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NOVO PLURAL 12 • SOLUÇÕES

UNIDADE 2 – CONTOS

PÁG. 128
2. Hipóteses:
a. Era este o texto: «Que o réu condenado à morte seja o Rei eu ordeno pelos crimes que
cometeu contra a Nação».
b. Porém, explicou-se mal, declarando: – Condeno à morte o falso Rei que ocupou o mais alto
cargo da Nação sem ter capacidade para governar.

PÁG. 130
ORALIDADE
Todos os textos fazem referência à pequena extensão desta forma narrativa e à sua origem
muito antiga.
Texto 1
1. «De um modo geral, o conto vai-se definindo no decorrer da segunda metade do séc. XIX
como um episódio […] concebido literariamente como um romance curto. Este critério de
limitação de tamanho e de conformidade com o real tornou o conto um género fácil.» (ll. 17-
18)
2. «breves histórias e lendas conservadas nos Livros de Linhagens.» (ll. 7-8)
Texto 2
1. «Estruturalmente, o conto caracteriza-se por uma forte concentração da intriga, do espaço
e do tempo, pela unidade de tom e por um número relativamente reduzido de personagens.
História curta, o conto não é apenas um romance pouco extenso» (ll. 8-9)
2. «Modalidade narrativa antiquíssima» (l. 2)
Texto 3
1. «relato breve, oral ou escrito, de uma história de ficção, na qual participa reduzido número
de personagens, numa concentração espácio-temporal.» (ll. 2-4)
2. «Na Idade Média e Renascimento, outros termos designavam conteúdo análogo: "história",
"exemplo", "fábula", "apólogo". De origem popular, de sabor mítico ou maravilhoso…» (ll. 7-9)

PÁG. 134
LEITURA DO TEXTO
1.1 D.; 1.2 C.; 1.3 C.; 1.4 D.

ESCRITA
Tópicos:
− Data e local de nascimento.
− Características relevantes da personalidade.
− Relação com a infância.
− O espaço de origem e Lisboa.

PÁG. 135
ORALIDADE
Este quadro é considerado um dos marcos fundamentais da pintura neorrealista.
Na pintura, o espaço é quase completamente ocupado pelas figuras humanas que parecem não
caber nos limites do quadro, sensação que é acentuada pelas barras que se veem em fundo,
muito próximas, e pelo tamanho do homem. São seres humanos confinados ao espaço que sobra,
uma família pobre. O homem é trabalhador da construção civil, o que torna mais absurda a sua
situação naquele lugar onde não cabe, ele que constrói o espaço para os outros. É forte, tem

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mãos fortes de trabalhador, mas o que ganha não chega para construir uma vida que faça sorrir
a sua família. Tem um rosto anguloso, quase duro, digno. A seu lado, a mulher que lhe trouxe
o almoço ao trabalho olha-o com ternura e tristeza, sentada num tijolo, e tem um filho ao colo.
A criança, muito pequena, parece triste. Nenhuma das figuras nos olha e há intimidade entre
elas.
A pintura é áspera, como áspera é a vida dos trabalhadores. As cores frias dominam, exceto na
figura da mulher. Ela tem um xaile vermelho vivo, traz vida ao homem. Este vermelho,
combinado com a saia verde, confere harmonia e evoca a bandeira portuguesa. O homem está
vestido de um tom claro, quase branco e, apesar da aspereza da pintura, parece irradiar uma
certa luz que, conjugada com a sua força, faz dele uma espécie de herói em potência. Esta
conceção do trabalhador-herói é uma das marcas do Neorrealismo que defendia que a arte
deveria estar ao lado da luta dos proletários, pela sua libertação.

