegrete, vizinha à minha saudosa
Uruguaiana, onde nasceu Oswaldo Aranha.

Abração
Elizio

Do Gen Eng. BUENO,


da Turma de 1937 da Escola Militar do Realengo Caro amigo,
Gostaria de estar presente a justa homenagem ao ilustre

Brasileiro Oswaldo Aranha.


Tenho só boas lembranças do Político honrado que é um
exemplo para nos.
Um cordial abraço Gen Bueno

A solenidade da FIERJ inseriu-se nas amplas homenagens a Oswaldo


Aranha, iniciativa vitoriosa do Conselho Sefaradi que encontrou eco junto
às mais importantes lideranças da coletividade, da família Aranha, da mídia
e da sociedade maior. A idéia de lembrar o papel fundamental
desempenhado por Aranha na Partilha da Palestina, partiu de uma
deliberação do Conselho Sefaradi.

Em agosto e setembro de 2007 foi lançada, no Rio Grande do Sul, a


campanha em prol da construção do Memorial Oswaldo Aranha, belíssimo
projeto de Oscar Niemeyer que obteve amplo respaldo da sociedade e das
mais altas autoridades estaduais e federais.

A Revista Shalom publicou textos de grande relevância sobre “Oswaldo


Aranha e a Partilha da Palestina”. O Jornal “O Globo” publicou
esclarecedor artigo do Jor- nalista Osias Wurman sobre o tema. O Alef de
23/11 e 25/11 veiculou matérias sobre Aranha, a Partilha da Palestina e a
criação do Estado de Israel. O Programa de Teresa e Gerson Bergher e o
“Comunidade na TV”, da Fierj, destacaram as solenidades homenageando
um estadista que, apesar de não judeu, mais ajudou os judeus nos últimos
2.000 anos.

Essas comemorações são um privilégio nosso, de brasileiros e de mais


ninguém, porque nenhuma outra nação do mundo pode compartilhar da
honra e do orgulho de ter tido uma figura pública do quilate de Oswaldo
Aranha.

No Dia 28/11, quarta-feira, às 18:30h ocorreu Cerimônia Cívica no Palácio


Tiradentes, na Rua Primeiro de Março, com a presença de familiares de
Oswaldo Aranha, no mesmo Plenário onde Aranha pronunciou seu famoso
discurso de apoio do Brasil às forças aliadas, em janeiro de 42, que mudou
o próprio rumo da guerra.

No Dia 29/11, quinta-feira, às 16:00h. de Israel e 11:00h do Brasil houve


Sessão Solene no Knesset, em Jerusalém, com a presença de vários
familiares de Oswaldo Aranha especialmente convidados para esse ato
cívico.

Dia 13/12, quinta-feira, às 16:00h houve uma Sessão Especial na Câmara


Federal em Brasília. Iniciativa da Federação Israelita do Rio Grande do Sul,
com apoio da Conib e de suas federadas. O orador foi o Deputado Ibsen
Pinheiro.

Tributo à Memória de Oswaldo Aranha 29 de novembro de 2007 no


Cemitério S. J. Baptista

Foto 1
Foto 3

Foto 5

Foto 2

Foto 4
Foto 6

Foto 9

Foto 11
Foto 10
Legenda das Fotos do Capítulo 12

Tributo à Memória de Oswaldo Aranha, Presidente da Assembléia


Geral da ONU que deliberou sobre a Partilha da Palestina, nos 60 anos
da data, em 29 nov 2007 no Cemitério S. J. Baptista.

(Fotos do Autor)

FOTO 1 - Coroas enviadas pela FIERJ, ORGANIZAÇÃO SIONISTA DO


BRASIL, LOJA HERUT DA BNEI BRITH E AMIGOS DO MEMORIAL
JUDAICO DE VASSOURAS, formadas com flores nas cores verde-e-
amarela e azul-e-branca, vendo-se na lateral os nomes de 10 membros que
repousam eternamente no Jazigo Perpétuo da FAMILIA ARANHA.

FOTO 2 - Sérgio Niskier, Presidente da FIERJ saúda a Familia ARANHA,


vendo-se a a bisneta Ana de Ouro Preto Correa do Lago (E), o Autor Eng
Israel Blajberg, Diretor de Cidadania da FIERJ, a neta Embaixatriz Maria
Ignez Barbosa (D) e ao fundo o Sr B. Herzog, sobrevivente da Segunda
Guerra Mundial, um dos personagens descritos no Livro Sobreviver de
Sofia Débora Levi.
FOTO 3 - Neto do Chanceler, Professor Luiz Aranha Correa do Lago
pronuncia palavras de agradecimento pela homenagem da FIERJ,
recordando o caráter conciliador de seu avô e passagens históricas. Em
primeiro plano a neta Embaixatriz Maria Ignez Barbosa (E) e a filha
Embaixatriz Delminda (Dedei) Aranha Correa do Lago (D).

FOTO 4 - Neta do Chanceler, Luciana Aranha Hoffmann e Bisnetos


Oswaldo Aranha e Ana de Ouro Preto Correa do Lago.

FOTO 5 - Dr Nelson MENDA, Coordenador do Conselho Sefaradi no Rio


de Janeiro, colaborador na organização dos eventos que marcaram os 60
anos da Partilha da Palestina, transmitindo a mensagem enviada
especialmente pela Profª Andréa de Oliveira, Diretora do Museu Oswaldo
Aranha de Alegrete.

FOTO 6 - Veterano Melchisedec Afonso de Carvalho, Diretor Cultural da


Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, o Autor Israel Blajberg, Diretor
de Cidadania da FIERJ, 1° Sargento Milton Mothe Pereira, Mestre da
Banda de Música do 7° Batalhão da PM de Alcântara, Veterano Gerald
Goldstein, Oficial Radiotelegrafista da Marinha e Presidente dos Veteranos
USA do Rio de Janeiro.

FOTO 7 - Veterano Melchisedec Afonso de Carvalho, Diretor Cultural da


Associação dos Ex-Combatentes do Brasil (E), o Autor Israel Blajberg,
Diretor de Cidadania da FIERJ (D) ladeiam 2 netos do Chanceler.

FOTO 8 - Veterano Melchisedec Afonso de Carvalho, Diretor Cultural da


Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, o Autor Israel Blajberg, Diretor
de Cidadania da FIERJ, Capitao Joaquim CAETANO da Silva, Presidente
do Conselho Nacional dos Ex-Combatentes, que participou da 2ª Guerra
Mundial, servindo juntamente com Oswaldo Gudolle Aranha, filho do
homenageado, e que também ocupou o mesmo cargo.

