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Esses pontos destacam a importância da impressão como uma técnica que revolucionou
a forma como a palavra escrita é produzida, distribuída e consumida, e como ela se
relaciona com outras formas de publicação e difusão do conhecimento ao longo da
história.
A relação entre impressão, cópia manuscrita e o conceito de livro são temas
fundamentais para entender a evolução da comunicação escrita e suas formas de difusão
ao longo da história. Aqui está uma abordagem por pontos para refletir sobre essas
questões:
Esses pontos ajudam a pensar sobre as relações entre impressão, cópia manuscrita e o
significado do livro dentro do contexto mais amplo da comunicação escrita e sua
evolução ao longo do tempo.
Esses pontos destacam a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita
na era da revolução da imprensa, mostrando como diferentes formas de produção e
disseminação de textos coexistiram e interagiram para moldar a cultura escrita e sua
recepção pela sociedade.
Esses pontos mostram a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita,
destacando as preocupações e preferências de diversos escritores e personagens em
relação aos diferentes meios de publicação e circulação de textos durante os séculos
mencionados.
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Explique por pontos: Como deveriamos pensar sobre as relagdes entre impressio,
entendida como uma técnica especifica de reprodugio de textos, e outras formas de
publicação e difusio da palavra escrita, a cépia manuscrita em particular? Como
devemos situar os poderes préprios do livro em relação aqueles de outros objetos
escritos, dado que se nem todos os livros são impressos, nem todos os objetos impressos
são livros? E, mais fundamentalmente, o que é um livro? Essas são perguntas que este
ensaio tentará responder. A revolução da imprensa Antes de continuar, precisamos
voltar a uma oposição basica, herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “cultura impressa”
e “cultura escribal” [scribal culture}.! Uma primeira reavaliagdo diz respeito à propria
nogdo de “cultura da impressão” e a um dos efeitos mais 104 ROGER CHARTIER
locados em circulagio e cada |; itor " número maior del contrar um e es.— que é à dis
manuscnto- Hapou¢ Gutenbers: mais indiv idual erd eceita de tais estabelecimentos.
Isso A impressdo multiplicou objetos que eram desconhecidos ou pouco familiares na
era do manuscrito e os tornou familiares. Nas cidades, pelo menos, a esc colocando
material de leitur as praticas administrativas e comerciais. rita impressa tomou conta dos
muros, a em espagos publicos, e transformou 3 Mas precisamos também ê reformular a i
e : examinar mai i 3 30, Depois : surgimento de obras dedicadas à publicação
manuscrita nà glaterro,
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1. Impressão como técnica de reprodução de textos:
É uma técnica específica que permitiu a produção em massa de textos
escritos.
Facilitou a disseminação do conhecimento e da cultura ao tornar os
textos mais acessíveis para um público mais amplo.
2. Relações entre impressão e outras formas de publicação:
A cópia manuscrita é uma forma anterior de reprodução de textos, feita à
mão.
A impressão não substituiu completamente a cópia manuscrita, mas
complementou-a ao tornar os textos mais disponíveis e acessíveis.
3. Poderes próprios do livro em relação a outros objetos escritos:
Nem todos os livros são impressos, pois existem livros manuscritos.
Nem todos os objetos impressos são livros, pois podem ser panfletos,
folhetos ou outros materiais.
4. Definição de livro:
Um livro pode ser definido não apenas pela técnica de impressão, mas
pela sua função como um meio de armazenar e transmitir conhecimento,
narrativas ou informações.
Um livro pode ser impresso ou manuscrito, mas sua essência está na sua
capacidade de preservar e comunicar conteúdo escrito.
5. Revolução da imprensa:
A revolução da imprensa, exemplificada pela invenção de Gutenberg,
transformou a maneira como os textos eram produzidos e disseminados.
Multiplicou a disponibilidade de objetos escritos e tornou a leitura e a
escrita mais acessíveis para diferentes camadas da sociedade.
