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Manuel da Fonseca : “ Sempre é uma companhia” UFCD CLC7:

Fundamentos da
língua , cultura e
comunicação
Formadora: Prof.ª Cláudia Tavares

Formanda: Rute Pancha

Mediadora: Dr.ª Cláudia Lameiras

Coordenadora: Dr.ª Susana Carvalho


Introdução:
Este estudo abordado na UFCD : CLC7 Fundamentos da lingua e comunicação, requerido pela
formadora , retrata o Portugal vivido até a epoca de então . No conto de Manuel da Fonseca
“Sempre é uma companhia” se demonstrara as principais caracteristicas bem vinculadas , nos dias
de hoje ainda. “ Eles Portugueses”

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Autor:Manuel da Fonseca
Título :«Sempre é uma companhia»
Editora : Caminho
Local e data de edição:23.ª ed.Lisboa: 1ª .Ed.:1951
Descrição da capa do livro: Remota nos as planícies alentejanas o típico de vida dos trabalhadores pobres,
descontentes com a labuta diária , fome, ternura da penúria e a solidão bem fatual em toda a obra de Manuel da Fonseca, simultaneamente o
regular convívio com a morte.

Dados sobre a obra: Um dos principais autores do neorrealismo português (Santiago do Cacém, 15,10,1911 – Lisboa,
11,3,1993). A sua obra é profundamente marcada pelo espaço físico e humano do Alentejo. Nela, as incidências socioeconómicas, próprias da
estética neorrealista, articulam-se dialeticamente com a problemática existencial das personagens. é um significativo livro da moderna
literatura portuguesa com o qual Manuel da Fonseca atinge a maturidade revelando-se um escritor de tendência regionalista e de funda
preocupação humana, ao retratar a vida pobre dos trabalhadores rurais das planícies alentejanas. O conto é acerca do Alentejo dos anos
1940s e 1950s, rústico e em decomposição que assistia aos primeiros passos de um progresso lento.
Tema principal:
Este conto relata a solidão da velhice nos povos do interior, como sendo o caso de Batola, o chapeirão redondo,pobre,sozinho e sempre a beber
vinho, e da sua mulher , uma senhora bastante diferente dele, alta e robusta, que abre a venda de manha e atende todos os fregueses. Batola
era um homem baixo, carrancudo, que passa os seus dias sentado no banco em frente a venda, onde so apareciam ceifeleiros, já cansados e
exaustos da faina, que recolhem para as suas casas.Era uma rotina, uma solidão imensa.No meio da sua monotomia desolada, Batola recorda
o seu amigo, o velho Rata, a sua única companhia,um mendigo que se suicidara.
Género : Conto é uma narrativa que cria um universo de seres, de fantasia ou acontecimentos. Como todos os textos de ficção, o
conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e um enredo.

Explicitação do título : In O Fogo e as Cinzas  Sobre o título, escreveu Manuel da Fonseca no referido prefácio:
"Quanto ao título tirei-o, como de uso, de um dos contos. Não terá sido a melhor escolha. Queria um título que desse, em síntese, a

sugestão do conteúdo do livro. Um título que desse o antes e o depois dos acontecimentos do livro. Para isso, o primeiro dos contos, onde

se dá conta das modificações originadas pela mudança operada na aldeia pela telefonia, pela «Sempre é uma companhia», que descreve

seriam preferíveis. Mas nenhum tem, nos títulos, as palavras-chave da ideia de antes e depois, que é a constante do conjunto do livro. «O

fogo e as cinzas», abstraindo o tema do próprio conto, será, na ordem inversa das palavras, o menos mau dos títulos, se aceitarmos que

das cinzas pode renascer o fogo, para o caso.

Tema:Aparecimento da telefonia na aldeia alentejana


Este conto foi escrito durante o Estado Novo, tendo sido publicados pela primeira vez em 1951. Para compreendermos melhor a época,

os contos estão situados numa Europa pós-guerra, onde os primeiros anos da guerra fria e da afirmação nuclear são os principais

problemas. Enquanto assistimos ao enterro dos nacionalismos extremados, o Nazismo na Alemanha e o Fascismo na Itália, a Península

Ibérica vive sob as ditaduras de Franco em Espanha e de Salazar em Portugal. É na ditadura de Salazar, voltada para as colônias

africanas, numa política totalmente isolada do resto da Europa, fechada às mudanças intelectuais do mundo, que surge o conto aqui

analisado. Nele vamos sentindo uma desolação das personagens que pouco a pouco. vêm surgir lentamente um progresso nas vilas e nas

aldeias. Com este progresso acontece a perda de certos costumes, o eterno olhar saudosista do português sobre o que evoluí e o que se

perde com tal evolução.


