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Frédéric Barbier

Histéria do Livro

Tradugao:
e trad.)
Valdir Heitor Barzotto (coord., rev. técnica
téc. e trad.)
Ercilene Maria de Souza Vita (rev.
Andreza Roberta Rocha
Fabio Lucas Pierini
Luzmara Curcino Ferreira
Sidney Barbosa

Capitulo 1 ?.Q\..«.‘

A invenção da escrita.
O livro na Antigiidade

Capitulo 2 P. S6

lingia
Da alta Idade Média à época caro
Capitulo 2

Da alta Idade Média à época carolingia

1 A revolugao do Codex
1.1 A mintscula
escrita
O alfabeto latino se apresenta a principio numa
planos que se
monumental lapidar, em maiúsculas! sem base? nem
das inscricoes da
opdem aos tracos. O modelo perfeito ¢ aquele
pelo imperador no
coluna Trajano em Roma (113 a.C.), construida
alto a baixo dois
centro das bibliotecas romanas e que desenrola de
Uma variante
volumina ilustrando os feitos de armas do soberano.?
s de Pompéia
é a escrita que se observa sobre as inscrições nos muro
ca": as letras são
(século T 1.C), e que foi designada como a “Tústi
s seguidamente
mais estreitas e possibilitam que se erga a mao meno
os titulos de certos
durante a escrita. Essa escrita serd utilizada para
X).
manuscritos até a baixa época carolingia (século
século 1 a.C.,
Uma ruptura cronológica maior tem lugar no
quando a ampliagao das praticas ligadas a escrita se faz sentir na
desta. Ela passa da capital onipresente, derivada
própria torma
as formas cada vez mais cursivas €
de inscrições monumentais,
as hastes acima €
simplificadas, nas quais comecam a aparecer
a leitura se encontra
abaixo da linha: a rapidez da escrita € maior €
facilitada pelo fato de que os elementos especificos das letras são
A cursiva € seus derivados são a escrita mais
mais aparentes.
que se desenvolve
divulgada na Roma antiga. A civilização urbana
ação das tarefas, o
sob o Império supde de fato uma especializ
de uma maneira geral,
descnvolvimento das fungdes de relações e,
sso se modifica
um conhecimento mais amplo da escrita.é O proce
século 1V, quando se passa pouco a pouco
ainda a contar do
Frédéric Barbier

as de
da maidscula à uncial (dominada pelas formas arredondad
nga de
certas letras, sobretudo D, E e M, ¢ caracterizada pela prese
mento
pequenas hastes), depois a semi-uncial’ Enfim, o desenvolvi
or
dessas formas cursivas e a reorganizacio dos gestos do escrit
de maneira
levam 2 aparicdo de uma nova escrita, chamada,
'
aproximativa, a minuscula:

Em relação à maiúscula, a minúscula é um progresso absoluto: ela é


muito mais legível (...). Certos caracteres têm hastes que se elevam
e se abaixam acima do corpo das letras, cada palavra possui uma
silhueta que lhe é própria (..), o olho pode reconhecê-las mais
facilmente quando segue, o que € o caso na leitura rápida, a parte
superior da linha... (Robert Marichal) .

(letras romanas) se encontra ainda na época


: A uncial
carolíngia, mas sobretudo nos títulos e no incipil.

1.2 O Codex
da
É muito surpreendente constatar que 0s anos sombrios
ce, a0
Baixa Antigúidade são precisamente aqueles em que apare
maiores
lado da minúscula, uma forma material nova, destinada aos
o codex, ou livro dobrado e encadernado, do
desenvolvimentos:
difícil
qual o suporte é de agora em diante o pergaminho (é mais
ar
fazer códices em papiro).é O termo latim codex nos faz remont
conhecida,
vários séculos atrás, uma vez que sua primeira aparição
almente de uma
por meio de Martial, data de 85. Trata-se origin
madeira (lat. caudex), depois, por extensão, de uma
lâmina de
quais
reunião de lâminas mantidas juntas por um laço e sobre as
contas ou outros apontamentos sem valor durável.
são anotadas
no Fayoum, o “Cahier de Theodoros”, consiste em
Descoberto
tardio:” é um
exemplo excepcional, mesmo sendo relativamente
Ao

conjunto de dez tabuletas recobertas de cera, reunidas por laços


(desaparecidos hoje) e protegidas por duas capas de
de couro
encadernação. O texto corresponde aparentemente ao trabalho de
nos
um escolar do século VI. Ocasionalmente, encontram-se códices
.
quais um outro suporte é utilizado, notadamente o pergaminho
b
m
Histéria do Livro

1.3 Generalização do Codex


al,
olutamente na Roma imperi
O codex nio se impds abs o
ro pe rm an ec e um vo lu me n sobre papiro, enquanto
onde o liv
cod ex ser vem ape nas par a trabalhos mais rdpidos
pergaminho e o
generalizagao
ret udo mai s bre ves , notas ou rascunhos. A
e sob
dat a ape nas dos séc ulo s Tl ¢ IV: a pele (de carneiro)
do codex vez
par a ser vir de sup ort e à escrita, depois, uma
é preparada stituir
o tex to, ela é dob rad a uma ou duas vezes para con
copiad o ros são
o.® Os cad ern os reu nid os uns seguidos dos out
um cadern
cos tur ado s jun tos e col oca dos sob uma encadernação:
em seguida da hoje. Entre ain
a forma que nós o conhecemos
é o livro sob relação ao papiro,
do pergaminho em
as principais vantagens no
a pos sib ili dad e de ser utilizado dos dois lados —
destaca-s e ex, desenvolve-se
enrolá-lo. Com o cod
entanto, é mais difícil
rn aç ão . Os pri mei ros exemplos conhecidos
igualmente a en ca de
fixados
os: os cad ern os são costurados entre eles e
São egí pci a? No
est es con sti tuí dos de duas pranchetas de madeir
hos eixos, fun da
nic a de cos tur a é mui to variável, mas ela se
Ocidente, a téc
o em duas meadas de fio.
ordinariamente sobre o tip
sua forma material, séculos IV
servados segundo
Distribuição dos livros con citado, p. 46)
{opud Robert Marichal, art.
Manuscritos latinos
Manuscritos gregos
Volumina P Códices
Volumina * Codices
Seculos
4 | 1X | S Tozwg& | 1 Ti7%
E 0 T om | 2 ]O%fl
29% 17 90%
442 71% 179
" 100%
96% 0 0% 43
n 4% 233
5,
hoje conservados, s€
manuscritos mais antigos
Os à época da
papiros egípcios, remontam
à parte oS
colocamos
por exemplo um codex da Cidade de
generalização do codex: de Santo Agostinho (354-
Deus, que poderia ser contemporâneo
do século 1V ¢ traz
Vaticanus data da metade
430).0 O Codex ex um
da Bíb lia . Con ser va- sc igualmente em cod
o texto grego o Romano, em uncial
e
nsu ra do Bai xo Imp éri
trarado de agrime
Frédéric Barbier

com virias pinturas dentre as quais, talvez, o retrato do autor.” A


Vulgate de Saint-Gall, em duas colunas, teria sido copiada, talvez,
da época mesmo de São Jerdonimo. No sé€culo V, o codex suplantou
definitivamente o voltmen, como o mostram as estatisticas de
Robert Marichal.

