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Contextualização

histórico-literária
Contos
Índice

Maria Judite de
Manuel da Fonseca
Carvalho

Contextualização histórico-literária – Contos


Manuel da Fonseca
Nasceu no dia 15 de outubro de 1911,
em Santiago do Cacém.

Fez estudos secundários em Lisboa.

Exerceu várias atividades profissionais


no comércio, na indústria e no jornalismo.

Em 1940, editou Rosa dos ventos, obra


pioneira do neorrealismo poético português.

Contextualização histórico-literária – Contos


Manuel da Fonseca
Em 1942, saiu o seu primeiro volume de contos
Aldeia nova.

Ao longo dos anos 40, foi publicando dispersamente


contos que viriam a ser reunidos em O fogo e as cinzas.

Estreou-se no romance com Cerromaior, em 1943.

Em 1958, publicou o romance Seara de vento,


considerado por muitos a sua obra-prima.

Contextualização histórico-literária – Contos


Manuel da Fonseca
Ao longo do seu percurso, escreveu
diversos géneros literários, tais como poesia,
novela, conto e crónica.

Foi um dos principais representantes do


movimento neorrealista português.

Quase toda a sua obra convoca o espaço


humano e físico do Alentejo, valorizando as
circunstâncias socioeconómicas vividas.

Morreu a 11 de março de 1993,


em Lisboa.

Contextualização histórico-literária – Contos


Manuel da Fonseca

«Horizonte todo de roda caiado de sol. Ao meio


do cerro gretado esguia cabeça de cobra olha
assobios de lume sobre espigas amarelas…
(campaniços degredados na vastidão das searas
sonham bilhas de água fria).»
Planície

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Este conto integra-se na coletânea O fogo e as
cinzas.

Nesta antologia denuncia-se a precariedade social


vivida em Portugal (principalmente no interior do país),
durante o Estado Novo.

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Alia a descrição «crua» da narrativa, característica do neorrealismo, à
expressividade lírica das descrições.

O conto, quanto à sua estrutura interna, contempla as quatro partes


convencionadas para este género textual: situação inicial, acontecimento
perturbador, peripécias, situação final.

Apresenta um número escasso de personagens.

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Relação entre as personagens

Batola / Mulher Vendedor / Batola O povo / espaço


(assume-se como personagem
oponente, interagindo com o
elemento humano)

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Caracterização do espaço
Alcaria

Físico Psicológico Sociopolítico


Pequena aldeia isolada A solidão desolada O abandono, durante o Estado
no interior alentejano, em que os dias são Novo, das regiões interiores do
rodeada de campos penosamente longos. país (nomeadamente as do
silenciosos e plainos Alentejo) que estão condenadas
sem fim e desertos. à fome e à miséria.

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Divisão do conto em duas partes

1.ª parte 2.ª parte


(«as cinzas») («o fogo»)
Corresponde ao momento inicial da Corresponde ao momento posterior à
narrativa que termina com a chegada chegada da telefonia, que transforma
da telefonia a Alcaria. radicalmente a vida das personagens.

Solidão Convivialidade

Contextualização histórico-literária – Contos


«Sempre é uma companhia»
Importância das peripécias inicial e final

Peripécia inicial Peripécia final


(final da 1.ª parte) (final do conto)

A mulher, ao rejeitar o rádio, que A mulher, mudando radicalmente a sua


Batola e a aldeia desejavam, faz com postura inicial, pede a Batola para que
que este, pela primeira vez, desafie, a telefonia fique.
perante todos, a sua autoridade.

Contextualização histórico-literária – Contos


Maria Judite de Carvalho
Nasceu a 18 de setembro de 1921, em
Lisboa.
Como os pais viviam na Bélgica, foi
criada e educada por tias paternas, num meio
austero e de extrema contenção.
Frequentou o curso de Filologia
Germânica.
Em 1944, conheceu o professor
universitário e escritor Urbano Tavares
Rodrigues, com quem casou em 1949 e com
quem teve uma filha.

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Maria Judite de Carvalho

Entre 1949 e 1955 viveu em França.

Quando regressou a Portugal, trabalhou


na revista Eva e em vários jornais periódicos.
Em 1959, publicou Tanta gente,
Mariana….
A sua obra Paisagem sem barcos (1963)
foi adaptada ao cinema por Lauro António, em
1983, e ao teatro por Anne Petit, em 1996.

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Maria Judite de Carvalho

Foi distinguida com vários prémios,


destacando-se o Grande Prémio de Conto Camilo
Castelo Branco (1995) e o Prémio Vergílio
Ferreira (1998).
Da sua obra constam textos narrativos,
dramáticos e poéticos.
A sua escrita apresenta-nos uma visão
desencantada da vida e da condição humana e
aborda temas como a solidão, a morte ou a
passagem do tempo.

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«George»
A personagem do presente, George, evoca, pela memória, a sua figura da
juventude (passado), Gi, dialogando com ela. Utiliza um processo semelhante, só
que com recurso à imaginação, para criar Georgina, a sua figura no futuro (mulher
idosa), vindo a dialogar também com ela.

Neste conto, a vida é representada metaforicamente através de uma


viagem.

Contextualização histórico-literária – Contos


«George»
AS TRÊS IDADES DA VIDA - METAMORFOSES DA FIGURA FEMININA
ESTRUTURA TRIPARTIDA

Gi George Georgina

Passado/juventude Presente/idade Futuro/velhice


adulta

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«George»
Espaço

Vila do interior, parada no tempo Locais de passagem


A casa da infância e juventude. Viagem de comboio, alusão às várias
casas arrendadas, a Amesterdão e aos
Estados Unidos.

Regresso ao passado Visão do presente e


antevisão do futuro

Contextualização histórico-literária – Contos


«George»
A atualidade do conto:

a condição feminina: a situação profissional, a independência económica e o


amor;
a reflexão sobre a Morte e a passagem inexorável do Tempo;
a reflexão sobre a complexidade da natureza humana e a constante
necessidade de (re)definição;
a consciência da solidão e do desamparo na velhice;
a fusão (no estilo) da arte narrativa com diversas formas de arte: pintura,
cinema e fotografia.

Contextualização histórico-literária – Contos


Maria Judite de Carvalho

«Todos estamos sozinhos, Mariana. Sozinhos e muita gente à nossa volta. Tanta
gente, Mariana! E ninguém vai fazer nada por nós. Ninguém pode.»
Tanta gente, Mariana…

Contextualização histórico-literária – Contos

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