FOTO 9 - O Sr Alberto Nasser, ex-presidente da CONIB saúda a família


Aranha, recordando a inauguração da Praça Oswaldo Aranha no coração de
Jerusalém durante a sua gestão, vendo-se os bisnetos Oswaldo Aranha e
Ana de Ouro Preto Correa do Lago e o Autor, Eng Israel Blajberg, Diretor
de Cidadania da FIERJ.
FOTO 10 - O Autor com Veterano Gerald Goldstein, Sergio Niskier,
Presidente da FIERJ, Vitoria Saul Sulam, do Conjunto Angeles y Malahines
e Nelson Menda, do Conselho Sefaradi.

FOTO 11- Ao final da solenidade, familiares do Chanceler com alguns dos


presentes, e Veteranos da 2ª Guerra Mundial.

FOTO 12 - Neto do Chanceler, Eduardo Oswaldo Terra Lopes Aranha,


Raphael Hallacke da Equipe de Som da FIERJ, o Autor Israel Blajberg,
Diretor de Cidadania pronunciando uma mensagem da FIERJ em nome da
Comunidade Judaica Fluminense aos descendentes de Oswaldo Aranha,
diante do Jazigo Perpétuo da Família ARANHA, Sergio Niskier, Presidente
da FIERJ e o neto Professor Luiz Aranha Correa do Lago.

FOTO 13 - A expressão de familiares e demais pessoas presentes


demonstra o forte impacto emocional da cerimônia. Durante os tocantes
pronunciamentos, alguns dos presentes, mormente familiares do Chanceler
mal puderam conter as lágrimas. Vê-se na foto Da. Lucy Wegner (4ª Da D),
coordenadora do Grupo Chai da ARI. Ainda criança, emigrou da Alemanha
poço depois da Noite de Cristal, graças a intervenção pessoal do Chancler
Oswaldo Aranha.

Capítulo 13
Dia Internacional de Recordação do
Holocausto
24 de Janeiro de 2008 - Itamaraty

A FIERJ-Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro e o Centro de


Informação da ONU no Rio de Janeiro, a exemplo do ocorrido em 2007
realizaram em 25 de janeiro de 2008, sexta-feira, das 10:30h às 12:00h, uma
cerimônia referente ao DIA INTERNACIONAL DA ONU DE
LEMBRANÇA ÀS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO, no Salão Nobre do
Palácio Itamaraty, na Rua Marechal Floriano, 196, Centro, Rio de Janeiro,
onde se situa o Centro de Informação da ONU.

O evento inclui a inauguração da exposição HOLOCAUSTO NUNCA


MAIS, organizada pelo Museu Judaico do Rio de Janeiro, e um ato cívico
com a manifestação das autoridades presentes.

Dia 25 de Janeiro, data fixada pela ONU para marcar o Dia de Libertação
do Campo de Extermínio de Auschwitz, foi criada com a recomendação
para que sejam promovidas ações políticas e educacionais em todos os
países membros da ONU.

Desde 2007 a FIERJ e a ONU vem marcarando a data, sendo que neste ano
de 2008 tivemos a honrosa presença do Exmo. Sr. Presidente da República
Luis Inácio Lula da Silva, do Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de
Janeiro Sérgio Cabral, do Exmo. Sr. Governador do Estado da Bahia Jaques
Wagner, diversas autoridades de todos os escalões, militares, ex-
combatentes brasileiros e de nações amigas, partisans, líderes comunitários
e religiosos.

O simbolismo desta data é muito claro, pela memória dos que tombaram, e
pelo alto significado da luta contra o precon- ceito, o racismo, a
discriminação, o anti-semitismo, e todas as demais formas de intolerância
correlata, e principalmente contra o esquecimento e a tentativa de apagar o
Holocausto da história, perpetrado pelo idólatras do fascismo e do nazismo.
Ter em mente um mundo melhor para todos, é a lição a ser tirada do
Holocausto. Foi assim que nasceu o Estado de Israel, das cinzas do
Holocausto, chegando a ser o que é hoje. Nunca esquecer o imenso sofrido
causado pelo Holocausto ao Povo Judeu, e cuidar que isto nunca mais se
repita contra quem quer que seja.

Em 2005 a Assembléia Geral das Nações Unidas reuniuse em sessão


especial para marcar o 60º aniversário da libertação dos campos de
concentração nazistas e, mais à frente, reafirmando a DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS adotou por consenso a
resolução 60/7 intitulada “Recordação do Holocausto”.

Segundo a resolução, co-patrocinada pelo Brasil, “o Holocausto, que


resultou no assassinato de um terço do povo judeu, juntamente com
inúmeros membros de outras minorias, será sempre uma advertência para
todo o mundo dos perigos do ódio, fanatismo, racismo e preconceitos”. A
resolução tam- bém fala na necessidade de que sejam absorvidas as lições
do Holocausto com o objetivo de ajudar a prevenir atos futuros de
genocídio.

Em janeiro de 2007, a ONU adotou nova resolução condenando as


declarações que negarem a ocorrência do Holocausto. O Brasil foi co-
patrocinador dessa resolução, aprovada por consenso por mais de 100
países.

Esta foi a terceira vez que o Presidente Lula compareceu à cerimônia, sendo
que nos dois anos anteriores, 2006 e 2007, participou dos eventos realizados
em São Paulo.

Segundo o presidente Lula, “o Holocausto deve ser lembrado com


indignação por nós, pelos nossos filhos, pelos fi- lhos dos nossos filhos e
por todas as gerações futuras”. Para o Presidente, “nós devemos promover
os valores mais elevados da solidariedade: paz e tolerância. E transformar
esses valores em ações concretas contra o anti-semitismo, os preconceitos
de raça, religião e classe”. Durante as cerimônias de que participou, o
presidente Lula enfatizou os investimentos do governo federal para
aprimorar os mecanismos de combate à discriminação, à intolerância e ao
preconceito, por meio da atuação das Secretarias dos Direitos Humanos e
de Promoção da Igualdade Racial e do Ministério da Justiça.

O Veterano da FEB Major Joaquim Thiago participou da Cerimônia, na


ocasiao obteve do Presidente LULA e do Governador Sérgio Cabral a
promessa de que intercederão para reverter o grave quadro em que se
encontra a ANVFEB, por falta de recursos para se manter em
funcionamento.