1.4 Conseqiiéncias da invenção


A invencdo do codex ¢ absolutamente fundamental para o
futuro da civilização escrita, porque ela proporciona caminhos
para os desenvolvimentos futuros do trabalho intelectual sobre
documentos escritos.!))JO codex estd dividido em elementos
semelhantes (os folhetos, cada um composto de duas paginas) e
se presta, portanto, bastante bem 2 consulta parcial, pois se pode,
ao final, superpor-lhe um sistema de referéncias que facilita a
consulta (a paginagio)? Do ponto de vistado uso imediato, pode-
se consultar o codex tomando notas, o que permite o abandono da
leitura oralizada® para privilegiar o trabalho individual em siléncio.
; Enfim, guarda-se o codex deitado sobre tabuletas com a lombada'
" do livro contendo seu titulo, o que facilita a sua recupcragio e
identificacio. A combinagio do codex e da mintscula produz uma
ferramenta intelectual muito potente, desconhecida até então. No
entanto, essas modificagdes permanecem séculos apenas como
potencialidades. As formidaveis capacidades do codex só serdo
plenamente exploradas no século XVI, duas gerações depois de
Gutenberg- sua logica recobre a loglca dupla da massxficagao
F”
do 12 de refeiCnuias,
e somente encontrará plern rcalxzqçao com a multiplicação dos
livros tal como a imprensa o permitirá. s
O codex é o suporte primeiro da cultura escrita no Ocidente
ha dois milénios. A distor¢ao é surpreendente, entre a_conjuntura
geral catastrófica do século IV ocidental e a invenção maior que
"é o codex. É possível que a entrada em cena massiva de recém-
chegados (os germanos, depois os eslavos) seja acompanhada de
inovações técnicas importantes, como se constata no domínio da
metalurgia: sabe-se que a inovação nasce mais facilmente sob as
franjas de duas civilizações, lá onde os processos de transferências
Histéria do Livro

facilitadas. É possivel também que, em periodo


culturais são
tenha procurado um procedimento de fabricagao
de crise, se
a menor custo
que permita estocar mais informações (de texto)
nitivamente necessario ;
— o que é o caso do codex. Mas é defi
plenamente satisfatoria S
reconhecer que nés ndo temos explicacio
que dé conta da inven¢ao.

2 A Igreja Primitiva e os livros


2.1 A heranga antiga
bibliotecas e as coleções de livros sejzuh
Mesmo que as
conservamos hoje mais
numerosas na Antigúidade clássica, nós não
aram apenas em número
que restos: os manuscritos ant igos nos cheg
s de conservacio® e
ínfimo.ao mesmo tempo porque as condiçõe
substituicio de livros
as destruições nao permitiram“e porque a
da do abandono
em rolos por livios encadernados foi acompanha
mais apegados a cultura
e da destruicio dos primeiros. Os pagaos,
ambos mais difíceis
clássica, privilegiaram o volum neo papiro,
sendo que um grande
de conservar que o codex e o pergaminho,
porque a mudança
número de textos provavelmente desapareceu, não foi
para o novo suporte (o livro dobrado e encadernado)
o antigos
generalizado: os volumina que foram julgados muit
não foram recopiados. O fenômeno do
ou menos interessantes
nessa ocasião se encontra a cada
desperdício que se observa
é abandonado em
Tnutação técnica, quando o suporte majoritário com a
1550 OCOTTE do 1esilio modo
favor de um novo suporte:
is (um certo número de
invenção da tipografia em caracteres méve
não serão impressos) ou com procedimenlos
textos manuscritos
mente do mesmo modo,
de reprodução do som.* Ocorre, provavél
hoje com a irrupção das novas mídias.
o Império romano
Nos séculos IV e V, os notáveis do Baix
a literatura clássica, se
frequentemente são letrados que conhecem tes
às vezes postos importan
converteram ao Cristianismo e ocupam
desses personagens !
na hierarquia eclesidstica. O modelo perfeito
, mas citaremos também
é Sidônio Apolinario, bispo de Clermont
io de Pannonie (Stridon), |
São Jerdnimo (331/348-419/420). Origindr
&
o
Frédéric Barbier

Jeronimo tem uma formação literaria muito boa: ele € aluno de


Donat em Roma, cidade onde ele se converteu ¢ se fez batizar
Somente depois de uma peregrinação a Jerusalém (em torno de
373) que ele se volta para a vida de asceta, no deserto da Siria.
Tornado padre (379), mais tarde secretario de Damaso, em Roma,
Jerônimo se retira a Belém, em 384, aí conclui o essencial de
sua obra intelectual.” São Bento de Nórcia (aproximadamente
480-547), filho de ricos proprietários e fundador do Monte-Cassino
e da Ordem dos Beneditinos, é uma outra dessas muito grandes
figuras de letrados cristãos. Nada de surpreendente então se a
Igreja, única estrutura coerente no desabamento/desmoronamento
total do mundo romano, seja a mediadora principal para o lado
" do qual o essencial disso que nós possuímos da literatura antiga
nos chegou. O fato de que a Igreja cristã tenha adotado o latim
como língua oficial constitui também um dado fundamental para a
tradição da herança antiga e para a difusão do latim, a termo, nas
regiões recentemente cristianizadas que nunca tinham feito parte
' da România (a Germânia Trans-Reno e a Boêmia, a Polônia, uma
parte da Hungria, a Escandinávia...).

2.2 À Igreja Primitiva


Naturalmente, a transmissão da herança antiga não é
tudo, a parte mais importante das coleções que se constituem
na cristandade primitiva apóia-se no domínio religioso: sabe-se
que os manuscritos do Mar Morto, descobertos nas grutas de

de uns oitocentos volumina e pertencendo a uma comunidade


“provavelmente esseniana” (Colette Sirat) 14 estabelecida entre os
séculos 1l a.C. e os anos 6870 de nossa era. Trata-se de textos
quase exclusivamente religiosos — textos biblicos e comentdrios
sobre a Biblia, preces, regras, cronicas, etc.
Rapidamente, os apostolos se preocupam em transmitir a
mensagem de Cristo, e a fundagio das primeiras igrejas cristas 520
acompanhadas de um trabalho de correspondéncia ¢ de escritas
de documentos, scguidamente conservados numa pega especifica.
O apéstolo Paulo vigja com sua documentagao e seus livros

56
Historia do Livro

nte men te cod ice s), pois que , em 67, ele pede a Timoteo que
(apare
onado:
os traga depois de ter sido aprisi
(..). Somente Lucas está comigo
Esforce-te para vir perto de mim eu deixei
vocé (). O casaco que
(..). Pegue Marcos ¢ traga-o com os
bém
, traga-o quando vier, € tam
em Troas, na casa de Carpus
..‘“
livros, sobretudo os pergaminhos.
lia, cuja tradição é muito
O texto central da Igreja é a Bíb sínodo de
(massOrético) é fixado pelo
complexa. O cânone judeu
e a Lei (a Torab: o Pentateuco””),
Yebnah (90/100 d.C.) e compreend thoubim)*' A
tm)” e os Escritos hagiograficos (Ke
os Profetas (Nebi ias,
duç ão em gre go dos Set ent a aí adiciona sete outros livros: Tob
tra abeus I e
Judith, Sabedoria de Salomão, Eclesiastes, Baruch I, Mac
sendo que este conjunto definido
11 (os livros deuterocanônicos), o Concílio de
como canônico pel os cristãos será confirmado pel
fazem parte, cujas pseudo epigrafes
Trento.?2 Outros livros não canone
por certas Igrejas orientais. O
530, entretanto, reconhecidos incide
dois conjuntos: o primeiro
do Novo Testamernto reagrupa sobre
sobre a vida de Jesus (os outros evangelhos), o segundo,
zag ao da Igre ja Pri mit iva (os Atos dos Apostolos e um
a organi um
O Apocalipse de João constitui
importante conjunto de cartas).
livro 2 parte, que fecha o conjunto.

2.3 Primeiras bibliotecas cristas


precoce de bibliotecas cristds
Conhecemos a existéncia
(no secuio ii), mas tambem
nas lgrejas orientais, em Corinto
Banido de Alexandria em 231,
em Alexandria e em Jerusalém.”
) funda em Cesaréia de
Orígenes (aproximadamente em 185253 scus trinta mil livros, 0
palestina umabiblioteca que constitui, com
intelectual da cristandade dos primeiros _séculos:
principal centro
Testamento, ao qual
cle mesmo trabalha sobre o texto do Velho em seis
ntes versdes dispondo-as
ele se dedica a comparar difere da
s (os Hex apl e). ® Eus ébi o de Panfilo (265-309), autor
coluna
ito bispo de Cesaréia em 313:
grande Historia eclésiastica, é ele cle
do texto dos Evangelhos, que
ele trabalha sobre a organizagio
l empreende o estudo comparado
Subdivide em pardgrafos e do qua
Frédéric Barbier

