Você está na página 1de 8

EXISTE UMA REVOLUÇAO DA LEITURA

NO FINAL DO SÉCULO XVIII?


Reinhard Wittmann

1. Johann Georg Heinzmann, um livreiro suíço conservador, em 1795, comparou a


transformação política na Europa ocidental com uma revolução na leitura centro-
europeia. Ele argumentou que o golpe mortal no Antigo Regime da Alemanha
não foi dado pelos jacobinos, mas pelos leitores.
2. Heinzmann e muitos de seus contemporâneos acreditavam que a mudança na
técnica cultural da leitura teve um impacto significativo na sociedade da época.
3. A revolução na leitura foi bem recebida pelos fervorosos revolucionários, mas
também foi censurada pelos iluministas moderados e combatida pelas camadas
reacionárias e conservadoras, incluindo setores clerical e estatal.
4. A mudança na prática de leitura foi observada na Inglaterra e na França desde a
metade do século XVIII, com relatos de um aumento significativo na leitura
pública e privada em vários locais e situações.
5. A Alemanha também passou por uma revolução cultural similar, onde a leitura
se tornou uma atividade mais difundida e central na vida das pessoas, levando a
uma "febre de leitura" e uma "epidemia da leitura".
6. Johann Rudolf Gottlieb Beyer descreveu sintomas dessa "epidemia da leitura",
onde as pessoas ficavam ávidas por consumir livros de forma constante e voraz,
buscando novos materiais para informação e distração pessoal.
7. Rolf Engelsing desenvolveu o conceito de transição revolucionária da leitura
"intensiva" para a "extensiva", onde as pessoas passaram de uma leitura
constante de um pequeno conjunto de textos normativos para uma busca por
novos e variados materiais de leitura.
8. No final do Antigo Regime, houve uma diferenciação quantitativa e qualitativa
no comportamento leitor em toda a Europa, indicando uma mudança
significativa na prática de leitura da população.
1. A tradicional leitura intensiva foi considerada cada vez mais obsoleta e
socialmente inferior em comparação com a nova norma cultural obrigatória e
dominante da leitura extensiva. Isso reflete uma mudança na percepção da
leitura como um ritual vazio de sentido para uma atividade apaixonadamente
intensa.
2. O aumento da população de língua alemã para cerca de 25 milhões de pessoas
entre 1700 e 1800, juntamente com o crescimento da migração para as cidades,
contribuiu para uma mudança nas dinâmicas sociais e culturais, incluindo a
forma como a leitura era praticada.
3. A sociedade do final do século XVIII ainda mantinha uma estrutura social
estratificada, com a nobreza, o campesinato e a emergente burguesia
desempenhando papéis distintos. A burguesia, por sua vez, era uma classe
heterogênea, incluindo diferentes grupos como mercadores, artesãos,
funcionários acadêmicos e intelectuais.
4. A ascensão da burguesia cultural e intelectual representava uma mudança
significativa nas hierarquias sociais e no sistema de valores, influenciada pelo
movimento iluminista. Esse movimento enfatizava a razão, a humanidade, a
tolerância e a virtude, contribuindo para uma nova identidade burguesa e uma
opinião pública não-palaciana.
5. A identidade burguesa buscava autonomia e comunicação constante para
ampliar seus horizontes empíricos. A cultura escrita e a literatura se tornaram
ferramentas importantes nesse processo de autoentendimento e comunicação,
valorizando a leitura como uma atividade emancipadora e produtiva para a
sociedade.
6. A leitura extensiva ganhou uma nova função na consciência pública, sendo vista
como um meio de ampliar horizontes morais, aprimorar o conhecimento e servir
às aspirações individuais e sociais da burguesia.