PÁGS. 142-144
LEITURA DO TEXTO
1.1 O autor do comentário é o narrador e os visados são António Barrasquinho, o Batola, e a
mulher.
1.2 Batola tem uma cara redonda, estatura pequena e pernas arqueadas. A mulher, pelo
contrário, é muito alta («ele quase não lhe chega ao ombro»), tem um rosto ossudo.
2.1 O Batola é um homem triste, sem qualquer interesse na vida que o estimule. O trabalho na
venda é enfadonho e ele também só o faz quando não tem alternativa. Porque, na verdade, o
Batola não faz nada, a não ser dormir, beber e arrastar a vida sonolento, sentado nos caixotes.
Vive numa imensa solidão e o único sentimento que o anima é a revolta contra a mulher. Ao
contrário do Batola, ela faz tudo na loja e em casa, ela põe e dispõe, toma as rédeas do negócio
e graças às suas decisões e atividade tem conseguido governar a vida. A consciência da
superioridade da mulher, afoga-a Batola numa embriaguez quase permanente e na raiva
geralmente contida, às vezes violenta. A saudade que sente do amigo Rata e das novidades que
este lhe trazia de outras terras que ia percorrendo, são bem o exemplo da triste solidão do
Batola. Ainda é mais significativo o facto de o Batola ter mudado de atitude, ter ganhado
energia e ânimo depois de receber, temporariamente, uma telefonia que lhe trazia o mundo
para dentro da venda. Sabia agora notícias, sabia como prosseguia a guerra, tinha os vizinhos a
falar, a ouvi-lo, a comentar, a conviver. Batola deixara de ser o lobo solitário que não suportava
a inutilidade da sua própria vida.
2.2 A mulher do Batola é uma pessoa dinâmica, segura, rude e seca. Ao contrário do marido,
toma decisões com lucidez. A vida dura e rotineira não a impede de seguir um rumo, com
determinação.
3. Ambos procuram ignorar-se. Batola aproveita o dinamismo da mulher para não fazer nada.
Finge não perceber que é ela a negociante, é ela quem dispõe de tudo o que diz respeito à casa
e à venda. A mulher segue em frente o seu rumo, como se o marido não existisse. Ele vinga-se
manifestando, contra ela, a raiva ou a violência. São dois seres, que, pela relação que
estabeleceram, vivem tristes e sós.
4. «A monotonia desolada» dos campos que avista, a pouca variedade da paisagem, a ausência
de vizinhança, «quinze casinhas desgarradas e nuas», fazem a personagem sentir-se ainda mais
presa na sua solidão.
5.1 a. O desejo de que o dia acabe e a monotonia da planície circundante fazem com que o
entardecer seja triste e transmita a noção de um tempo sem fim.
b. Os ceifeiros, quais figurinhas sempre iguais, fazem sempre o mesmo percurso a caminho de
casa, sempre curvados pelo cansaço.
c. Batola solta um longo suspiro magoado, semelhante ao de um lobo solitário.
5.2 Lentidão: demora, longe, vagarosamente

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Cansaço: carregado, cansada, dobradas, exaustos