6. Cultura impressa versus cultura escribal:
A "cultura impressa" representa a era em que a impressão dominou a
produção de textos.
A "cultura escribal" refere-se à época anterior, em que a cópia
manuscrita era predominante.
7. Transformações na prática administrativa e comercial:
A impressão teve um impacto significativo não apenas na cultura, mas
também nas práticas administrativas e comerciais, ao facilitar a produção
e distribuição de documentos e informações.
Esses pontos destacam a importância da impressão como uma técnica que revolucionou
a forma como a palavra escrita é produzida, distribuída e consumida, e como ela se
relaciona com outras formas de publicação e difusão do conhecimento ao longo da
história.
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Como deveriamos pensar sobre as relaçoes entre impressäo, entendida como uma
técnica especifica de reproduçao de textos, e outras formas de publicaçao e difusäo da
palavra escrita, a copia manuscrita em particular? Como devemossituar os poderes
pröprios do livro em relaçào àqueles de outros objetos escritos, dado que se nem todos
os livros säo impressos, nem todos os objetos impressos säo livros? E, mais
fundamentalmente, o que é um livro? Essas säo perguntas que este ensaio tentarâ
responder. A revoluçao da imprensa Antes de continuar, precisamos voltar a uma
oposiçao bâsica, herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “ cultura impressa” e “ cultura
escribal” [ scribal culture].1 Uma primeira reavaliaçao diz respeito à propria noçao de “
cultura da impressäo” e a um dos efeitos mais
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A relação entre impressão, cópia manuscrita e o conceito de livro são temas
fundamentais para entender a evolução da comunicação escrita e suas formas de difusão
ao longo da história. Aqui está uma abordagem por pontos para refletir sobre essas
questões:
Esses pontos ajudam a pensar sobre as relações entre impressão, cópia manuscrita e o
significado do livro dentro do contexto mais amplo da comunicação escrita e sua
evolução ao longo do tempo.
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A revoluçao da imprensa Antes de continuar, precisamos voltar a uma oposiçao bâsica,
herdada de Elizabeth Eisenstein, entre “ cultura impressa” e “ cultura escribal” [ scribal
culture].1 Uma primeira reavaliaçao diz respeito à propria noçao de “ cultura da
impressäo” e a um dos efeitos mais fundamentals que Eisenstein atribui à “ revoluçào da
imprensa” , que é a disseminaçào de textos numa escala desconhecida na era do
manuscrito. Hâ pouca discussào acerca desse fato. Com a invençàode Gutenberg, mais
textos foram colocados em circulaçào e cada leitor individual era capaz de encontrar um
numéro maior deles. Mas o queeram esses textos cuja presença foi multiplicada pela
impressào? Livros, seguramente, mas como demonstrou D. F. McKenzie, ’ impressào
constituia uma porçào menos importante, bem menos importante, das atividades das
grâficas entreosséculos XVI e XV111. A maior parte doque era produzido consistia em
folhetos, panfletos, petiçoes, cartazes e anüncios pûblicos, formulârios, bilhetes, recibos,
certificados e muitosoutrostiposde impressos efêmerosedeserviç que geravam a maior
parte da receita de tais estabelecimentos. Isso tem consequênciasimportantes para a
definiçào da cultura impressa e seus efeitos. Espanha" e na França/’ hojeninguém
afirmariaque “ isto” (aprensa deimpressào) matou “ aquilo” (o manuscrito).