7. A palavra impressa tornou-se um símbolo representativo da cultura burguesa,
marcando uma mudança na percepção do livro como um instrumento autoritário
para uma ferramenta de enriquecimento pessoal e social.
1. Antes do século XVIII, a leitura era vista como um meio autoritário de
imposição de normas e disciplina social pelas autoridades religiosas e mundanas.
A reprodução mecânica de textos tornou a leitura mais automática e uniforme,
mas só se destacou como uma atividade que podia penetrar na vida subjetiva do
leitor com a mudança geral da mentalidade no século XVIII.
2. A capacidade do produto impresso de se tornar um elemento significativo na
vida subjetiva do leitor foi realçada pela uniformidade dos textos reproduzidos
mecanicamente, o que possibilitou uma leitura mais automática do que os
manuscritos.
3. A alfabetização foi um pressuposto fundamental para essa transformação na
leitura. No final do século XVIII, houve uma difusão da capacidade de ler e
escrever na Europa, embora números exatos sejam difíceis de obter devido à
falta de dados precisos.
4. As estimativas sobre a capacidade de leitura variam significativamente, com
dados como os da Suécia, onde toda a população adulta era capaz de ler e
escrever de certa forma, contrastando com outras regiões onde a taxa de
analfabetismo ainda era alta.
5. Na Europa central do século XVIII, houve um crescimento relativo dos leitores,
embora em um nível ainda baixo em comparação com a população total. As
estimativas sobre o número de leitores eruditos ou de literatura também variam
consideravelmente, mostrando diferentes perspectivas sobre a "revolução da
leitura".
6. As estimativas contemporâneas sobre o público leitor variam amplamente, desde
números muito baixos, como os calculados por Friedrich Nicolai na Alemanha
em 1773, até estimativas mais generosas feitas por pesquisadores modernos.
1. Em uma população de cerca de 25 milhões na Alemanha, com uma primeira
edição de cerca de 2500 exemplares de um livro, apenas 0,02% da população o
comprava, e cerca de 0,1% o lia.
2. As queixas sobre uma "mania de leitura" eram consideradas uma falsificação
ideológica. A democratização numérica da leitura só foi alcançada cerca de cem
anos depois do século XVIII.
3. No ducado de Wurtemberg, por exemplo, no final do século XVIII, havia
aproximadamente sete mil pessoas que compunham o público leitor "extensivo",
representando pouco mais de 1% da população. A leitura tradicional ainda se
concentrava em textos como a Bíblia, o catecismo e o almanaque.
4. A leitura era praticada de diferentes formas, incluindo uma leitura "selvagem"
ingênua e não-reflexiva, praticada em voz alta por camadas campesinas e
urbanas inferiores. Isso contrastava com uma leitura erudita realizada por uma
pequena elite.
5. A leitura "selvagem" estava ligada a um tipo de competência de ouvinte bem-
formada, indicando um tipo de literacia auditiva mesmo sem alfabetização. Ela
era praticada em ambientes familiares, tabernas ou espaços públicos por
especialistas em leitura, professores e pastores.
6. No final do século XVIII, os esforços para transformar a leitura "selvagem" em
leitura "útil" fracassaram, especialmente na população campesina. A pedagogia
autoritária não conseguiu integrar socialmente a leitura de forma eficaz nesses
grupos.
7. O interesse por novidades sensacionais, como os ideais da Revolução Francesa,
começou a crescer também entre as camadas rurais, indicando uma mudança no
padrão de leitura e na busca por informações de cunho político e social.
Este texto aborda a evolução da leitura erudita e sua relação com a sociedade burguesa
no século XVIII, destacando os seguintes pontos:

1. Leitura Erudita e Iluminismo: A leitura erudita era difundida entre as elites


intelectuais, promovendo uma leitura extensiva, poli-histórica e enciclopédica
desde o século XVII. No entanto, a partir da metade do século XVIII, essa
leitura erudita foi alvo de críticas e considerada objeto de escárnio, pois
contrariava a visão utilitarista da sociedade burguesa esclarecida.
2. Propaganda de Leitura Útil: O Iluminismo propagava a ideia de uma leitura
"útil", especialmente através de "semanários moralizadores" publicados nas
cidades mercantis do norte protestante. Essas publicações difundiam uma
mensagem de virtude burguesa e buscavam formar uma identidade social através
da leitura.
3. Leitura Feminina: A estratégia de leitura útil teve sucesso entre o público
feminino burguês, que tinha mais tempo livre devido ao aumento da riqueza
econômica. As mulheres passaram a ter acesso a uma variedade maior de
leituras, incluindo romances familiares ingleses, através de revistas
moralizadoras e "bibliotecas femininas".
4. Educação para a Leitura: Após 1760, houve uma intensificação na educação
para a leitura das jovens gerações da burguesia, visando uma formação regular
que não se limitasse apenas aos deveres domésticos, mas também
proporcionasse conhecimento e entretenimento.
5. Leitura como Libertação: A leitura sensata era vista como um ato de libertação
contra o amordaçamento intelectual feudalista. Ela promovia uma nova
compreensão grupal da burguesia, emancipando-se das estruturas antigas
religiosas e jurídicas.
6. Modernização da Leitura entre Católicos: Os territórios católicos começaram
a se modernizar em relação à leitura com algum atraso em relação aos
protestantes. Houve uma mudança de geração no clero católico, que passou a
adotar novas formas de leitura mais secularizadas.
7. Leitura Libertina: Nas residências religiosas, especialmente na França, a
leitura libertina era valorizada. As bibliotecas dos mosteiros desempenharam um
papel importante na vida erudita até a secularização no início do século XIX.
1. Modernização da Leitura: A partir de aproximadamente 1770, houve uma
rápida modernização dos modos de recepção da leitura, que passaram de
autoritários e acadêmicos para individuais e emocionais. Esse processo de
modernização quebrou as correntes do racionalismo e deu início a um estágio de
leitura mais intenso e emotivo.
2. Leitura "Sentimental" e "Enfática": Esse estágio da leitura é descrito como
uma nova relação entre autor, texto e leitor, caracterizada pela paixão individual
e pela fome de comunicação por meio da leitura. Os leitores eram
emocionalmente provocados e desenvolviam uma intimidade intensa e uma
relação imaginária de amizade com o autor através da leitura.
3. Autores Influentes: O texto menciona autores como Samuel Richardson, Jean-
Jacques Rousseau, Friedrich Gottlieb Klopstock e C. F. Gellert como influentes
nesse processo. O romance "Pamela" de Richardson é citado como um exemplo
que encantou especialmente o público feminino e provocou efeitos emocionais
intensos nos leitores.
4. Impacto Cultural: Esse novo estágio de leitura teve um impacto cultural
significativo na Inglaterra, França e Alemanha, cada um à sua maneira. O texto
destaca a influência desses autores na transformação da leitura e na forma como
os leitores passaram a interagir emocionalmente com os textos.
5. Leitura Feminina e Emocional: O público leitor feminino desempenhou um
papel importante nessa evolução da leitura, buscando um vínculo entre a leitura
religiosa e a leitura mundana. O texto menciona obras como "Der Messias" de
Klopstock, que tratava de temas religiosos de forma emocionante e ousada, e o
