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Síntese

«Sempre é uma
companhia»
Manuel da Fonseca
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Caracterização das personagens

Batola Mulher do Batola

Rata Homens de Alcaria

«No lote de personagens, esclarece-nos Isabel Rocheta, “mais do que os fortes,


encontramos os fracos, mais do que o herói encontramos o anti-herói, caracterizando
uma sociedade que afasta do seu centro (que descentra) a maioria dos seus cidadãos”».

Violante F. Magalhães, in Maria Isabel Rocheta & Serafina Martins (coord.),


Conto Português [séculos XIX-XXI]: Antologia Crítica, vol. 3, Porto,
Edições Caixotim, 2011, pp. 103-107 (texto adaptado).
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Batola

O Batola é apresentado como um homem


passivo, que vive uma vida de inércia. Muitas
vezes, bebe excessivamente e acaba por
agredir a mulher.

Quer a agressividade originada pelo consumo


excessivo de álcool quer a fuga ao presente,
através das recordações do passado,
mostram--nos um homem só e desalentado,
cuja vida vazia já nada tem para lhe oferecer.
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Mulher do Batola

A mulher do Batola é expedita, trabalhadora


incansável, determinada e autoritária. Gosta de ser
ela a decidir: «no tom de quem acaba de tomar
uma resolução inabalável, apruma-se, muito alta,
dominadora». «Toda a gente da aldeia […] sabe
que ela fará o que acaba de dizer».

É descrita como exemplo de dinamismo: «abre a


venda e avia», «volta à lida da casa», «é ela quem
ali põe e dispõe».
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Rata

O Rata,
Rata mendigo e viajante, figura o mensageiro, aquele que traz notícias do
que se passa fora da aldeia. Ao escutá-lo durante «tardes inteiras», também
Batola parecia viajar por «todo aquele mundo».

Quando ficou impossibilitado de viajar «pelos longes», Rata suicidou-se.


Após o suicídio de Rata, a saudade que, «de vez em quando», Batola sente,
agudiza-lhe a solidão. Não admira que assim seja, pois as novas trazidas por
aquele companheiro eram a única hipótese de vencer o silêncio do meio
que o envolvia.
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Homens de Alcaria

Os homens de Alcaria são apresentados como «figurinhas» (de


presépio?) que vivem em casas «tresmalhadas». Atendendo a esta
caracterização das casas (continente), os homens que as habitam
(conteúdo) são aparentados com gado.
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Solidão e convivialidade

Solidão Convivialidade

O sentimento de solidão
inicial, potenciado pela A venda do Batola, espaço de
imensidão do espaço e pelo tristeza e solidão, transforma-
silêncio dos campos sem fim, -se num espaço privilegiado
acompanha e intensifica os de convivialidade,
convivialidade onde as
sentimentos de vazio e pessoas se sentem livres e
inércia, vividos pelas felizes, com vontade de viver.
personagens.
Síntese
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Peripécia inicial Peripécia final


Contextualização da ação Representação da mudança

Responsável pela
ANTES rutura: DEPOIS

• Tempo de marasmo e • Tempo de convívio e

solidão. TELEFONIA encontro.

• Ausência de comunicação. • Comunicação entre as

• Desalento e inércia. pessoas.


Elemento
• Falta de energia para agir. impulsionador • Curiosidade e alento.
da mudança. • Impulso para agir.
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«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca

Caracterização do espaço

• Planície alentejana − campos solitários.


• Alcaria − pequena aldeia perdida no Alentejo,
Físico com «quinze casinhas desgarradas e nuas».
• A venda do Batola – espaço de desleixo, de
decrepitude e de sujidade.

• Alentejo rural dos anos 40.


Sociopolítico • II Guerra Mundial.
• Estado Novo – ditadura militar em Portugal.
Síntese
«Sempre é uma companhia, Manuel da Fonseca

1.º Momento
• A negatividade do espaço estende-se ao retrato das
personagens.
• O espaço físico surge, assim, em uníssono com o espaço
psicológico dos protagonistas.
• O espaço é opressivo e castrador.
Psicológico
2.º Momento
• Com a chegada da telefonia, tudo e todos se tornam mais
próximos, revitalizando o espaço psicológico de todos.
• A comunicação entre as pessoas leva a uma mudança de
perspetiva sobre o espaço.
• O espaço que aprisionava torna-se libertador.
Síntese
«Sempre é uma companhia, Manuel da Fonseca

Linguagem e estilo

 Alternância da descrição e da narração com o monólogo ou, mais


frequentemente, com o diálogo de personagens;

 Narrador heterodiegético, por vezes, subjetivo, com uma função ideológica;

 Simplicidade da linguagem: predomínio de termos monossémicos;

 Escassez de expressões dubitativas;

 Presença de regionalismos e expressões populares;

 Predomínio da linguagem denotativa com função informativa ou referencial.

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