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‘‘Os poderes da impressão’’, de Roger Chartier

1. Impressão como técnica de reprodução de textos:


 É uma técnica específica que permitiu a produção em massa de textos
escritos.
 Facilitou a disseminação do conhecimento e da cultura ao tornar os
textos mais acessíveis para um público mais amplo.
2. Relações entre impressão e outras formas de publicação:
 A cópia manuscrita é uma forma anterior de reprodução de textos, feita à
mão.
 A impressão não substituiu completamente a cópia manuscrita, mas
complementou-a ao tornar os textos mais disponíveis e acessíveis.
3. Poderes próprios do livro em relação a outros objetos escritos:
 Nem todos os livros são impressos, pois existem livros manuscritos.
 Nem todos os objetos impressos são livros, pois podem ser panfletos,
folhetos ou outros materiais.
4. Definição de livro:
 Um livro pode ser definido não apenas pela técnica de impressão, mas
pela sua função como um meio de armazenar e transmitir conhecimento,
narrativas ou informações.
 Um livro pode ser impresso ou manuscrito, mas sua essência está na sua
capacidade de preservar e comunicar conteúdo escrito.
5. Revolução da imprensa:
 A revolução da imprensa, exemplificada pela invenção de Gutenberg,
transformou a maneira como os textos eram produzidos e disseminados.
 Multiplicou a disponibilidade de objetos escritos e tornou a leitura e a
escrita mais acessíveis para diferentes camadas da sociedade.
6. Cultura impressa versus cultura escribal:
 A "cultura impressa" representa a era em que a impressão dominou a
produção de textos.
 A "cultura escribal" refere-se à época anterior, em que a cópia
manuscrita era predominante.
7. Transformações na prática administrativa e comercial:
 A impressão teve um impacto significativo não apenas na cultura, mas
também nas práticas administrativas e comerciais, ao facilitar a produção
e distribuição de documentos e informações.

Esses pontos destacam a importância da impressão como uma técnica que revolucionou
a forma como a palavra escrita é produzida, distribuída e consumida, e como ela se
relaciona com outras formas de publicação e difusão do conhecimento ao longo da
história.
A relação entre impressão, cópia manuscrita e o conceito de livro são temas
fundamentais para entender a evolução da comunicação escrita e suas formas de difusão
ao longo da história. Aqui está uma abordagem por pontos para refletir sobre essas
questões:

1. Impressão versus cópia manuscrita:


 A impressão é uma técnica específica de reprodução de textos que
permite a produção em massa de documentos.
 A cópia manuscrita refere-se à prática de escrever à mão, que era comum
antes da invenção da impressão.
2. Diferentes formas de publicação e difusão:
 A impressão facilitou a disseminação em larga escala de textos,
tornando-os mais acessíveis e ampliando o público leitor.
 A cópia manuscrita era mais demorada e trabalhosa, resultando em
menor disponibilidade de textos e acesso restrito a eles.
3. Poderes próprios do livro em comparação a outros objetos escritos:
 Um livro pode ser definido não apenas pelo método de produção
(impresso ou manuscrito), mas pela sua estrutura organizada em páginas,
encadernação e conteúdo que o torna uma obra completa e independente.
 Outros objetos escritos, como folhetos, panfletos ou jornais, podem
conter informação escrita, mas não possuem a mesma estrutura e
finalidade de um livro.
4. O que é um livro?
 Um livro é mais do que apenas um objeto impresso ou manuscrito. É
uma obra que contém conhecimento, narrativas, informações ou
expressões artísticas organizadas de forma sistemática.
 Um livro pode ser uma fonte de entretenimento, educação, pesquisa ou
reflexão, sendo um instrumento poderoso na transmissão e preservação
do conhecimento humano.
5. Revolução da imprensa:
 A invenção da imprensa por Gutenberg representou uma revolução na
disseminação de informações e na democratização do acesso ao
conhecimento.
 A cultura impressa transformou a sociedade ao facilitar a produção em
massa de livros e outros materiais escritos, contribuindo para o
desenvolvimento cultural, científico e político das civilizações.
6. Cultura impressa versus cultura escribal:
 A "cultura impressa" representa a era em que a impressão dominou a
produção de textos e a comunicação escrita em larga escala.
 A "cultura escribal" refere-se ao período anterior, caracterizado pela
produção manual de cópias escritas em pergaminhos ou papel.

Esses pontos ajudam a pensar sobre as relações entre impressão, cópia manuscrita e o
significado do livro dentro do contexto mais amplo da comunicação escrita e sua
evolução ao longo do tempo.

A revolução da imprensa trouxe mudanças significativas na disseminação de textos e na


forma como a informação era produzida e consumida. Aqui está uma análise dos pontos
levantados no texto:

1. Cultura impressa versus cultura escribal:


 A cultura impressa refere-se à era em que a impressão dominou a
produção de textos, permitindo uma disseminação mais ampla e rápida.
 A cultura escribal representa o período anterior, em que a cópia
manuscrita era predominante e a produção de textos era mais limitada e
demorada.
2. Efeitos da revolução da imprensa:
 A revolução da imprensa, especialmente após a invenção de Gutenberg,
resultou na disseminação de textos em uma escala desconhecida na era
do manuscrito.
 A impressão multiplicou a disponibilidade de textos, não apenas de
livros, mas também de folhetos, panfletos, cartazes, entre outros
impressos.
3. Diversidade de textos impressos:
 Embora os livros sejam uma parte importante da produção impressa,
muitos outros tipos de documentos foram produzidos, como folhetos,
panfletos, petições, cartazes, anúncios, formulários, bilhetes, recibos,
certificados, etc.
 Esses documentos não apenas eram mais acessíveis, mas também
atendiam a necessidades específicas da sociedade, como comunicações
públicas, práticas administrativas e comerciais.
4. Coexistência entre impressão e manuscrito:
 A introdução da impressão não resultou no desaparecimento completo da
comunicação manuscrita ou da publicação manuscrita.
 Muitos gêneros escritos, como tratados políticos, antologias poéticas e
textos heterodoxos, continuaram a circular em cópias manuscritas por
diversas razões, como custo, evitar censura, circulação limitada ou
maleabilidade da forma manuscrita.
5. Novos usos e interações entre impressão e manuscrito:
 Os manuscritos estimularam novos usos de escrita, como preencher
espaços em branco deixados pela impressão.
 A impressão também introduziu novos elementos nos textos impressos,
como margens largas e espaços para anotações dos leitores, incentivando
interações ativas com o conteúdo.

