Aspectos Introdutórios e Conceitos Básicos da Literatura Comparada.
“A expressão “literatura comparada” surge no século XIX e usa-se da comparação de estruturas com a finalidade de extrair leis gerais da literatura. Consagrada academicamente na França, tem sua primeira cátedra em Lyon, em 1887, seguida por Sorbonne, 1910. Mas apenas nos primeiros decênios do século XX, ela ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades europeias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e público especializados. Suas grandes representações foram a Escola Francesa (criada nos princípios de fonte e influência), a Escola Americana (despojada de inflexões nacionalistas, grande ecletismo, fácil absorção de noções teóricas), Escola Soviética (compreensão da literatura como produto da sociedade). A LC nasceu em um âmbito em que cada nação fechava-se dentro de si mesma e era necessário combater esse isolacionismo nacionalista. Ela ficou um longo tempo limitada aos estudos de autores em relação biográfica. Mas hoje, sob influência notadamente das pesquisas norte-americanas, ela se abriu para os estudos temáticos e ideológicos. Inicialmente, a LC fazia comparações e distinções implícitas entre “literaturas maiores” e “literaturas menores”, sendo as primeiras as que, por via de uma maior força quantitativa e qualitativa, funcionariam como verdadeiros modelos ou “fontes” para as segundas, que se https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_comparadalimitariam assim a um papel secundário, periférico, de integração de influências provenientes dos modelos. Esse comparatismo
A área de Teoria Literária e Literatura Comparada começou a integrar o curso de Letras
em 1961. Percebeu-se que seu currículo carecia de estudos gerais introdutórios e estudos teóricos especializados, indispensáveis para uma boa formação acadêmica.
Invocando-se a existência de disciplinas com este objetivo em outras Faculdade, como
Introdução ao Estudo do Direito, Teoria Gerai do Estado, Teoria Geral da Educação, Introdução aos Estudos Históricos, Introdução à Filosofia etc., foi pedida a criação de uma área com o nome de Teoria Geral da Literatura, em 1959, à Congregação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, por iniciativa de Antônio Cândido, naquela época, assistente de Sociologia. Dois anos depois, ele inaugurou o curso de Teoria da Literatura.
Em 1962, Teoria da Literatura passou a se chamar Teoria Literária e Literatura
Comparada, também por iniciativa de Antônio Cândido, então, seu único responsável, para se assegurar o estudo das literaturas estrangeiras e um espaço institucional para a Literatura Comparada.
Com a reforma que transformou em 1969 a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, foram criados dois Departamentos de Letras: um de Clássicas e Vernáculas e outro de Modernas. Ficaram fora deles duas disciplinas gerais, a de Teoria Leterária e Literatura Comparada e a de Lingüística. Essa mesma reforma deslocou do Departamento de História os recém-criados Estudos Orientais. Por mera conveniência dessas disciplinas sem qualquer afinidade, mas que necessitavam juridicamente da massa crítica que só a Teoria Literária e Literatura Comparada podia fornecer para constituição de um Departamento, surgiu, um Departamento anômalo, como foi sempre o Departamento de Lingüística e Línguas Orientais, em cujo título jamais figurou o nome de Teoria Literária e Literatura Comparada, disciplina sem a qual ele não teria existido.
Essa situação equívoca de Teoria Literária e Literatura Comparada só veio a se resolver
em 1990, quando foi criado o Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada. O conceito de Weltliteratur (“literatura mundial”) proposto ainda no século XVIII por Goethe (escritor, romancista, dramaturgo e filósofo alemão), corresponde assim a este intuito que pretende evitar um isolacionismo literário, sublinhando ainda a continuidade relativamente ao modelo anterior de uma “república das letras" (República das letras é uma expressão cunhada na Itália e que designa um espaço imaginário no qual estão todos os textos produzidos pelo Ocidente desde a Antiguidade, isto é, desde os gregos), no interior da qual os pressupostos nacionalistas eram relativamente pouco atuantes. Pelo contrário, a LC desenvolver-se-á e sistematizar-se-á adentro do que poderemos designar como um “paradigma nacionalista”, o que explica que ela seja considerada frequentemente, como uma disciplina pela qual os gestos e as vontades de entendimento internacionalista encontram um canal quase exclusivo. É ao longo, então, do século XIX que se assistirá à progressiva implantação institucional da disciplina, quer através de cursos universitários que se reclamam do comparatismo, quer através da publicação de obras que integram já esta designação, quer ainda através da publicação de revistas em que a “literatura comparada” surge como propósito fundador. A Escola Americana, verbi gratia, era A LC nasceu em um âmbito em que cada nação fechava-se dentro de si mesma e era necessário combater vernaculamente alinhada às visões internacionalistas de Goethe e Posnett (possivelmente refletindo o desejo pós- guerra de uma cooperação internacional), procurando por exemplos de confianças universais do ser humano baseadas nos arquétipos literários que apareciam por toda a literatura a todo tempo e em todo lugar. A LC pressupõe a existência e a prática de uma atitude comparativa que, no entanto, apresenta um âmbito e um escopo muito mais amplos e ambiciosos, se bem que metodologicamente menos consistentes. Reconhecendo que a comparação se configuraria como um meio, uma metodologia de analise e estudo e não como algo fechado em si. Surgida de uma necessidade de evitar o fechamento em si das nações recém constituídas e com uma intenção de cosmopolitismo literário, a LC deixa de exercer essa função “internacionalista” para converter-se em uma disciplina que põe em relação diferentes campos científicos. A atitude comparativa foi central, por exemplo, para que a literatura e a cultura latinas se pensassem nas suas relações e especificidades face à literatura e cultura gregas; ou na forma como a Idade-Média integrou e reformulou essa herança clássica, diversificando-a através das específicas direções que viriam a constituir as várias literaturas nacionais. Não deveremos confundir a área dos estudos de recepção com o “velho” estudo de fontes e influências: não só porque a tônica não é já a da produção (o autor), mas sim a da recepção (o leitor e suas diversas configurações), mas, sobretudo, porque se passa a insistir quer no caráter dinâmico da história literária quer nas relações culturais que o literário pressupõe. Bem como o caráter universal da literatura.” “A Literatura Comparada é o ramo da Teoria Literária que estuda, através de comparações das literaturas de diferentes áreas linguísticas, assim como de diferentes mídias e tipos de artes”. Portanto, Literatura Comparada, segundo Carvalhal (2006) “usada no singular mas geralmente compreendida no plural, ela designa uma forma de investigação literária que confronta duas ou mais literaturas. Referências: https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_comparada acesso em: 06/03/2023; https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1971808/mod_resource/content/1/Tania %20Franco%20Carvalhal%20%28i%29.pdf – acesso em: 06/03/2023; https://dtllc.fflch.usp.br/sites/dtllc.fflch.usp.br/files/Cap%C3%ADtulo%202%20- %20Literatura%20Comparada.pdf – acesso em: 06/03/2023; https://pt.slideshare.net/TbataSchulze/literatura-comparada-37588267 - acesso em: 06/03/2023.