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Introdução à Literatura Comparada

Apontamentos

 “Ler é comparar”
 O exercício da comparação não define literatura comparada.
 O ato da comparação envolve a criação (escritor) e reação (leitor)
 Comparar diversos autores ou diversas obras é uma atividade secular
 A definição de literatura comparada tem vindo a mudar desde o século 19 até aos dias
de hoje
 A palavra “Literatura” nasceu no final do séc 18
 Estudava-se “Ars liberalis” (Lógica, Gramática, Retórica- trivium). Mais tarde surgiu
“belles letras” (um corpus de modelos da antiguidade, ou seja, estudava-se textos,
gregos e latinos
 Literatura- surgiu no sentido de o saber de quem leu muito e reteve muito
conhecimento de todas as áreas
 Literatura séc 18- falava-se de literatura para especificar obras de valor estético
 Literatura nacional séc 19- ligação entre literatura e nação.

Precursores de Literatura Comparada

Friedrich Schlegel:

 Para ele a Europa tinha a obrigação de ser a luz para o resto do mundo
 Para ele romântico era aquele que estava ligado à sua terra, mas que ao mesmo
tempo tinha um ideal cosmopolita (cidadão do mundo).
 Achou importante “frequentar” o espírito de outras nações e de outras épocas que
não as nossas para dar opiniões divergentes, retirar o “puramente humano” uma
“verdade eterna”
 Para nós modernos, para a Europa, a fonte está na Grécia
 Para Schelegel, a Europa é o mundo em miniatura, “romântico” e sinónimo de “nova
europa”

August Ludwig Sclozer

 Escreveu “A História Universal”, a qual transmite o espírito universal, mas também


realça a cultura local
Joham Wolfgang Von Goethe (padrinho da literatura comparada)

 Defende que a literatura nacional deve dialogar com a literatura mundial, a fim de não
se manter estática. Utilizou a palavra “Weltliteratur” que significa literatura mundial.

Frases de J.W.V.G:

 “Não existe arte patriótica, tal como não existe ciência patriótica. A arte e a ciência,
como todos os bens verdadeiramente elevados, pertencem ao mundo na sua
globalidade e só podem ser promovidas por meio da ação recíproca geral e livre de
todos os que vivem numa mesma época, em permanente consideração daquilo que
nos ficou e nos é conhecido das épocas passadas”
 “A poesia é propriedade comum de toda a humanidade”
 “Quem não conhece outras línguas não sabe nada sobre a sua”
 “O poder de uma língua não está em recusar o que é alheio, mas sim na capacidade de
o absorver”

 Para J.W. Goethe não conhece outras línguas num sentido aditivo, mas sim para
conhecer melhor a sua.

 A tradução é absorver a diferença e transformar em sua.

 A criação de neologismos a partir de palavras estrangeiras é o melhor exemplo de


absorção da língua.

Arautos do cosmopolitismo literário

 “É preciso, nos nossos tempos modernos, ter o espírito europeu”


 “Os homens de talento de todos os países são feitos para os compreender e para se
estimar, mas a maioria dos escritores e dos leitores alemães e franceses lembra aquela
fábula de “La Fontaine”, em que a cegonha não pode comer no prato, nem a raposa na
garrafa”

 A criação de operas, tetros, museus nacionais surgem no sentido de criar um local


onde se orgulha do que é nacional, exaltando o nacionalismo.
 Os autores modernos (séc 19) não estavam preocupados se estavam a escrever para a
nação ou não. Eles queriam integrar-se no pensamento e na forma de outros autores.
Por exemplo Gil Vicente apesar de escrever obras para a sua nação, não se preocupou
para o facto de ter escrito em espanhol.

Primeiros passos da Literatura Comparada como disciplina académica


 Jean-Jacques Ampère- “História Comparativa das artes e da literatura” (1830)
 Georg Brandes- “O pai da Literatura Comparada” - crítico dinamarquês
 Matthew Arnold e tradução para inglês “Litérature Comparée “. Nenhuma literatura
pode ser entendida sem a relação com outra literatura.
 As primeiras cátedras (sessões de Literatura Comparada) em meados do séc 19
 Ideia
 O estudo de História das Relações Literárias internacionais levou à construção de
pactos de entendimento entre nações

Componentes das “relações literárias internacionais”

 Os contactos entre escritores contemporâneos de diferentes nações.