Esses pontos destacam a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita
na era da revolução da imprensa, mostrando como diferentes formas de produção e
disseminação de textos coexistiram e interagiram para moldar a cultura escrita e sua
recepção pela sociedade.

O texto destaca a variedade de textos, sejam impressos ou manuscritos, reunidos de


acordo com a preferência individual do leitor e encadernados em um único volume. Ele
também enfatiza a mobilidade, flexibilidade e variação proporcionadas pela impressão,
mesmo que as tiragens fossem limitadas em certas épocas.

1. Variedade de textos reunidos em um volume:


 Os textos, tanto impressos quanto manuscritos, podiam ser reunidos de
forma individualizada pelos leitores e encadernados em um único livro.
 Isso demonstra a diversidade de conteúdos disponíveis e a capacidade
dos leitores de criar suas próprias coleções personalizadas.
2. Mobilidade e flexibilidade da impressão:
 A impressão permitia uma maior mobilidade e flexibilidade, mesmo com
tiragens limitadas. Isso se reflete na capacidade de os leitores corrigirem
erros, elaborarem índices ou erratas manuscritas e até mesmo criarem
obras originais a partir de recortes de edições impressas.
3. Relações entre textos impressos e manuscritos:
 As conexões entre textos impressos e manuscritos não se limitavam
apenas aos objetos físicos, mas também incluíam práticas de leitura e
interação dos leitores com os textos.
 Os leitores frequentemente modificavam obras recém-saídas das gráficas,
tornando-as únicas e adaptadas às suas necessidades e interesses
específicos.
4. Padronização versus diversidade na impressão:
 Embora a impressão fosse associada à padronização, é importante
reconhecer que existiam processos que limitavam seus efeitos. Por
exemplo, a correção durante a impressão resultava em múltiplos estados
de um mesmo texto, cada um com suas características específicas.
 A capacidade das oficinas gráficas de reproduzir um texto idêntico em
cada exemplar não garantia que todas as edições fossem exatamente
iguais. Da mesma forma, a transmissão manuscrita podia ser estável,
especialmente em textos como os sagrados, que eram controlados
rigidamente para manter a integridade do conteúdo.
5. Especificidade de cada forma de transmissão textual:
 Mais importante do que contrastar a qualidade da impressão com a
instabilidade do manuscrito é examinar cuidadosamente as características
e peculiaridades de cada forma de transmissão textual.
 Isso inclui entender como as práticas de produção e recepção de textos
influenciavam a forma como o conhecimento era transmitido e
preservado ao longo do tempo.

Esses pontos destacam a complexidade das interações entre textos impressos e


manuscritos, bem como a importância de considerar as particularidades de cada meio de
transmissão textual para uma compreensão mais completa da cultura escrita e sua
evolução histórica.

O texto aborda a atitude crítica e desconfiada de alguns escritores e personagens em


relação à impressão e à publicação de livros durante os séculos XVI, XVII e XVIII.
Destacam-se alguns pontos importantes:

1. Estigma associado à impressão:


 O texto menciona o "estigma da impressão", expressando desconfiança
em relação aos impressores e à qualidade dos livros impressos.
 Há uma crítica à prática de impressores desonestos que manipulam
tiragens e vendem cópias de obras sem a devida autorização ou
conhecimento dos autores.
2. Críticas à qualidade dos livros impressos:
 Alguns personagens expressam preocupação com a qualidade e a
reputação dos livros impressos, argumentando que a impressão pode
levar à distorção do conteúdo original e à corrupção dos textos.
 A multiplicação de livros impressos é vista como uma ameaça à
hierarquia social e acadêmica, pois permite que leitores ignorantes
tenham acesso a obras que não são adequadas para eles.
3. Preferência pela publicação manuscrita:
 A cópia manuscrita é valorizada por sua capacidade de oferecer uma
difusão controlada e limitada de textos, evitando a censura e permitindo
circulação clandestina.
 Os manuscritos eram vistos como um meio mais seguro de preservar a
integridade dos textos e evitar a corrupção causada por interesses
comerciais e incompetência de compositores e revisores.
4. Flexibilidade e controle do livro manuscrito:
 O livro manuscrito é destacado pela sua flexibilidade, permitindo
correções, adições e eliminações ao longo de sua produção e cópia.
 Essa capacidade de revisão contínua possibilitava a atualização de
instruções nobiliárias, a colaboração de vários autores em coletâneas de
poesia e a proteção contra alterações indesejadas introduzidas por
terceiros.
5. Alternativas oferecidas pela publicação manuscrita:
 A publicação manuscrita era uma alternativa para evitar certos tipos de
corrupção associados à impressão, especialmente no que diz respeito a
interesses econômicos e incompetência na composição e revisão de
textos.

Esses pontos mostram a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita,
destacando as preocupações e preferências de diversos escritores e personagens em
relação aos diferentes meios de publicação e circulação de textos durante os séculos
mencionados.