Muitosgêneros escritos (antologias poéticas, tratados politicos, instruçoes nobiliârias
velles à la main-folhas de noticias-, textoslibertinos e heterodoxos, partituras musicaise
mais) eram distribuidos em copias manuscritas. ' As razöes variavam: o custo menor das
copias manuscritas; o desejo de evitar censura oficial; preferência por uma circulaçào
limitada; ou a maleabilidade da forma manuscrita, que permitia acréscimos e
reviPortanto, a impressào, pelo menos nos quatro primeirosséculos na , nousua soes. de
sua existência, nào causou odesaparecimento nem da comunicaçào manuscrita nem da
publicaçào manuscrita. Além disso, os manuscritos convidavam a novos usos de
escrever conforme atestado por um inventârio preliminar de objetos os à mào, que
incitavam seus compradores a preencher com seus pröprios escritos espaços que a
impressào deixara em branco. Esses espaços incluiam: paginas em branco inseridas em
almanaques, espaços em aberto nos formulârios, livros comuns contendo apenas rubriA
impressào multiplicou objetos que eram desconhecidos ou pouco familiäres na era do
manuscrito e os tornou familiäres. Nas cidades, pelo menos, a escrita impressa tomou
conta dos muros, colocando material de leitura em margens largas e entrelinhas em
obras planejadas cas impressas e para rêceber anotaçoes dos leitores. Muitos exemplos
poderiam fornecidos de objetosimpressos cuja razào de ser era encorajar e pre espaços
pûblicos, e transformou as pràticas administrativas e comerciais. ' Mas precisamos
também reformular a oposiçào entre “ cultura escribal“ e “ cultura impressa” e examinar
mais de perto o manuscrito na era da impressào. Depois do surgimento de obras
dedicadas à publicaçào manuscrita na Inglaterra,4 ser servar a escrita à mào: ediçoes de
autoreslatinos clâssicos usadas escolas secundârias do século XVI; s chartes de mariage
[ contratos de
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A revolução da imprensa trouxe mudanças significativas na disseminação de textos e na
forma como a informação era produzida e consumida. Aqui está uma análise dos pontos
levantados no texto:
Esses pontos destacam a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita
na era da revolução da imprensa, mostrando como diferentes formas de produção e
disseminação de textos coexistiram e interagiram para moldar a cultura escrita e sua
recepção pela sociedade.
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variedade de textos, impressos ou manuscrites, reunidos à maneira individual do leitor e
encadernados em um unico volume. O texte impresso era, portante, aberto a mobilidade,
flexibilidade e variaçào, mesmo que apenas pelo fato de que, em uma época tiragens
permaneciam limitadas (entre 1.000 e 1.750 casamento] usados em algumas dioceses no
sul da França no século XVII; 1 ' ou, na Italia do século XVIII, as primeiras agendas
que dividiam o dia em seçoes.10 As estreitasligaçoesentre escritos manuscrites e
textosimpre nào se limitam aos objetos que os organizam explicitamente. Leitores do
passado, e leitoresinstruidos em particular, frequentemente pegavam obras recém-saidas
das grâficas e as transformavam em obras pröprias, usando pena e tinta para corrigir os
erros que encontravam, elaborando urn indice ou errata manuscrite, e mesmo cortando
fragmentes das ediçoes impressas e colando os recortes em folhas para criar um livro
original. Essas prâticas nos permitem continuar a discussào aberta sobre a padronizaçào
que tem sido atribuida à impressào, reconhecendo que padronizaçào nào implica que
devamos ignorar os muitos processos que limitavam seus efeitos: correçào feita no
decorrer da impressào que, por causa da pluralidade de associaçoes possiveis entre
folhas corrigidas e nào corrigidas em copias da mesma ediçào, multiplicam os estados
de urn “ mesmo” texte;11 notas marginais manuscritas que tornam ünica a copia usada
por um leitor individual; 13 ssos em que as exemplares por volta de 1680, segundo
alguém do ramo, o impres sor AlonsoVictor de Paredes),14 o sucesso, dai a reproduçào,
de uma obra supunha ediçoes mültiplas, que nunca eram idênticas. Assim como a
capacidade de reproduçào das oficinas grâficas estava longe de estar totalmente
mobilizada (pelo menos para a impressào de livros), a sua habilidade para reproduzir
um texte idêntico em cada exemplar nào implica que este fosse sempre o caso. Por outro
lado, a transmissào manuscrita nào envolvia necessariamente a alteraçào de textos, em
particular quando, como era o caso dos textos sagrados, sua letra havia sido fixada e era
mantido um contrôle rigido sobre as copias. Mais do que um claramente definido,
contrastando a qualidade da impressào corn a instabilidade do manuscrite, o que é
importante é um exame cuidadoso da especificidade de cada forma de transmissào
textual.