O General de Divisão Moyses Chahon foi retratado na Exposição ao lado


do então Ten Cel Castello Branco, durante a Campanha da Itália em 1945.

O então Tenente Chahon foi um dos poucos brasileiros agraciados com a


Silver Star concedida pelo Exército Americano, por heroísmo em combate
na Tomada de La Serra.

Seu filho, Engenheiro José Alberto Chahon do BNDES es - tava presente e


foi retratado ao lado do painel da exposição onde aparece o pai. um jovem
tenente na ocasião.

A Banda da Cia Independente de Músicos da PMERJ foi convidadada pela


FIERJ para participar da Cerimônia, quando executou com brilhantismo o
Exórdio Presidencial à chegada do Presidente Lula ao Salão Nobre, e o
Hino Nacional Brasileiro à abertura do Ato Solene.

Trechos do Discurso do Presidente LULA

Ao iniciar seu pronunciamento, assim se expressou o Presidente LULA:


Meus amigos, minhas amigas,
Eu acho que se nós tivéssemos encerrado este ato na fala do brigadeiro
Ruy Moreira Lima, já estaria de bom tamanho o ato, porque é a testemunha
viva do que aconteceu lá. Eu ainda não tinha nascido.
Portanto, Deus o preserve por mais algumas décadas para contar essas
histórias em outros dias 25 de janeiro.
Minhas amigas, meus amigos, jornalistas aqui presentes.
Agradeço o honroso convite da comunidade judaica do Rio de Janeiro para
participar deste ato.
... o Presidente prossegue seu pronunciamento ...
O Brigadeiro Ruy Moreira Lima do Senta a Pua - 1° Grupo de Aviação de
Caça participou como um dos oradores da Cerimônia, contando aos
presentes que um piloto brasileiro abatido em combate foi capturado pelos
nazistas e mandado para o campo de concentração de Sztetin na Polônia,
onde testemunhou as barbaridades cometidas contra os judeus. A seguir
reproduzimos as suas palavras, por transcrição.

Pronunciamento do MAJOR-BRIGADEIRO-DO-AR RUI BARBOSA


MOREIRA LIMA

Locutor:
Representando todos os combatentes brasileiros e dos exércitos amigos
convidamos a fazer uso da palavra ao Brigadeiro Ruy Moreira Lima, piloto
com mais de 90 missões de combate pela Força Aérea Brasileira.
( Palmas )
Brigadeiro Moreira Lima:
Quando entrei aqui na casa, um repórter me perguntou se era necessário
uma reunião desse tipo para relembrar.
Agora mesmo tivemos aqui um palestrante que fez um discurso muito
bonito, em que ressaltou não se poder esquecer um fato dessa natureza,
porque não se compreende que a vida humana haja sido tratada dessa
maneira, com tamanho desprezo, com deboche, com raiva.
Judeus, poloneses, russos, prisioneiros, eslavos, ciganos, essa gente toda foi
morta, morta friamente, com vontade de matar.
Criaram uma palavra nova, que aprendi noutro dia, chama-se despovoação;
matar, porque a Alemanha precisa de espaço, para lá colocar os nazistas.
Não era a Alemanha, eram os nazistas, é preciso que se preste muita
atenção, os nazistas, esses bandidos, insensíveis, matadores profissionais,
matavam de uma maneira terrível, fo- ram escolhendo, foram matando aos
poucos, matavam nas valas, depois criaram salas de biometria, medindo
peso, altura.
Assassinavam com um tiro na cabeça, na nuca, a vítima caía sobre um
lençol; mas estava se gastando muito lençol, muita lentidão, passaram a
matar pela fome, tirando a comida.
Estou falando como membro de um esquadrão da Força Aérea que
combateu na Itália, que combateu contra o nazifascismo.
Tínhamos aqui uma ditadura forte, horrível como todas, a do Presidente
Vargas, terrível, terrível, porque as ditaduras não respeitam nada, não
respeitam as leis, não respeitam coisa nenhuma.
( Palmas )
Nesse meu esquadrão éramos 49 pilotos, 9 morreram em combate, 5 caíram
prisioneiros, 3 foram recolhidos pelos partisans, pelos guerrilheiros, e
ficaram até o fim da guerra, 6 voltaram por doença, estafa aérea,
pneumonia, problemas de coluna, infelizmente um, por covardia; não se
pode apontar, porque nasceu assim, geneticamente; essa pessoa nem poderia
estar ali, mas foi, e voltou.
Esse grupo não teve recompletamento, não se pensou, sabe Presidente, e foi
a cúpula que não pensou em recompletamento.
Ao final da guerra, na primavera restavam 22 pilotos, o co- mandante
americano, (N.: o Brig. Pergunta pelo Embaixador), o comandante
americano chamou o nosso comandante: vocês já deram a sua parte, vocês
agora vão descansar, eu tenho 90 pilotos lá em Nápoles e vou substituí-los
porque vocês já chegaram ao limite de vocês.
Não, não chegamos, quando se defende a pátria, quando se defende o ideal
o limite é sempre o final, até para morrer, por isso é que fazemos o
juramento, de defender a pátria até a morte.
Não senhor, ninguém vai ceder o lugar para ninguém, nem nossos aviões
vão ser emprestados para ninguém, nem nosso sargentos vão voar para
ninguém, nos vamos voar quantas missões forem necessárias.
Não teríamos chances de operar mais de 15 dias; se a guerra durasse mais
de quinze dias o Grupo parava, seria uma vergonha para o Brasil. É bom
porque foi a história que vivemos, e aqui no Brasil se esconde a história.
Por isso é que vocês, judeus estão aqui, reunidos e eu estou aqui com vocês,
batendo palmas, e gritando, por que;
EU VI !!!
EU VI !!!
( Palmas intensas )
Nós tivemos um colega que foi prisioneiro em Sztetin (*). Ninguém sabe
por que que ele caiu na Itália, atravessou a Alemanha e foi parar na
fronteira da Polônia, Prússia Oriental. Permaneceu preso até a ocupação,
perdeu 12 kg esse rapaz. A comida eram 3 batatas por dia, um pedacinho de
pão, um chá de ersatz, uma sopa no fim da noite que também não era sopa,
era alguma coisa rala qualquer.
Eu até não digo nada contra os alemães, porque também estavam passando
fome, eles estavam passando mal.
Mas esse homem, neste campo de prisioneiros, eram 10 mil prisioneiros, lá
em Sztetin ele reclamava por falta de comida: mas não estão dando comida,
vamos morrer, cada dia morria alguém, inanição, entrava em avitaminose,
caiam os dentes.
1º de maio os russos entraram, libertaram todo mundo, o comandante era
Gabreski, um grande ás americano, ainda vivo.
Gabreski proibiu saídas do campo, não havia segurança. Alguns, mais
jovens, mais afoitos saíram e morreram. Foi montada uma ponte aérea de
B-17 para transporte dos prisioneiros libertados.
Esse colega meu estava no campo, um dia saiu e foi visitar um campo de
judeus. Ele era mineiro, sabe Dornellles (**), era mineiro, e me dizia: Rui
você nunca me viu chorar, seu apelido era “Moita Paes”, falava pouco.
Quando escrevi um