You
Explique por pontos: Como deveriamos pensar sobre as relagdes entre impressio,
entendida como uma técnica especifica de reprodugio de textos, e outras formas de
publicação e difusio da palavra escrita, a cépia manuscrita em particular? Como
devemos situar os poderes préprios do livro em relação aqueles de outros objetos
escritos, dado que se nem todos os livros são impressos, nem todos os objetos impressos
são livros? E, mais fundamentalmente, o que é um livro? Essas são perguntas que este
ensaio tentará responder. A revolução da imprensa Antes de continuar, precisamos
voltar a uma oposição basica, herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “cultura impressa”
e “cultura escribal” [scribal culture}.! Uma primeira reavaliagdo diz respeito à propria
nogdo de “cultura da impressão” e a um dos efeitos mais 104 ROGER CHARTIER
locados em circulagio e cada |; itor " número maior del contrar um e es.— que é à dis
manuscnto- Hapou¢ Gutenbers: mais indiv idual erd eceita de tais estabelecimentos.
Isso A impressdo multiplicou objetos que eram desconhecidos ou pouco familiares na
era do manuscrito e os tornou familiares. Nas cidades, pelo menos, a esc colocando
material de leitur as praticas administrativas e comerciais. rita impressa tomou conta dos
muros, a em espagos publicos, e transformou 3 Mas precisamos também ê reformular a i
e : examinar mai i 3 30, Depois : surgimento de obras dedicadas à publicação
manuscrita nà glaterro,
ChatGPT
ChatGPT
1. Impressão como técnica de reprodução de textos:
 É uma técnica específica que permitiu a produção em massa de textos
escritos.
 Facilitou a disseminação do conhecimento e da cultura ao tornar os
textos mais acessíveis para um público mais amplo.
2. Relações entre impressão e outras formas de publicação:
 A cópia manuscrita é uma forma anterior de reprodução de textos, feita à
mão.
 A impressão não substituiu completamente a cópia manuscrita, mas
complementou-a ao tornar os textos mais disponíveis e acessíveis.
3. Poderes próprios do livro em relação a outros objetos escritos:
 Nem todos os livros são impressos, pois existem livros manuscritos.
 Nem todos os objetos impressos são livros, pois podem ser panfletos,
folhetos ou outros materiais.
4. Definição de livro:
 Um livro pode ser definido não apenas pela técnica de impressão, mas
pela sua função como um meio de armazenar e transmitir conhecimento,
narrativas ou informações.
 Um livro pode ser impresso ou manuscrito, mas sua essência está na sua
capacidade de preservar e comunicar conteúdo escrito.
5. Revolução da imprensa:
 A revolução da imprensa, exemplificada pela invenção de Gutenberg,
transformou a maneira como os textos eram produzidos e disseminados.
 Multiplicou a disponibilidade de objetos escritos e tornou a leitura e a
escrita mais acessíveis para diferentes camadas da sociedade.
6. Cultura impressa versus cultura escribal:
 A "cultura impressa" representa a era em que a impressão dominou a
produção de textos.
 A "cultura escribal" refere-se à época anterior, em que a cópia
manuscrita era predominante.
7. Transformações na prática administrativa e comercial:
 A impressão teve um impacto significativo não apenas na cultura, mas
também nas práticas administrativas e comerciais, ao facilitar a produção
e distribuição de documentos e informações.

Esses pontos destacam a importância da impressão como uma técnica que revolucionou
a forma como a palavra escrita é produzida, distribuída e consumida, e como ela se
relaciona com outras formas de publicação e difusão do conhecimento ao longo da
história.

You
Como deveriamos pensar sobre as relaçoes entre impressäo, entendida como uma
técnica especifica de reproduçao de textos, e outras formas de publicaçao e difusäo da
palavra escrita, a copia manuscrita em particular? Como devemossituar os poderes
pröprios do livro em relaçào àqueles de outros objetos escritos, dado que se nem todos
os livros säo impressos, nem todos os objetos impressos säo livros? E, mais
fundamentalmente, o que é um livro? Essas säo perguntas que este ensaio tentarâ
responder. A revoluçao da imprensa Antes de continuar, precisamos voltar a uma
oposiçao bâsica, herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “ cultura impressa” e “ cultura
escribal” [ scribal culture].1 Uma primeira reavaliaçao diz respeito à propria noçao de “
cultura da impressäo” e a um dos efeitos mais
ChatGPT
ChatGPT
A relação entre impressão, cópia manuscrita e o conceito de livro são temas
fundamentais para entender a evolução da comunicação escrita e suas formas de difusão
ao longo da história. Aqui está uma abordagem por pontos para refletir sobre essas
questões:

1. Impressão versus cópia manuscrita:


 A impressão é uma técnica específica de reprodução de textos que
permite a produção em massa de documentos.
 A cópia manuscrita refere-se à prática de escrever à mão, que era comum
antes da invenção da impressão.
2. Diferentes formas de publicação e difusão:
 A impressão facilitou a disseminação em larga escala de textos,
tornando-os mais acessíveis e ampliando o público leitor.
 A cópia manuscrita era mais demorada e trabalhosa, resultando em
menor disponibilidade de textos e acesso restrito a eles.
3. Poderes próprios do livro em comparação a outros objetos escritos:
 Um livro pode ser definido não apenas pelo método de produção
(impresso ou manuscrito), mas pela sua estrutura organizada em páginas,
encadernação e conteúdo que o torna uma obra completa e independente.
 Outros objetos escritos, como folhetos, panfletos ou jornais, podem
conter informação escrita, mas não possuem a mesma estrutura e
finalidade de um livro.
4. O que é um livro?
 Um livro é mais do que apenas um objeto impresso ou manuscrito. É
uma obra que contém conhecimento, narrativas, informações ou
expressões artísticas organizadas de forma sistemática.
 Um livro pode ser uma fonte de entretenimento, educação, pesquisa ou
reflexão, sendo um instrumento poderoso na transmissão e preservação
do conhecimento humano.
5. Revolução da imprensa:
 A invenção da imprensa por Gutenberg representou uma revolução na
disseminação de informações e na democratização do acesso ao
conhecimento.
 A cultura impressa transformou a sociedade ao facilitar a produção em
massa de livros e outros materiais escritos, contribuindo para o
desenvolvimento cultural, científico e político das civilizações.
6. Cultura impressa versus cultura escribal:
 A "cultura impressa" representa a era em que a impressão dominou a
produção de textos e a comunicação escrita em larga escala.
 A "cultura escribal" refere-se ao período anterior, caracterizado pela
produção manual de cópias escritas em pergaminhos ou papel.

Esses pontos ajudam a pensar sobre as relações entre impressão, cópia manuscrita e o
significado do livro dentro do contexto mais amplo da comunicação escrita e sua
evolução ao longo do tempo.

