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Arqueologia

Medieval
Aula 1
Âmbito e a especificidade da Arqueologia
Medieval
Objetivos de aprendizagem
1. Definir o âmbito e a especificidade da Arqueologia Medieval

1.1. Como subárea disciplinar relativamente recente da


Arqueologia.

1.2. Pela diversidade dos contextos em que intervém: cidades,


aldeias, cemitérios, igrejas, mosteiros, castelos, territorio, etc..

1.3. Pelo seu caráter marcadamente interdisciplinar, na


interface com a História, a História da Arte, a Arquitetura, a
Antropologia Física, o Paleoambiente, a Paleobotânica e a
Paleozoologia.

1.4. Pela natureza múltiple das fontes que utiliza, com especial
destaque para a informação documental e iconográfica.
Âmbito e a especificidade da Arqueologia Medieval

1.1. Enquadramento disciplinar


(definição e periodização da Arqueologia medieval)

1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e


especificidades
(diferenças entre Arqueologia Medieval e História
Medieval)

1.3. Áreas de interesse e objetivos


(dependentes das tradições nacionais)

1.4. Questões metodológicas


(interdisciplinaridade, diversidade de fontes e desenho
de projetos de investigação ou intervenção
arqueológica)
1.1. Enquadramento disciplinar: A Arqueologia

A ARQUEOLOGIA é uma disciplina que produz


conhecimento sobre as sociedades humanas através do
registro arqueológico e das manifestações que a cada
sociedade deixa no território.

Ou dito de outra maneira, é uma estratégia de investigação


que tenta descrever e interpretar, através do registro
arqueológico, a integração da cultura material nos
processos sócio-culturais de construção social da realidade
(Criado-Boado 2012: 20-1).
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1.1. Enquadramento disciplinar: A Arqueologia

A arqueologia deve responder hoje às necessidades da


administração do património e, esta, às demandas sociais
e aos conflitos que surgem quando o património interage
com processos atuais que estão imersos no território
(Amado et a o. 2002: 16). Hoje a arqueologia insere-se no
paradigma CTS (Ciência, Tecnologia, Sociedad)
(Azkarate 2013: 294).

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1.1. Enquadramento disciplinar: A Arqueologia

A arqueologia atual deve-se readaptar num sentido utilitario


e transformar numa Tecnologia de Gestão do Património
Arqueológico e Cultural. O património e seu valor social é o
horizonte atual da prática e sentido da arqueologia (Criado-
Boado 2012: 21).

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A Arqueologia atual deve compreender-se como uma prática
social que produz discursos sobre processos sociais pretéritos
e valores sociais para o presente (Criado-Boado 2012: 125).

Seus objetivos viram-se ampliados:


• Avaliar a significação histórica dos bens que constituem o
património
• Inovar em metodologias de análise e intervenção
• Transformar esse conhecimento numa tecnologia para sua
gestão e uso atual

“Todo ello implica construir, reconstruir y deconstruir la


memoria social a través del patrimonio y desde la
arqueología pública” (Id.: 123).

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Un ejercicio de Arqueología del presente: la información de la cultura material

objetos sujetos
A partir de los objetos nos hacemos una
serie de preguntas (estas u otras):

•Cuándo y por qué se introduce la plancha?


•Cuándo y por qué tenemos la necesidad de
ir “planchados”?
El estudio arqueológico proporciona información
•Quién usa este objeto y por qué lo usa ese
actividad sujeto dentro de la sociedad y no otro?
•Por qué en un determinado momento
histórico el uso de la plancha se vincula con
tecnología estereotipos sociales?
•O por qué este objeto en el imaginario
tiempo visual se usa como símbolo de un proceso de
cambio social hacia la igualdad de género?

Esta información nos habla de la materialidad de los


objetos, del nivel tecnológico de sus usuarios o del
momento histórico concreto en que fueron generados
Pero nos permite acceder también a cierta
subjetividad
A arqueologia e o/a
arqueólogo/a
o labor do arqueólogo/a: pesquisamos / interpretamos

Mañana-Borrazás y Seoane Veiga (2012), Anaina 2


1.1. Enquadramento disciplinar

Como podemos definir Arqueologia Medieval?

“Arqueologia Medieval é a investigação arqueológica de


sítios datáveis do século V (fim do Império Romano do
Ocidente) até ao fim da Idade Média (século XV). O termo
aplica-se à Europa, existindo consideráveis variações
regionais na definição dos limites cronológicos (…)”.

Frederick Hocker – in Archaeological Method and Theory: ‘An Encyclopedia’


New York & London, 2000: 350
1.1. Enquadramento disciplinar

Como podemos definir Arqueologia Medieval?