avelmente
(Evangelbos sinopticos), mas enriquece ta mbém consider
a Cesaréia que vird
a biblioteca e prepara seu catdlogo.” É ainda
€ aos copistas
Hilaire de Poitiers ( 367) ao curso de seu exilio e
o para fazer
de Cesaréia) que se dirigira o imperador Constantin
nados às, novas
fabricar os cinqiienta exemplares da Biblia desti
]
igrejas de sua nova capital, Constantinopla.
são, muito
Em seguida, os acervos de Constantinopla
a Igreja de Roma
particularmente importantes. No Ocidente,
que desaparecem
possui arquivos € uma biblioteca muito ricos
qual se estende
durante a persegui¢io de Diocleciano (303-311), ao
Mas o Edito de —
expressamente a destruicio dos livros cristios.
¢, rapidamente,
Milão institui a liberdade religiosa no Império (313)
(367-384) ter de
o8 acréscimos retomam a ponto de Dâmaso 1
Igreja. Jerônimo fala
construir um edificio para os archivia da
taceum romanae
de pesquisas que ele só pode executar na char
te suas viagens, ele
ecclesiae (os arquivos da Igreja de Roma): duran
lhard longamente
copiard em Treves dois livios de Hilario e traba
catastrofe sobrevém
(382-385) nas coleções romanas. Uma nova
pelos Visigodos
com a invasio barbara de 410 e a tomada de Roma
em durante o século
d-Alaric.?® Entretanto, os acervos se reconstitu
V. O papa Agapito faz construir uma nova biblioteca (535-530) e
antigo chanceler
colabora com Cassiodoro (em torno de 485-580),
de conservagao e
de Theodorico, o qual funda uma instituicao
de Vivarium,”
de pesquisa. Trata-s¢ da biblioteca do monastério
e que foi a primeira
que conhecemos pelo texto das Institutiones®
da Bibiia em latim sob
coleção a ter disposto da versao completa
precisaria consultar 0s
uma forma reagrupada (anteriormente,
: diferentes volumes de cada livro):
uma tradução feita a partir dos Setenta e
O codex grandior tinha
havia feito diretamente
revisada por Jerdnimo; aquela que Jerônimo
o outro manuscrito. (Pierre
sobre o hebreu, a Vulgata, ocupava (...)
Petimengin)?’
além do mais, em Vivarium, na reorganizagao
Trabalha-se,
s (capitula) numerados
*. do texto sagrado, com a divisão em capitulo
em uso até a reforma parisiense do
—— um sistema que estard
%
o
Historia do Livro

século XIII. Vivarium não parece perdurar depois da morte de


Cassidoro, a biblioteca teria sido transportada para Roma onde a
futura Vaticano, instalada no Palacio do Latran, tornou-se¢ muito
importante desde.a pontificado de Gregorio, o Grande (590-604).

3 O monaquismo
3.1 O monaquismo oriental
Um lado muito importante da tradi¢io escrita nos vem do
mundo regular, e primeiramente dos eremitas e dos monges do Oriente
(inicio do século IV). O primeiro, Antdnio (1356), se estabeleceu no
deserto e fundou a tradição do eremitismo, antes que Pacome (1346)
estabelecesse, por volta de 325, uma primeira comunidade organizada
e regulada, no Alto-Egito. Muitas outras fundagoes seguiram. Apesar
do desnudamento quase completo desses “padres do deserto”, o
livro não estava ausente das ermitagens e certos monges tinham, eles
mesmos, uma atividade de copistas. Comumente cles possuem, no
deserto, apenas um manuscrito, raramente VArios, € OS assuntos são
exclusivamente religiosos: a Biblia, sobretudo o Novo Teslamenlo ¢
o livro dos Salmos, com comentarios, mas também os Apophtegmaes
dos Padres do deserto, etc.
Cassiano, que é feito monge em Belém, permanece no Baixo-
Egito entre 385 ¢ 400 e redigird suas [nstitutions e suas Conferences,
cuja influéncia sera considerdvel sobre os estabelecimentos
mondsticos no Ocidente (Provence). A tendéncia a0 crescimento
das bibliotecas conservadas nas células é julgada negativamente:
Os profetas escreveram livros, depois vieram os padres que
os colocaram em prética. Aqueles que vieram depois deles os
aprenderam de cor. Depois a geragao presente veio e 0s copiou €
colocou, indteis, nos balcões...ºº

Certos textos fazem pensar que a regra ja impunha consagrar


uma parte regular da jornada à leitura das Escrituras (a lectio da
Biblia e de seus comentirios), ao passo que o cargo de bibliotecario
aparece nas primeiras comunidades (na Africa desde 423) e que a
pratica da leitura em comum se difunde. Essas disposicoes se fazem

59
Frédéric Barbier

século VI: a regra de Pacôme


mais presentes no século V e no
uma biblioteca conservada
previa que o monastério possuisse
ioteca de Santa Catarina
cuidadosamenté (em torno de 400). A bibl 530, é
stantino por volta de
do Sinai, monastério fundado por Con
particularmente célebre.
3.2 No Ocidente
Igreja do Oriente, © inicio do
Influenciados pela
Ocidente € na Galia parecem relativamente
monaquismo no
é primeiramente aquela da
hesitantes. Na Galia, a tendéncia
por um mestre: Martin (T 397)”
reuniio de “eremitas” atraidos
tier, Honorat (T 429) atrai
está na origem de Ligugé e de Marmou
no final do século IV... Essas
um grupo de ermitões para Lerins século
constituem, entretanto, no
primeiras casas, religiosas
um possui uma biblioteca
V, lares intelectuais nos quais cada
m Vicente de Lerins e Faustus
mais ou menos rica: Lérins (co de
Autun (AviD), Bourdeaux (Paulin
de Riez), Arles (Césaire),
de fundações data dos sc¢culos VI-VII,
Pella). A grande onda
Paris, Limonges, Poitiers, Luxeuil,
com as casas em Soissons,
as, Saint Bertin € Saint-Amand,
Chelles, Corbia, Saint-Vaast-d ‘Arr l, Stavelot,
Jumieges, Jouarre, Ruei
depois Saint-Benoit-sur-Loire,
e a partir de Monte-
Malmédy, etc. A regra beneditina se difund
(fundada por volta de 529):32 a lectio divina®* ocupa
Cassino
dia. As reliquias de Sao Bento
aproximadamente quatro horas do uinado, em
por Aigulfo de Monte-Cassino, arr
são rransferidas
em 673, € 4. influéncia das
Fleury-sur-Loire aproximadamente
na Gália — por consequéncia,
regras se acentua nessa época
aí igualmente cada vez mais
a cópia dos manuscritos torna-se
frequente.
ia é teatro de fundações
Nos séculos VI e VII, a lúál
O Monte-Cassino e o Vivarium,
maiores: nós já mencionamos
é pre cis o ta mb ém cita r Far fa, etc. Após o fim do século VI,
mas
to forte de evange lização se
por outro lado, um movimento mui
e da Irlanda* Colomban
desenvolve a partir da Gri-Bretanha
o em Bangor”® e funda o
(em torno de 543-615) é formad ente, contin
(nos Hébrides), depois, no
monastério de lona

60
Histéria do Livro

Luxeuil e Bobbio (612). Seus émulos continuario sua obra (em


657/661, Cérbia é uma filha de Luxeuil) e, com Bonificio, o
estenderdo para a Germinia: a divisio do mundo germanico,
depois de uma parte do mundo eslavo, no Ocidente, se faz pelo
viés da cristianização, portanto da escrita. Na Alemanha, são
os grandes abades de Echternach, de Saint-Gall*® Constance
e Reichenau, mas também de Fulda. Os monges de Corbie
fundam Corvey, sobre a Weser, e cristianizam a antiga Saxc,
abrindo caminho para o Norte. Os bispados são criados sobre
o mar do Norte (Hamburgo, depois Bremen), a partir dos quais
os missionários percorrem a Escandinávia e a Báltica. '


Solssons eLaon
St-Warxiriile *
Jumibges Sl-Danls. sd *
o e Relms
Ruel Cholles
» Luxeull
e StBenok
e Marmoutiers o Amerre
- e Tours
@ (Nolmoutier LR

, * Ugugê
Poltlers
e Limoges

Monastérios e escolas catedrais:


croquis de localizagdo dos principais scriptoria na Gélia, séculos VIX
(Os limiies geograficos são agueles da Franca continental atual)
Frédéric Barbier

mundo dominado quase que exclusivamente pelo


Em um
ra escrita e da tradição
oral, os monastérios são refúgios da cultu
êem que uma parte
antiga. As principais regras mondsticas prev
no scriptorium (Cateliê
do dia seja consagrada à cópia dos livros
religiosas, os ateliês
dos escribas). Por toda parte, nas novas casas
constituem e os livros
dos copistas se organizam, bibliotecas se
mais rapidamente.
começam a se difundir mais amplamente e