You
A revoluçao da imprensa Antes de continuar, precisamos voltar a uma oposiçao bâsica,
herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “ cultura impressa” e “ cultura escribal” [ scribal
culture].1 Uma primeira reavaliaçao diz respeito à propria noçao de “ cultura da
impressäo” e a um dos efeitos mais fundamentals que Eisenstein atribui à “ revoluçào da
imprensa” , que é a disseminaçào de textos numa escala desconhecida na era do
manuscrito. Hâ pouca discussào acerca desse fato. Com a invençàode Gutenberg, mais
textos foram colocados em circulaçào e cada leitor individual era capaz de encontrar um
numéro maior deles. Mas o queeram esses textos cuja presença foi multiplicada pela
impressào? Livros, seguramente, mas como demonstrou D. F. McKenzie, ’ impressào
constituia uma porçào menos importante, bem menos importante, das atividades das
grâficas entreosséculos XVI e XV111. A maior parte doque era produzido consistia em
folhetos, panfletos, petiçoes, cartazes e anüncios pûblicos, formulârios, bilhetes, recibos,
certificados e muitosoutrostiposde impressos efêmerosedeserviç que geravam a maior
parte da receita de tais estabelecimentos. Isso tem consequênciasimportantes para a
definiçào da cultura impressa e seus efeitos. Espanha" e na França/’ hojeninguém
afirmariaque “ isto” (aprensa deimpressào) matou “ aquilo” (o manuscrito).
Muitosgêneros escritos (antologias poéticas, tratados politicos, instruçoes nobiliârias
velles à la main-folhas de noticias-, textoslibertinos e heterodoxos, partituras musicaise
mais) eram distribuidos em copias manuscritas. ' As razöes variavam: o custo menor das
copias manuscritas; o desejo de evitar censura oficial; preferência por uma circulaçào
limitada; ou a maleabilidade da forma manuscrita, que permitia acréscimos e
reviPortanto, a impressào, pelo menos nos quatro primeirosséculos na , nousua soes. de
sua existência, nào causou odesaparecimento nem da comunicaçào manuscrita nem da
publicaçào manuscrita. Além disso, os manuscritos convidavam a novos usos de
escrever conforme atestado por um inventârio preliminar de objetos os à mào, que
incitavam seus compradores a preencher com seus pröprios escritos espaços que a
impressào deixara em branco. Esses espaços incluiam: paginas em branco inseridas em
almanaques, espaços em aberto nos formulârios, livros comuns contendo apenas rubriA
impressào multiplicou objetos que eram desconhecidos ou pouco familiäres na era do
manuscrito e os tornou familiäres. Nas cidades, pelo menos, a escrita impressa tomou
conta dos muros, colocando material de leitura em margens largas e entrelinhas em
obras planejadas cas impressas e para rêceber anotaçoes dos leitores. Muitos exemplos
poderiam fornecidos de objetosimpressos cuja razào de ser era encorajar e pre espaços
pûblicos, e transformou as pràticas administrativas e comerciais. ' Mas precisamos
também reformular a oposiçào entre “ cultura escribal“ e “ cultura impressa” e examinar
mais de perto o manuscrito na era da impressào. Depois do surgimento de obras
dedicadas à publicaçào manuscrita na Inglaterra,4 ser servar a escrita à mào: ediçoes de
autoreslatinos clâssicos usadas escolas secundârias do século XVI; s chartes de mariage
[ contratos de
ChatGPT
ChatGPT
A revolução da imprensa trouxe mudanças significativas na disseminação de textos e na
forma como a informação era produzida e consumida. Aqui está uma análise dos pontos
levantados no texto:

1. Cultura impressa versus cultura escribal:


 A cultura impressa refere-se à era em que a impressão dominou a
produção de textos, permitindo uma disseminação mais ampla e rápida.
 A cultura escribal representa o período anterior, em que a cópia
manuscrita era predominante e a produção de textos era mais limitada e
demorada.
2. Efeitos da revolução da imprensa:
 A revolução da imprensa, especialmente após a invenção de Gutenberg,
resultou na disseminação de textos em uma escala desconhecida na era
do manuscrito.
 A impressão multiplicou a disponibilidade de textos, não apenas de
livros, mas também de folhetos, panfletos, cartazes, entre outros
impressos.
3. Diversidade de textos impressos:
 Embora os livros sejam uma parte importante da produção impressa,
muitos outros tipos de documentos foram produzidos, como folhetos,
panfletos, petições, cartazes, anúncios, formulários, bilhetes, recibos,
certificados, etc.
 Esses documentos não apenas eram mais acessíveis, mas também
atendiam a necessidades específicas da sociedade, como comunicações
públicas, práticas administrativas e comerciais.
4. Coexistência entre impressão e manuscrito:
 A introdução da impressão não resultou no desaparecimento completo da
comunicação manuscrita ou da publicação manuscrita.
 Muitos gêneros escritos, como tratados políticos, antologias poéticas e
textos heterodoxos, continuaram a circular em cópias manuscritas por
diversas razões, como custo, evitar censura, circulação limitada ou
maleabilidade da forma manuscrita.
5. Novos usos e interações entre impressão e manuscrito:
 Os manuscritos estimularam novos usos de escrita, como preencher
espaços em branco deixados pela impressão.
 A impressão também introduziu novos elementos nos textos impressos,
como margens largas e espaços para anotações dos leitores, incentivando
interações ativas com o conteúdo.

Esses pontos destacam a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita
na era da revolução da imprensa, mostrando como diferentes formas de produção e
disseminação de textos coexistiram e interagiram para moldar a cultura escrita e sua
recepção pela sociedade.