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O texto destaca a variedade de textos, sejam impressos ou manuscritos, reunidos de
acordo com a preferência individual do leitor e encadernados em um único volume. Ele
também enfatiza a mobilidade, flexibilidade e variação proporcionadas pela impressão,
mesmo que as tiragens fossem limitadas em certas épocas.
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Publicaçào escribal au XVIIe siècle. In: O vigor da publicaçào manuscrita entre os
séculos XVI e XVIII também deve ser entendido como um efeito duràvel de uma
Cervantesja fizera uso desse tema em uma de suas Novelas exemplaires, a “ Novela del
licenciado Vidriera” . Fomas déclara ao livreiro loja, encostado na parede,
“sondandocuidadosamente ocaminho por segurança” , porque, apös mordicar um
marmelo encantado amante que o desprezara, ele pensa que é feito de vidro:
depreciaçào da impressào - o “ estigma da impressào” . O Século de Ouro espanhol
oferece um exemplo disso. Quando Dom Quixote visita uma grâfica em Barcelona, fala
com um autor superconfiante que mantivera para si os direitos de sua traduçào de uma
obra intitulada Le Bagatelle, da quai estavam sendo impressos 2 mil exempl Dom
Quixote o adverte: numa por uma “ Este oficio muito me agradaria, nâo fosse um
defeito a ele ligado” . Quando o livreiro pergunta que defeito poderia possivelmente ser,
o ares. Voce parece saber um bocado sobre isto [...] amante desprezado responde que
sào levou em consideraçào a contabilidade fraudulenta dos impressores e ostruques que
usam. Eu lhe asseguro que, quando voce estiver de posse de 2 mil exemplares do seu
livro, estarâ tào exausto que ele ira assustâ-lo, especialmente se for um livro um pouco
perverso um pouco divertido. mas parece que nao os truques que voce usa quando
adquire os direitos de um livro e a zombaria que faz de um autorse por acaso ele
imprime olivro por sua propria conta; pois em vez de1.500 copias, voce vai além e
imprime 3 mil, e enquanto o autor pensa que sào as copias dele que estào sendo
vendidas, na realidade säo as suas pröprias, das quais voce esta se livrando. * e nem 15
Aqui o texto esta brincando com urn lugar-comum do Século de Ouro, denunciando a
cupidez e desonestidade dos impressores, que säo vistos como sempre prontos a
falsificar seus livros contâbeis e ocultar a verdadeira tiragem de ediçoes que lhes sào
confiadas, permitindo, assim, vender copias maisrapidamente e com um preço melhor
do que o autor poderia fazê-lo. 17 A ma conduta do livreiro era um dos töpicos
prediletos entre todos os escritores que estigmatizavam a impressào, denunciando-a
integridade dos textos distorcidos por compositoignorantes, adulterar o sentido das
obras propostas aos leitores incapazes de entendê-las e aviltar a ética do comércio das
letras, degradada pelo comércio de livros.1 * O diâlogo que Lope de Vega imagina em
Fuente Ovejuna entre Barrildo, um camponês, e Leonelo, um estudante retornando para
casa de Salamanca, ilustra a falta de confiança que alguns tiam diante da multiplicaçào
de livros provocada pela invençâo da imprensa -uma invençâo recente em 1476, a data
dos eventos histöricos encenados nesta comedia. Quando Barrildo elogia os efeitos da
impressäo, dizendo “ Ouço dizer que estao imprimindo tantos livros agora que todo