Personagens principais
As personagens do conto de Manuel da Fonseca são mais elaboradas, mais estruturadas, dificilmente surpreendem dentro do imprevisto.

As personagens adquirem uma personalidade psicológica que evoluí conforme o meio social em que se encontra, mantendo sempre uma

estrutura equilibrada, de onde a razão vai de encontro ao que esperamos da vida, do quotidiano, seja ele vivido no campo ou na cidade.

Cada personagem ficcional de Manuel da Fonseca parece a reunião de três indivíduos reais, ou seja, o autor transporta para a ficção duas

ou três personalidades reais, fazendo assim, um trabalho de elaboração, onde a história contada tende a um clímax esperado, nunca, ou

quase nunca, espontâneo . Fonseca faz de várias regiões personagens também do campo, mas não só a gente que trabalha na terra, a gente

humilde e sem esperança, com todos os seus caprichos e passionalismos, as personagens mais diversificadas e típicas, que constroem um

realismo lusitano.
Ao olharmos para o conto de Manuel da Fonseca, vamos encontrar as personagens normalmente inseridas em

determinados locais , num largo, num café, numa casa, cujas ações das mesmas vão sucedendo como um cotidiano

bucólico, um marasmo perene do dia a dia. Primeiro os costumes vão sendo descritos para que tenhamos uma visão

perfeita do local focalizado, do espaço, do ambiente, onde as personagens surgem como visitas, lentamente tomam forma

e adquirem o controlo das ações, sobressaindo-se ao cenário.

O tempo é sempre o momento de contar uma história, pode ser uma noite na taberna, um dia num monte alentejano,

alguns anos no largo de uma cidade, mas sempre de acordo com a evolução da visão das personagens diante da vida.

Assim, as marcas da transformação dos tempos e da paisagem, vão sendo mostradas diante da descrição da sensação das

personagens. É o progresso que chega e leva embora a paisagem humana.


As personagens
¨ António Barrasquinho, o Batola: preguiçoso, improdutivo, sonolento, bêbado, bate na mulher. Tem nome e alcunha (típico

no Alentejo). Usa uma indumentária própria do homem alentejano. A morte de Rata agudiza a sua solidão.

¨ A mulher do Batola: expedita, dominadora e trabalhadora. Não tem nome.

¨ Rata: companheiro de Batola, mendigo e viajante, é o mensageiro do exterior. Suicidou-se quando deixou de poder viajar.

¨ Caixeiro-viajante: vendedor de aparelhos radiofónicos, comerciante e amigo de vender.

¨ Homens de Alcaria: “figurinhas” metaforicamente aparentadas com gado.

António Barrasquinho, o Batola, é um tipo bem achado. Não faz nada, levanta-se quando calha, e ainda vem dormindo lá dos

fundos da casa.
Inserir Imagem
Lugar e tempo de ação
O espaço:
Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”.
Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local onde reina o desleixo.
“Fundos da casa”: espaço de habitação sombrio separado da venda.
Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro Marim, Beja.

O tempo:
Tempo histórico: anos 40 do século XX (referência à eletricidade e à telefonia).

Passagem do tempo condensada: “há trinta anos para cá”, “todas as manhãzinhas”.

Tempo sintetizado: da chegada do vendedor à partida do vendedor e prazo de entrega do aparelho – um mês.
 