Tristeza: tristeza, magoada, dolorido, trevas
5.3 O tempo, face à monotonia do lugar e à rotina das personagens, parece que parou. As
personagens fazem hoje o que fizeram ontem e o que irão fazer amanhã. O Batola não suporta
a dor do arrastar da vida, tanto mais que nem tem com o que se cansar como os ceifeiros.
6. Um vendedor para, ocasionalmente, no estabelecimento do Batola, porque o carro está a
precisar de água. Ao reparar que a casa tem ligação elétrica, vê, de imediato, possibilidade de
negócio. Mostra uma telefonia ao Batola e entusiasma-o com todas «as maravilhas» do aparelho.
Batola toma uma decisão: vai comprar a telefonia. Por imposição da mulher, que se recusa a
aceitar o negócio, o vendedor, propõe deixar o aparelho, à experiência, durante um mês, sem
custos de aluguer.
7. O espaço social é constituído por gente do campo, ceifeiros com uma vida dura e monótona,
gentes com pouco tempo e pouco dinheiro para distrações. A telefonia, com as notícias que
transmite, aproxima-os do resto do mundo; a música que se espalha pela venda é ouvida e
admirada em silêncio. As pessoas passam a trocar impressões entre si, sobre o que ouvem e,
uma vez até houve bailarico. A telefonia aproximou esta gente, isolada e só, do mundo que
estava para além das suas vidas monótonas e aproximou-os entre si pelo comércio que passaram
a ter.
7.1 Apesar de isolados do mundo, querem saber o que se passa no exterior. Ouvem, em silêncio,
as notícias da guerra. Batola espera, ansiosamente, pela hora das notícias.
8. Provavelmente o Batola tem razão. O Rata não estava tão confinado no espaço como os
outros. Vivia de esmolas que ia recolhendo em várias terras, algumas distantes da aldeia. Além
do sustento, trazia novidades que o Batola ouvia com entusiasmo de menino. Para surpresa de
quase todos, o Rata matara-se. O reumatismo tinha-o tornado incapaz de sair do seu espaço.
Batola parece ter confirmado naquele momento, aquilo de que já suspeitava. O Rata suicidara-
se por não se conformar com o isolamento e a solidão a que a doença o tinha obrigado. Agora,
a telefonia teria modificado o seu quotidiano e ter-lhe-ia restituído a vontade de viver.
9.1 Está em perfeita consonância. Era ela que geria a venda. Ela é que sabia o que negociar e
como negociar. Agora o Batola está decidido a comprar a telefonia e ela não se conforma.
Aquilo não tem, a seu ver, utilidade nenhuma. É um luxo, um desperdício de dinheiro e,
sobretudo, não é uma decisão sua. Por tudo isso, ela obriga o marido a fazer uma opção
decisiva.
9.2 Porque o vendedor, habilidoso, percebeu que a tática que usara para convencer o Batola
não surtia efeito com a mulher. Usou, então, um estratagema que a desarmou. Disse-lhe para
ficarem com o aparelho durante um mês, à experiência. Se depois não o quisessem, devolviam-
no e ele devolvia as letras que o Batola tinha assinado como pagamento. Além do mais, durante
esse mês iriam usufruir do aparelho sem pagar aluguer, o que, naturalmente, agradou à mulher
do Batola, como previra o vendedor, esperto e experiente.
10. A mulher do Batola acabou por se entusiasmar tanto com a telefonia como os restantes
habitantes do lugar, embora ninguém soubesse o que pensava ou sentia, pois não a viam.
Refugiava-se atrás das ripas e na venda pouco aparecia. Ninguém sabia exatamente o que
representava para ela aquela novidade, mas, conhecendo-a, acharam que ela nunca iria mudar
de opinião. Na última noite do prazo estipulado, todos sentiam que a felicidade fora efémera
e todos iriam voltar ao seu pequeno mundo fechado e taciturno. A mulher do Batola já decidira
– não queria perder a telefonia. Submissa, deu ao Batola a oportunidade da sua vida. Afinal a
mulher sentia, tanto como todos os outros, a necessidade de uma companhia, a necessidade de
quebrar o muro de solidão em que também ela vivia.

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PÁG. 144
GRAMÁTICA NO TEXTO
1. Quando o vendedor entra na loja do Batola, ou seja, no momento em que se opera a
mudança. Da conversa entre os dois homens resultará a vinda da telefonia para a loja do Batola.
1.1 Até esse momento as personagens intervenientes na ação são, quase exclusivamente, o
Batola e a mulher e, entre eles, não havia falas.
2. O homem respondeu, de novo risonho, que, por aquilo, não se pagava nada.
3. Adiantando-se até ao meio da venda, ela disse ao António, murmurando, que lhe queria pedir
uma coisa… (Nota: Há outras possibilidades.)
4.1 «Se o Rata ouvisse estas coisas» − oração subordinada adverbial condicional.
«não se matava» − oração subordinante.
4.2 O Rata não se matava se ouvisse estas coisas.
5.1 D
5.2 C
6. 1 − e; 2 − b; 3 − a; 4 − c; 5 – d.
7.1 O Batola.
7.2 Uma noção de tempo prolongado.