You
variedade de textos, impressos ou manuscrites, reunidos à maneira individual do leitor e
encadernados em um unico volume. O texte impresso era, portante, aberto a mobilidade,
flexibilidade e variaçào, mesmo que apenas pelo fato de que, em uma época tiragens
permaneciam limitadas (entre 1.000 e 1.750 casamento] usados em algumas dioceses no
sul da França no século XVII; 1 ' ou, na Italia do século XVIII, as primeiras agendas
que dividiam o dia em seçoes.10 As estreitasligaçoesentre escritos manuscrites e
textosimpre nào se limitam aos objetos que os organizam explicitamente. Leitores do
passado, e leitoresinstruidos em particular, frequentemente pegavam obras recém-saidas
das grâficas e as transformavam em obras pröprias, usando pena e tinta para corrigir os
erros que encontravam, elaborando urn indice ou errata manuscrite, e mesmo cortando
fragmentes das ediçoes impressas e colando os recortes em folhas para criar um livro
original. Essas prâticas nos permitem continuar a discussào aberta sobre a padronizaçào
que tem sido atribuida à impressào, reconhecendo que padronizaçào nào implica que
devamos ignorar os muitos processos que limitavam seus efeitos: correçào feita no
decorrer da impressào que, por causa da pluralidade de associaçoes possiveis entre
folhas corrigidas e nào corrigidas em copias da mesma ediçào, multiplicam os estados
de urn “ mesmo” texte;11 notas marginais manuscritas que tornam ünica a copia usada
por um leitor individual; 13 ssos em que as exemplares por volta de 1680, segundo
alguém do ramo, o impres sor AlonsoVictor de Paredes),14 o sucesso, dai a reproduçào,
de uma obra supunha ediçoes mültiplas, que nunca eram idênticas. Assim como a
capacidade de reproduçào das oficinas grâficas estava longe de estar totalmente
mobilizada (pelo menos para a impressào de livros), a sua habilidade para reproduzir
um texte idêntico em cada exemplar nào implica que este fosse sempre o caso. Por outro
lado, a transmissào manuscrita nào envolvia necessariamente a alteraçào de textos, em
particular quando, como era o caso dos textos sagrados, sua letra havia sido fixada e era
mantido um contrôle rigido sobre as copias. Mais do que um claramente definido,
contrastando a qualidade da impressào corn a instabilidade do manuscrite, o que é
importante é um exame cuidadoso da especificidade de cada forma de transmissào
textual.
ChatGPT
ChatGPT
O texto destaca a variedade de textos, sejam impressos ou manuscritos, reunidos de
acordo com a preferência individual do leitor e encadernados em um único volume. Ele
também enfatiza a mobilidade, flexibilidade e variação proporcionadas pela impressão,
mesmo que as tiragens fossem limitadas em certas épocas.

1. Variedade de textos reunidos em um volume:


 Os textos, tanto impressos quanto manuscritos, podiam ser reunidos de
forma individualizada pelos leitores e encadernados em um único livro.
 Isso demonstra a diversidade de conteúdos disponíveis e a capacidade
dos leitores de criar suas próprias coleções personalizadas.
2. Mobilidade e flexibilidade da impressão:
 A impressão permitia uma maior mobilidade e flexibilidade, mesmo com
tiragens limitadas. Isso se reflete na capacidade de os leitores corrigirem
erros, elaborarem índices ou erratas manuscritas e até mesmo criarem
obras originais a partir de recortes de edições impressas.
3. Relações entre textos impressos e manuscritos:
 As conexões entre textos impressos e manuscritos não se limitavam
apenas aos objetos físicos, mas também incluíam práticas de leitura e
interação dos leitores com os textos.
 Os leitores frequentemente modificavam obras recém-saídas das gráficas,
tornando-as únicas e adaptadas às suas necessidades e interesses
específicos.
4. Padronização versus diversidade na impressão:
 Embora a impressão fosse associada à padronização, é importante
reconhecer que existiam processos que limitavam seus efeitos. Por
exemplo, a correção durante a impressão resultava em múltiplos estados
de um mesmo texto, cada um com suas características específicas.
 A capacidade das oficinas gráficas de reproduzir um texto idêntico em
cada exemplar não garantia que todas as edições fossem exatamente
iguais. Da mesma forma, a transmissão manuscrita podia ser estável,
especialmente em textos como os sagrados, que eram controlados
rigidamente para manter a integridade do conteúdo.
5. Especificidade de cada forma de transmissão textual:
 Mais importante do que contrastar a qualidade da impressão com a
instabilidade do manuscrito é examinar cuidadosamente as características
e peculiaridades de cada forma de transmissão textual.
 Isso inclui entender como as práticas de produção e recepção de textos
influenciavam a forma como o conhecimento era transmitido e
preservado ao longo do tempo.

Esses pontos destacam a complexidade das interações entre textos impressos e


manuscritos, bem como a importância de considerar as particularidades de cada meio de
transmissão textual para uma compreensão mais completa da cultura escrita e sua
evolução histórica.