 A circulação dos textos
 A crítica das fontes
 O estudo da fortuna de autores, ou de obras em particular, no estrangeiro.

Pressupostos epistemológicos e metodológicos desta perspética de Literatura


Comparada

 Relações entre diferentes literaturas nacionais a partir de circunstâncias envolvendo os


autores / obras faróis
 Os textos / obras literárias são efeitos da causa determinada. Estudo filológico da
literatura
 Relações de poder entre literaturas

Espírito da Literatura Comparada

1+1=3—Significa que o especialista reúne textos e vai potenciar uma leitura heurística
(leitura que descobre algo novo)

 Porquê comparar? Os autores acabam por dialogar uns com os outros e para
entendermos a literatura comparada temos de analisar os diálogos que os autores
estabelecem entre si.
 Porque nenhuma arte é autossuficiente.
 Para quê comparar? Para multiplicar, exponenciar os sentidos de uma obra artística

NOTA: Antes evitava-se a tradução, pois acreditava-se que se fosse necessário


traduzir não se chegava à integra das obras. Então os especialistas Literatura
Comparada tinham de ser poliglotas.
NOTA: O estudo da mitologia vai ser um “tertium comparation”. Exemplo: O
Adamastor é um ser da literatura portuguesa que pode ser comparado aos deuses da
mitologia grega.

 Sempre que queiramos usar uma citação num texto devemos colocar o apelido do
autor, ano de publicação e a página em que o autor disse.
 “Close Reading” – Ler os textos atentamente e com interpretação cuidadosa e
sustentada de uma breve passagem de um texto. Uma leitura atenta dá ênfase ao
único e ao particular em detrimento do geral, através de uma atenção especial às
palavras individuais, à sintaxe, à ordem em que as frases desenvolvem as ideias, bem
como as estruturas formais.

Como fazer referências bibliográficas:

Exemplo- Andressa, Sophia de Mello Breyner (1984). “A História da Gata Borralheira” in


Histórias da Terra do Mar- Lisboa: Salamandra

Capítulos- Por aspas

Obras- Sublinhado ou itálico (se estivermos a escrever virtualmente)

A circulação dos indivíduos e dos livros ao longo do tempo:


Variantes múltiplas variantes
 Antes e depois da descoberta da imprensa. A imprensa revolucionou a circulação de
livros, pois antes os livros circulavam apenas em espaços específicos, nobreza e locais
religiosos. Com a vinda da imprensa no séc 15 a circulação passou a ser mais fácil.
 Antes e depois da leitura silenciosa. A revolução da leitura precedeu a revolução do
livro. A leitura silenciosa, individual e ponderada vai ser um processo posterior e está
associada à invenção da imprensa.
 A Bíblia de Gutenberg (1455). É uma das primeiras versões impressas da Bíblia criada
por Johannes Gutenberg no séc 15. É um marco importante na história da impressão e
da difusão de textos religiosos. Ele usou a tecnologia de impressão de tipos móveis
para produzir esta obra, o que revolucionou a produção de livros na época.
 A Europa Católica e a Europa da Reforma Protestante. Antes da Reforma Protestante,
a Europa era predominantemente católica. A Igreja detinha grande influência sobre os
assuntos políticos e sociais, e havia uma série de práticas e crenças consolidadas na fé
católica.
 A Europa da Reforma:
1. A reforma Protestante foi um movimento que contestou várias práticas e
doutrinas da Igreja Católica
2. A reforma levou à criação de várias denominações protestantes, como os
luteranos, calvinistas e outros
3. Houve uma ênfase na leitura e interpretação individual da Bíblia para as
línguas vernáculas permitiu que mais pessoas tivessem acesso direto às
escrituras
 A Europa das Luzes: a leitura intensiva e extensiva
1. Europa das Luzes= Iluminismo (séc 17 ao 18). Durante esse tempo,
houve um grande foco no raciocínio, na ciência, na filosofia e na
promoção da educação. Surgiram dois tipos da leitura:

 Leitura Intensiva- leitura minuciosa e compreensão aprofundada de um texto


específico
 Leitura Extensiva- envolve a exploração de uma ampla variedade de textos e tópicos,
sem a mesma profundidade de análise encontrada na leitura.