PÁG. 147
LEITURA DO TEXTO
1.1 B
1.2 B
1.3 A
1.4 C
1.5 D
2. Todas as alíneas apresentam frases com valor modal apreciativo. (avantaja-se), (um livro de
poesia que […] é dos mais significativos desse tempo, Rosa dos Ventos.)
3. Uma referência deítica com valor temporal. Através da expressão sublinhada, ficamos a
saber que o crítico se refere, especificamente, a um tempo que vai até à data em que está a
escrever o seu texto.

PÁG. 149
ORALIDADE
1. C; 2. B; 3. A; 4. C; 5. B

PÁGS. 155-157
LEITURA DO TEXTO
1.1 A comparação utilizada traduz a lentidão e, mais ainda, a dificuldade, o esforço para
prosseguir o caminho. Assinala como é penoso caminhar contra elementos adversos e prepara
a atmosfera pesada da vivência para a qual se encaminha a personagem.
1.2 George percorre uma longa rua que já percorrera há mais de vinte anos.
1.3 A personagem George sente que perdeu o rumo, a certeza do sentido orientador (da sua
vida). Mas perdeu muitas outras coisas além de um rumo seguro. Fica-nos a ideia de que George
está interiormente desorientada.
1.4 Se «perdeu» poderá ter sofrido e lamentar a sua sorte ou o seu excesso de esperança e
sonho. Se «largou», fê-lo voluntariamente, uma opção que pode ser ainda mais dolorosa ou
frustrante por depender, não do acaso, mas da sua própria vontade e capacidade de decisão.
2. a. O sujeito subentendido é «George e a outra»,