You
Publicaçào escribal au XVIIe siècle. In: O vigor da publicaçào manuscrita entre os
séculos XVI e XVIII também deve ser entendido como um efeito duràvel de uma
Cervantesja fizera uso desse tema em uma de suas Novelas exemplaires, a “ Novela del
licenciado Vidriera” . Fomas déclara ao livreiro loja, encostado na parede,
“sondandocuidadosamente ocaminho por segurança” , porque, apös mordicar um
marmelo encantado amante que o desprezara, ele pensa que é feito de vidro:
depreciaçào da impressào - o “ estigma da impressào” . O Século de Ouro espanhol
oferece um exemplo disso. Quando Dom Quixote visita uma grâfica em Barcelona, fala
com um autor superconfiante que mantivera para si os direitos de sua traduçào de uma
obra intitulada Le Bagatelle, da quai estavam sendo impressos 2 mil exempl Dom
Quixote o adverte: numa por uma “ Este oficio muito me agradaria, nâo fosse um
defeito a ele ligado” . Quando o livreiro pergunta que defeito poderia possivelmente ser,
o ares. Voce parece saber um bocado sobre isto [...] amante desprezado responde que
sào levou em consideraçào a contabilidade fraudulenta dos impressores e ostruques que
usam. Eu lhe asseguro que, quando voce estiver de posse de 2 mil exemplares do seu
livro, estarâ tào exausto que ele ira assustâ-lo, especialmente se for um livro um pouco
perverso um pouco divertido. mas parece que nao os truques que voce usa quando
adquire os direitos de um livro e a zombaria que faz de um autorse por acaso ele
imprime olivro por sua propria conta; pois em vez de1.500 copias, voce vai além e
imprime 3 mil, e enquanto o autor pensa que sào as copias dele que estào sendo
vendidas, na realidade säo as suas pröprias, das quais voce esta se livrando. * e nem 15
Aqui o texto esta brincando com urn lugar-comum do Século de Ouro, denunciando a
cupidez e desonestidade dos impressores, que säo vistos como sempre prontos a
falsificar seus livros contâbeis e ocultar a verdadeira tiragem de ediçoes que lhes sào
confiadas, permitindo, assim, vender copias maisrapidamente e com um preço melhor
do que o autor poderia fazê-lo. 17 A ma conduta do livreiro era um dos töpicos
prediletos entre todos os escritores que estigmatizavam a impressào, denunciando-a
integridade dos textos distorcidos por compositoignorantes, adulterar o sentido das
obras propostas aos leitores incapazes de entendê-las e aviltar a ética do comércio das
letras, degradada pelo comércio de livros.1 * O diâlogo que Lope de Vega imagina em
Fuente Ovejuna entre Barrildo, um camponês, e Leonelo, um estudante retornando para
casa de Salamanca, ilustra a falta de confiança que alguns tiam diante da multiplicaçào
de livros provocada pela invençâo da imprensa -uma invençâo recente em 1476, a data
dos eventos histöricos encenados nesta comedia. Quando Barrildo elogia os efeitos da
impressäo, dizendo “ Ouço dizer que estao imprimindo tantos livros agora que todo
mundo pode escrevê-los. É fantâstico” , Leonelo responde: “ L quantomais o livrosoa
como baboseira sem sentido, mais alto todo mundo aplaude. Nào nego que a impressäo
trouxe à tona alguns gênios e ajuda a preservarsua obra, mas ao mesmo tempo destruiu a
reputaçao de outros permitindo que nos os lêssemos” .19 Para o estudante culto, a
multiplicaçào de livros e leitores que se julga cultos mas que nào o eram subvertia as
hierarquias dos mundos acadêmico e social, produzia mais desordem que conhecimento
e verdade nào havia gerado nenhum gênio digno de comparaçao os velhos Doutores da
Igreja. Os Suenos de Quevedo trazem seu proprio testemunho do medo da corrupçào de
textos que sào lidos por leitores para os quais nào eram dirigidos. Um livreiro
condenado aos estados das chamas eternas, corn amarga ironia: Eu, e todos os outros
livreiros, estamos condenados pelos maus trabalhos de outros, e por oferecer reduçoes
em livros escritos em espanhol ou traduzidos do latim. Pois assim armados, tolos e
ignorantes nos dias de hoje sabem o que em tempos passados era enaltecido por
homenssâbios. Mesmo criadossabem latinizar, e voce se dépara corn versos de Horâcio
postos no vernâculo em qualquer estâbulo. 11 »! senHâ, portante, muitas razoes que
levaram a copia manuscrita a continuar presente mesmo quando a reproduçao mecânica
de textos possibilitada pela invençâo de Gutenberg parecia predizerseu
desaparecimento. Ao menos por um motivo, o manuscrite permitia uma difusao
controlada e limitada de textos que evitavam censura prévia e que podiam circular
clandestinamente corn maisfacilidade do que obras impressas, ao mesmo tempo que
corriam menos risco de cair nas màos de leitores incapazes de compreendê-los. E por
isso que os manuscritesforam um veiculo essencial para textoslibertinos erudites durante
a primeira metade do século XVII e, no século seguinte, para ostextosfilosoficos
materialistas.- 1 Ademais, a propria forma do livro manuscrito, aberto a correçoes,
eliminaçoes e adiçoes em todos os estâgios de sua fabricaçào, da composiçào à
copiagem, e da copia terminada à encadernaçào, permitia escrever em varias ocasioes
(no caso de instruçoes nobiliârias, enriquecidas com textos novos corn o passar de cada
geraçào), ou escrever a varias maos (como no caso de coletâneas de poesia cujos
leitores eram frequentemente seus autores). Finalmente, a publicaçào manuscrita
constituia uma alternativa para certasformas de corrupçào produzidas pela impressao:
removia o comércio das letras dos interesses econômicos (exceto quando assumia forma
comercial, como no caso das nouvelles à la main)22 e protegia textos de alteraçoes
introduzidas por compositores canhestros e revisoresignorantes.
ChatGPT
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O texto aborda a atitude crítica e desconfiada de alguns escritores e personagens em
relação à impressão e à publicação de livros durante os séculos XVI, XVII e XVIII.
Destacam-se alguns pontos importantes:

1. Estigma associado à impressão:


 O texto menciona o "estigma da impressão", expressando desconfiança
em relação aos impressores e à qualidade dos livros impressos.
 Há uma crítica à prática de impressores desonestos que manipulam
tiragens e vendem cópias de obras sem a devida autorização ou
conhecimento dos autores.
2. Críticas à qualidade dos livros impressos:
 Alguns personagens expressam preocupação com a qualidade e a
reputação dos livros impressos, argumentando que a impressão pode
levar à distorção do conteúdo original e à corrupção dos textos.
 A multiplicação de livros impressos é vista como uma ameaça à
hierarquia social e acadêmica, pois permite que leitores ignorantes
tenham acesso a obras que não são adequadas para eles.
3. Preferência pela publicação manuscrita:
 A cópia manuscrita é valorizada por sua capacidade de oferecer uma
difusão controlada e limitada de textos, evitando a censura e permitindo
circulação clandestina.
 Os manuscritos eram vistos como um meio mais seguro de preservar a
integridade dos textos e evitar a corrupção causada por interesses
comerciais e incompetência de compositores e revisores.
4. Flexibilidade e controle do livro manuscrito:
 O livro manuscrito é destacado pela sua flexibilidade, permitindo
correções, adições e eliminações ao longo de sua produção e cópia.
 Essa capacidade de revisão contínua possibilitava a atualização de
instruções nobiliárias, a colaboração de vários autores em coletâneas de
poesia e a proteção contra alterações indesejadas introduzidas por
terceiros.
5. Alternativas oferecidas pela publicação manuscrita:
 A publicação manuscrita era uma alternativa para evitar certos tipos de
corrupção associados à impressão, especialmente no que diz respeito a
interesses econômicos e incompetência na composição e revisão de
textos.

Esses pontos mostram a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita,
destacando as preocupações e preferências de diversos escritores e personagens em
relação aos diferentes meios de publicação e circulação de textos durante os séculos
mencionados.