4 A renascença carolingia
4.1 A renovatio imperi
a Antigtiidade,
Ao mundo aniigo, aberto, sucedeu-se, na Baix
mente, ¢ mesmo
um mundo fechado (economicamente, politica
esmo e onde a pratica
sobre o plano demogréfico), fechado sobre sim
Em consequência,
da escrita regride de maneira muito sensivel.
da escrita, seguindo
desenvolvem-se numerosas práticas regionais
relação à evolução dominante: em uma
modelos “aberrantes” em
se multiplicam a
palavra, a escrita se fragmenta e seus modelos
-maiúscula. Um
partir de dois arquétipos de maiúsculas e da semi
é constituído pela escrita insular, assim chamada
bom exemplo
Britânicas.
porque sua geografia inicial é aqu'eiá das ilhas
víngeos aos
A mudança progressiva de dinastia (dos Mero
ri (restabelecimento do
Carolíngeos), mais ainda a renovatio impe
Império), conduzido por Carlos Magno no fim do século VIII, é
reorganização profunda da Igreja, que se
acompanhado de uma
zação da regra
apóia nos monasterios (onde se rórla uma generali
e paralelamente um
beneditina) e sobre o papado. Desenvolve-s
orno à latinidade
esforço considerável sobre o plano da língua (ret
gos € da escrita
— clássica), do ensino, da conservação dos textos anti
lectuais, ele faz vir
* ela mesma. Carlos Magno sabe se rodear de inte
a, e mesmo Alcuin,
para perto dele Paul Diacre e Paulo de Pisa, da Itáli
dulfo se refugiará no
velho chefe da escola capitular de York. Theo
coração de Aix-la-Chapelle depois da invasão da Espanha pelos
fundação da escola
muçulmanos. O movimento se apóia sobre a
copais (Lyon, Reims,
do Palais e de importantes escolas epis
e das grandes
Soissons, Laon, Maienca, Cologne), ¢ sobre a atividad
Histéria do Livro

Corbie ou ainda Fleury-


abadias: Saint-Martin-de-Tours, Luxeuil,
r e Saint-Bavon (Gand).
sur-Loire,* Fontenelle (Rouen), Saint-Riquie
, $40 as casas fundadas
Na parte oriental do Império, na Germania
reforma: Fulda, na qual
por Bonificio-que asseguram a difusao da
in, depois Reichenau, com
o abade Raban Maur foi aluno de Alcu
n Maur.Ӽ
Walafrid Strabo, ele mesmo aluno de Raba

4.2 A reforma dos livros


desde entao, porque a empreitada
Compreende-se, a
por Carlos Magno se apóia sobre
de restauração langada
reorganizacao sistematica do mundo da escrita — lingua, formas
de sua difusao. Da
de escrita, natureza dos textos € organizacio
ndesse a0 purismo do latim
ótica da renovatio, era lógico que se pre
de ajudar na restauragao da
classico como a um elemento suscetivel
ptorium de Saint-Martin-
România imperial. Por outro lado, o seri
escrita, que combina
de-Tours®” põe em funcionamento uma nova
uma perfeita legibilidade:
a facilidade e a rapidez de execução com itiva
inspirada na minúscula prim
a minúscuk; carolina, diretamente
banidos todos os elementos
romana e na-saaitscula da qual são
s,*! decorações, abreviações
parasitas (traços para ligar as letra parte
ênios adotada por toda
excessivas, etc.),/? será em alguns dec
no mundo ocidental. & SS g e
as (o que facilita
A escrita separa as palavras umas das outr
a leitura silenciosa), viações tornam-se raras. Uma. certa
as abre
‘carolina®
pontuação começa a fazer sua aparição, etc. À mintscula
dos seripioria dos grandes i
¢ difundida a paitii
na Itdlia e nas novas abadias da Germania,
Francia occidentalis,
reendimento sob o abadado
Tours sendo o centro motor do emp
Renascenca carolingia ilustra,
de Alcuin (1804). O programa da
estreita entre problematica
assim, 0 mais claramente, a articulação .
zação do sistema de midias
politica, categorias culturais e organi
nificar a liturgia, definindo
Paralelamente, procura-se reformar e.u
r: muitas revisões da Biblia
os “livros católicos” que devem professa Teodulfo de
Corbie (772-781), depois por
são conduzidas em
e por Alcuin. À normalização
Órleans (aproximadamente em 800)
Bíblias de Saint-Martin-de-
que tende a se impor é aquela das
Frédéric Barbier

uma centena de
Tours, cuja copia talvez tenha se apoiado sobre
manuscritos difundidos através do Império.
manuscritos
Mesmo que se avalic em nove mil o nimero de
um namero que da a medida do
carolingios hoje conservados,
nua um objeto
trabalho de cópia efetuada à época, o codex conti
mais ricas contam
raro e muito oneroso, sendo que as bibliotecas
Por outro lado,
algumas dezenas, raramente mais de cem volumes.
e nao-cursiva, € 4
a minúscula carolina é uma escrita fracionada
Mas, a0 lado
oralidade continua a dominar as praticas de leitura.
a importancia
desses caracteres arcaicos, não se poderia subestimar
s que 0s_
* da Renascenca carolingia. É nos manuscritos carolingio
redescobriram a literatura classica, a partir,
humanistas italianos
carolina que eles
sobretudo, do século XIV ¢ € na mindscula
OS primeiros
se inspiraram para criar sua propria escrita — €
"
caracteres tipográficos romanos.

5 Formas do livro e práticas de leitura


5.1 A fabricação do livro
de fabricação dos livros se desenvolve, até o
O trabalho
nos monastérios e em outras
século XI, quase que exclusivamente
casas religiosas.
da pele de pergaminho dura muitos meses
A preparação
(mais tarde,
e se faz em um ateliê cspeciálizadc do monastério
Wataucinio à
esse irabalho será o apandgio dos pergaiminheiros).
raspagem, etc. Qualquer que seja a qualidade
cal viva, lavagem,
praticamente
da pele® e a perfeição do trabalho, distinguir-se-a
da carne
sempre, sobre o pergaminho, o lado dos pêlos do lado
iro que, em
(mais liso e frequentemente mais claro). É o pergaminhe
seguida, corta a pele em folha(s): o limite das folhas é traçado com
cortadas. O
grafite ou com um estilete sobre a pele e as sobras são
*) se faz de
cálculo (que condiciona diretamente o formato do livro”
“modo a perder o menos possível de matéria, tendo em vista O seu
onde seu preparo ê
: custo* Depois as folhas passam a0 scriptórim,
concluido como o descreve Hildebert de Lavardin (1055-1133):
História do Livro

fazer. Primeiramente,
Vocês sabem o que o copista tem o hábito de
aminho de sua
ele começa por limpar com uma raspadeira o perg
pesadas. Em seguida, com
semente ¢ tirar dela.as impure as mais
ele faz desaparecer completamente os pêlos e
uma pedra pomes,
a não será de boa
os ligamentos. Se ele não procede assim, a escrit
— u
qualidade e não poderá durar muito tempo...””
se recorra,
A raridade e a carcstia do suporte explicam que
E}ue consiste em apagar
quando é o caso, à técnica do palimpsesto,*®
lugar: mergulhado
um primeiro texto para copiar. outro em seu
ho € em seguida
no leite durante uma noite inteira, © pergamin
a cal.
passado a pedra-pomes € branqueado
fase diretamente
O trabalho compreende, em seguida, uma
do manuscrito em vista da copia:
consagrada a “paginacao”
, depois das linhas
delimitaciio, pautagdo das margens do texto
. As bases do
grafite;??
propriamente ditas, com estilete ou com
compasso. A demarcagdo
enquadramento são estabelecidas com
o que se preveja, um
pode ser mais ou menos complexa segundo
io em linhas longas ou
texto simples ou em Versos, uma disposic
interlineares,” dos espaçoS j
em colunas, comentários marginais ou
etc. A folhabassa enfim ao
reservados a iluminuras ou à ilustração,
aqueles da rubricagao,”
ateliê dos copistas, depois, se for o caso,
encadernacao. Certos ateliés de encadernação
da iluminura e da
mondsticas puderam ser identificados gracas
ligados às casas
am para
notadamente ao estudo de instrumentos que eles utilizar
Que se trate de escrever, de ler, de rubricar
decoragio das capas. 2 il AL &
5 & € 118 C <
spensdvel — inclusive para
instrumento de trabalho as vezes indi
pe, o Qusado, era miope
os leitores: o duque de Borgonha, Feli
a dourada que lhe havia
e lia apenas gragas aos óculos de prat
Conservam-se mesmo
fabricado o ourives Hennequin de Hachet.
escrita de muito pequeno moédulo, cuja capa
manuscritos de uma
ssem 05 óculos”*
foi evidentemente cavada para que af se coloca
5.2 À composição
evolui, evidentemente,
A apresentação do livro manuscrito
a em que o codex se
de maneira muito profunda entre a époc

