O ROMANCE-FOLHETIM FRANCÊS DO SÉCULO XIX, de Marlyse Meyer
1. O texto é um resumo das conclusões possíveis sobre o romance folhetim francês
do século XIX e sua influência no Brasil desde 1838. 2. Inicia-se com a abordagem de Gramsci sobre o romance popular como um fenômeno poliédrico e Jean-Louis Bory tentando abarcar suas diferentes faces. 3. Critica-se a visão redutora do romance folhetim como um novelão mexicano lacrimoso e melodramático. 4. Destaca-se a audácia desses romances ao explorar uma realidade sombria com violência e excesso, desafiando o sentimentalismo conservador. 5. O texto discute a luta entre o bem e o mal, representada por personagens como Flor de Maria e Rocambole, mostrando nuances complexas e não maniqueístas. 6. São mencionadas figuras como La Goualeuse e o jesuíta Rodin como representações extremas do mal, enquanto personagens como Baccarat são associados ao bem. 7. Explora-se a violência e as tragédias presentes nos romances folhetinescos, como estupros, incestos, adultérios, e execuções capitais, que contrastam com a mensagem moralizadora. 8. O texto questiona se o lado sombrio dessas narrativas não seria um dos motivos para o deleite dos leitores, destacando o fascínio pelo excesso e pelo mau gosto que remetem ao obscuro. 9. Faz-se uma conexão com a obra de Machado de Assis, que também explorou temas obscuros e perturbadores em suas narrativas, como em "A causa secreta" e "O enfermeiro". 10. Conclui-se levantando a possibilidade de que esse universo ficcional tenha influenciado o imaginário brasileiro, questionando a relação entre o lado sombrio das narrativas e seu apelo ao público. 1. O texto aborda a influência do conto-folhetim no Brasil, especialmente destacando o trabalho de Machado de Assis nesse gênero. 2. Machado de Assis utilizava a publicação em jornais como uma forma de manter viva a atenção do leitor, graduando os efeitos para aumentar o mal-estar e o suspense nas narrativas. 3. Discute-se a questão do público leitor, observando que muitos contos e romances eram publicados em jornais destinados às "senhoras" e às famílias, mesmo apresentando conteúdos perversos e perturbadores. 4. Analisa-se a confrontação de Machado com as expectativas morais de suas leitoras, expondo o lado sombrio e perverso das narrativas em contraste com a moralidade superficial. 5. Explora-se a recepção do folhetim francês no Brasil, especialmente de Eugene Sue, e como as narrativas encontraram ressonância em questões sociais e econômicas específicas da época, como a escravidão e as classes perigosas. 6. Aborda-se a representação do medo na literatura, especialmente o medo relacionado às classes perigosas, às doenças e à violência urbana, tanto em Paris quanto no Brasil. 7. Destaca-se a habilidade dos autores em criar personagens e cenários que refletiam as realidades sociais e econômicas da época, provocando nos leitores uma angústia social e reflexões sobre questões como a escravidão e as condições de vida das classes trabalhadoras. 8. Faz-se uma conexão entre as narrativas ficcionais e a realidade, explorando como temas como o medo, a violência e a exclusão social eram tratados na literatura e refletiam as preocupações e os temores da sociedade da época. O texto continua discutindo o papel do melodrama na literatura, especialmente no contexto do folhetim brasileiro e sua relação com o folhetim parisiense e o melodrama francês. Algumas das principais ideias e temas abordados são:
1. Destaque para elementos do cotidiano brasileiro que foram incorporados
ao universo do melodrama, como a subalternização do negro, a exploração das mulheres italianas pelos fazendeiros, entre outros eventos dramáticos e impactantes. 2. Observação sobre a identificação entre os leitores franceses e brasileiros com os temas e cenários apresentados nos folhetins de Eugene Sue e outros autores, destacando a ressonância dessas narrativas com questões sociais e econômicas específicas de cada contexto. 3. Exploração da retórica do melodrama, que muitas vezes é considerada escandalosa e de mau gosto pela crítica oficial, mas que tem o poder de expressar de forma intensa as emoções e condições humanas, rompendo com as convenções e matizes da existência cotidiana. 4. Argumento de que o melodrama busca colocar e exprimir com clareza os problemas morais e as virtudes fundamentais, buscando render homenagem ao bem e oferecendo uma leitura moral do universo, especialmente em um contexto em que os imperativos morais se perderam ou foram ocultados. 5. Observação sobre a interação entre o teatro de melodrama e o romance- folhetim, destacando que essa relação foi ininterrupta e contribuiu para a força e importância do gênero do melodrama, muitas vezes subestimado pela crítica.
Em resumo, o texto discute como o melodrama, tanto no teatro quanto na
literatura de folhetim, desafia as convenções e oferece uma leitura intensa e moralmente significativa do mundo, incorporando elementos do cotidiano e explorando temas sociais e morais profundos.
O texto discute a presença e a influência do melodrama e do folhetim na cultura da
América Latina, destacando sua fácil aclimatação devido às condições sociais e históricas da região. Alguns pontos relevantes abordados são:
1. Invasão do folhetim na América Latina: Assim como no Brasil, o romance
doméstico inglês e o folhetim francês invadiram outros países da América Latina como Colômbia, México e Argentina. Essas narrativas romanescas alcançaram as classes subalternas e as massas historicamente exploradas e sofridas da região. 2. Características do folhetim e do melodrama: O texto destaca que esses gêneros cativam não apenas pelos enredos engenhosos, mas também por tematizarem as condições de vida subalternas, relações pessoais exacerbadas e situações de paroxismo emocional, tudo isso dentro de uma mensagem conservadora que buscava ser conciliadora. 3. Universo do melodrama: Há uma análise profunda sobre a dimensão do melodrama, que vai além do teatro e do cinema, estando presente nas emoções, ideias e relações humanas da realidade. O texto de Vargas Llosa é mencionado como uma tentativa de capturar essa distorção ou exacerbação do sentimento presente na vida cotidiana. 4. Influência nas artes: O folhetim e o melodrama também influenciaram o cinema, o tango, a canção sertaneja e a rádio-novela na América Latina. O texto destaca a importância desses gêneros na construção do imaginário latino- americano e na criação da telenovela, uma forma narrativa massiva que se tornou um fenômeno cultural na região. 5. Modernização do folhetim: Com a chegada da televisão e das telenovelas, o folhetim foi modernizado, mantendo temas tradicionais e sendo adaptado aos novos meios de comunicação, mas sem perder a essência narrativa e emocional que o caracteriza.
Em resumo, o texto apresenta o folhetim e o melodrama como elementos fundamentais
na cultura e na narrativa da América Latina, destacando sua capacidade de representar as realidades sociais e emocionais da região de maneira intensa e cativante.