Espaço físico :– pequena aldeia no baixo Alentejo, onde há poucas pessoas
Ergue-se pesadamente do banco. Olha uma última vez para a noite derramada. Leva as mãos à cara, esfrega-a, amachucando
o nariz, os olhos. Fecha os punhos, começa a esticar os braços. E abre a boca num bocejo tão fundo, o corpo torcido numa tal
ansiedade, que parece que todo ele se vai despegar aos bocados. Um suspiro estrangulado sai-lhe das entranhas e engrossa
até se alongar, como um uivo de animal solitário.
Quando consegue dominar-se, entra na venda, arrastando os pés. E, sem pressentir que aquela noite é a véspera de um
extraordinário acontecimento, lá se vai deitar o Batola, derrotado por mais um dia.
Hipálage
Personificação

Espaço sociopolítico : espaço socialmente e economicamente deprimido. Os homens trabalham na


agricultura (trabalho árduo) e  a venda de Batola não é muito frequentada. Situação de miséria, vida precária que oprime os
pequenos camponeses.
Avaliação pessoal:
Síntese

A intriga
Peripécia banal: um engano de percurso leva um vendedor a Alcaria.
Isolamento geográfico da aldeia e ausência de comunicação: abandono, solidão e desumanização da população.
Chegada do novo aparelho: a radiotelefonia.
Ligação ao mundo: música e notícias.
Alteração de comportamentos: devolução da humanidade.

O narrador
O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos, comenta, conhece o passado e o mundo interior das personagens (presença: não
participante; ponto de vista: subjetivo; focalização: omnisciente)
O narrador centra a atenção do leitor no abandono e solidão sentidos pelos protagonista.
O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda como se vão formando: o desgosto leva-o a fechar-se num mundo de evocações.

A atualidade
Isolamento e falta de convivialidade. ·
As personagens de Manuel da Fonseca vêm em primeiro plano. O traço psicológico é evidenciado a cada parágrafo, as transformações do
ambiente e do cenário vão sendo analisados por determinada personagem, que psicologicamente acompanha as mudanças do ambiente e,
por fim, a mudança de atitudes, ou seja, elas evoluem mediante o exterior.

Neste conto, também nos deparamos com a venda das ideologias em nome da posição social e do trabalho. Traçando um
pouco o retrato do escritor famoso que não gosta de dar entrevistas, Manuel da Fonseca retrata o modelo ideal do novo
homem que viria com os anos setenta, ou seja ,o jovem pobre do interior, que para sobreviver trabalhava em vários empregos
e custeava os estudos. Aqui ainda o reflexo do salazarismo, em que a luta, o trabalho, a humildade, fazem da componente
psicológica do português o estereótipo do fim do Estado Novo.
Manuel da Fonseca , é aqui mais melancólico do que nunca, parece muitas vezes fugir do tempo atual e mergulhar no
saudosismo de outrora. Saudades da juventude ou do tempo em que Portugal era um país de brandos costumes, com uma
guerra colonial nas costas e cinqüenta anos de ostracismo cultural trancados nos calabouços da história? Saudades
portuguesas.
Em qualquer uma das circunstâncias, a referência à telefonia é um dado, para além da sua
perspetivação como uma novidade no tempo da narrativa. Centra-se neste facto o núcleo de
uma intriga que, uma vez lida no conto mencionado, sempre me fez lembrar um episódio do
filme 'O Costa do Castelo' (1943), dirigido por Arthur Duarte. A velhinha película a preto e
branco traz, em registo cómico, o que oito anos depois o conto sugere, num contexto mais
marcado pela visão neorrealista e pelo retrato de uma ambiência de desesperança a evoluir
para a expectativa da mudança e para a construção da esperança possível.
  Nesta exploração interartística (cinema e literatura), há coincidências a rever,
paralelismos a construir, referências culturais a traduzir para qualquer momento que se
reveja como crítico face à ausência de sinais de alegria ou de felicidade no seio dos
homens.
       Assim, (re)vê-se o segmento fílmico, tomando como pré-tarefa do visionamento a
construção de aproximações entre o conto e o que a tela / monitor dão a perceber:
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Biografia/ Bibliografia:
Após ter terminado o ensino básico, Manuel da Fonseca prosseguiu os seus estudos em Lisboa. Estudou no Colégio Vasco da Gama, Liceu Camões Escola Lusitânia e Escola de Belas-Artes.
Apesar de não ter sobressaído na área das Belas-Artes, deixou alguns registos do seu traço, sobretudo nos retratos que fazia de alguns dos seus companheiros de tertúlias lisboetas, como é o caso
do de José Cardoso Pires. Durante os períodos de interregno escolar, aproveitava para regressar ao seu Alentejo de origem. Daí que o espaço de eleição dos seus primeiros textos seja o Alentejo. Só
mais tarde e a partir de Um Anjo no Trapézio é que o espaço das suas obras passa a ser a cidade de Lisboa.
Membro do Partido Comunista Português(PCP), Manuel da Fonseca fez parte do grupo do Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do Neorrealismo
português. Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos.
A sua vida profissional foi muito díspar, tendo exercido nos mais diferentes sectores: comércio, indústria, revistas, agências publicitárias, entre outras.
Era membro da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luuanda o que levou ao encerramento desta
instituição e à detenção de alguns dos seus membros na prisão de Caxias , entre os quais Manuel da Fonseca.
A 25 de outubro de 1983, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Em sua homenagem, a Escola Secundária de Santiago do Cacém denomina-se Escola Secundária Manuel da Fonseca e as
bibliotecas municipais de Castro Verde e Santiago do Cacém Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. Manuel Lopes Fonseca,
escritor do neo-realismo português, nasceu em 15 de outubro de 1911, em Santiago do Cacém, região do Alentejo.
Manuel da Fonseca deixou o Alentejo para concluir os estudos em Lisboa. Mas é o Alentejo com as suas aldeias e vilas, que vai
povoar o universo do escritor ao longo de sua obra, que mais tarde acaba por se tornar urbana.
Manuel da Fonseca morreu em 11 de março de 1993, em Lisboa, aos 81 anos de idade.
O real é o alimento para a escrita. Escreveu em prosa e em poesia, foi contista, romancista, poeta e cronista. Nas suas obras,
carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura do Alentejo e dos alentejanos. Era presidente da
Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta atribuiu o Grande Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua
obra Luanda, o que levou ao encerramento desta instituição. Manuel da Fonseca, um dos vultos do Neorrealismo literário
Português, descreveu, como ninguém, a paisagem, sobretudo aquela do Alentejo, aquela que viria a ser símbolo revolucionário
ao Estado Novo. Local de valores primordiais, é aí onde se senta a maior tristeza, o tédio e a desesperança. Para além da
denúncia social evidente, vemos também a caracterização das personagens: as paixões, as desilusões, as memórias do passado
perto ou distante. Estas situações são evidenciadas nas reuniões da população nas tabernas ou nas pracetas da aldeia, por
exemplo.
Dados sobre a obra:
“ carregado de tristeza , o entardecer demora anos. A noite vem de longe, cansada, tomba tao vagarosamente que o mundo parece que vai ficar para
sempre naquela magoada penumbra .La vem figurinhas dobradas pelos atalhos, direito as casas tresmalhadas da aldeia. Nenhuma vira ate a venda
falar um bocado, desviar a atenção daquele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos da faina , que recolhem.