“(…) ‘Arqueologia Medieval’ não é um conceito que se


evidencie por si próprio. Em diferentes partes da Europa,
a sua definição acompanha as diferentes definições do
período medieval. (…) Arqueologia medieval é
arqueologia histórica, em que para além dos materiais
arqueológicos acresce a importância de fontes de outra
espécie, em particular fontes escritas, que podemos usar
em função das problemáticas que nos interessem. (…)”
Hans Handersson - The Study of Medieval Archaeology
Stockholm, 1993:5
1.1. Enquadramento disciplinar
Qual o âmbito cronológico da Arqueologia Medieval?

Alta Idade Média (séculos V – X)


movimentações populacionais (eslavos, francos, godos, anglo-
saxões, normandos e árabes); institucionalização do
Cristianismo; interrupção do comércio de longa distância

Baixa Idade Média (séculos XI – XV)


criação e desenvolvimento dos estados feudais

limite cronológico inferior: século V


406 – invasões germânicas
476 – deposição do imperador Rómulo Augusto (fim do império
romano do Ocidente)

limite cronológico superior: século XV


1453 – tomada de Constantinopla pelos Turcos (fim do império
romano do Oriente)
1492 – “descoberta” da América; conquista cristã de Granada
(fim do domínio islâmico no Ocidente)
1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e especificidades

Quais as relações entre Arqueologia e História


medievais?

“(…) toda a investigação arqueológica, que não seja ao


mesmo tempo histórica, é um absurdo e, consequentemente,
rejeitamos a ideia de que o arqueólogo deve proporcionar
dados ou testemunhos para que o ‘historiador’ elabore as
suas sínteses. (…)”
Vicente Salvatierra Cuenca - Cien años de arqueología
medieval. Perspectivas desde la periferia:JaénGranada,
1990: 14
1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e especificidades

Quais as relações entre Arqueologia e História


medievais?

“(…) método e instrumentos de escavação, estratigrafia,


classificação dos dados recolhidos, são do domínio do
arqueólogo, mas os resultados estão ao serviço da História. O
arqueólogo medieval dispõe de elementos que os
documentos escritos não fornecem (…)”.
Manuel F. Ladero Quesada – Arqueología, hoy, Madrid,
1992:166
1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e especificidades

Qual a especificidade da Arqueologia Medieval?

“O objetivo da arqueologia medieval é o de produzir


conhecimentos históricos; (…) A arqueologia produz
conhecimentos a partir do registo arqueológico e da
prospeção sem prescindir da informação derivada dos textos
escritos, que têm limitações muito sérias. Também o registo
arqueológico tem limitações. Mas há que trabalhar com os
dois registos, sem que isso signifique que sejam
complementares, pois não são. Há coisas que jamais se
poderão saber a partir da documentação escrita e também há
coisas que o registo arqueológico não permite sequer
questionar. Mas esta diferença não implica uma diferença da
qualidade da informação; (…)”

Miquel Barceló et all-Arqueología medieval. En las afueras del ‘medievalismo’


Barcelona, 1988: 11.
1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e especificidades

“Apesar de, atualmente, se considerar ultrapassada, por estéril, a


polémica da contraposição entre fontes / documentos arqueológicos e
fontes / documentos escritos, a verdade é que, na prática, ainda existe
uma diferença substancial no tratamento de umas e outras - um arquivo
documental costuma ser publicado na íntegra, disponibilizando as
informações originais para qualquer estudioso, enquanto de uma
escavação arqueológica se costuma publicar apenas parcialmente (uma
seleção dos materiais recolhidos á vontado do responsável da
intervenção), ignorando-se que é o conjunto integral dos dados da
escavação ou da prospeção que constituem o ‘documento’.
1.2. Arqueologia e História Medieval: relações e especificidades

“acontece frequentemente que, em arqueologia, nem se faz


história, porque não se passa do nível descritivo, nem se é
verdadeiramente documentalista, porque a publicação dos dados é
excessivamente parcial e enviesada”
Vicente Salvatierra Cuenca (1990). Cien Años de Arqueologia Medieval. Perspectivas desde la periferia:
Jaen, Univerdidad de Granada, Granada.
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Quais as áreas de interesse e os objetivos da Arqueologia


Medieval?

As áreas de interesse e os objetivos da investigação em


Arqueologia Medieval vinculam-se estreitamente às tradições
historiográficas de cada país em que se desenvolveu, identificando-se
uma diversidade assente na diferente valorização dos acontecimentos
alto medievais, elaborada no decurso do século XIX e na diferente
evolução dos quadros políticos.