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b. Ss personagens andam em sentido contrário (e não lado a lado, como poderia parecer
inicialmente). Irão, pois encontrar-se frente a frente, como num espelho.
c. No 2.º parágrafo «Trazem ambas vestidos claros…»
3. Os pais tinham pouca instrução. O poder político da época não estava interessado em que o
povo aprendesse e conhecesse outras realidades para além das que faziam parte do seu espaço
social; assim não desenvolviam o espírito crítico, perigoso para um regime de ditadura.
4. Como todos os outros do mesmo meio, ora sentiam a superioridade do adulto perante
criancices, ora indignação, ora mesmo vergonha, por aquilo que, pensavam eles, faria rir os
outros.
5. Foi há mais de vinte anos («volta a passar depois de mais de vinte anos», l. 4). Partiu para
descobrir novas realidades, novas experiências, uma nova vida, com liberdade de escolha.
Partiu para romper com a vida convencional que lhe estava destinada.
6.1 Porque os factos não têm agora, para George, nada de significativo em si. Como tanta
gente, quis mudar, teve várias experiências amorosas, casou-se, divorciou-se, viajou muito.
6.2 A sucessão de verbos retrata a vertiginosa vida de George. Dá-nos a ideia de movimento
constante, de procura, de instabilidade emocional.
7. Evidencia a necessidade ou o desejo de não criar afetos, não estar «presa» a nada
emocionalmente. Só assim é completamente livre para viver, «senhora de si», ainda que esta
forma de estar na vida às vezes lhe doa («fazes isso, enfim, toda essa desertificação, com
esforço, com sofrimento» ll. 55-56). É uma forma de vida que propicia o vazio, a solidão, o
desencanto («os amigos que julga sinceros, sê-lo-ão»? ll. 53-54).
8. A misteriosa personagem com que George se encontra surge desde o início, quando caminham
devagar uma em direção à outra, «George e a outra cujo nome quase quis esquecer, quase
esqueceu» (ll. 9-10) e o rosto da outra é uma memória esbatida conservado numa fotografia
(3.º par.) e vai ganhando nitidez de traços − olhos, boca, cabelos, pescoço (4.º par). Esfuma-se
de novo (par. 12), até o rosto do presente − George − encontrar o rosto do passado, a jovem
Gi. «A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pintar» (ll. 78-80),
talvez na tentativa de se encontrar a si mesma. A partir daqui o diálogo é, realmente, um
encontro de George com a jovem que foi naquele lugar, por isso recorda detalhes como o do
alfinete de ouro e na despedida «não se tocam, nem tal seria possível, começam a mover-se ao
mesmo tempo, devagar, como quem anda na água ou contra o vento. Vão ficando longe, mais
longe. E nenhuma delas olha para trás. O esquecimento desceu sobre ambas.» (ll. 121-124) É
evidente que Gi é George e mora na sua memória.
9. Partir, mesmo sabendo que o fará sem aprovação da família e sozinha, já que o namorado
tem outros projetos que não passam por sair da região. Além disso deseja, sem apresentar
nenhum projeto definido, continuar a pintar.
9.1 Essa revelação corresponde, afinal, à memória de George que, face à imagem de si mesma
enquanto jovem, recorda os projetos que então fez: deixar tudo, partir, pintar.
10. Como vimos, na realidade, o encontro é consigo mesma, com a recordação de um tempo
passado, de um tempo que não deixou saudades, a que não se quer voltar, mas onde havia uma
jovem que nunca deixou de acompanhar George, que não se apagou da sua memória. Por isso,
a despedida não é dolorosa. Gi continuará lá atrás no tempo, sempre jovem e sempre presente
na memória de George.
11. fugir, perder, acabam, morrer, último suspiro, lágrima, chorar.
11.1 George sabe que o passado ficou definitivamente para trás. Vendeu a casa dos pais, já
não terá motivo para regressar, nem quer. Mas sente uma certa nostalgia pelo seu passado, por
o que ficou para trás. Contudo, uma parte de si mantém-se sempre distante, livre de emoções:
«uma simples lágrima no olho direito, o outro, que esquisito, sempre se recusa a chorar. É como
se se negasse a compartilhar os seus problemas, não e não.» (ll. 130-132). Note-se como as
lágrimas simbolicamente, acentuam a fragmentação da personagem. Por um lado, há a lágrima

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nostálgica do olho direito. Por outro a recusa dessa nostalgia através do olho esquerdo que
recusa a emoção.
12.1 «À sua frente uma senhora de idade, […] De idade não, George detesta eufemismos,
mesmo só pensados, uma mulher velha.»
12.2 Ambas surgem com contornos indefinidos, difusos e começam, pouco a pouco a tornar-se
mais nítidos.
13. Irritação. Não quer assumir a tristeza que, involuntariamente, sente.
14. Georgina é fruto da imaginação de George. Aparece do nada e quando George reabre os
olhos já lá não está. Fala sem voz, mas George ouve-a. Georgina não existe. Criada pela
imaginação de George, corresponde ao que ela supõe que poderá ser no futuro, daí a vinte e
poucos anos.
Como projeção da personagem, ela sabe tudo sobre George. Sabe que ela só vive em casas
mobiladas, sabe que hoje está triste, mas amanhã terá esquecido o encontro com o passado,
sabe que um dia ela irá ser velha e sentir-se só, sentir a falta de ligação à família, aos amigos;
irá sentir a falta dos afetos de que fugiu toda a vida, simples fotografias, por exemplo. George
refere o nome «Georgina» que vem na sequência natural da relação nome-idade: Gi (jovem,
diminutivo), George (adulta, nome artístico?), Georgina (nome de pessoa mais velha?
Verdadeiro nome?).
15. Pensar o futuro é a causa da dor de cabeça de George. Ela prevê que poderá ficar só, pois
não cultivou laços de amor ou de amizade; poderá sentir um imenso vazio perante a falta de
raízes ao que a rodeia. A sua «arma» é o dinheiro, o êxito a que corresponde mais dinheiro e
pensa que quem tem dinheiro nunca está só. Tenta convencer o seu «eu» futuro dessa verdade,
mas ela já lá não está. Esfumou-se, como se esfumou a certeza de George de que o dinheiro
superará todas as perdas.
16. O tema do conto é, precisamente, as três idades da vida − juventude, maturidade, velhice.
Estas três idades não são apresentadas linearmente, e o leitor vai-se apercebendo de cada
etapa, ao fazer «a viagem» com o narrador. A memória − apresenta-nos pinceladas do passado
e seus problemas através da personagem Gi.
O comboio vai ser a representação real dessa viagem do passado para o futuro. E a viagem de
comboio que propicia o encontro com Georgina, é a viagem de comboio que propicia a reflexão
e a imaginação. Georgina, a senhora velha, é uma projeção do que poderá ser a George real e
atual.