 As transferências para os livros profanos das práticas da leitura dos livros religiosos/
obras com centralidade- circulam pela Europa (ex. Os Sofrimentos de Joven Werther-
goethe; A Nova heloíse-Rousseau/ estes livros tornaram-se os primeiros “best-sellers”)
Os leitores liam com afinco/ liam repetidamente. O personagem Werther suicida-se e
leitores que liam de forma intensiva e se projetavam no personagem também se
mataram.

A literatura de Cordel e a imprensa periódica

 Literatura de Cordel- É uma forma de poesia tradicional do nordeste do Brasil, onde os


poemas eram originalmente vendidos pendurados em cordas. Essas histórias eram
transmitidas oralmente, mas com o tempo, passaram a ser registradas por escrito e
impressas em folhetos. Esta literatura de Cordel desempenhou um papel importante
na disseminação de histórias e culturas em regiões onde o acesso à educação formal
era limitado.
 Imprensa Periódica: Refere-se à produção regular e distribuição de jornais, revistas e
outras publicações impressas em intervalos regulares. A imprensa periódica
desempenhou um papel crucial em eventos históricos, como por exemplo a Revolução
Francesa.
 A leitura comunitária: os salões e a leitura em família: A leitura comunitária é uma
prática valiosa que fortalece os laços sociais e promove o amor pela leitura. Os salões
literários proporcionam um espaço onde pessoas se reúnem para discutir e
compartilhar ideias sobre obras. Isso estimula a troca de perspetivas e enriquece a
compreensão das obras. A leitura em família também desempenha um papel crucial
no desenvolvimento literário. Pais que leem com os seus filhos não apenas fortalecem
o seu vínculo afetivo, mas também instalam o hábito de leitura desde cedo. Ambas as
práticas, quando combinadas, podem criar uma comunidade mais letrada e inscrita na
cultura da escrita.

Os Gabinetes de leituras, percursores das bibliotecas públicas


 Surgiram em diversos países, especialmente na Europa, no séc 19. Eles
desempenharam um papel importante na promoção da leitura e do acesso à cultura
para um público mais amplo.

Séc 19- A circulação de pessoas e de livros

 Com a revolução industrial foi possível a circulação de livros e de pessoas através dos
comboios. Criou-se a literatura de aeroporto

Do “Grand Tour” às migrações e ao exílio

O “Grand Tour” era uma prática aristocrática do séc 17 ao 19, onde jovens nobres europeus
viajavam pela Europa para adquirir cultura e conhecimento. Era uma forma de educação
privilegiada. Por outro lado, migrações e exílios, muitas vezes são motivados por circunstâncias
adversas, como conflitos, perseguições ou busca por melhores oportunidades econômicas.
Essas experiências envolvem deslocamentos forçados e adaptação a novos ambientes e
culturas.

Deslocações forçadas a partir do séc 19

 As revoluções do liberalismo político e dos princípios de nacionalidade. O liberalismo


político (séc 18 e 19) promoveu ideias como direitos individuais, liberdade de
expressão e imitação do poder do Estado. Essas ideias foram fundamentais para a
formação de democracias representativas e influenciaram a organização política de
muitos países. O liberalismo político influenciou a adoção de sistemas democráticos e
a garantia de direitos individuais.
 Os princípios da nacionalidade referem-se à ideia de que uma nação é uma
comunidade unida por laços culturais, linguísticos ou históricos. Os princípios de
nacionalidade moldaram a criação e a consolidação de nações independentes ao redor
do mundo.
 As guerras mundiais e a “Shoah”. A 1º guerra mundial (1914-1918) foi marcada por
intensos combates, trincheiras e um número alto de baixas. As suas consequências
incluíram a reconfiguração geopolítica, com o enfraquecimento de impérios e o
surgimento de novos estados.
 A 2º guerra mundial (1939-1945) foi ainda mais devastadora, envolvendo um número
ainda maior de nações e resultando num número ainda mais impressionante de
mortes. O conflito terminou com a utilização de armas nucleares e deixou um impacto
duradouro na geopolítica e nas relações internacionais.
 O “Shoah”, o holocausto, foi uma tentativa do regime nazista de exterminar o povo
judeu e outros grupos indesejados.
 De Paris para Nova Iorque- Mudança do local cultural. Antes o local para onde as
pessoas viajam para procurar aumentar a sua cultura, mas com as revoluções políticas
que lá se estabeleciam, as pessoas começaram a ir mais para Nova Iorque.