65
Frédéric Barbier

generaliza no Ocidente e aquela da aparição da imprensa — seja


mais de um milénio. A disposicio do texto se faz seja em linhas
longas, seja em colunas. Copiado em escrita cursiva em Alexandria,
na metade do século IV de nossa era, o Codex Sinditicus tem
o texto grego da Biblia (os Sefenta e o Novo Testamento) sobre
paginas de duas ou quatro colunas cada uma segundo os livios:
desde entao, a tradição levara a apresentar o texto biblico em
colunas (até nas edicdes impressas contemporâneas)*
A partir do século IX, um modelo novo de composi¢io se
difunde de maneira cada vez mais ampla, combinando o texto com
um comentério que poderd tornar-se muito invasivo. Os dispositivos
de referenciacio sio um elemento capital da composição e nos
informam sobre as práticas implícitas da leitura e de apropriação
de textos. Os manuscritos medievais não apresentam nem página
nem título, nem menção do autor ou da data da cópia — é raro
que o copista ou o iluminador tenha assinado seu trabalho. Mais
comumente, o texto começa na primeira página pela indicação da
obra de que se trata, precedido da palavra Inciípit laqui comegal
e freqiientemente rubricada. As vezes, o incipit se desenvolve em
caracteres ornados sobre uma coluna, até sobre uma pagina inteira.
Esse mesmo tipo de dispositivo se encontra em alguns casos no
interior do texto, nos diferentes livros (por exemplo, os livros da
Biblia). As subdivisdes internas do texto são marcadas por letras
iniciais de maior médulo, eventualmente de letras ornadas e as
vezes, ai também, pela rubrica das primeiras linhas.

5.3 Ilustração e decoração


Nos ateliés importantes, ilumiínura constitui um dominio
caracterizado pela especializacio: o artista principal, chefe do
atelié, organiza a seqiiéncia das operagbes, varias pranchas são
preparadas a0 mesmo tempo para as quais realiza-se sucessivamente
o enquadramento do desenho, depois o desenho propriamente
dito (em geral com grafite), depois a coloração sucessiva (certos
manuscritos, que nio foram acabados permitem perceber a logica
das diferentes etapas). A imagem preenche as duas funções de
decoração e de informação, esta ultima podendo fazer apelo as

66
Historia do Livro

ento essencial de
construcoes simbalicas. Ela constitui um elem
diferentes podem
numerosos manuscritos medievais. Trés modelos
a letra enfeitada e, enfim,
ser distinguidos: a ilustragao, a inicial ou
as bordas.
ionar a utilizagao
e Pergaminbo tingido. Limitar-nos-ems-a menc
uma pratica
de um suporte (pergaminho) de cor, segundo
rio bizantino
conhecida durante a Antigiidade, presente no Impé
ao de manuscritos
e importada para o Ocidente para a realizag
é tingido em cor
destinados ao imperador. O pergaminho
ele € pintado, até
purpura, as vezes preta, mais freqiientemente
nele se escreve com
recoberto de uma folha de ouro, sendo que
-s¢ de volumes
tinta de ouro ou de prata. Em todos os €asos, trata
extremamente preciosos, como o Fvangeliaire de Sinope (Codex
Manuscritos sirio-palestinos do século VI, escrito
Sinopensis),
ho purpura A
em maiúscula 2 tinta de ouro sobre pergamin
o por
tintura do pergaminho € praticada mais tardiamente, tend
s alemães
exemplo um certo numero de manuscritos imperiai
hov na
da época ottoniana, ou ainda ao Evangeliaire de Stra
s, do
biblioteca desse monastério (Praga), até o Livro de Hora
duque Galeas Maria Sforza,” etc.
Os mais antigos exemplos de textos ilustrados
- Jlustracées.
II de nossa era €
conhecidos hoje são os volumind do século
raramente textos
portam geralmente tratados cientificos, mais
a inserção da imagem
literários* A forma material do rolo impõe
sposto nos codices
nas colunas de escrita e esse dispositivo € tran
im do secuio 1V),”
da Baixa Anuguidade: no Virgue du Vaticarn
os, em geral sobre
as pinturas se apresentam em quadros geomeétric
ram. Encontra-se
a página onde figura a passagem que elas ilust
ocupa uma superficie
* também a imagem de pagina inteira, que
tivas, O retrato
igual aquela da justificação. Ao lado de cenas narra
segundo um modelo
do autor constitui um tema muito frequente,
que será conservado na Idade Média para os evangelistas ou
no relato (retrato
para os diferentes protagonistas que aparccem
-se igualmente
do santo cuja vida é apresentada, etc.). Conserva
escrito no século VII, em maidscula e
o Peniateuco de Tours,
ilustrada com quatorze pinturas de pagina inteira®
67
Frédéric Barbier

e Decoragdo. A inicial decorada designa a primeira letra de um


texto ou de uma parte do texto e intervém.lanto como ajuda
para a leitura (para recuperar as (escansdes - maiores) como
elemento decorativo. Ela se distingue a principio somente
pelo seu tamanho, em alguns casos pela ilustragdo de uma
cor diferente, que o rubricador freqiientemente faz alternar
de uma inicial para outra. A inicial historiada (ilustrada com
uma pequena cena) aparece no Sacramentaire de Drogon, em
Metz, na metade do século X” O enquadramento se constroi
primeiramente retomando-se o motivo arquitetdnico da arcada,
que ele desenvolve por ‘realizacdes ornamentais muito variadas:
época carolingia e otoniana, os motivos combinam mais
na
freqientemente passamanarias € folhagens.

5.4 As praticas de leitura


No principio, a passagem do volumen ao codex dobrado
profunda
e costurado abre possibilidades de mutação muito
geral
no dominio da leitura. Mesmo se nés ficamos em regra
a hipdteses, o exame atento das formas materiais dos
recluzidos
as com
manuscritos permite reconstituir a evolução das pritic
de e da
— bastante verossimithanga. Os manuscritos da Antigtiida
isto €
. Alta Idade Média se apresentam em Scriptio continua,
numa escrita que não separa as letras umas das outras € que
nio faz apelo a pontuacio nem à paragrafagdo: a
praticamente
de seja para si
« Y t Edió O
de

escravo secretário.
ra,
Pode-se legitimamente pensar que a textualizagao® melho
ra:
depois do século VIII, por conseqiiéncia da contribuição barba
que lhes
para os carolingios, trata-se de assimilar a cultura latina
ção
&, a priori, tornada estrangeira, e de se fixar diretamente à tradi
os barbaros
imperial que eles querem reanimar. Ora, desde então,
falam uma lingua diferente do latim (a lingua vulgar, ancestral do
praticamente,
francês e do alemão) e lhes falta então analisi-lo para,
na minúscula
traduzi-lo: de onde a reforma da escrita (que resulta
(carolinã) e uma textualiza¢io bastante clarificada. Os escribas

68
História do Livro

o
colocam então em obra um conjunto de técnicas novas assegurand
s ¢
o enquadramento do texto através de seus dispositivos formai
facilitando-sua leitura e sua compreensio: as palavras sao isoladas
normalizada
umas das outras, o uso de maidsculas é relativamente
pensavel €
e, sobretudo, a andlise lógica tornada praticamente indis
os. A
facilitada pelo desenvolvimento de sinais de pontuação divers
única divisio interna ao texto mesmo permanece aquela, eventual,
dos “livros” (não ha capitulos, etc.).
Essa sutileza crescente da textualizagao facilita em principio
r nos
uma pratica silenciosa da leitura, a qual pôde se desenvolve
o das regras
meios mais abertos ao livro: é possivel que a difusã
facilitado
monásticas que impuseram o silêncio tenha igualmente
S seu sucesso. Certos documentos, excepcionais, testemunham
familiaridade de uma camada muito pequena da
1 extrema
com o mundo da escrita: o Sermon sur Jonas é um
populagao
redigido sobre palimpsesto, € em partes em notas
fragmento
tironianas, e constitui um resumo preparado em lingua vulgar por
um eclesiastico do inicio do século X antes de subir ao trono “
de da articulação
Enfim, é necessário não subestimar a complexida
entre a arte da leitura.e aquela da memória. Por volta de 1322,
certos heréticos valdoistas
Evangelhos ¢ as Epistolas em lingua vulgar
tinham os
e mesmo em latim, pois alguns o entendem.
ordinariamente
sabem ler e lêem em um livro aquilo que eles
Alguns também
não fazem
anunciam e pregam. [Outros pregadores. 20 contrariol
ler, mas
uso de nenhum livro, sobretudo aqueles que não sabem
aprenderam seu discurso de cor. ?