Breve , a aldeia ficara adormecida , afundada nas trevas. E António Barrasquinho, o Batota, não tem ninguém para conversar, não tem ninguém para
conversar, não tem nada que fazer. Esta preso e apagado no silencio que o cerca”

“…ERA JÁ NO DIA SEGUINTE QUE A TELEFONIA DEIXARIA DE OUVIR-SE. IAM TODOS, DE NOVO, RECUAR PARA MUITO LONGE, LÁ PARA O FIM DO MUNDO, ONDE SEMPRE TINHAM VIVIDO. FOI A PRIMEIRA NOITE EM
QUE OS HOMENS SAÍRAM DA VENDA MUDOS E TACITURNOS. FORA ESPERAVA-OS O NEGRUME FECHADO. E ELES VOLTAVAM PARA A ESCURIDÃO; IAM SER, OUTRA VEZ, O REBANHO QUE SE LEVANTA COM O DIA,
LAVRA, CAVA A TERRA, CEIFA E RECOLHE VERGADO PELO CANSAÇO E PELA NOITE. MAIS NADA QUE O ABANDONO E A SOLIDÃO. A ESPERANÇA DE MELHOR VIDA PARA TODOS QUE A VOZ PODEROSA DO HOMEM
DESCONHECIDO LEVAVA ATÉ À ALDEIA APAGAVA-SE NESSA NOITE PARA NÃO MAIS SE OUVIR. DENTRO DA VENDA, O BATOLA ESTÁ TÃO DESALENTADO COMO OS CEIFEIROS. O MÊS PASSOU DE TAL MODO VELOZ QUE
SE ESQUECEU DE PREPARAR A MULHER. SOBE AO BALCÃO, DESLIGA O FIO E ARRUMA O APARELHO. UM POUCO DOBRADO SOBRE AS PERNAS ARQUEADAS, COM O CHAPEIRÃO A ENCHER-LHE A CARA DE SOMBRA,
OBSERVA MAGOADAMENTE A PRECIOSA CAIXA. ASSIM ESTÁ, QUANDO UM PRESSENTIMENTO O OBRIGA A VOLTAR A CABEÇA; JUNTO DA PORTA QUE DÁ PARA OS FUNDOS DA CASA, A MULHER OLHA-O COM UM AR
SUBMISSO. «QUE TERÁ ACONTECIDO?» PENSA O BATOLA, ADMIRADO DE A VER AINDA LEVANTADA ÀQUELA HORA.
− ANTÓNIO − MURMURA ELA, ADIANTANDO-SE ATÉ AO MEIO DA VENDA − EU QUERIA PEDIR-TE UMA COISA…
SUSPENSO, O HOMEM AGUARDA. ENTÃO, ELA DESABAFA, INCLINANDO O ROSTO OSSUDO, ONDE OS OLHOS NEGROS BRILHAM COM UMA QUASE EXPRESSÃO DE TERNURA:

− OLHA… SE TU QUISESSES, A GENTE FICAVA COM O APARELHO. SEMPRE É UMA COMPANHIA NESTE DESERTO.”

Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Lisboa,Editorial Caminho , 2011
E, LOREM
no entanto,
IPSUM o DOLOR
Alentejo SITé AMET,
o lugar matricial da escrita
CONSECTETUER ADIPISCING de Manuel
ELIT. da Fonseca,
sem que isso o remeta, longe disso, para um qualquer reduto regionalista. Desde
sempre foi ganhando coesão a obra que liga em vasos comunicantes a poesia, o
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conto e o romance.
posuere, magnaNela se ultricies,
sed pulvinar compôs a paisagem
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Alentejo e dos seus povoadores; a terra do latifúndio e das vilas estagnadas e
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e contrabandistas.
Da riqueza de toda a sua produção literária elejo um livro de 1953, O Fogo e as
Cinzas, que• revelam, depulvinar
forma emblemática, traçossit amet constitutivos
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posuere, magna sed ultricies, purus lectus malesuada libero, commodo magna da constelação
neo-realista• eeros
da obra de Manuel da Fonseca.
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19
Interesse geralDOLOR
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SIT AMET,da obra:
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Em primeiro lugar, O Fogo e as Cinzas é fruto do companheirismo que ligou Manuel da Fonseca a Carlos de Oliveira e, nessa medida, é uma
amostra da rede de solidariedade e da conciliação de esforços e iniciativas que impulsionaram o surto neo-realista e o impacto do seu
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frentismo político-cultural. São dolor
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amet, maiores a concepção e divulgação da Biblioteca Cosmos (1941-1948), sob a direcção de Bento
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integrou performances mistas de
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Arroz (1953), espécie de commodo
amet trabalho magna
de campoeros de artistas como Júlio Pomar, Rogério Ribeiro ou Cipriano Dourado, conduzidos por Alves Redol,
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nos arrozais do Ribatejo.
O prefácio que Manuel da Fonseca acrescentou à 9ª. ed. revista de O Fogo e as Cinzas, em 1982, alude às condições que deram origem ao
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Fusce est.
volume. Importa lembrar que,Vivamus a tellus.de 40, 50 e 60, esta publicação ilustrada acolheu entre os seus jornalistas inúmeras figuras da
nas décadas
intelectualidade oposicionista. Tal facto repercutiu-se naturalmente no seu conteúdo que ia muito além dos conselhos, dicas e guias para o
• Pellentesque habitant morbi
quotidiano feminino, ao darsenectus
tristique à estampa textos
et netus et de grandes autores estrangeiros e portugueses, entre eles Manuel da Fonseca. No caso de O
malesuada fames ac turpis
Fogo e as Cinzas é sintomático
egestas. Proin que seis dos seus onze contos tenham saído, em primeira mão.
pharetra
nonummy pede.