 NOTA: A presença dos escritores na imprensa é fundamental e permitiu que os leitores


tomassem conhecimento das realidades exteriores, pois não havia televisão, internet…
 NOTA: A literatura de viagem eram aqueles tipos de textos que davam permissão para
se conhecer/estudar outra região, país etc

A circulação de textos e imagens


Imagologia- Estudo de imagens do estrangeiro em obras literárias/artísticas inseridas num
determinado imaginário coletivo.

 As imagens sobre uma realidade estrangeira não são estudadas como verdadeiras ou
falsas, mas como sintoma de uma relação.

Imagologia Literária- “Um conjunto de ideias sobre o estrangeiro incluídas num processo de
literarização e também de socialização”

 Imagens que criam “um efeito de real” (Roland Barthes):


 Imagem de um referente estrangeiro
 Imagem de uma nação ou de uma cultura, por metonímia/ substituição
 Imagem de sensibilidade particular de um sujeito

 As imagens literárias e imaginário coletivo (interdependência)—O imaginário coletivo é


a soma das imagens, conceitos e ideias compartilhadas por um grupo de pessoas numa
sociedade. As imagens literárias podem ser poderosas ferramentas para influenciar e
enriquecer esse imaginário, pois elas fornecem uma linguagem rica e simbólica para
transmitir ideias e emoções.
 Isomorfia literária- Semelhança ou correspondência estrutural entre diferentes obras
literárias. Isso significa que duas ou mais obras podem compartilhar padrões, temas,
estruturas narrativas ou outros elementos significativos, mesmo que não tenham sido
escritas pelo mesmo autor ou pertençam a gêneros diferentes. Essa semelhança pode
ser explorada para analisar e entender as obras de forma mais profunda, destacando
os pontos em comum entre elas

Os agentes da circulação (mediadores) da literatura traduzida

Editores
Tradutores
Livreiros
Críticos
Professores

Fatores que potenciam/ entravam a circulação de traduções

Fatores políticos:
1- Censura/Pressões ideológicas: Os governos podem proibir a tradução
ou distribuição de obras que contenham ideias ou informações que
considerem ameaçadoras ou inaceitáveis—Forma de controlar o povo,
de modo a que pensem todos da mesma maneira.
2- Apoios estatais: Bolsas e subsídios governamentais podem ser
disponibilizados para tradutores, encorajando-os a trabalhar em
projetos de tradução que promovam a língua do país em questão, a
cultura e aspetos nacionais que o estado quer que sejam mostrados
para o exterior.

Fatores económicos:

1- Leis de proteção de mercado- As políticas comerciais restritivas ou


barreiras comerciais podem dificultar a importação de livros ou
produtos culturais estrangeiros, incluindo traduções.
2- Direitos de autor (Droit de regard) – Políticas de direitos autorais e
propriedade intelectual podem afetar a distribuição e disponibilidade
de traduções, dependendo das regulamentações específicas em cada
país.
3- Regras territoriais de mercado- As regras territoriais de mercado
determinam quais produtos ou serviços podem ser comercializados
num determinado território e sob quais condições. Por exemplo,
algumas editoras podem ter acordos exclusivos com distribuidores em
certos territórios, o que pode restringir a circulação de traduções para
outras regiões.
4- Investimento e lucros- Um investimento adequado permite alocar
recursos para a produção de traduções de alta qualidade. Isso inclui o
pagamento de tradutores experientes, revisores e outros profissionais
envolvidos no processo. O investimento no marketing pode aumentar
a procura das obras traduzidas.