PÁG. 157
GRAMÁTICA NO TEXTO
1.
1. E
2. C
3. F
4. A
5. D
6. G
7. B
2.
A. Espantam-se em uníssono (oração subordinante) / embora o espanto seja relativo (oração
subordinada adverbial concessiva)
B. Se houve um momento de nitidez no seu rosto (oração subordinada adverbial condicional),
George não deu por isso (oração subordinante) / ele já passou, (oração coordenada copulativa
assindética)

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C. Não lhe causa estranheza (oração subordinante), que Gi continue tão jovem (oração
subordinada substantiva completiva); que podia ser sua filha. (oração subordinada adverbial
consecutiva)
3. a. Mas, tal como essas pessoas, tem, vai ter, uma voz muito real. (noção de tempo futuro)
b. A figura vai-se formando aos poucos. (noção de tempo prolongado)
c. Verá que há de passar, tudo passa. (noção de tempo futuro)

PÁG. 159
EM SÍNTESE
1. Sugestão (tópicos): George, personagem desenquadrada do seu meio familiar.
Quer ser livre, senhora de si.
Já famosa, volta ao passado e a memória causa-lhe alguma perturbação. Pensar no futuro, leva-
a a imaginar que provavelmente estará só, sem memórias, sem passado. Com dinheiro, apenas.
2. Em diálogo, Gi poderá mostrar os inconvenientes de partir e George os de ficar. George
poderá contar a Georgina os seus medos futuros, face à sua reação às perdas passadas. (Há
inúmeras possibilidades, a partir das sugestões que o conto nos dá. As personagens deverão
apresentar argumentos convincentes.)
3. A busca de liberdade, de autonomia, de uma imagem de segurança de si própria. Os custos
dessa conquista – o vazio, a solidão, o silêncio, a dor oculta.

PÁG. 162
ORALIDADE
Sobre a apreciação crítica oral, o aluno deverá mobilizar os conhecimentos e competências
adquiridos nos anos anteriores, nomeadamente, no que diz respeito à integração de:
− descrição sucinta do objeto (festival Escritaria);
− apresentação de uma apreciação pessoal fundamentada.