romance de Gellert, que combinava elementos morais com aventura.
1. Impacto de "Os Sofrimentos do Jovem Werther": O romance de Goethe
representou uma ruptura decisiva na leitura do século XVIII. Ao contrário de
Rousseau, Goethe não tinha interesse na conexão espiritual com o leitor. A
história de amor trágica apresentada no livro desmascarou a moral burguesa em
vez de propagá-la, levando a uma recepção equivocada por parte de alguns
leitores, que acabaram imitando o comportamento do protagonista e até mesmo
cometendo suicídio.
2. Novas Formas de Leitura e Rituais: O livro de Goethe foi um exemplo da
diferenciação do novo público leitor, que experimentava diferentes formas de
lidar com os textos literários e desenvolvia novos rituais de leitura. Houve uma
mudança na leitura social e solitária, com o público principal, especialmente as
mulheres, preferindo a leitura comunitária que permitia a comunicação direta
sobre a leitura.
3. Leitura Individual e Sociável: A leitura individual ganhou qualidades distintas,
caracterizadas por uma recepção discreta e silenciosa, enquanto a leitura
sociável envolvia interações diretas e discussões sobre os textos. Essas novas
formas de leitura refletiam as mudanças na sociedade e na mentalidade burguesa
em relação ao tempo e ao prazer da leitura.
4. Ambientes e Mobiliário de Leitura: Houve uma integração da leitura na vida
cotidiana, com fabricantes de luxo oferecendo móveis específicos para leitura,
como chaises longues com púlpitos embutidos, que tornavam a leitura mais
confortável e acessível em diferentes posições.
5. Leitura como Fuga e Experiência Estética: Além disso, a leitura sentimental
ao ar livre tornou-se uma forma de fuga da sociedade e uma expressão da busca
pela experiência estética e pela solidão sentimental, refletindo o papel da
burguesia culta entre o protesto contra normas sociais e a consciência de seu
prestígio social.
1. Ambientes e Mobiliário de Leitura (continuação): O texto menciona a
importância do mobiliário adequado para a leitura, como a liseuse para
mulheres, a roupa de casa confortável e leve para as viagens da fantasia, e como
o boudoir se tornou o closet para leitoras burguesas, associando recolhimento
social e liberação dos sentimentos.
2. Níveis de Leitura Literária: Havia uma diferenciação entre diferentes níveis de
leitores. A maioria permanecia na leitura sentimental, muitas vezes escapista e
considerada "narcótica". Apenas uma pequena parte atingia o nível mais alto da
cultura de leitura literária, onde a leitura era vista como um exercício artístico
autônomo para descobrir novas verdades.
3. Mercado do Livro: As mudanças na técnica cultural de leitura tiveram
impactos diretos no mercado editorial. Houve uma transição para a circulação da
moeda e princípios capitalistas. O mercado se expandiu para atender a um
público cada vez mais heterogêneo e anônimo, interessado em uma variedade de
gêneros literários e informações técnicas.
4. Expansão do Público Leitor: O número de títulos e exemplares publicados
aumentou significativamente após 1760, refletindo a crescente demanda por
leitura. No entanto, os preços dos livros também aumentaram, o que levou
muitos leitores a recorrerem a bibliotecas circulantes e reimpressões mais
baratas.
5. Transformações do Livro como Objeto: O livro como objeto também passou
por mudanças, com a busca por uma apresentação elegante e agradável dos
textos, ilustrações como parte integrante de romances, e a preferência por livros
menores e mais manejáveis.
A passagem fornecida trata de várias transformações e tendências na cultura literária e
na leitura pública, especialmente durante o século XVIII na Alemanha. Aqui estão os
principais pontos explicados:

1. Evolução dos Formatos de Livros: Os almanaques e os livros de bolso


poéticos se tornaram populares devido à sua elegância exterior e conteúdo
acessível. Esses livros eram mais práticos e agradáveis em comparação com os
livros mais pesados e menos portáteis anteriores.
2. Expansão da Produção Literária: A partir de 1770, a Alemanha começou a
produzir uma grande variedade de livros de bolso, incluindo literatura, ciência,
política e sátira. Isso reflete uma mudança na cultura social literária,
influenciada pelo modelo francês.
3. Preferência por Gêneros Literários: O público preferia gêneros literários
"extensivos" como periódicos e romances em detrimento de obras mais
informativas. Esses gêneros eram criticados por promover um estilo de leitura
rápido e desconcentrado.
4. Mania de Leitura de Romances: A leitura de romances se tornou uma mania
crescente, gerando preocupações sociais e políticas. A produção massiva de
romances abrangeu uma ampla variedade de temas e estilos.
5. Impacto na Consciência Política: A leitura de romances e jornais também teve
um papel na conscientização política, refletindo tendências antifeudalistas,
antieclesiásticas e antiautoritárias na literatura e no jornalismo.
6. Organização da Leitura: O novo comportamento leitor levou ao surgimento de
bibliotecas para empréstimos comerciais e sociedades literárias não-comerciais.
Essas instituições atendiam a diferentes segmentos da sociedade e contribuíam
para a disseminação da leitura.
7. Críticas às Bibliotecas: Algumas vozes contemporâneas criticavam as
bibliotecas de empréstimo, considerando-as como locais que promoviam a
leitura excessiva e prejudicial.
O texto apresenta uma visão detalhada sobre a evolução da leitura, particularmente na
Europa, especialmente no final do século XVIII. Aqui está uma explicação por pontos
do conteúdo apresentado:

1. Evolução dos Almanaques e Livros de Bolso:


 Os almanaques eram considerados elegantes e correspondiam à cultura
literária social.
 Livros de bolso poéticos serviram como mediadores culturais,
especialmente após 1770, seguindo o modelo francês.
2. Mudança na Estética e Acessibilidade:
 Houve uma transição da estética pesada e formal para livros de bolso
mais acessíveis e agradáveis.
 O autor Jean Paul comentou sobre a mudança de couro de porco para
couro de marroquim, destacando a evolução na apresentação dos livros.
3. Preferência do Público pela Leitura:
 O público preferia romances e periódicos aos relatos de viagem e
ciências naturais.
 Os romances eram criticados por promover um comportamento de leitura
rápido e inconsciente.
4. Expansão da Leitura de Romances na Alemanha:
 A produção e recepção de romances cresceram significativamente na
Alemanha após 1800, abrangendo vários gêneros e temas.
 Houve debates sobre como a leitura de romances afetava a autonomia da
razão e a vontade de emancipação.
5. Leitura de Jornais e Panfletos:
 A leitura de jornais e panfletos políticos também se tornou popular,
unindo diferentes camadas sociais em torno de questões políticas e
sociais.
 Isso refletiu a expansão da liberdade de imprensa em certas regiões,
permitindo o acesso a uma variedade de informações.
6. Papel das Sociedades Literárias e Bibliotecas:
 As sociedades literárias e bibliotecas circulantes desempenharam um
papel crucial na democratização da leitura.
 Elas ofereciam acesso a uma ampla gama de materiais de leitura e
promoviam a interação social e intelectual entre os membros.
7. Críticas e Controvérsias:
 Houve críticas morais e políticas à leitura extensiva, especialmente de
romances, considerada uma distração e um risco para a autonomia
intelectual.
 As autoridades e alguns setores conservadores viam com desconfiança as
sociedades literárias e tentavam controlar suas atividades.
8. Transformação da Leitura no Século XIX:
 Ao longo do século XIX, houve uma transformação na forma como as
pessoas liam, passando de um contexto mais social e regulado para uma
leitura mais individualizada e diversificada.
 As sociedades literárias evoluíram para locais de convivência social e
entretenimento, perdendo em parte seu papel de discurso social mais
formal.

O Iluminismo foi um movimento intelectual e cultural que teve seu auge durante o
século XVIII na Europa, especialmente na França, Inglaterra e Alemanha. Esse período
é marcado por uma forte ênfase na razão, na ciência, no progresso e na emancipação do
pensamento humano em relação a tradições e dogmas antigos.