DEPENDEM DAS TRADIÇÕES NACIONAIS


1.3. Áreas de interesse e objetivos

Diferentes experiências…

Escandinávia

A tradição de estudos arqueológicos medievais remonta aos


séculos XVIII e XIX (convento franciscano de Saint
Katherine, Suécia, em 1779; mosteiro de Munkliv, Noruega,
em 1860; igreja franciscana de Kökar, arquipélago Aland,
Finlândia, em 1867), mas a plena aceitação e autonomia
disciplinar da Arqueologia Medieval só acontece na segunda
metade do século XX, na sequência do desenvolvimento da
arqueologia urbana, especialmente na Noruega e na
Suécia, destacando-se neste último país a atividade do
Museum of Cultural History de Lund, com uma importante
atividade arqueológica já desde o início do século XX.
1.3. Áreas de interesse e objetivos
Diferentes experiências…

Dinamarca
maior desenvolvimento da arqueologia rural

Finlândia
privilegiou o estudo dos castelos
1.3. Áreas de interesse e objetivos
Diferentes experiências…

Em Inglaterra, a Arqueologia Medieval desenvolveu um percurso autónomo de


investigação, adotando preferencialmente uma abordagem temática, destacando-se
os estudos em torno das questões do povoamento, identificando-se duas grandes
“escolas”:

Medieval Village Research Group,


Que renovou a história rural
inglesa com base em estudos
arqueológicos sistemáticos de
aldeias abandonadas, com
destaque para o projecto de
Wharram Percy (1950-1990)
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Diferentes experiências…

Arqueologia urbana,
relacionada com as amplas
escavações das cidades
medievais inglesas no pós-
guerra, como Londres, York ou
Winchester, onde se ensaiaram
e desenvolveram novas
metodologias de escavação e de
registo York
Winchester
As investigações realizadas nas cidades
inglesas permitiram o desenvolvimento da
análise da sequenciação estratigráfica iniciada
por Martin Biddle e depois apurada e difundida
por Edward C. Harris a partir das experiências
de Winchester e Londres.

Embora as questões do povoamento, da


construção da paisagem e do urbanismo
continuem a orientar os interesses da
investigação arqueológica medieval, a
extraordinária acumulação de dados começa a
suscitar novas questões teóricas, orientadas
para a redefinição dos objetivos de estudo da
Arqueologia Medieval inglesa.
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Diferentes experiências…

França

desenvolvimento da arqueologia medieval foi protagonizado pelo


Centre de Recherches Archéologiques Médiévales da
Universidade de Caen, fundado por Michel de Bouard, em 1951,
que desenvolveu diversos projetos de estudo em sítios feudais e
renovou o estudo dos castelos, valorizando especialmente os
contextos da cultura material, na linha da École des Annales e no
quadro da análise da estratigrafia arqueológica.
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Diferentes experiências…

Elaboram-se os primeiros estudos tipológicos das cerâmicas


medievais, com base num Code pour le classement et
l’étude dês poteries du Moyen Age, estudos que atualmente
conhecem iniciativas institucionalizadas, como os ‘Colóquios
sobre Cerâmica Medieval no Mediterrâneo Ocidental’,
promovidos pela Universidade de Aix en Provence.
1.3. Áreas de interesse e objetivos
Diferentes experiências…

Itália

Arqueologia Medieval conheceu uma renovação após a 2ª guerra mundial,


assumindo-se como disciplina histórica específica, capaz de contribuir para o
debate dos temas tradicionais dos historiadores e para definir novos temas de
estudo.
O mais recente e significativo contributo da Arqueologia Medieval italiana
relaciona-se com a aplicação das metodologias arqueológicas de análise
estratigráfica ao estudo dos edifícios, originando a chamada escola italiana de
Arqueologia da Arquitetura, protagonizada por:

Tiziano Mannoni (Universidade de Génova),


Riccardo Francovich e Roberto Parenti (Universidade de Siena), Gian Pietro
Brogiolo (Universidade de Pádua)
Francesco Doglioni (Instituto Universitário de Veneza).
1.3. Áreas de interesse e objetivos
Diferentes experiências…

Espanha

Arqueologia Medieval beneficiou da tradição dos estudos


arqueológicos paleocristãos e visigóticos, os quais deram
particular atenção à arquitetura das basílicas.

