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A representação do quotidiano só podia ter lugar na Literatura baixa (de forma cómica
ou grotesca; entretenimento “leve e colorido”);
Ex: Milton em Lycidas: passa dos “forc ´d fingers” aos “pastures new”- da elegia
pastoral, à épica (Paradise Lost);
A perspetiva idílica: Literatura rústica ou campestre em que está presente o conflito entre a
dicotomia cidade/campo, sendo que se identificam, nos camponeses, os valores perdidos e
corrompidos pela cidade moderna - ex:George Sand;
A perspetiva melodramática: (típica do folhetim) representação das classes populares no
interior da própria metrópole (pobres perseguidos VS ricos que os oprimem); identificação
paternalista dos valores verdadeiros do povo; esta linha melodramática de romances oferece
ao leitor uma imagem pictoresca ca do exótico do mundo do proletariado, tendo o intento de
transmitir emoções fortes e de identificar os valores traídos pela modernidade (o herói, no
O romance dos irmãos De Goncourt não aborda, portanto, questões sociais, principalmente
quando contrastado com a obra de Zola.
Mesmo nos romances em que a representação das classes sociais é realizada de um modo
inovativo, continuamos a encontrar-nos perante um narrador omnisciente em posição de
domínio sob a obra (olha o mundo do romance por cima): superioridade de conhecimento
em contraste com as personagens e expressão do ponto de vista ideológico e linguístico do
autor—-» cria-se um fosso entre o leitor aristocrata e o universo narrativo;
Essa superioridade narrativa expressa-se, também, por meio de operações linguísticas (por
exemplo, em Germinie Lacerteux lemos um francês que expressa a linguagem e cultura da
alta sociedade da época); Zola, contudo, introduzindo novas técnicas narrativas na escrita do
romance, marca a sua obra com uma enorme experimentação linguística: um francês
contaminado de estruturas sintáticas da língua falada pelas classes sociais de Paris
A função mediadora do narrador omnisciente é abolida, pelo que o leitor de Zola “dá de
caras” com este mundo, linguagem e ponto de vista diferente sem preparação——-»
autonomia linguística e moral;
Enquadrando-se também na escola naturalista a que pertence Zola, surge-nos Giovanni
Verga——» escreve o primeiro conto naturalista italiano Il Malavoglia (é contudo, até certo
ponto, preocupado com a burguesia, apesar de partilhar da poética do ponto de vista iniciada
com Zola);
Perceção da distância entre a vida citadina e o “mundo primitivo” do campo—-» busca pela
compreensão;
Conto teórico em 1ª pessoa por vezes interpretado enquanto coincidente com o autor ( teoria
da poética do ponto de vista que é, depois, colocada em prática com Rosso Malpelo);
“The drama of which I speak, which perhaps one day I shall unfold to you
in its entirety, would seem to me to depend essentially on this: that
whenever one of the underprivileged, being either weaker, or less cautious,
or more selfish than the others, decided to break with his family out of a
desire for the unknown, or an urge for a better life, or curiosity to know
Ambiguidade quanto à mulher (1ª leitora do conto que se torna alusão para a figura do leitor
aristocrata)—-» pronome formal, “voi”;
Acci Trezza (aldeia de pescadores siciliana cuja população é marcada pela pobreza) tem
uma larga História artística——-» pinturas de aguarelas disseminadas por toda a Europa e
expostas nos salões da alta sociedade;
A mulher gosta de Acci Trezza à distância pela sua aparência idílica —-» a fruição
pictoresca, contudo, cansa e, eventualmente, aborrece a fig. feminina (partira do princípio
que uma aldeia tão esticamente bonita e deleitosa, encerra uma realidade que lhe
corresponde);
Aparência/superficialidade (visão panorâmica e pictoresca da mulher) VS Realidade
(descrição da aldeia pelo narrador);
Os habitantes da aldeia encontram nas suas vidas e comunidade aquilo que ela (fig.
feminina) procura em Paris, Nice, Nápoles (as grandes metrópoles europeias);
“to search” (mulher em busca de completitude) VS “to find” ( comunidade na sua
necessidade por sobrevivência);
Construção desta comunidade é “o outro/o duplo” da vida da mulher (o outro lado da moeda
da vida burguesa, percecionada negativamente);
Pensar a vida como a comunidade de Acci Trezza tem um efeito calmante—-» “(…) simple
uncomplicated feelings (…)”;
A ideia harmoniosa desta comunidade cai por terra quando mudamos, realmente, de ponto
de vista—-» Rosso Malpelo e Il Malavoglia;
Compreensão: “(…) farci piccini ache noi (…)”/”tornarmo-nos pequeninos nós também”
“I don´t understand how people can live the whole of their lives in a place like this.” ——»
aquilo a que se procura responder, principalmente no fim, do conto;
O próprio narrador aparenta, de certo modo, não compreender em todo as motivações e
vivências destes habitantes (”I can ´t tell you how or why they do it.”);
Questão do ponto de vista (quanto mais próximo, mais “pequenino”—-» mais próximo da
compreensão das classes mais baixas):
Verga diz, numa carta, que procura fazer o seu leitor “dobrar-se e olhar de perto os seus
heróis pequeninos”;
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