Imitação
 A poesia e a imitação em sentido platônico (a imitação da imitação)
Sentido que Platão vai dar vai ser negativo, pois Platão afirma que a poesia é
uma imitação da imitação. Esta ideia de Platão vem do mito da caverna onde
se conclui que o que vemos é o reflexo= sombra das coisas então a poesia é
uma imitação da imitação.
 “mimesis aristotélica”- Na poética de Aristóteles ele vai considerar que a
poesia tem a faculdade de representar algo que é externo. A “ mimesis” não
quer dizer uma duplicação igual, mas a capacidade de expor de novo
 Epístola a Pisões ou “Arte poética de Horácio”. Fala-se sobre o papel do poeta
na sociedade e a necessidade de entreter ou instruir os leitores.
 A imitação de modelos:
1- Surge a imitação de textos
2- Surge como a imitação de textos que tem carácter instrutivo para os
poetas
 A imitação dos livros é um caso particular da imitação do mundo. Aquele que imita as
outras obras está a imitar o mundo.
 Mito—Narrativa fundacional, anónima e coletiva. História sagrada tipo como uma
verdadeira, com uma eficácia mágica, recitada em circunstâncias precisas. Tem uma
função socio-religiosa. É ao mesmo tempo uma história e uma teoria do conhecimento
 Mito literário—Não é fundacional, não é anónimo

Da influência à intertextualidade. Da relação entre autores à relação


entre textos

Dialogismo- Princípio constitutivo da linguagem. Qualquer enunciado texto dialoga


implicitamente com outros textos de convenções sociais. - M. Bakthine

Intertextualidade (…) todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção
e transformação de um outro texto”. Todos os textos literários acabam por ter aspetos
implícitos de obras antigas.- Julia Kristeva

 O texto é um tecido de signos com elementos de variada proveniências e que


conferem o próprio sentido do texto, daí importância de analisar os textos a partir da
intertextualidade a partir daí, analisamos textos em diálogo com outros, sendo que
outros textos têm a aceção com outros textos semióticos
 Para haver intertextualidade /diálogo textual, é preciso haver contextos externos que
ajudem a intertextualidade (traduções,por exemplo). Mas, do ponto de vista da
literatura comparada, isso não implica que quando fazemos textos dialogar
efetivamente o autor que escreveu o texto, tenha tido conhecimento dos textos
colocados em relação à sua própria obra.

Transtextualidade – Tudo o que coloca um texto em relação- manifesta ou implícita- com


outros textos- Gerard Gennette

Intertextualidade: alusão, citação, plágio

Paratextualidade: título, subtítulo, ilustrações, prefácio, posfácio. Relação que uma


determinada obra estabelece entre os peris textos
Metatextualidade: comentário. Relação que existem entre obras em que o autor faz um
comentário a uma determinada obra.

Arquitextualidade: géneros, formas. Relação que uma obra estabelece com o seu género.
Exemplo: Relação dos romances de hoje com os do século passado

Hípertextualidade: relação com hipotexto (s). Designa a relação de qualquer autor com outros
textos que funciona como substrato, um hipotexto.

 “Strange surprising”- é importante a questão das aventuras e não é o normal.


 Título grande, quase como um resumo/ sinopse
 Tem todas as informações sobre o escritor- viveu
sozinho por 28 anos numa ilha ampla do sul, devido
a um naufrágio- único sobrevivente
 Há também a informação de que foi escrito por si
próprio
 Não tem nome do autor do livro- Daniel de Foe
 Parece uma autobiografia de Robinson Crusoe.

 Daniel Foe- Este livro é considerado o primeiro romance da literatura inglesa. Espera-
se uma narrativa ficcional. Esta obra está no estatuto de parecer que vamos ler a de
alguém. Este livro foi inspirado na vida de um marinheiro. Robinson Crusoe é um mito
de um homem perdido na ilha que se conseguiu superar a estranheza dessa aventura,
cuja a origem (Daniel de Foe) é conhecida.

Alusões e metamorfoses- “Robinsonadas”

 A obra de De Foe deu origem a outras obras que têm como aspetos da história dele.
Estas obras surgem do espírito de que o artista deve imitar os modelos antigos. A
escrita de obras surge como uma resposta, de modo a dar alternativas de pensamento
para as obras originais.

Exemplos:
 Jean-Jacques Rousseau, Discours sur l origine et les fondements de l inégalité parmi les
hommes,1755- «O mito do bom selvagem» e Émile, 1762
 Karl Marx, in O Capital (1867)
 Marguerite Daubenton, Zélie dans le désert, 1786
 Wiliam Golding, Lord of Lies, 1956
 Muriel Spark, Robinson, 1958
 Paul Theroux, The Mosquito Coast, 1981