O interesse pelo mundo islâmico desde os anos 30 do século XX,


conheceu um forte impulso a partir dos anos 80, por parte dos
museus municipais e/ou regionais e por universidades, interessando-
se especialmente pelas questões do povoamento e da construção
das paisagens urbanas e agrárias.
1.3. Áreas de interesse e objetivos
Diferentes experiências…

Espanha

A Arqueologia dos reinos cristãos conheceu um desenvolvimento mais


tardio, destacando-se o contributo pioneiro de Manuel Riu y Riu, da
Universidade de Barcelona, com um amplo leque de temáticas de estudo, na
perspetiva da história global de tradição francesa relativas ao:
povoamento,
arquiteturas,
viação,
técnicas industriais,
técnicas agrárias
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Atualmente, a Arqueologia Medieval dos reinos cristãos em Espanha conhece


desenvolvimentos diversos, decorrentes das linhas de investigação
desenvolvidas pelos distintos centros universitários de investigação:

• castelologia (José Avelino Gutierrez Gonzalez – Universidade de Oviedo);


• cerâmicas (Ramon Bohigas Roldán - Universidade de Cantábria; Manuel
Retuerce – Universidad Complutense);
• arqueologia da arquitetura (Agustín Azkarate – UPV, Vitoria e Luís Caballero
Zoreda – C.S.I.C. Madrid; Miguel Ángel Tabales, Universidad Sevilla);
• arqueologia da paisagem (Francisco Burillo Mozota – Colégio Universitário
de Teruel; Juan Antonio Quirós castillo, UPV, Vitória)...
1.3. Áreas de interesse e objetivos

“A função do arqueólogo é particularmente inovadora, e eu diria que


cada vez mais, neste novo questionar da história à luz das atitudes
epistemológicas do nosso maltratado século XX. Por exemplo, a
arqueologia alcança temas e aspectos da vida, monumentais ou
paupérrimos, talvez nunca tratados, ou apenas aflorados pelos
historiadores ou letrados da Antiguidade, abarcando universalmente
o mundo das estruturas, dos objectos, as mínimas marcas e os
mínimos escritos conservados no espaço e no tempo, para além dos
desejos de memória e de esquecimento de cada sociedade, talvez
também contra eles. Deste ponto de vista, o estudo arqueológico é
desapiedado, pois viola as intenções do mundo sepultado que
estuda.”

Andrea Carandini –História, arqueologia e, in Diccionario de Arqueologia


Barcelona, 200: 181
1.3. Áreas de interesse e objetivos

“(…) não há domínio de pesquisa interdito à Arqueologia:


desde sempre, esta, através dos monumentos e das obras de
arte, se interessou pelo mundo das representações, das
crenças e das ideologias e mentalidades. E a pré-história, pelo
menos, não hesita em abordar as estruturas sociais. Não
vemos porque é que a arqueologia medieval não pode
penetrar nestes domínos. (…)”

Jean-Marie Pesez – Archéologie et Histoire Médiévales, in Historiens & Archéologues


Berne, 1992:10
1.3. Áreas de interesse e objetivos

Tendências atuais de investigação

Arqueologia urbana e história das cidades medievais

Arqueologia de prospeção e história do povoamento

Arqueologia e história das tecnologias

Arqueologia das arquiteturas


1.4. Questões metodológicas

No último terço do século XX, o refinamento dos


métodos de pesquisa e das técnicas de análise em
Arqueologia Medieval desempenharam um papel
fundamental na definição dos objetivos da investigação.

Metodologias e objetivos de investigação são inseparáveis

A Arqueologia Medieval recorre a métodos e técnicas de investigação


comuns, na sua maior parte, às restantes arqueologias

A perspetiva contextual das abordagens em Arqueologia Medieval


determina o seu caráter multidisciplinar, exigindo uma efetiva
colaboração com outras disciplinas e com as ciências técnicas e naturais
1.4. Questões metodológicas
Multidisciplinaridade…

A Arqueologia Medieval necessita de colaborar com:

a História;

a História da Arte;

a Arquitetura;

a Geografia;
a Paleoantropologia Física;

a Paleobotânica;

a Paleozoologia
1.4. Questões metodológicas
Diversidade das fontes…

Documentos escritos

cartas de compra-venda de propriedades,


doações,
registos de nascimento e de óbito
testamentos,
censos,
inventários,
demandas judiciais,
cadastros, Torre do Tombo (Lisboa)
visitações,
mapas, arquivos privados,
plantas, paroquiais,
crónicas, municipais,
registos de propriedades, comarcais,
etc) episcopais,
senhoriais,
centrais
1.4. Questões metodológicas

Diversidade das fontes…

Toponímia nomes de lugares de origem:

geográfica
(relevos, linhas de água, vegetação)

