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«Sempre é uma

companhia»,
de Manuel da Fonseca
Índice
Visão global do conto Estrutura

Personagens Linguagem e estilo

Título Exercícios

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Pertence à coletânea de cariz neorrealista O fogo e as cinzas.
Retrata um Portugal tipicamente rural e afastado do mundo exterior. Pretende-se
desenhar uma moldura social e económica do Alentejo dos anos 40 do século XX.

A introdução de um novo meio de comunicação, a radiotelefonia, traz convívio, acesso à


informação e esperança à isolada população da aldeia de Alcaria (interior alentejano).
Dá-se uma mudança de hábitos na população deprimida, quebrando as rotinas, a falta
de convivialidade e a solidão.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Início descritivo:

Caracterização do espaço (aldeia de Alcaria);


«[…] aí umas quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o
telhado escuro, de sumidas que estão no fundo dos córregos.»

Retrato das personagens;


«São ceifeiros, exaustos da faina, que recolhem. Breve, a aldeia ficará
adormecida, afundada nas trevas.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Início descritivo:

Retrato do dia-a-dia rural;


«Carregado de tristeza, o entardecer demora anos.»

Menção da tragédia ocorrida num passado recente na aldeia.


«Mas o velho Rata matara-se.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Desenvolvimento da ação:

Acontecimento inesperado;
«Pouco depois, o carro parou à porta da venda. Fazia anos que tal se não dava na
aldeia.»

Mudança no quotidiano da aldeia;


«Mas, nessa tarde, vieram todos à venda, […]. Uma voz forte, rápida, dava notícias
da guerra. […] Cearam à pressa, e voltaram. […] Um sopro de vida paira agora
sobre a aldeia. Todos sabem o que acontece fora dali.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Desenvolvimento da ação:

Mudança no modo de relacionamento da personagem coletiva.

«Era já alta noite quando recolheram a casa, discutindo ainda, pelas portas, numa
grande animação.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Visão global do conto
Final da ação:

Aceitação da radiotelefonia na venda, na aldeia;


«[…] Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho.»

Vantagens nas vivências diárias da população de Alcaria.


«A esperança de melhor vida para todos, que a voz poderosa do homem
desconhecido levava até à aldeia, […].»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Personagens
Personagem principal – o casal que vive na venda:

António Barrasquinho, o Batola, é, no início do conto, um homem


preguiçoso, indolente, desolado e vencido pela monotonia dos dias. Refugia-se
no álcool e agride a mulher.

«Era o Batola, bêbado, a espancar a mulher.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Personagens
Personagem principal – o casal que vive na venda:

A mulher de Batola, propositadamente sem nome próprio, é, no início do


conto, uma figura dinâmica, autoritária e trabalhadora. Apresenta-se também como
uma mulher cuidadosa e recatada.

«[…] é ela quem ali põe e dispõe […].»

As duas personagens sofrerão, da primeira parte do conto para a segunda, uma


evolução: ele tornar-se-á enérgico e ativo (ganhará o «fogo»); ela apagar-se-á (parece
perder o «fogo») até ao momento final.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Personagens
Figurantes

Os camponeses e as suas mulheres surgem enquanto personagem coletiva que


representa um grupo social desfavorecido e débil. Vivem do trabalho duro no
campo e estão isolados do mundo exterior à aldeia.

«E eles voltavam para a escuridão, iam ser, outra vez, o rebanho que se levanta
com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela noite.
Mais nada que o abandono e a solidão.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Personagens
Figurantes:

O velho Rata, que é relembrado com saudade por Batola, torna-se a representação
do desespero, da desesperança e da solidão. Suicida-se quando se vê paralisado das
pernas e, por isso, impossibilitado de calcorrear as localidades vizinhas de Alcaria.
Era a personagem menos só e a mais viajada, por isso, sempre em contacto com o
mundo exterior, trazendo novidades.

«[…] Se o Rata ouvisse estas coisas não se matava!»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Título
«Sempre é uma companhia» é parte da frase final do conto, proferida pela
mulher de Batola. Em tom tímido, quase submisso, a personagem dirige-se ao
marido e pede-lhe que fiquem com a radiotelefonia, pois esta é, segundo ela,
uma companhia no meio daquela imensa solidão.

«– Olha… Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia


neste deserto.»