(*) - Notas do Transcr.:


(*) - Sztetin, Prússia, hoje na Polônia, fronteira com a Alemanha.
(**) - Ex-Ministro e Deputado Francisco Dornelles

livro, “Senta a Pua”, contando a história do Grupo de Caça, ele disse o


seguinte:

Quando vi o quadro, fiquei com vergonha, com vergonha de ter reclamado,


por ter sido maltratado nesse campo...

Por aí vocês têm uma idéia...


É uma pena que só tenha esse tempo para falar.... ( Palmas intensas )
O Brigadeiro retorna ao seu lugar intensamente ovacionado, sendo
cumprimentado de pé pelo Ministro e Deputado Francisco Dornelles e pelos
Vice-Presidentes da FIERJ Jayme Salim Salomão e Lea Lozinski.

Em 09 de fevereiro de 2008, eram as seguintes as contagens das


visualizações dos vídeos do evento, divididos em 5 segmentos no YouTube:

Brig. Moreira Lima – 3153


Pres. Lula – 720
Abertura – 363
Outros Oradores – 221
Clipe Holocausto – 564
Total – 5021

Curriculum Vitae
MAJOR-BRIGADEIRO-DO-AR RUI BARBOSA MOREIRA LIMA

Nascido aos 12 jun 1919 em Colinas, Estado do Maranhão, filho do


Desembargador Bento Moreira Lima e Sra. Heloísa Barbosa Moreira Lima.
Casado com D. Julinha.

Ingressou na Escola Militar do Realengo, como Cadete, em 31 de março de


1939, onde cursou os dois primeiros anos, escolhendo a Arma de Aviação.

Com a criação do Ministério da Aeronáutica em 20 de janeiro de 1941, foi


transferido em março daquele ano, para a Escola de Aeronáutica dos
Afonsos. Concluiu o Curso em 30 de setembro de 1942, sendo promovido
ao posto de Aspirante Aviador.

Como 2° Tenente Aviador, servindo na Base Aérea de Salvador, inscreveu-


se como voluntário para servir no 1º Grupo de Aviação de Caça. Neste
período, cumpriu 19 missões de Patrulha e Cobertura de Comboio.

Realizou o treinamento de Piloto de Caça em Aguadulce, Panamá, em


aeronave P-40, repetindo o treinamento na Base Aérea de Suffolk, Nova
York, agora no avião que iria combater na Itália, o P-47 – Thunderbolt.

Piloto de combate da Esquadrilha Verde, sua primeira missão foi em 06


NOV 44 e a última em 01 MAI 45. Em 18 Jun 45, partiu de Pisa para os
EUA para levar novos aviões P-47 para o Brasil. Na Campanha da Itália,
realizou 94 missões de guerra, sendo atingido pela Artilharia Antiaérea
alemã em nove destas.

Obteve todas as promoções, a partir de CapitãoAviador, pelo critério de


merecimento. Durante os anos em que permaneceu na Aviação de Caça,
exerceu todos os cargos exigidos para um Piloto de Caça, desde Ala de
Esquadrilha até Comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça.
Desempenhou o cargo de Comandante do Grupo de Transportes Especial e
da Base Aérea de Santa Cruz entre 14 AGO 1962 e 02 ABR 1964, quando
teve então seus direitos políticos cassados. Pertenceu ao Conselho Nacional
de Segurança e à Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, EUA.

Autor de vários textos sobre aviação e sobre os integrantes do Grupo de


Caça, o mais destacado deles o livro “Senta a Pua!”.

Recebeu as seguintes condecorações como Piloto de Caça em combate:


Cruz de Aviação, Fita A, com três Estrelas; Medalha da Campanha da Itália;
Cruz de Aviação, Fita B; Distinguished Flying Cross (Cruz de Bravura dos
EUA); Air Medal com quatro estrelas; Croix de Guerre Avec Palme, da
França; Medalha da Confederação de Ex-Combatentes da Europa,
Presidential Unit Citation (USA).

Proclamação de Mordechai Anielewicz, Comandante da Resistência do


Gueto na
Noite do Levante do Gueto de Varsóvia
- 19 de abril de 1943

(Adaptação do Autor)

Nós, Combatentes do único reduto livre da Europa neste momento,


apelamos ao Mundo para que se lembre de nós.

Que nos ajudem.


Sabemos que vamos morrer - não importa.
Hoje, véspera da Páscoa Judaica, começamos a percorrer

mais uma vez o Caminho da Liberdade.


Vamos morrer - estamos conscientes disso.
O sangue judeu não mais será derramado em vão. Lutando contra o nazismo
neste gueto de Varsóvia, iniciamos um novo porvir para o Povo Judeu.

Aqui tremula a bandeira azul-e-branca do Povo de Israel. Aqui, com a nossa


morte, nasce a semente do futuro Estado. Não nos esqueçais...
Viva a Liberdade e a Fraternidade dos Povos! Viva o Povo de Israel!
Mordechai Anielewicz Comandante da ZOB – Organização Combatente
Judaica

A FIERJ recebeu diveras mensagens alusivas a data, das quais


transcrevemos duas:
Do General Aureliano Pinto de Moura, Presidente do IGHMB, Instituto de
Geografia e História Militar do Brasil.
Prezado Israel
Não poderia deixar de comparecer a tão significativo evento. Lá estarei
junto aos amigos relembrar as vítimas desse triste e trágico episódio da
História para à Humanidade. Um abraço Aureliano

Do Tenente R/2 Moacir Torres, Presidente da AORA Associação dos


Oficiais da Reserva da Amazônia

Prezado Companheiro,
Agradeço enormemente o convite enviado.
Apresento retratação formal por não ter podido me fazer presente.