mundo pode escrevê-los. É fantâstico” , Leonelo responde: “ L quantomais o livrosoa
como baboseira sem sentido, mais alto todo mundo aplaude. Nào nego que a impressäo
trouxe à tona alguns gênios e ajuda a preservarsua obra, mas ao mesmo tempo destruiu a
reputaçao de outros permitindo que nos os lêssemos” .19 Para o estudante culto, a
multiplicaçào de livros e leitores que se julga cultos mas que nào o eram subvertia as
hierarquias dos mundos acadêmico e social, produzia mais desordem que conhecimento
e verdade nào havia gerado nenhum gênio digno de comparaçao os velhos Doutores da
Igreja. Os Suenos de Quevedo trazem seu proprio testemunho do medo da corrupçào de
textos que sào lidos por leitores para os quais nào eram dirigidos. Um livreiro
condenado aos estados das chamas eternas, corn amarga ironia: Eu, e todos os outros
livreiros, estamos condenados pelos maus trabalhos de outros, e por oferecer reduçoes
em livros escritos em espanhol ou traduzidos do latim. Pois assim armados, tolos e
ignorantes nos dias de hoje sabem o que em tempos passados era enaltecido por
homenssâbios. Mesmo criadossabem latinizar, e voce se dépara corn versos de Horâcio
postos no vernâculo em qualquer estâbulo. 11 »! senHâ, portante, muitas razoes que
levaram a copia manuscrita a continuar presente mesmo quando a reproduçao mecânica
de textos possibilitada pela invençâo de Gutenberg parecia predizerseu
desaparecimento. Ao menos por um motivo, o manuscrite permitia uma difusao
controlada e limitada de textos que evitavam censura prévia e que podiam circular
clandestinamente corn maisfacilidade do que obras impressas, ao mesmo tempo que
corriam menos risco de cair nas màos de leitores incapazes de compreendê-los. E por
isso que os manuscritesforam um veiculo essencial para textoslibertinos erudites durante
a primeira metade do século XVII e, no século seguinte, para ostextosfilosoficos
materialistas.- 1 Ademais, a propria forma do livro manuscrito, aberto a correçoes,
eliminaçoes e adiçoes em todos os estâgios de sua fabricaçào, da composiçào à
copiagem, e da copia terminada à encadernaçào, permitia escrever em varias ocasioes
(no caso de instruçoes nobiliârias, enriquecidas com textos novos corn o passar de cada
geraçào), ou escrever a varias maos (como no caso de coletâneas de poesia cujos
leitores eram frequentemente seus autores). Finalmente, a publicaçào manuscrita
constituia uma alternativa para certasformas de corrupçào produzidas pela impressao:
removia o comércio das letras dos interesses econômicos (exceto quando assumia forma
comercial, como no caso das nouvelles à la main)22 e protegia textos de alteraçoes
introduzidas por compositores canhestros e revisoresignorantes.
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O texto aborda a atitude crítica e desconfiada de alguns escritores e personagens em
relação à impressão e à publicação de livros durante os séculos XVI, XVII e XVIII.
Destacam-se alguns pontos importantes:
Esses pontos mostram a complexidade das relações entre impressão e cópia manuscrita,
destacando as preocupações e preferências de diversos escritores e personagens em
relação aos diferentes meios de publicação e circulação de textos durante os séculos
mencionados.