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Aconselha a leitura deste livro a um amigo? Porquê?
Moderadamente para fins didáticos culturais , o saber enraizado na verdadeira identidade portuguesa, seus afazeres, costumes e passado
cultural, mas de certa forma pouco comumentemente, livre de exemplo a seguir por gerações mais novas, pois seria quase como retroceder num
tempo que não deixa saudades a ninguem, nos claustros da fome, miséria e penuria para vida terrea como companhia a solidão e a infinitude dos
dias mortos e vazios como penumbra da falta de ternura, afetos e sentimentalismo ou companharismo, trajando nos campos do trabalho arduo e
pouco rentavel.…no desenvolviemento da aldeia alentejana onde é urgente de certa natureza humana a evolução e o progresso ,alastrando
outras formas de expandir o convivio social e a confraternização das populações duma forma mais aberta e espontanea livremente. Perante a
epoca vivida, em reacção à cultura oficial, ia-se expandindo o pensamento estético marxista. Ao longo da década de 30, preparam o terreno para
que o movimento neo-realista assente arraiais entre nós nos anos 40 exprime-se, no fundamental, um ideário teórico e um movimento político.
Ou melhor: desenvolve-se uma lógica anti-fascista cuja ideologia é a valorização de uma cultura democrática,sobre determinada filosoficamente
LOREM IPSUM DOLOR SIT AMET,
pelo marxismo e politicamente pelo Partido ComunistaPortuguês.
CONSECTETUER ADIPISCING ELIT.
A arte é um meio de socialização dos sentimento, avisa ainda que, no período de formação do movimento, é à luz de uma informação como esta
que se pode
Loreminferir
ipsumque eramsittenteadas
dolor aproximações
amet, consectetuer ao pensamento
adipiscing elit. marxista em simultâneo com a laboração prática, e que afirmações que
Maecenas porttitor congue massa. Fusce posuere, magna sed
poderiam provocar alguma perplexidade se tornam compreensíveis, «a não participação na vida política partidária». Sucede que a generalidade
pulvinar ultricies, purus lectus malesuada libero, sit amet
commodo
dos elementos magna eros
da geração quis emergente
literária urna. pertencia ao Partido Comunista Português.

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Conclusão :
Após esta abordagem desta escrita de Manuel da Fonseca ficamos a interrelacionar melhor o medíocre e fugaz desenvolvimento que foi investido destes
tempos remotos de tanta penúria e opressão até aos dias recentes aos quais por meros momentos atravessamos com a pandemia vivida atualmente. A
realidade pura e crua que para muitos ainda continua a ser o Portugal do seculo XXI.Uma escrita regionalista.Durante toda a sua vida literária, Manuel
da Fonseca tem escrito sobre o Alentejo e o seu povo. De facto, este terá nascido em Santiago do Cacém, no Alentejo, estando a sua escrita inteiramente
relacionada com a sua terra natal. Em “Sempre é uma Companhia”, conto do livro “O fogo e as cinzas”, Manuel da Fonseca consegue retratar, de uma
forma inteligente, o homem típico alentejano, preguiçoso, solitário e pobre, com uma só personagem, o Batola.
         Para Batola, “o entardecer demora anos” e, se houve algum dia em que não fosse assim, seria quando o seu amigo Rata ainda era vivo. Este
acompanhava-o para tudo o que é sítio. Infelizmente, este suicidara-se e a vida de Batola voltou a ser aquilo que era uma monotonia desolada.É um mero
vendedor e o seu motorista que, de certa forma, vieram quebrar este monotonia com a telefonia.O vendedor ao se aperceber que o Batola nao teria
grandes recursos financeiros e que a sua mulher estaria em total discordancia com tal compra, sugeriu que, se ao prazo de 1 mes nao quisessem o
aparelho, poderiam devolve-lo a preço zero. A mulher de Batola concordou, e a partir daquele dia, todos se reuniam para ouvir cançoes, comentar as
noticias de última hora, e assim por diante .Antes solitário e perguiçoso, o velho Batola renasce. Passou a acordar cedo para vender coisas aos fregueses
e fazia notar a sua vivacidade. O Batola estava tao animado com a telefonia, que o mes passou num instante. De facto, o final do mes chegara e Batola
tivera se esquecido de tentar convencer a mulher. Quando Batola pensava que teria de devolver a telefonia, visto que seria impossível convencer a sua
mulher, esta vai ter com ele e fala: “Olha... Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste deserto.” Com este conto,
Manuel da Fonseca ajuda-nos a perceber como era viver nos anos 40/50 sem a informaçao proveniente da telefonia ou da televisao e, de como a solidao,
pessoal ou de uma comunidade, podia ser de certa forma confortada por um simples aparelho.

Obrigada!

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