Monte , Cabeço, Riacho, Choupal, Souto

antrópica = antroponímia
(possessores latinos e germânicos)
Semelhe, Adaúfe, Guimarães

religiosa
(culto de santos = hagiotoponímia)
S. Victor, S. Vicente, S. Lázaro
1.4. Questões metodológicas

Diversidade das fontes…

Epigrafia
inscrições monumentais
(funerárias, votivas, comemorativas)

inscrições não-monumentais
(jurídicas, religiosas, ensino, lúdicas)
Numismática
moedas
(economia, comércio, tecnologia)

Sigilografia

inscrições em selos e medalhas

Gliptografia

marcas de canteiros
1.4. Questões metodológicas
Desenhar projetos…

1 - Estabelecer objetivos acessíveis: história da ocupação do solo, da


rede de povoamento

2 – Definir uma problemática: mudanças dos habitats e reorganização


do território associada ao fenómeno do ‘encastelamento’

3 – Conhecer as etapas evolutivas: construir tipologias e


hierarquizações dos povoados

4 – Dominar as metodologias:

arqueológicas (prospeção, sondagens, escavações);

históricas (inventário de povoados referidos na documentação);

análise da toponímia (conhecer o significado da agrotoponímia, da


hagiotoponímia, da toponímia dos possessores)...
Metodologia científica
analisar dados

realizar pesquisas ?
interpretar resultados

formular questões
divulgar resultados

produzir conhecimento sobre passado


1.4. Questões metodológicas
Projetos e temáticas em AM…
Arqueologia da Paisagem (extensiva ou espacial)
• Elaboração de questionários (fichas), organizados em ficheiros que integrem uma
base de dados relacional, que facilita as pesquisas analíticas
• Pesquisa prévia de dados históricos, geográficos, toponímicos, etc.
• Planeamento das prospeções (visitas de campo, sondagens geofísicas, fotografia
aérea)
• Inventário de sítios e achados (recolhas de superfície)
• Classificação tipológica dos sítios e hierarquização dos mesmos (com base em
critérios analíticos previamente estabelecidos)
• Sondagens e / ou escavações
• Estudos especializados: cerâmica, numismática, estratigrafia e cronologias relativas,
cruzamento / comprovação com dados documentais
• Síntese interpretativa
1.4. Questões metodológicas
Projetos e temáticas em AM…
Arqueologia da Arquitetura
Arqueologia da Arquitetura é a disciplina através da qual se elabora a história
dos edifícios e dos espaços conexos, devendo proporcionar conhecimento:
- sobre as formas e funcionalidades das edificações;
- sobre as técnicas e materiais com que foram construídas;
- sobre os usos a que foram sujeitas na sua duração mais ou menos longa

Implica a manipulação de dados de natureza diversa, desde os documentais


aos estratigráficos e arqueométricos e dos historiográficos aos estilísticos,
pelo que a Arqueologia da Arquitetura é, também, um instrumento de análise
imprescindível para a obtenção do conhecimento necessário a qualquer
intervenção informada sobre o património edificado
1.4. Questões metodológicas Projetos e temáticas…
Arqueologia da Arquitetura
Pesquisa documental

Levantamento gráfico e fotográfico rigoroso

Descrição (constituição de base de dados, com registo das diferentes


unidades estratigráficas construtivas)

Análise das relações estratigráficas e definição das atividades


construtivas

Determinação genérica das fases construtivas

Cruzamento dos dados das estratigrafias de alçados, dos registos de


eventuais escavações e da documentação escrita, para elaboração da
interpretação da evolução arquitetónica do edificado (fases da história
do edifício)

Síntese histórica contextualizada


1.4. Questões metodológicas

Estratigrafia

Análises
Estruturas
laboratoriais

Arqueologia
da
Arquitectura

Numismática Cerâmica

Documentos
escritos
1.4. Questões metodológicas

Projeto simples:
multidisciplinaridade reduzida;
pouca quantidade de informação;
saber simplificado e reduzido à identificação das materialidades

Projeto complexo:
multidisciplinaridade elevada;
grande quantidade de informação;
grande riqueza interpretativa;

potenciador de múltiplas investigações


Materiais para a próxima aula

• QUIROS CASTILLO, J. A., BENGOETXEA REMENTERIA, B. 2007 (2º ed.


1º ed. de 2006) Arqueología (III) (Arqueología Postclásica). Madrid:
UNED.
• La parte de introducción a la arqueología medieval

• González Ruibal, A. 2012. Hacia otra arqueología: diez propuestas.


Complutum, 23 (2): 103-116. Madrid.
• https://www.academia.edu/2349457/Hacia_otra_arqueolog%C3%ADa_diez_propuestas

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