6 No Mediterrâneo oriental

6.1 O mundo bizantino®


ente, pelo
O século 1V bizantino é marcado, como no Ocid
cada vez mais
triunfo da forma nova do codex e pelo emprego
corte imperial,
amplo do pergaminho: a riqueza da capital e da

69
Frédéric Barbier

da Igre ja (0 pat ria rca do) , a tradição intelectual herdada


o lugar s
e seguida, a presenga de grande
da Antigliidade e vigorosament
tit uic oes de ens ino , €tc. , exp licam a existéncia em Bizincio
ins
as ¢ de ilustradores que estao
no século VI de ateliés de copist Os ateliés são
de produzir peças excepcionais.
em condicdes ia,
centros de provincia (Alexandr
estabelecidos nos principais
asc o, Ant ioq uia ) € nas gra nde s casas religiosas. Entre as pegas
Dam Virgilio Vaticano
necessario citar o
conservadas dessa €poca, é ne (século
icus, a Ilíada de Ambrosien
(inicio do século V): o Sinait ou ainda o
roximadamente 512)
V), mas também o Dioscoride (ap
Génese (século VD de Viena. ‘pelo
marcados, primeiramente,
Os séculos IXXI foram em
então majoritariamente utilizada,
abandono da maiúscula, até
o Evangeliaire de
proveito de uma nova escrita em minúscula (ver
, cop iad o em 91D , dep ois , pel a adoção do papel, que os
Capoue para cuja
_bizantinos conhecem gra cas a intermediagao arabe, e
te criados.5* O sucesso do novo
producio os ateliés são prontamen gregos
orr é se man ife sta pel o gra nde ndmero de manuscritos
sup
pap el pro duz ido s, sob ret udo , a partir do século X1V, ainda
sobre
empregado para os exemplares
que o pergaminho continue a ser
mais prestigiosos. as de influênci
bizantina resulta da conjunção
A ilustração
xas : inf luê nci a da Ant igú ida de clássica ¢ notadamente do
comple
anismo primitivo, até de tradições
helenismo, mas também do cristi ntinopla se
e, o papel de Consta
sirias e persas. Progressivament
ent ret ant o, pre dom ina nie € 4 unificação se faz em wino do
torna, das
As ilustrações podem ser dividi
estilo de seus principais ateliês. s,
retoma o modelo das cenas antiga
em dois tipos principais: o que um
os e-o que apresenta retratos de
adaprando-o aos assuntos cristã lastia
de vár ios per son age ns. A querela das imagens € a iconoc
ou o que
imento de toda ilustraçã
do século IX trazem o desaparec ), enquanto que o
tiva (motivos geométricos, etc.
não seja decora do
da din ast ia mac edo nia na (867) vê o avanço das artes
advento ação
no fim do século X, à generaliz
livro, enquanto nós assistimos, No
depois à iconografia bizantina.
do estilo hierático associado do Ctália
ou antigamente bizantina
Ocidente, a Itália bizantina,
Historia do Livro

entais
Rav ena , Ven eza ), é a reg iao mais aberta as influéncias ori
Sul, exemplo, no
mas também, por
— em Vencza, principalmente,
nos anos 1100.
scriptorium de Monte Cassino
na como um intermedidrio
É lógico que Bizâncio funcio e
ado na tra dic io do pen sam ento grego da Antigiidade
privil egi
nsm iss io ao Oci den te. No entanto, 4 lógica do processo
em sua tra a
principais explicam que a herang
é mais complexa: dois fatores ente
amplam
tenha sido por muito tempo
grega no Ocidente
ima da — e que , ape sar das aparéncias, continua Em
sub est lugar
. Trata-se primeiramente do
partes do mesmo modo hoje ainda
ocupado pela tradição Jatina,
evidentemente preponderante tenha
a tra nsf eré nci a cul tur al pro veniente do mundo helénico
que
o bas tan te amp lam ent e na Roma antiga. O segundo
funcionad que
a religiosa € sobre o fato de
ponto ancora-se sobre a escolh Mmesmo
seja ao
que é um império grego,
o Império- bizantino, sal
a terr a da ort odo xia e esc ape assim a0 modelo univer
tempo
nda de rom ana . O Gra nde Cisma de 1054 tem por efeito
da crista ino.
te o aporte intelectual bizant
ocultar amplamente no Ociden tada no
ret ant o, a cul tur a liv res ca € muito profundamente implan
Ent rica sociabilidade
uma
se organiza e se desenvolve
Império, onde
se mei o que o Oci den te, tendo partido a procura de
culta. É nes rard no
a uma idade de ouro, encont
uma Antigiiidade assimilada ir
ore s que lhe permitirdo redescobr
século XIV os primeiros mediad
a Grécia sonhada.
& lmanos e os; livros
6.2 Os mu icu
a pregar em Meca €
Mohammed (570-632) comega
Quando o
bia (po r vol ta de 615) , ele é o intermediario (0 profeta) pel
na Ara mensagem
qual Deus transmite sua mensagem a0s homens: essa
dos atos e das palavras do
relatos
é o Cordo. Mais tarde, os ados
rec olh ido s por seu s dis cip ulos, são igualmente integr
profeta, ores (os califas),
na Lei. Desde a épo ca de seus primeiros sucess
difundido
abe lec e-s e ent do o tex to definitivo do Cordo, que É
est erial é
vol umi na, dep ois cód ices cuja apresehmção mat
pelos
ent e cui dad a (ca lig raf ia e ornamentos). A amplitude
Pparticularm artesanato de
de um
mação rápida
desse comércio explica a for
Ti
Frédéric Barbier

escribas e de livreiros, assim como aquela das primeiras colecoes


de livros nas cidades que abrigam cortes principescas, mas
também nas proximidades das mesquitas mais ricas € nos centros
comerciais. A partir do século IX, o desenvolvimento do livro
drabe é ainda facilitado pela apari¢io do papel e pela sua difusão
rapida no mundo mugulmano.
O desenvolvimento das pesquisas filosoficas, cientificas e
histéricas, assim como o progresso da literatura árabe, resultam
também na multiplicacio de livros de conteúdos nao-religiosos que
vém enriquecer as grandes bibliotecas. Em Bagda, sob a dinastia
Abassida (inicio do século IX), a Casa da sabedoria -reunia o
conjunto‘ das tradugdes de obras filosoficas e cientificas gregas, e
conhecem-se outras bibliotecas análogas em cidades do Irã. A partir
de 756, os Omiadas, expulsos de Damasco, reinam em Andaluzia
e fazem de Cérdoba sua capital: a biblioteca dos califas teria
contado até quatrocentos manuscritos, em parte traduções arabes
de manuscritos gregos bizantinos. A tolerdncia dos Omiadas atrai
por outro lado para a Espanha um grande nimero de judeus até
então estabelecidos no Oriente Proximo ¢ que desempenham um
papel privilegiado no movimento intelectual e artistico que atinge o
apogeu no século X. Uma outra grande coleção de livros é aquela
da Casa da Sabedoria organizada pelos califas Fatimidas no Cairo
(inicio do século XD. Enfim, as residéncias dos principes possuem
igualmente muito belas coleções e o apego dos principes pelas
artes do livro permanece uma constante (pensemos na biblioteca
LuD, N 1T o movimentio
1D. No sóéculo XI,
sunita concentra bibliotecas nas prmc1pals mesquitas e madrassas -
(escolas): o Cairo, Damasco, Kairouan, Fes, depois Istambul.
Como se sabe, um certo niimero de conhecimentos e de textos
da Antigiiidade serdo transmitidos na Europa por intermédio dos
árabes, notadamente da Andaluzia, da Sicilia e da Ttdlia Meridional:
trata-se de certos escritos ptolomaicos (portanto, em grego), cuja
tradução latina é preparada sobre as fontes drabes. O Canone de
Avicena (980-1037) é traduzido por Gerard de Crémone no século
XII e tem uma influéncia muito grande sobre o desenvolvimento
dos estudos e das pesquisas médicas no Ocidente. Averrois