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Livro,obra e literatura Os efeitos inerentes à invençào de Gutenberg talvez nào sejam,
portanto, aqueles que têm sido ressaltados corn mais frequência. Eles dizem respeito
àsrelaçoes entre obras como textos e as maneiras como esses textos eram inscritos em
forma material. Em primeiro lugar, embora o livro impresso tenha herdado as estruturas
bâsicas do livro manuscrito (isto é, a distribuiçào do texto em meio às junçoes e folhas
inerentes ao cödice, qualquer que fosse a técnica para produzi-lo ou reproduzi-lo),
propunha inovaçoes que modificavam profundamente a relaçào do leitor com o material
escrito. 22 O mesmo vale para os paratextos ou, mais precisamente (na terminologia de
C iérard Genette), os peritextos, que formam o material introdutörio do livro. Com a
impressao, estes adquiriram uma identidade tornada imediatamente perceptivel por meio
de sinais particulares (itâlico, vogais corn sinais grâficos, simbolos) na assinatura ou
assinaturas que compunham o material preliminar, que era sempre impresso (junto com
tabelas e indices) depois que o corpo do livro jâ estava impresso e frequentemente
redigido pelo livreiro ou editor. 21 As metâforas arquitetônicas dos séculos XVI e X V I
I que falavam em “ porticos” que conduziam à obra propriamente dita encontravam
forte visibilidade na marcada separaçào tipogrâfica entre a obra e o que Borges chamou
de “ vestibulo” que levava a ela. 2 " Obras de um autor eram mais comumente reunidas
num livro impresso do que num manuscrito. A inovaçào nào era absoluta, dado que,
começando no século XIV, pois alguns escritores usavam o vernâculo, os leitores
formaram o hâbito de reunir seus textos em um volume. Isso rompeu corn a tradiçào
dominante da era do manuscrito, que era a miscelânea combinando textos de generös,
datas e autores bem diferentes.26 A ediçào folio dos Workes, de Ben Jonson, reunida
por ele mesmo em 1616, ou a ediçao folio deShakespeare de 1623, que näo deveu nada
a Shakespeare, mas tudo aosseus antigos camaradas e aos papeleiros que detinham ou
haviam adquirido os “ direitos de copia” de suas peças, 2 , deram exemplaresilustraçoes
da ligaçao entre a materialidade do livro impresso e o conceito de uma obra autoral. C)
mesmo era verdade para a noçào de “ literatura nacional” , como foi mostrado pela
iniciativa do livreiro/editor Humphrey Moseley, que publicou uma série de trabalhosde
poetas e dramaturgosingleses contemporâneos começando em 1645. Esses volumes
tinham um formato homogêneo (in-octavo para poesia, in-quarto para peças); suas
paginas de titulo tinham urn layout similar e seus frontispicios traziam urn retrato do
autor. Numa época em que a escrita para teatro näo era reconhecida como “ literatura”
(como mostra o fato de Bodley e seus bibliotecârios exclufrem tais trabalhos de sua
coleçào), o empreendimento de Moseley, ultrassimpatizante do rei e editor (em 1647) da
ediçao folio das obras de Beaumont e Fletcher,28 deu uma coerência que separava
poesia e teatro de outros generös textuais, como histôria, narrativa, relatos de viagens e
mais, e construiu um repertörio que incluia apenas escritores ingleses. Essa iniciativa
näo foi ünica, dado que na mesma época, na França, Charles Sorel publicou sua
Bibliothèque françoise (1644— 5), 2‘ ; obra que continha apenas autores nascidos
dentro do reino ou naturalizados por meio de traduçoes, como foram, por exemplo, as “
novelas cômicas” que apareceram na Espanha e foram julgadassuficientemente morais.
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O texto discute a transformação das relações entre obras, livros e literatura devido à
invenção da impressão por Gutenberg e sua influência na forma como os textos eram
apresentados e percebidos pelos leitores. Abaixo estão os principais pontos abordados:
Esses pontos destacam como a invenção da impressão não apenas mudou a forma como
os textos eram produzidos e distribuídos, mas também influenciou a percepção da
literatura e a organização das obras dentro do contexto cultural e nacional.
Em resumo, o trecho destaca a evolução do livro ao longo da história, desde o códice até
a era da impressão, e ressalta a importância de não subestimar as mudanças que
ocorreram e as diferentes formas que os livros assumiram ao longo do tempo, tanto em
sua estrutura física quanto em sua relação com a cultura escrita e a identidade do autor.