Alguns dos princípios fundamentais do Iluminismo incluem:

1. Racionalismo: Os iluministas enfatizavam a importância da razão como fonte


primária de conhecimento e tomada de decisão. Eles questionavam a autoridade
da igreja e da tradição em favor de uma abordagem baseada na lógica e na
observação empírica.
2. Empirismo: Junto com o racionalismo, os iluministas valorizavam a
experiência sensorial e a observação direta como meios de adquirir
conhecimento sobre o mundo. Isso influenciou o desenvolvimento das ciências
naturais e da metodologia científica.
3. Humanismo: O Iluminismo colocava ênfase nos direitos individuais, na
liberdade de expressão, na igualdade perante a lei e na dignidade humana. Ideias
como separação entre Igreja e Estado, tolerância religiosa e direito à educação
foram promovidas pelos pensadores iluministas.
4. Progresso: Os iluministas acreditavam no progresso humano e social por meio
da educação, da ciência e da razão. Eles defendiam a ideia de que a sociedade
poderia se aprimorar e avançar em direção a um estado mais justo e igualitário.
5. Crítica à autoridade: O Iluminismo foi marcado por uma postura crítica em
relação às instituições autoritárias, como monarquias absolutistas e a Igreja
Católica. Os pensadores iluministas questionavam o poder e a legitimidade
dessas instituições e defendiam formas mais democráticas de governo e de
organização social.

Alguns dos principais representantes do Iluminismo incluem Voltaire, Montesquieu,


Rousseau, Diderot e Kant. Suas obras influenciaram não apenas o pensamento filosófico
e político da época, mas também tiveram impacto significativo na Revolução Francesa,
nos movimentos de independência das colônias americanas e no surgimento de novas
ideias sobre direitos humanos e cidadania. O Iluminismo é considerado um dos marcos
importantes na história da civilização ocidental e seus ideais continuam a influenciar
debates contemporâneos sobre democracia, liberdade e progresso.
A secularização é um processo histórico e social que envolve a redução da influência da
religião na sociedade, na cultura e nas instituições políticas. Esse processo está
associado ao desenvolvimento da modernidade e ao fortalecimento da racionalidade
científica, resultando na separação entre a esfera religiosa e a esfera secular.

A secularização pode se manifestar de várias maneiras e em diferentes contextos.


Alguns dos aspectos mais importantes desse processo incluem:
1. Diminuição da influência da religião: A secularização muitas vezes leva à
diminuição da importância da religião na vida das pessoas, na política e nas
instituições sociais. Isso pode ser evidenciado pela queda da frequência às
igrejas, templos e outros locais de culto, bem como pela diminuição da
influência das autoridades religiosas em questões sociais e políticas.
2. Racionalização e cientificização: A secularização está associada ao avanço da
ciência e da razão como formas dominantes de explicar o mundo e resolver
problemas. A visão religiosa tradicional pode perder espaço para explicações
baseadas em evidências empíricas e métodos científicos.
3. Laicização das instituições: A separação entre Estado e religião é um dos
aspectos mais visíveis da secularização. Isso significa que as instituições
políticas e jurídicas tendem a se tornar neutras em relação a questões religiosas,
adotando uma postura laica e garantindo a liberdade religiosa dos cidadãos.
4. Individualização da fé: Com a secularização, as pessoas podem adotar uma
postura mais individualizada em relação à sua fé e prática religiosa. Elas têm
liberdade para escolher suas crenças e práticas espirituais, muitas vezes
independentemente das tradições religiosas estabelecidas.
5. Pluralismo religioso: A secularização pode levar ao surgimento de uma
sociedade mais pluralista em termos religiosos, onde várias crenças e práticas
coexistem de maneira tolerante. Isso pode promover o diálogo inter-religioso e o
respeito pela diversidade de visões de mundo.

É importante ressaltar que a secularização não significa necessariamente o fim da


religião ou a extinção das crenças espirituais. Muitas sociedades secularizadas ainda
mantêm uma forte presença religiosa, embora essa presença possa ser mais
individualizada e diversificada.

O processo de secularização é complexo e varia de acordo com o contexto cultural,


político e histórico de cada sociedade. Ele continua a ser objeto de estudo e debate nas
áreas da sociologia, da filosofia da religião e da história das religiões.

Você também pode gostar