72
Historia do Livro

(1126-1198), filésofo e tedlogo originario da Andaluzia, trabalha


principalmente sobre a tradi¢io de AristSteles: seus comentarios
sobre o filósofo grego, transmitidos por intermédio dos judeus, são
conhecidos de todos os principais autores da escoldstica parisiense
do século XI11, à frente dos quais vem Alberto, o Grande, e Tomas
de Aquino. Averrois €, entdo, exilado em 1198 por suas posições
sobre a filosofia (que ele apresenta como auténoma em relacio
à religião). Enfim, mesmo se nds nao podemos desenvolver esse
ponto como conviria, a tradição judia e as escolas talmudicas
do contorno mediterrineo desempenham igualmente um papel
importante nesses processos de conservagio e de transferéncia.

E Notas
' Letra maitiscula. 5

> Empattement designa a base da letra (alto a baixo). Em fundição tipogrifica, a presenga ¢ a forma
tem juncio,
da juncio que permitem identificar certas grandes familias de caracteres: a Antiga ndo
no Elzevir, as junções sio triangul ares; elas são filiforme s ¢ retas em Didot
von Erlach
3 O modelo é retomado na época moderna: em Viena, o arquiteto Johan Bernhard Fischer a um
constrói, a partir de 1715, a igreja Saint-Charles- Borromé e (Karlskt rche), cuja fachada apresent
em volumen da coluna
pórtico em colunas e duas “colunas triunfais” que retomam o dispositivo
Trajano. Acontece o mesmo em Paris com a coluna Vendôme , que Napolea o fez erguer em 1806, 2
gloria dos soldados que tinham combatido em Austerlitz.
de Vindolanda (perto do muro de Adriano, fronteira entre a In-
i Como testemunham as tabuletas
do fim do século e sio hoje conservados no Museu Britinico
glaterra e a Escócia), que datam
(Londres).
3 O Bréviatre d Alaric dá a “lei visigótica” promulgada por essc rei em 506. Conserva-se o texto num
talvez em Lyon, numa uncial extremamente regular, no século VI
manuscrito de 332 ff. copiadas
é
(Munich, Bayerische Staatsbibilothek, Clm 22501
Staél é uma das primeiras
$ Codex (pl. Codices): livro encadernado, por oposição ao volumen. Mme de
contar na história mais de dez sécnlos durante
2 propor reavaliar esses “séculos sombrios": “Pode-se
os quais acreditou-se muito geralmente que o espírito humano retroced eu. Mas (...) eu não penso
imensos
que a espécie humana regrediu durante essa época; eu acredito, ao contrário, que passos
quanto pelo desenvol-
foram dados no curso desses dez séculos, tanto pela propagação das luzes,
De la litteratur e..., nova ed., Paris, 1991, p.
vimento das faculdades intelectuais...” (G. de STAEL,
162-163 (“Garnier-Flamarion™)
7 Informação de C. Huré, em Tous les savoirs du monde..., Paris, 1996, p. 52, nº. 3.
de papel
5 O caderno designa o conjunto de folhas constituídas por uma só folha de pergaminho ou
copiado ou passada pela prensa ¢, em seguida, dobrada.
? Ais : prancheta de madeira que formam as capas da encadernação.
Hoje conservado em Verona.
" Roma, Biblioteca Apostólica Vaticana, Vat. Gr. 1209.
Cod. Guelf. 36.23 Aug. Fol. (Irália do Norte.
1 Corpus agrimensorum Romanorum, Wolfenbiitel, HAB
de Bobbio, passa em seguida
século VD. Esse Codex Acerianus, a princípio integrado às coleções no
na Holanda, a partir de onde, no século XVII, ele entra
para a biblioteca de Petrus Scriverius,
acervo de Wonfenbútel.
13 Leitura em voz alta, murmurada ou simplesmente acompanhada pelo movimento de lábios.

73
Frédéric Barbier
a concavidade da
rna ção que cor res pon de à costura dos cadernos, oposta tes) ou “grega”
14 Lombada: parte da encade as. Lombada pode ser * nervos” (as nervuras são apa ren
folh
outra extremidade das bada).
idas na espessura da lom temunhos de
(as nervuras são esc ond
ça da arei a que exp lic am que os principais tes
iente e 2 presen cobriram papiros,
15 É a aridez do meio amb e, no Fayoum, onde se des
1. O mesmo ocorre em
oási s de Oxy rhy nqu
Egito: no
que dispomos vêm do
fragmento do evangelho de João do século
portando principalmente um
o. para ser tocada pelos
Toura, perto do Cair
mus ica is, cuja mús ca é copiada ou impressa
sas peç as
16 No século XIX: numero strados.
regi
amadores jamais serão
Stuttgart, Weimar, 1998, t. V, col. 548-551.
1 Der Neue Pauly...,
1V, 9 à 13
3 fle dpitreG Timotée,
, Número: Deuteronomio.
1 Génese, Êxodo, Levitico josué a Malaquias.
s e Pro fet as propriamente ditos : de Codex leningradensis
20 Ljvros his tór ico
heb rai ca com ple ta, hoje conservado, é o
rito da Bibl ia t
n O mais antigo manusc
e data de 100 8 deuteroncandnicos
tes tan tes não rec onhecem os sete livros ité ascétique et mystique,
22 o5 Igrejas pro
Ghe lli nck , $J.) no Dictionaire de spiritual
(de J. De
23 Artigo “Bibliothêques”
col una s 1589 e seguintes. tradução grega de Áquila
reu não-vocalizado, a
t. 1 (par is, 1937 ),
iva men te: o text o heb
volta de 200 a.C.), aque-
24 A5 colunas apresenta
m sucess
Sím aco (po r volt a de 200) , aquela dos Setenta (por reu em alfabeto grego
(135 a.C.), a tradução de a de 180 a.C.), enfim 2 transliteração do texto heb
Bernard de Montfaucon
primeira vez por Dom
volt
la de Teodoção (por lic ado s pela o da
(com vocalização). Os
Hexapl e são pub tradução latina e do text
em Pari s (171 3), com acréscimo de uma
rin
(1655-174D), por L. Gué
Vulgata (por Albaric).
5 ISIDORE DE SEVILLE,
V1, 6, 1. rados romanos se refugiam
mai ore s do epi sód io de 410: um certo número de let (Santo Agostinho começa
2 puas consequéncias vatório da cultura antiga dos principais
por um tempo um conser po de Roma torma sc umuivos
na África, que se torna 413) ; por out ro lado , o bis existem no
a publicar La cité de DieAou lado em de livros € arq
de Rom a, outras grandes coleções
personagens da Igreja. o, ete
Trêves, Cartag
ocidente, em Milão, a antiga Skylletion (Ca
ldbria)
a fun dad a em 546 proxima a squillace, .
27 Cas 1937
.B. Mynors, Oxford,
i sen ato ris Institutiones, ed. R.A aparecidos: o primeiro, em nove
arium, todos 0s três des
28 Cas sio dor
s da Bíbl ia em Viv
que traz O text o de Sao Jeronimo, em
29 Existem três exemplare os; © seg und o,
em setenta e um livr e 760 folhetos. É este
volumes subdivididos traz 2 vetu s lating em setenta livros século,
636 folhas; o terceiro,
© Codex gra ndi or, iado em Roma no VI
o Codex Amiatinus, cop ada de uma pin tura
último manuscrito que
serve de mod elo par a
de Wea rmo uth -Ja rro w, e ilu str
lfrid (690-716) , Aa de ati nus
oferecido ao opapae porscriCeo e mesma O Codex Ami
om0 refrare de Cassindnr
t
iepiesenta
Lurentienne de Floren
ce.
LT, La vie quoti-
& hoje con ser vad o em
Bel lef ont ain e, 198 5, nº 285 (citado por L. REGNAU
esmes-
2 Serie des anonymes... Sol ert en Egypte au IV siecle,
Paris, 1990, p. 106)
dienne des Per es du dés "
da por Sulpice Sévere. tir do fim do século X:
o apogeu é
» Cuja vida serd redigi , 0 mon ast éri o ren asc e 2 par
enos em 883 Gelasio 11.
22 Destruída pelos sarrac Etiene IX, Victor T e
ngi do qua ndo trés aba des sao eleitos papas, res do Egito, mas também
leitu-
ati ent e aqueles dos pad
os, esp eci alm Bas ile .
Seus comentari Regras de
3) Leitura da Biblia € das dos Padres) e das
tad os de Cas sia no, das Vitae Patrum (Vi ulo V.
ra dos tra no fim do séc
s são cri sti ani zad as a partir de Roma eses em 824. O úni
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As ilhas Brilan ica
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a de 559 por san onatre de Bangor
Casa fundada por volt ori um pri mit ivo é constituído pela Antiph
script
vestigio da atividade do .
iana, Milão)
de 685) (Biblioteca ambros 1995. vium
36 Codices Sangal lenses, Sig ingen,
mar retérica e dialétca), © quadri
e onde se estuda o trivium (gramatica, ses fenômenos, ver
P.
y Dirigido por Alcuin a) € 2 teo log ia. Sobre o conjunto des
, musica, astronomi
(aritmérica, geometria