No entanto, apresento em meu nome e em nome dos Ofi - ciais da


Amazônia, todo o respeito pelo Povo Judeu, por todos os aspectos que o
constituem, principalmente pela vossa história e contribuição para toda
humanidade.

Nossas orações são para que não mais aconteçam atrocidades como no
holocausto. Mas saibam todos que em caso alguém tente façanha
semelhante, encontrará no Soldado Brasileiro, um forte opositor; e, nós,
Soldados da Amazônia, estaremos prontos para garantir a Liberdade e os
Direitos Humanos mesmo que custe nossa própria vida.

SHALOM! SELVA! Ten Torres - Pres. AORA.


Dia Internacional de Recordação do Holocausto 24 de janeiro de 2008
no Itamaraty
Foto 1

Foto 2

Foto 3

Fotos 5 e 6
Foto 4

Foto 7

Foto 8

Foto 9
Foto 10

Foto 11

Foto 12
Legenda das Fotos do Capítulo 13
Dia Internacional de Recordação do Holocausto 24/jan/2008 no
Itamaraty
(Fotos de Isaac Markman e do Autor)
FOTO 1 - Brigadeiro Ruy Moreira Lima, do Senta a Pua - 1° Grupo de
Aviação de Caça usa da palvra em vibrante pronunciamento na Cerimônia
alusiva ao Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto no
Salão Nobre do Palácio Itamaraty. Sentados: Sérgio Cabral, governador do
estado do Rio de Janeiro, e sua senhora Adriana Ancelmo Cabral, Jaques
Wagner, governador do estado da Bahia, e sua companheira Maria de
Fátima Carneiro de Mendonça, Paulo Vannuchi, secretário Especial dos
Direitos Humanos, Da. Marisa, esposa do Presidente, Dr Cláudio
Lottemberg, presidente da Conib.

FOTO 2 - Segundo o presidente Lula, “o holocausto deve ser lembrado


com indignação por nós, pelos nossos filhos, pelos filhos dos nossos filhos
e por todas as gerações futuras”. Para o Presidente, “nós devemos promover
os valores mais elevados da solidariedade: paz e tolerância. E transformar
esses valores em ações concretas contra o anti-semitismo, os preconceitos
de raça, religião e classe”. Du- rante as cerimônias de que participou, o
presidente Lula enfatizou os investimentos do governo federal para
aprimorar os mecanismos de combate à discriminação, à intolerância e ao
preconceito, por meio da atuação das Secretarias dos Direitos Humanos e
de Promoção da Igualdade Racial e do Ministério da Justiça.

FOTO 3 - Pronunciamento do Governador do Estado do Rio de Janeiro,


Sérgio Cabral.
FOTO 4 - Pronunciamento da Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon.

FOTOS 5 e 6 - O grande público que lotou o Salão Nobre do Itamaraty, na


Rua Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro, vendose Veteranos
Boina Azuis do Batalhão Suez.
Em primeiro plano, o Vice-Presidente da CONIB conversa com a Dra.
Clara Ant, Assessora Especial do Presidente Lula.

FOTO 7- Eng José Alberto Chahon, filho do General Chahon, junto ao


retrato em que aparece seu pai.

FOTO 8 - O 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira que


lutou nos céus da Itália durante a 2ª Guerra Mundial tinha como símbolo e
grito de guerra o Senta a Pua, idéia do então Capitão Aviador Fortunato
Câmara de Oliveira, Comandante da Esquadrilha Azul.
FOTO 9 - Símbolo da ONU para o Dia Internacional de Recordação das
Vítimas do Holocausto.

FOTO 10 - Presidente LULA inaugurou a Exposição Holocausto Nunca


Mais no Saguão do Museu Histórico e Diplomático, deixando a sua
assinatura no Livro de Visitantes.

FOTO 11 - Uma exposção organizda pelo Museu Judaico marcou a data,


celebrada oficialmente em 27 de janeiro, estabelecida pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 2005, para lembrar o dia da libertação dos
prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, no
sul da Polônia, em 1945. Em janeiro de 2007, a ONU adotou nova
resolução condenando as declarações que negarem a ocorrência do
Holocausto. O Brasil foi co-patrocinador dessa resolução, aprovada por
consenso por mais de 100 países.

FOTO 12 - Tenente Chahon com a FEB na Itália, em grupo lnde se incluía


o futuro Presidente da República, então Tenente Coronel Humnberto de
Alencar Castello Branco.
Posfácio
Foi com um grande sentimento de realização que participei dos trabalhos
que levaram a final a redação deste volume. Trata-se de um esforço que
praticamente dá continuidade a obra pioneira de Da. Frieda Wolff, que em
seu fantástico labor historiográfico sobre os judeus no Brasil, abordou
aqueles que seguiram carreira nas Forças Armadas, temática geralmente
pouco conhecida, mesmo na comunidade judaica, que trouxe a lume
diversos nomes, alguns dos quais constando deste livro, e que citamos a
seguir:

Tenente-coronel Francisco Leão Cohn, da Guarda Nacional, com atuação


brilhante como Ajudante de Ordens, Quartel-mestre Geral e comandante do
6° Batalhão de Caçadores. Para a Guerra do Paraguai, levou um dos
batalhões do primeiro contingente do Rio de Janeiro, em 1865, recebendo a
bandeira das mãos do Imperador Dom Pedro II, ao embarcar.

Leão Zagury, de Macapá, também da Guarda Nacio - nal, cujo diploma com
data de 13 de agosto de 1906 está exposto no Museu daquela cidade.

Irmãos Aarão e Elias Isaac Benchimol, de Belém. Aarão ingressou na


Escola Militar do Realengo em 1930 na Arma de Cavalaria, e com a
modernização do Exército tomou parte em diversos cursos de
especialização nos Estados Unidos, servindo durante a Guerra no Recife e
em Fernando de Noronha, promovido a General-de-Divisão por
merecimento em 1962. Seu filho Isaac é Capitão-deMar-e-Guerra.

Irmãos General Samuel Kicis e General Maurício Kicis, ambos de


Artilharia. Maurício se dinstinguiu durante a Intentona Comunista em 1935.

General Abraham Ramiro Bentes, também de Artilharia, era membro de


comissões tratando da recuperação de antigas fortalezas em Mato Grosso e
a Santa Cruz, RJ, servindo em diversos estados como Paraíba e São Paulo.