You
Livro,obra e literatura Os efeitos inerentes à invençào de Gutenberg talvez nào sejam,
portanto, aqueles que têm sido ressaltados corn mais frequência. Eles dizem respeito
àsrelaçoes entre obras como textos e as maneiras como esses textos eram inscritos em
forma material. Em primeiro lugar, embora o livro impresso tenha herdado as estruturas
bâsicas do livro manuscrito (isto é, a distribuiçào do texto em meio às junçoes e folhas
inerentes ao cödice, qualquer que fosse a técnica para produzi-lo ou reproduzi-lo),
propunha inovaçoes que modificavam profundamente a relaçào do leitor com o material
escrito. 22 O mesmo vale para os paratextos ou, mais precisamente (na terminologia de
C iérard Genette), os peritextos, que formam o material introdutörio do livro. Com a
impressao, estes adquiriram uma identidade tornada imediatamente perceptivel por meio
de sinais particulares (itâlico, vogais corn sinais grâficos, simbolos) na assinatura ou
assinaturas que compunham o material preliminar, que era sempre impresso (junto com
tabelas e indices) depois que o corpo do livro jâ estava impresso e frequentemente
redigido pelo livreiro ou editor. 21 As metâforas arquitetônicas dos séculos XVI e X V I
I que falavam em “ porticos” que conduziam à obra propriamente dita encontravam
forte visibilidade na marcada separaçào tipogrâfica entre a obra e o que Borges chamou
de “ vestibulo” que levava a ela. 2 " Obras de um autor eram mais comumente reunidas
num livro impresso do que num manuscrito. A inovaçào nào era absoluta, dado que,
começando no século XIV, pois alguns escritores usavam o vernâculo, os leitores
formaram o hâbito de reunir seus textos em um volume. Isso rompeu corn a tradiçào
dominante da era do manuscrito, que era a miscelânea combinando textos de generös,
datas e autores bem diferentes.26 A ediçào folio dos Workes, de Ben Jonson, reunida
por ele mesmo em 1616, ou a ediçao folio deShakespeare de 1623, que näo deveu nada
a Shakespeare, mas tudo aosseus antigos camaradas e aos papeleiros que detinham ou
haviam adquirido os “ direitos de copia” de suas peças, 2 , deram exemplaresilustraçoes
da ligaçao entre a materialidade do livro impresso e o conceito de uma obra autoral. C)
mesmo era verdade para a noçào de “ literatura nacional” , como foi mostrado pela
iniciativa do livreiro/editor Humphrey Moseley, que publicou uma série de trabalhosde
poetas e dramaturgosingleses contemporâneos começando em 1645. Esses volumes
tinham um formato homogêneo (in-octavo para poesia, in-quarto para peças); suas
paginas de titulo tinham urn layout similar e seus frontispicios traziam urn retrato do
autor. Numa época em que a escrita para teatro näo era reconhecida como “ literatura”
(como mostra o fato de Bodley e seus bibliotecârios exclufrem tais trabalhos de sua
coleçào), o empreendimento de Moseley, ultrassimpatizante do rei e editor (em 1647) da
ediçao folio das obras de Beaumont e Fletcher,28 deu uma coerência que separava
poesia e teatro de outros generös textuais, como histôria, narrativa, relatos de viagens e
mais, e construiu um repertörio que incluia apenas escritores ingleses. Essa iniciativa
näo foi ünica, dado que na mesma época, na França, Charles Sorel publicou sua
Bibliothèque françoise (1644— 5), 2‘ ; obra que continha apenas autores nascidos
dentro do reino ou naturalizados por meio de traduçoes, como foram, por exemplo, as “
novelas cômicas” que apareceram na Espanha e foram julgadassuficientemente morais.
ChatGPT
ChatGPT
O texto discute a transformação das relações entre obras, livros e literatura devido à
invenção da impressão por Gutenberg e sua influência na forma como os textos eram
apresentados e percebidos pelos leitores. Abaixo estão os principais pontos abordados:

1. Inovações na relação leitor-texto:


 O livro impresso trouxe inovações que modificaram profundamente a
relação do leitor com o material escrito em comparação com o livro
manuscrito.
 Os paratextos, como peritextos (segundo Genette), que compõem o
material introdutório do livro, adquiriram uma identidade visual distinta
na impressão, sendo imediatamente perceptíveis através de sinais
gráficos específicos.
2. Separação entre obra e paratexto:
 A separação tipográfica entre a obra e o material preliminar (como o que
Borges chamou de "vestíbulo") era marcante na arquitetura dos livros
impressos dos séculos XVI e XVII.
 Essa separação visual permitia aos leitores distinguir claramente o
conteúdo principal da obra dos elementos introdutórios ou explicativos.
3. Reunião de obras em volumes impressos:
 Os livros impressos possibilitaram a reunião mais comum das obras de
um autor em um único volume, ao contrário da miscelânea comum na era
do manuscrito que combinava textos de diferentes gêneros e autores.
 Exemplos como as edições folio das obras de Ben Jonson e Shakespeare
ilustram a ligação entre a materialidade do livro impresso e o conceito de
uma obra autoral unificada.
4. Literatura nacional e publicação:
 A iniciativa de livreiros/editores, como Humphrey Moseley na
Inglaterra, de publicar obras de poetas e dramaturgos contemporâneos
em formatos homogêneos e com frontispícios padronizados contribuiu
para a ideia emergente de "literatura nacional".
 Essas publicações homogêneas e com identidade visual própria ajudaram
a estabelecer uma coerência e distinção entre diferentes gêneros literários
e contribuíram para a construção de um repertório exclusivamente inglês.
5. Contexto internacional:
 Exemplos como a Bibliothèque françoise de Charles Sorel na França
mostram iniciativas semelhantes de destacar autores nascidos ou
naturalizados dentro do reino, construindo assim uma literatura nacional
específica e moralmente relevante para cada país.

Esses pontos destacam como a invenção da impressão não apenas mudou a forma como
os textos eram produzidos e distribuídos, mas também influenciou a percepção da
literatura e a organização das obras dentro do contexto cultural e nacional.