T4
Histéria do Livro

Wolff, Leveil intelectuel de 1 Europe, Paris 1971 (*Hiostoire de la pensée curopéenne”, 1)


* Théodulfe, bispo de Orleans e abade de Fleury no inicio-do século IX.
* É em Fulda que é formado Fginhard (775-840), originario da regiio do Main, antes de vir para a
corte de Carlos Magno, onde redige a Vita Caroli (Vida de Carlos Magno)
% E. K. RAND, Studies in the script of Tours, T UT), Cambridge (Mass.), 1929-1934. 3 vol.
*' Um grupo de letras ligadas designa um grupo de letras escritas juntas. As ligaduras se encontram
na tipografa : o logograma (&) €, na origem, uma ligadura ef, as ligaduras são correntes para os
grupos /f st, fi, etc
O primeiro exemplo seria, entretanto, dado pela Biblia do abade Maurdramme de Corbie, em torno
de 775 (hoje em Bm. Amiens).
# Destacamos o papel do concilio de Constance para os trabalhos dos humanistas italianos. A pes-
quisa dos manuscritos antigos ¢ empreendida na Itália no inicio do século X1V, mas serd reativada
pela realizacao do concilio, durante o qual numerosos humanistas fazem parte das proximidades do
prelado e descobrem a riqueza das bibliotecas alemas (Saint-Gall). Também de Poggio Bracciolini
(secretdrio da Cúria pontifical depois chanceler da Seigneurie de Florenga, 1380-1459) e de Cincio
Romano, que escreve, em 1416: “Na Alemanha, há numerosos monastérios com bibliotecas plenas
de livros latinos. Isso acendeu em mim a esperanca de que certas obras de Cicero, Varão, Tito Livio
e outros grandes homens de cultura, que parecem ter completamente desaparecido, possam retor-
nar às luzes se se proceder a uma minuciosa pesquisa...” L. BERTALOT, “Cincius Romanus und seine
" em Quellen und Forschungen ausiitalienischen Archiven und Bibliotheken, XXT, 1929-1930,
p. 222-225. Ver também L.D. REYNOLDS, L.G. WILSON, ed., D"Homere a Erasme: la transmission
des classiques grecs et latins, Paris, 1984)
* Vélin: pergaminho obtido a partir da pele de um bezerro natimorto, e que constitui um suporte de
escrita particularmente liso e fino.
* O formato designa a indicação normalizada do número de vezes que cada folha foi dobrada para
entrar na constituicio de um caderno (in-folio: uma dobra, dois folhas; in-quarto: duas dobras,
quatro folhas; in-oitavo: três dobras, oito folhas, etc.)
4 A utilizagao de um pergaminho mais fino, no século XIII, permite reduzir consideravelmente o
tamanho dos volumes, mas, em todo caso, o consumo de peles de carneiro é consideravel. Para o
Codex Sinaiticus (aproximadamente 350), calculou-se que seria necessdrio utilizar 20 menos trezen-
tos e sessenta e cinco peles de cabras ou de carneiros. Para uma Biblia turangeana do século TX,
precisariam de duzentas e dez peles.
“” BnF, ms fatim 3239, folha 140-141, citado em Léê livre, 1972, no. 53
#10 jesuita Angelo Mai (1782-1854), escritor da Biblioteca Ambrosiana (Milao), em 1813, é nomeado
/pmfeiro do Vaticano (1819) ¢ receberá o chapéu de cardeal (1838). É em Milão e em Roma que
Mai faz um grande número de descobertas relativas aos textos literários até então desconhecidos e
conservados sob forma de palimpsestos.
*o enquadrdmento designa os traços a es ilete ou a grafite e destinados a guiar o escriba em sua
1530, É & G ic im Uaçãar csse quad:
> Por glosa i el aGreXS principal, copiado com este último. Segundo sua dispo-
sição, falar-se-4 de glosa marginal ou de glosa interlinear.
5 A rubrica designa uma parte de texto escrito ou impresso em vermelho (latim rubrum); por exten-
530, tema geral sobre o qual são agrupados varios artigos num periódico (a rubrica “Economia”); a
rubricação designa a ação de rubricar, ou seja, de copiar em vermetho; o rubricador é o monge ou
© copista que faz as rubricas. ”
2 Bibl. Cantonal e univ. de Friburgo, L. 64 (reprod. Gutenberg, 2000, GM 27).
* A descoberta do Codex Sinaiticus é em si mesma um verdadeiro romance. Antigo estudante da
Universidade de Leipzig, Constantin Von Tischendorf se especializa no estudo do Novo Testamento
e empreende uma viagem de estudo ao Oriente Próximo (1844). Ele descobre, em Santa Catarina
do Sinai, fragmentos de manuscrito que lhe parecem bem antigos — do qual ele adquire 43 folhetos
(de 129 na origem). O manuscrito entra na coleção da Biblioteca universitária de Leipzig. Durante
sua terceira viagem, Tischendorf consegue fazer com que o monastério ofereça o essencial das
folhas restantes ao tzar: o manuscrito, a princípio em são Petersburgo, será vendido em 1933 para
a biblioteca do Museu Britânico.

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Frédéric Barbier

5 Bnf suppl. Grego 1286.


Nacional de Viena, -
55 Na Biblioteca
en PAge..., p- 37-39.
56J. IRIGO™N, “Platon, Lê banquet”, em Mise
57 Vaticanus latinus 3225.
1972, nº. 630
58 BnF, n. a. 1. 2334 e ver Le livre,
9428 (¢ Le livre, 1972, nº. 245). Um sacramentirio
s Drogon, bispo de Metz de 826 a 855. BnF, lat. a missa e que contém O cânone, à CONsagracao, as
a
designa o livro utilizado por aquele que celebr
a ordo do bispo.
preces (que variam cada dia), freqiientemente e outras
usado para traduzir a expressio ‘mise en texte”
* Nota do traduter: O termo textualização foi
o materi al do texto.
que incluem em seu significado a organizaçã
6 Bm Valenciennes, ms 521
Mollat, 1, Paris, 1964, p. 27 € 63.
&& B. GUI, Manuel de Iinquisiteur, ed. G. a cronologia
43-46. NóÓs ulirapassamos, nesses parigrafos,
& De Lexicon des gesamten Buchwesens, 11, geral. Sobre o livro bizant ino, dispde-se
s o plano
do presente capitulo, a im de nao pesar demai z die byzan tinische
ER, Schreiben und lesen in Byzan
de um excelente pequeno manual: H. HUNG
Bucbkultur, Múnchen, 1989.
cido dos árabes a partir do século VIII, e é por
& Inventado na China no século 11, o papel é conheeo (em torno de Cartago, na Palestina, no Sinai,
costa do Mediterrân
meio deles que ele atinge a
etc).

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