Destaca:
as mudanças sociais ocorridas com o acesso ao mundo exterior;
o isolamento dos meios e populações rurais.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Estrutura
Brevidade da ação;
Concentração de tempo e espaço;
Número limitado de personagens.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Estrutura
Este conto divide-se em duas partes estruturantes, de acordo com o título da
coletânea a que pertence o conto:

Enquadramento da ação («as cinzas»): o quotidiano da aldeia de Alcaria, o


caráter das personagens, a solidão e a frustração vividas naquele espaço
sociopolítico;

«No estio, então, o sol faz os dias do tamanho de meses. Sequer à noite virá
alguém à venda palestrar um bocado. É sempre o mesmo.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Estrutura
Este conto divide-se em duas partes estruturantes, de acordo com o título da
coletânea a que pertence o conto:

Período de mudança de hábitos («o fogo»): a convivialidade, a esperança, a


transformação das personagens e do espaço social.

«[…] se arma uma festa na venda do Batola. Até as velhas


dançaram ao som da telefonia. Nos intervalos, os homens bebiam um copo, junto
ao balcão, os pares namoravam-se, pelos cantos.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Linguagem e estilo
Inserção do discurso direto;

«− Tio Batola, cinco tostões de café.»

Linguagem simples, de registo popular.

«Foi de esticão!»

«Todos se quedaram, atentos.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Linguagem e estilo
Utilização de diversos recursos expressivos, como:

– personificação;

«A noite vem de longe, cansada, tomba tão vagarosamente […].»

– adjetivação;

«Ela, silenciosa e distante, […].»

– hipérbole;

«No estio, então, o sol faz os dias do tamanho de meses.»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Linguagem e estilo
– comparação;

«[…] solitário como um desgraçado.»

– enumeração;

«[…] chegava a ir a Ourique, a Castro, à Messejana.»

– metáfora.

«Enterra o queixo nas mãos grossas […].»

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios Solução

1. Assinale como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmações.

A. Este texto retrata uma população portuguesa rural, do século XX, que vive de um modo
monótono e infeliz.
• Verdadeira

B. As personagens centrais do conto são um casal cuja relação é um exemplo de


cordialidade e respeito.
• Falsa

C. O título remete para a parte inicial do conto, na qual os habitantes da aldeia viviam na
companhia uns dos outros.
• Falsa

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios Solução

1. Assinala como verdadeiras ou falsas as afirmações.

D. Este conto é uma narrativa breve, em que se verifica a concentração do tempo e do


espaço.
• Verdadeira

E. No final do conto, a radiotelefonia permanece na venda, mesmo sem o consentimento da


mulher de Batola.
• Falsa

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios Solução

2. Associe, tendo em conta o início do conto, cada personagem às respetivas


características.
PERSONAGENS CARACTERÍSTICAS
[a] dominador[a]
1. Mulher de Batola
[b] desleixado/a
[c] preguiçoso/a
[d] trabalhador[a]

2. Batola [e] conformado/a


[f] vencido/a
[g] expedito/a

Resposta: 1: [a]; [d]; [g]. 2: [b]; [c]; [e]; [f].

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios Solução

3. Selecione a única opção que completa corretamente as frases em 3.1 e 3.2.

3.1. A descrição do quotidiano em Alcaria, antes do acontecimento inesperado do conto,


pretende realçar…

a) … o sossego e paz que caracterizam a felicidade das populações rurais.


b) … o isolamento
isolamentoeeaasolidão
solidãoaaque
queestão
estãosujeitas
sujeitasasaspopulações
populaçõesrurais.
rurais.
c) … a desinformação e o perigo dos meios de comunicação no mundo rural.
d) … o acesso à informação reduzida nos meios rurais do interior do país.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca


Exercícios Solução

3. Selecione a única opção que completa corretamente as frases em 3.1 e 3.2.

3.2. A chegada da radiotelefonia à aldeia de Alcaria permite…


a) … a alfabetização dos camponeses e das suas famílias.
b) … o acesso a música e danças diárias na venda do Batola.
c) … a transformação das vidas profissionais dos ouvintes.
d) … o acesso
acesso àà informação,
informação,ààanimação
animaçãoeeao
aoconvívio.
convívio.

«Sempre é uma companhia», de Manuel da Fonseca

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