O trecho discute a autoridade sobre o texto impresso e o prazer de ler, especialmente no


contexto da impressão de obras literárias e teatrais durante diferentes períodos
históricos. Vamos analisar os pontos principais abordados:

1. Atribuição de poder à palavra impressa:


 Questiona-se se os poderes da palavra impressa devem ser atribuídos às
possibilidades técnicas da invenção ou à construção social e cultural do
crédito concedido a elas.
2. Construção da autoridade na impressão:
 Destaca-se a oposição entre a visão clássica que relacionava correção,
padronização e disseminação de textos à reprodução mecânica e a
perspectiva de que a tipografia não tem propriedades intrínsecas, mas
suas propriedades são construídas por representações e convenções.
3. Regras compartilhadas e credibilidade dos textos:
 A importância das regras compartilhadas na identificação de textos
corrompidos, na autenticidade do texto e na confiança dos leitores nos
empreendedores e nas edições.
4. Desafios na circulação de obras literárias e teatrais:
 O exemplo da circulação de comédias durante o Século de Ouro na
Espanha, destacando a preocupação de autores como Lope de Vega com
a publicação de edições falhas de suas peças, apesar de sua reticência em
relação à impressão de obras teatrais.
5. Poder dos livros e perigos da leitura:
 A discussão sobre como a leitura excessiva foi vista como perigosa
durante o século XVIII, com a ideia de uma patologia da leitura
excessiva que afetava tanto indivíduos quanto a sociedade.
6. Autoridade e credibilidade dos textos impressos:
 O desafio de manter a fidelidade e a reputação das obras impressas,
ilustrado pelo exemplo das edições corrompidas de Lope de Vega e a
necessidade de publicar uma lista de trabalhos para corrigir falsas
atribuições.

Esses pontos ressaltam a complexidade das relações entre a produção, circulação e


recepção de obras impressas, destacando questões de autoridade, confiança,
credibilidade e desafios enfrentados ao longo da história da impressão de textos
literários e teatrais.

O trecho discute a relação entre o sagrado, a magia e o sentimento na experiência da


leitura, tanto em obras impressas quanto manuscritas. Aqui estão os pontos principais
abordados:

1. O poder dos livros sagrados e de magia:


 Os livros, como a Bíblia e os livros de magia, eram vistos como
portadores de poderes tanto desejados quanto temidos. Eles eram objetos
de usos propiciatórios e investidos com uma carga de sacralidade que
concedia conhecimento e poder a quem os lesse.
2. Influência no corpo e na mente:
 A leitura desses livros, especialmente de magia, era descrita como uma
experiência que invadia o leitor e o subjugava ao poder do livro. Essa
experiência podia ser expressa através da linguagem da possessão
demoníaca ou da loucura causada pela leitura excessiva.
3. Perigos e benefícios da leitura no século XVIII:
 No século XVIII, os poderes do livro eram vistos como capazes de
influenciar tanto positivamente quanto negativamente o corpo e a mente
dos leitores. A leitura excessiva era considerada perigosa, levando a
distúrbios físicos e mentais, mas também podia despertar emoções
intensas e profundas.
4. Experiência emocional intensa na leitura:
 O trecho destaca a capacidade dos livros de provocar uma resposta
emocional intensa nos leitores, levando a lágrimas, soluços, agitação e
até mesmo imprecações. Essas reações mostram como a energia e as
emoções evocadas pela leitura podem se manifestar na vida real.
5. A distinção entre tipos de leitura e seus efeitos:
 Há uma distinção entre a leitura que produz prazer solitário e a leitura
que desperta emoções profundas relacionadas à identificação com o texto
e à apreensão da diferença entre bem e mal.
O trecho discute os poderes da impressão e do códice, destacando dois pontos
principais:

1. Advertência contra identificações apressadas:


O texto adverte contra a identificação rápida da impressão com o livro. A
invenção de Gutenberg trouxe uma produção maciça de objetos
impressos que não eram necessariamente livros. Esses produtos
impressos não apenas transformaram as práticas sociais, mas também
tornaram mais importante o conhecimento da leitura e da escrita.
2. A importância do códice na história do livro:
 O códice, que é o formato de livro composto por folhas e páginas, não
surgiu com a invenção da impressão. Ele já existia muito antes,
representando uma forma de livro que substituiu os rolos e permitiu
ações como folhear, encontrar passagens específicas facilmente e usar
índices. Essa forma de livro, herdada pela impressão, estabeleceu as
bases para a organização histórica dos discursos e livros até a era digital.

O texto também menciona a revolução ocorrida com a invenção de Gutenberg, que


introduziu o conceito de "livro unitário", reunindo obras de um autor dentro de uma
mesma encadernação. Esse formato era comum para obras jurídicas, canônicas ou
clássicas, mas não para textos em línguas vernáculas, que geralmente eram publicados
em miscelâneas.

Em resumo, o trecho destaca a evolução do livro ao longo da história, desde o códice até
a era da impressão, e ressalta a importância de não subestimar as mudanças que
ocorreram e as diferentes formas que os livros assumiram ao longo do tempo, tanto em
sua estrutura física quanto em sua relação com a cultura escrita e a identidade do autor.

O texto aborda a textualidade digital e como ela desafia a ordem do discurso


estabelecida nas formas tradicionais de escrita. Aqui estão os principais pontos
discutidos:

1. Continuidade textual e fragmentação:


 Na era digital, todos os tipos de texto podem ser encontrados no mesmo
suporte (como a tela do computador), desafiando a distinção entre
diferentes gêneros textuais baseados em sua inscrição material. A leitura
digital tende a ser descontínua, fragmentada e orientada por palavras-
chave, o que pode dificultar a percepção da coerência das obras como um
todo.
2. Promessa e desafio da textualidade digital:
 A promessa da textualidade digital está na capacidade de inventar formas
originais de escrita, livres das restrições dos formatos tradicionais. No
entanto, isso também representa um desafio, especialmente para as
gerações mais jovens de leitores acostumados à leitura fragmentada e
imediata. A cultura digital traz uma nova maneira de ler, segmentada e
descontínua, que pode entrar em conflito com a percepção tradicional das
obras como entidades coesas e coerentes.
3. Desafios para a definição de obras e propriedade literária:
 A dissociação entre categorias estabelecidas, como a identidade do autor,
a integridade das obras e a propriedade intelectual, é um dos desafios da
era digital. O texto reflete sobre como as mudanças na cultura escrita ao
longo da história sempre resultaram em novos papéis para objetos e
práticas anteriores, e como a revolução digital também está redefinindo
essas categorias.

Em suma, o texto destaca a complexidade e as transformações trazidas pela textualidade


digital, apontando para novas formas de leitura e escrita que desafiam as estruturas e as
noções estabelecidas na cultura escrita tradicional.

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