Irmãos Levy Cardoso, filhos de Antônio de Almeida Cardoso que se


converteu ao judaísmo por amor à dona Estella Levy. Armando, filho mais
velho, foi reformado no posto de Coronel. Waldemar, como tenente-coronel
de Artilharia, participou da campanha da Itália.

Na Marinha, Leão Amzalak, o primeiro de que se tem conhecimentno, filho


de Isaac Amzalak, da Bahia, e irmão das três beldades - Simy, Esther e
Mary Roberta - que Castro Alves imortalizou em alguns de seus poemas.
Leão sentou praça como Aspirante em 1879; acompanhou o príncipe
Augusto na visita à Portugal, a bordo do encouraçado “Solimões”.
Segundo-Tenente em 1886, primeiro-tenente em 1889, foi transferido para a
Reserva em 1894, devido a sua participação na Revolta da Marinha. Em
1900 era Capitão-Tenente servindo na Biblioteca e no Museu Naval
ingressando depois na Marinha Mercante.

Capitães-de-Mar-e-Guerra Edidio Guertzenstein a Boris Chigris, entre


outros, que serviram como médicos da Marinha. Boris trabalhou num navio
socorro, um rebocador de Alto Mar assistindo os navios na costa brasileira
do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul e, mais tarde, cardiologista, no
Hospital Marcílio Dias, servindo com Amihay Burlá depois Almirante e
Diretor do Hospital Central da Marinha onde também serviram Marcus
Blank, urologista, Luís Blank, anestesista, drs. Mink e Brenner,
cardiologistas como Boris que foi, no final da carreira, transferido para
Brasília fundando na então nova capital o primeiro hospital da Marinha e
convidado a ser médico cardiologista do presidente Médici.

Na Aeronáutica, Milton Castro, carioca que já nos idos de 1935 era aviador
da Marinha de Guerra, depois, instrutor de pilotos de caça. Em 1942, a
época do novel Ministério da Aeronáutica foi cedido para a Panair do
Brasil, na falta de pilotos civis. Lá pilotou o pequeno mas seguro Lodstar e
mais tarde os Constellation, tendo realizado o primeiro vôo da Panair para o
Oriente Médio.

Mais recentemente o Brigadeiro Médico Dr Waldemar Kichinewsky, que


foi Diretor do Hospital Central da Aeronáutica no Rio Comprido, Rio de
Janeiro e Presiente da Sociedade Brasileira de Radiologia.

A lista é extensa e continua sendo aumentada até hoje, nas Forças


Singulares e Auxiliares.
Enfim, sentado ao computador, extraindo dados de antigas folhas de
alterações e diplomas de medalhas descrevendo tantos atos de heroísmo,
desprendimento, patriotismo, aflorava um grande orgulho por ser brasileiro,
um patrício daqueles bravos soldados, e também um correligionário da fé
judaica.
Lembrava que se tivesse nascido 20 anos antes, eu poderia ter sido um
deles. Mas o destino não quis assim, e vim ao mundo como dizia meu
saudoso pai, Abram Blajberg, Z”L, no mês da vitória, em 31 de maio de
1945, portanto 23 dias após o término da guerra na Europa aos 8 de maio...
Somos da tribo de Levy. Num passado remoto, distante antepassado em
meio ao deserto não se deixou iludir pelo bezerro de ouro, aguardando que
nosso Grande Patriarca Moises descesse do Monte Sinai trazendo as Tábuas
da Lei, o que nos chegou até hoje em dia por tradição oral.
Assim, fomos sagrados como Guardiães do Tabernáculo, tendo a honra da
Leitura da Torah nas Sinagogas logo após os descendentes dos Cohanim
(Cohen = Sacerdote do Templo de Salomão).
Sob outros sobre-nomes, mas com o mesmo descortino e esperança
continuamos a trilhar a estrada da vida, satisfazendo-nos em ter nosso
sustento, poder recordar nosso passado, esperando do futuro somente
alegrias.
Somos tementes a D_us, o Grande Arquiteto do Uni- verso, fiéis a Lei de
Moises, e apesar dos nomes às vezes complicados, que se repetem ad
aeternum honrando a memória de nossos pais e avós, somos tão brasileiros
quanto qualquer brasileiro.

Síntese da
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL -
AHIMTB
Fundada em 1º de março de 1996

Fundada em Resende, A Cidade dos Cadetes do Exército, há 12 anos, em 1º


de março de 1996, aniversário do término da Guerra do Paraguai e do início
do ensino militar na AMAN.

A Academia de História Militar Terrestre do Brasil, ou simplesmente


AHIMTB, desenvolve a História das Forças Terrestres do Brasil: Exército,
Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Polícias, Bombeiros,
Auxiliares e outras forças que as antecederam.

Possui sede e foro em Resende, mas de amplitude nacional, tem como


patrono o Duque de Caxias e como patronos de cadeiras historiadores
militares terrestres assinalados, por vezes também ilustres chefes militares,
como os marechais José Bernadino Bormann, José Pessoa, Leitão de
Carvalho, Mascarenhas de Moraes, Castelo Branco e generais Tasso
Fragoso, Alfredo Souto Malan e Aurélio de Lyra Tavares, Valentim
Benício. Foram consagrados em vida como patronos de cadeiras, em razão
de notáveis serviços à História Militar Terrestre do Brasil, os generais A. de
Lyra Tavares, Jonas de Moraes Correia, Francisco de Paula Azevedo Pondé,
(*) Severino Sombra e Umberto Peregrino, o Almirante Hélio Leôncio
Martins e os coronéis Francisco Ruas Santos recém falecido, Jarbas
Passarinho e Helio Moro Mariante da Brigada Militar RGS.

Figuram como patronos civis Barão do Rio Branco, Dr Eu


(*) Vide Biografia do Gen Moyses Chahon

gênio Vilhena de Morais, Gustavo Barroso, Pedro Calmon e José Antônio


de Mello pelas contribuições à História Militar Terrestre do Brasil.