Operações de reescrita:
 Eliminação: Eliminação de aspetos de nas obras originais
 Acrescento: Acrescento de aspetos às obras originais
 Deslocação: Movimentação de aspetos relativamente às obras originais
 Substituição: Substituição de aspetos relativamente às obras originais
 Porquê é que os escritores partem de outros textos? Uma grande parte da literatura é
uma reescrita das obras passadas. As obras futuras vão resultar das obras antigas. É a
partir de da memória individual, coletiva e cultural que surgem outros obras. É preciso
conhecer e depois dirigi-lo ou transforma-lo
 Para quê que os escritores partem de outros textos? Os escritores partem de outros
textos para valorizarem a sua obra, dar uma resposta diferente à obra original,
baseada num contexto atual e dando outros sentidos à obra. É uma forma de o autor
se valorizar, na medida em que se confronta com os melhores autores. É uma forma
de manter as obras originais vivas. Significação fazem com que a obra se emancipe do
tempo, pois outros autores atribuem significados temporais. O autor vai reescrever no
sentido de prolongar outros sentidos que não tinham sido explorados.
 Para quê que os leitores comparam textos? Para irmos ao encontro de uma amplitude
de conhecimento sobre a obra. É este aspeto que vai dar ao leitor uma autonomia
no campo da virtualidade artística, na medida em que, as relações que estabelece
podem ser inovadoras. É um leitor que vai fazer leituras criativas.

Michel Tournier,1967, e os contra-robinsons

 Parece que há uma contradição entre o título e a gravura apresentada;


 Contestação de uma sociedade cada vez mais industrializada e marcada pelo
capitalismo, em que principalmente os jovens deixem de se rever, e começam a pensar
em sociedades alternativas

Nota: Metaficcção historiográfica —É quando a história inclui uma reflexão sobre a própria
história.

 Muitas vezes os textos surgem de uma desconstrução de uma história inicial o que
leva o leitor a refletir. Por exemplo, a obras As naus é uma paródia dos Lusíadas e leva
o leitor a pensar sobre os descobrimentos.
 Coetzee coloca no texto uma reflexão sobre escrever um texto e a forma de escrevê-
lo.
 Susan fala a Foe (escritor original) dizendo que ele tem condições para escrever. Este
pormenor é um elemento de metaficção, pois reflete sobre a construção da ficção
 Todo o texto é uma reflexão sobre as condições da escrita.

 Dialogismo- A própria linguagem humana é um discurso que dialoga com vários


elementos, por exemplo, convenções sociais.

 A necessidade humana de ouvir e contar histórias—O que nos distingue dos animais é
a nossa capacidade e necessidade de contar histórias, a necessidade de contar o que
vemos, sentimos aos outros.
A existência de narrativas é tão antiga como a humanidade.

 Vladimir Propp apoiou-se nos contos que conhecia e viu que havia funções dos contos
em comum, como por exemplo, o final feliz (casamento). Viu também que há sempre
personagens típicas. É nas personagens-tipo que vemos a base de outros textos.
 Para quê se contar histórias? Alimentar determinados valores que se quer que
passem de geração em geração.
 Folclore—significa histórias do povo

Irmãos Grimm
A história inicia-se a mostrar uma ligação muito forte à mãe que está doente e que chama a
sua filha e pede-lhe para se manter bem educada. Acaba por falecer, e no inverno seguinte, o
seu pai casa de novo com a madrasta da gata borralheira. Ela tem uma ligação com o túmulo
da mãe que na versão dos irmãos o pai vai de viagem e questiona a filha e enteadas o que
queriam que ele trouxesse. As enteadas pedem jóias, e a filha pede um ramo, o qual depois irá
colocar no túmulo da mãe. Nesse túmulo vai nascer uma arvore que vai ser habitat de pombas.
Estas pombas vão vingar-se da maldade das meias-irmãs (moralidade aplicada por elementos
da natureza)

A história da Gata borralheira é “remodelada” no cinema. Em 1950 na criação da Cinderela do


Walt Disney o início da narração começa como se estivéssemos a ler o livro (é como se Walt
fizesse uma vénia aos livros que relatam esta história). Surge a presença de pássaros
(cumplicidade entre os pássaros e a Cinderela desde o início). A voz-off que surge faz uma
ponte entre texto e imagem e serve para narrar a história. O recurso à ilustração do livro e à
voz-off que cria um cenário de desenho animado. Somos situados num determinado ambiente
de castelos (exatamente o imaginário de histórias fantasiosas)

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