Entre os fatores da escolha de Resende ressalta ser a AMAN a maior


consumidora de assuntos de História Militar que hoje ministra a seus
cadetes no 2º, 3º e 4º anos, através de sua cadeira de História Militar, o
único núcleo contínuo e dinâmico de estudo e ensino de História Militar no
Brasil. A Academia possui como órgão de divulgação o jornal O
GUARARAPES já no seu número 58 que é dirigido a especialistas no
assunto e à autoridades com responsabilidade de Estado pelo
desenvolvimento deste assunto de importância estratégica. Divulgação que
potencializa através de sua Home page - já com mais de 700 mil visitas
www.ahimtb.org.br.
A Academia desenvolve seu trabalho em duas dimensões: 1ª a clássica
como instrumento de aprendizagem em Arte Militar com vistas ao melhor
desempenho constitucional das Forças Terrestres, com apoio em suas
experiências passadas etc. A 2ª com vistas a isolar os mecanismos
geradores de confrontos bélicos externos e internos para que colocados à
disposição das lideranças civis estas evitem futuros confrontos bélicos com
todo o seu rosário de graves conseqüências para a Sociedade Civil
Brasileira.

A Academia dá especial atenção à juventude masculina e feminina


estudando nos sistemas de ensino das Forças Terrestres Brasileiras, com
vistas a promover encontro dela com as velhas gerações e as atuais de
historiadores militares terrestres e soldados terrestres e, além, tentar
despertar no turbilhão da hora presente, de ingresso no insondável 3º
milênio, novas gerações de historiadores militares terrestres, especialidade
hoje em vias de extinção por falta de apoio e sobretudo estímulo editorial.
Constatar é obra de simples raciocínio e verificação! É assunto que merece,
salvo melhor juízo, séria reflexão de parte de lideranças das Forças
Terrestres com responsabilidade funcional de desenvolver a identidade e as
perspectivas históricas das mesmas e, além, as suas doutrinas militares
expressivamente nacionalizadas calcadas na criatividade de seus quadros e
em suas experiências históricas bem sucedidas o que se impõe a uma
grande nação, potência, ou grande potência do 3º Milênio.

No desempenho de sua proposta ela vem realizando sessões junto à


juventude militar terrestre brasileira, a par de posses de novos acadêmicos
do Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica e Polícias e
Bombeiros Militares que vêm progressivamente mobilizando e integrando
em sua cruzada cultural e centralizando subsídios em seu Centro de
Informações de História Militar Terrestre do Brasil em Resende, junto a
AMAN.

Outra finalidade da Academia é enfatizar para os jovens com os quais


contata a importância da História do Brasil e a de sua subdivisão - A
História Militar Terrestre do Brasil. A primeira como a mãe da identidade e
perspectiva históricas do Brasil e, a segunda como mãe da identidade e
perspectivas históricas das forças terrestres brasileiras no contexto das do
Brasil e, como em todas as grandes nações, potências e grandes potências
mundiais, Isto por ser subsidiária de soluções táticas, logísticas e
estratégicas militares brasileiras que nos últimos 500 anos foram
responsáveis, em grande parte, pelo delineamento, conquista, definição e
manutenção de um Bra- sil de dimensões continentais.

Soluções capazes de contribuírem para o desenvolvimento da doutrina


militar terrestre brasileira, com progressivos índices de nacionalização,
como a sonharam o Duque de Caxias e os marechais Floriano Peixoto e
Humberto Castello Branco.

Complementarmente procura a Academia apontar aos jovens, seu público


alvo, os homens e instituições que lutam patrioticamente, a maioria das
vezes sem nenhum apoio, para manter acesas e vivas as chamas dos estudos
de História do Brasil e seus desdobramentos com o apoio na análise
racional e não passional de fontes históricas, íntegras, autênticas e
fidedignas, que com grandes esforços garimpam, ao invés das manipulações
históricas predominantes entre nós feitas por historicidas, fruto das mais
variadas paixões, fantasias e interesses, o que Rui Barbosa já denunciava
em seu tempo. Confirmar é obra de simples verificação e raciocínio. E se os
jovens disto se convencerem e exercerem o seu espírito crítico será meia
batalha ganha.

A Academia vem atuando em escala nacional com representantes em todo o


Brasil em suas várias categorias de sócios e já possui em Brasília, junto ao
Colégio Militar, funcionando a sua Delegacia Marechal José Pessoa e
instalou no Colégio Militar de Porto Alegre a Delegacia General Rinaldo
Pereira Câmara e, em Fortaleza a delegacia Cel José Aurélio Câmara. E no
Rio de Janeiro no IME, a Delegacia Marechal João Batista de Matos e em
Curitiba a Delegacia Gen Luiz Carlos Pereira Tourinho. E em São Paulo as
delegacia Cel Pedro Dias de Campos voltada para a História da PMSP e ao
abrigo da Associação de Oficiais da Reserva da Polícia Militar de São
Paulo cujos quadros contam com dois acadêmicos e mais a Delegacia Gen
Bertholdo Klinger abrigada no QG da 2ª DE.

Em Pelotas possui a Delegacia Fernado Luis Osório homenagem ao grande


historiador militar neto do General Osório. Em Caxias do Sul a Delegacia
Gen Morivalde Calvet Fagundes, grande historiador da Revolução
Farroupilha e ao abrigo do Grupo Conde de Caxias. Este é em síntese o
perfil da Acade- mia de História Militar Terrestre do Brasil que pretende ser
um fórum cultural para o debate de assuntos históricos de natureza
doutrinária e em especial para militares da Reserva das Forças Terrestres do
Brasil para aproveitar as valiosas experiências que colheram em suas vidas
na caserna. A Academia completou 12 anos, e já orgulha de haver muito
realizado. Seu sucesso continuado depende do empenho, solidariedade e
vontade cultural de seus membros e da sensibilidade das lideranças de
nossas Forças Terrestres em apoiar e estimular a iniciativa de grande
benefício e insignificante custo para as mesmas a servi- ço do objetivo atual
1º do Exército que a Academia estendeu as outras forças terrestres do
Brasil.

“Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a memória histórica, as tradições e


os valores morais culturais e históricos do Exército Brasileiro.

Claudio Moreira Bento Presidente da AHIMTB

Delegacia da AHIMTB no Rio de Janeiro MARECHAL


JOÃO BAPTISTA DE MATTOS

Nascido no alvorecer do século, neto e bisneto de escravos.


Em 1918, poucos anos decorridos da Abolição torna-se um Cadete do
Realengo, ingressando no Exército que acolhe e irmana a juventude,
independente do berço, de qualquer origem, transformando a todos em
soldados brasileiros.
Declarado aspirante a oficial da arma de infantaria, sua turma de 1921 da
antiga Escola Militar daria ao Brasil outros Marechais, como Castello,
Costa e Silva, Kruel, Maurell, e Levy Cardoso, o último ainda vivo.
Esteve à frente de tropa em combate, tornou-se o Historiador dos
monumentos.
Presidiu o IGHMB, IHGB, SBG.
A Delegacia RIO desta Academia tem o pivilégio de ostentar o seu nome
honrado, de soldado exemplar, educador dedicado e historiador eminente,
Marechal João Baptista de Matos.

Curriculum Vitae Sintético do Autor


Israel Blajberg

Brasileiro nato de 1ª geração. Nasceu no Hospital da Cruz Vermelha no Rio


de Janeiro aos 31 de maio de 1945.
Engenheiro Eletrônico pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade
do Brasil, Turma Povo Brasileiro de 1968.
Engenheiro da ITT Standard Electric, Westec e Ecodata, de 1968 a 1973.
Engenheiro Chefe de consultoria na MONTOR S. A. Projetos e Sistemas
(Montreal Engenharia) e BELL CANADA de 1973 a 1975.
Em 1975 prestou Concurso Público para o BNDES. Exerceu cargos
executivos nas Áreas de Planejamento e Social, atualmente Engenheiro da
Área de Planejamento no último nível da carreira.
Especialização em Engenharia Econômica. Realizou cursos no Brasil e no
exterior em informática e tecnologia: Universidade de Ohio, Instituto
Politécnico Nacional do México, como Bolsista da OEA, estágios na EPA
em Washington e Boston e no Departamento de Proteção Ambiental do
Estado de Massachussets.
Admitido em 1969 no Quadro do Magistério Público Federal. Lecionou nas
Escolas de Engenharia e Química e no Instituto de Eletrotécnica da
Universidade do Brasil até 1975.
Desde 1972 Professor Adjunto IV da Escola de Engenharia da Universidade
Federal Fluminense. Presidiu as Comissões do Prêmio Acadêmico Walder
Moreira e dos 40 Anos de Telecomunicações da UFF.
Ex-aluno do CPOR/RJ, Turma Marechal Rondon, Artilharia 1965. Assessor
Cultural da Associação dos Ex-Alunos e colaborador do Museu do Oficial
R/2.
Indicado pelo BNDES para cursar a ESG - Escola Superior de Guerra em
2004, CAEPE – Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, Turma
Vontade Nacional e 2007 pelo CLMN
– Curso de Logística e Mobilização Nacional, Turma Cinqüentenário do
CLMN.
Sócio da ADESG, Clube de Engenharia, Associação dos Antigos Alunos da
Politécnica (Vice-Diretor Técnico-Cultural), Arquivo Histórico Judaico
Brasileiro e Sociedade Brasileira de Genealogia Judaica.
Diretor de Cidadania da FIERJ – Federação Israelita do Estado do Rio de
Janeiro, gestão Sergio Niksier 2007-2008.
Diretor Acadêmico do Memorial Judaico de Vassouras. Gestão Luiz
Benyosef 2007-2008.
Diretor de Relações Públicas da Associação Nacional dos Veteranos da
FEB, e Editor do Boletim Informativo. Gestão Cel. Helio Mendes 2008-
2009.
Sócio Titular do IGHMB, Cadeira 79 – Marechal Mascarenhas de Moraes.
Membro da Comissão Organizadora do Conselho Internacional de História
Militar - Rio 2011.
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – Cadeira 24 –
Cel. Mário Clementino.
3º Vice-Presidente e Delegado da Delegacia Rio de Janeiro
- Marechal João Baptista de Mattos.
Em 2005 participou da Delegação Brasileira para a Marcha da Vida na
Polônia e Israel.
Em 2006 participou da Delegação Mundial dos Descendentes de Ilza,
Polônia, na re-inauguração do antigo Cemitério Israelita daquela cidade.
Em 2007 participou do Seminário Latino-Americano Ensinando o
Holocausto, no Yad Vashem, Jerusalém.
Agraciado com diversos diplomas e condecorações do Ministério da
Defesa, Exército, Aeronáutica e Associações de excombatentes nacionais e
estrangeiras, e admitido na Ordem dos Velhos Artilheiros.
Tem diversos trabalhos publicados e apresentados em congressos nacionais
e internacionais no âmbito da sua atuação no BNDES, como Educação
Ambiental, Resíduos Sólidos, Ciência e Tecnologia e Telecomunicações.
Realizou trabalhos voltados para Genealogia, História Oral da Imigração e
Histórias Familiares, reais e semificcionais, al- guns premiados em
concursos literários.
Concurso BNDES 50 anos. Obteve premiação com o trabalho 24 Horas na
Vida de um Brasileiro, onde mostra a presença do BNDES no dia a dia dos
brasileiros.
Recebeu o Prêmio UFF de Literatura com o trabalho Adeus à UFF em
dez/2007.
BNDES – Jornal VÍNCULO da Associação de Funcionários, colaborador
permanente, escrevendo sobre a contribuição dos funcionários da Casa ao
Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil, tendo sido homenageado
nos 40 Anos do Vínculo em 2008.
O ADESGUIANO – dez 2004 – publicou o texto “Aventura Amazônica”,
que relata as Viagens de Estudo realizadas pela Turma Vontade Nacional,
também publicado em Revista Verde-Oliva, editada pelo CComSEx, edição
de dez/2004. Autor de trabalhos sobre a Real Academia Militar de
Artilharia, Fortificação e Desenho, onde se graduou, e suas sucesso- ras.
Pesquisador do prédio do Largo de São Francisco. Seus estudos
propiciaram inúmeros textos originais apresentados em eventos científicos e
publicações civis e militares, especialmente sobre a atuação das forças
brasileiras na II GM, na preservação da memória dos feitos das armas
nacionais, associado a eventos alusivos em cuja organização participou.
Colaborou com artigos para A DEFESA NACIONAL, REVISTA DO
EXÉRCITO BRASILEIRO, Revistas do Clube Militar, Naval e da
Aeronáutica, Revista Shalom, Jornal ALEF, Visão Judaica, O NOSSO
JORNAL, Jornal do Clube dos Oficiais da PMERJ e outros.
Israel Blajberg
Rua Visconde de Cabo Frio, 25 - apto. 201 Tijuca – Rio de Janeiro / RJ –
Cep: 20510-160 iblaj@telecom.uff.br - iblaj@hotmail.com Tels.: (21) 2268-
3078 e 9483-8045

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