PÁGS. 165-166
LEITURA DO TEXTO
1. O elemento central é um objeto insólito: uma bicicleta erguida a dez centímetros do chão
por suportes de ferro. A sua originalidade consiste em que o pedalar da bicicleta permite
acionar as luzes de um semáforo. Este objeto insólito era, já nesse tempo, o único semáforo do
mundo movido a pedal.
O lugar em que se situa este semáforo é um cruzamento, no cimo de uma longa rua do Porto.
Teve vários outros destinos previstos, mas acabou aqui por ser um local pouco movimentado.
2.1 Cada grupo é constituído por elementos da mesma família − avô, filho, neto, bisneto
(semaforeiros) ou pai, filho e neto (médicos).
2.2 O médico que morava na zona antes da chegada dos semáforos não gostou que lhe
impusessem quando tinha de parar. Segundo ele, ia contra a sua liberdade não poder atravessar
a rua quando quisesse. O semaforeiro sentiu-se ofendido e passou a dificultar-lhe a passagem.
Assim nasceu um conflito de gerações.
3. Os semaforeiros eram originários da Galiza. Eram muito empenhados na sua profissão, que
exerciam com prazer e orgulho.
4. Os médicos têm em comum a inimizade aos semaforeiros. Ao contrário dos semaforeiros,
têm características que os distinguem. Um dos médicos só via doentes e doenças à sua volta.
Queria tratar toda a gente de doenças que eventualmente teriam, sem que os próprios
quisessem ser tratados. Outro dos médicos achava que os seus diagnósticos estavam,
provavelmente errados e aconselhava os doentes a procurarem uma segunda opinião. O mais
novo dos médicos desta história pouco ouvia das queixas dos doentes. Só lhe interessava

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explicar, sempre com o mesmo palavreado, a origem das doenças. Cada um era muito original
na diversidade das suas manias.
5. Sugestão: Os semaforeiros: trabalhadores ciosos da sua profissão mesmo que não tenha
importância social ou utilidade nenhuma.
Os médicos: nível social superior aos semaforeiros. Desempenham uma atividade
imprescindível, mas revelam ou prepotência, ou insegurança ou conhecimentos apenas
teóricos.
6. A ação é linear. Consiste na inimizade de duas famílias, por um motivo fútil, mas suficiente
para se transmitir de geração em geração. Como as duas famílias habitam o mesmo espaço, a
ação concentra-se no Porto, «na infrequentada Rua Fernão Penteado, na interseção com a
travessa de João Roiz de Castel-Branco» (ll. 15-17).
7. Simbólica a forma como, no início do século XIX o jovem engenheiro francês convenceu um
autarca do Porto de que criara um semáforo moderno − ignorância dum responsável municipal
ou corrupção (com garrafas de Bordéus)?
Simbólico que só uns anos depois, durante a Primeira Guerra, uma inspeção da Câmara tenha
descoberto o óbvio e «importantíssimo» facto de que a roda da frente da bicicleta, neste
caso, não servia para nada. Não deviam ter ocorrências realmente importantes para
inspecionar.
Simbólico ainda que após duas guerras mundiais e uma revolução que alterou profundamente o
país, a inimizade entre as duas famílias se mantivesse incólume e inalterável.
8.1 Ironia.
8.2 a. Ironicamente associa-se o projeto e as garrafas de Bordéus na decisão do autarca. Uma
discreta denúncia de corrupção.
b. Luminoso não por ser um sistema brilhante, mas porque fornece luz ao semáforo.
c. Mais uma crítica à corrupção − o semaforeiro escolhido não tinha referências específicas para
o cargo, mas curiosamente «era familiar do proprietário dum bom restaurante».
d. Não era preciso uma inspeção da Câmara para chegar a essa conclusão. Aliás nem a roda da
frente, nem a de trás serviam para nada. Enfim, um objeto insólito em que se gastou dinheiro
desnecessário (o que acontece com frequência).
9. O médico que precisava de atravessar frequentemente a rua para observar as pessoas que
circulavam e que ele queria convencer a consultá-lo por, na sua opinião, terem aspeto de
doentes.
A insegurança do médico nos seus diagnósticos. Em vez de se aperfeiçoar, passava «grande
parte do tempo livre à janela, a encandear Ximenez com um espelho colorido». O insulto
«Arrenego de ti galego» fórmula semelhante a muitas outras que traduzem o repúdio pelos
imigrantes. (sugestões)
10. Nota: As opiniões poderão ser diferentes mas há uma crítica que não deve ser desvalorizada:
o ridículo de uma inimizade tão profunda, que resiste ao tempo e aos conflitos armados, que
atravessa gerações e acaba como começou − agora é o médico que, temporariamente, faz
funcionar o semáforo que estivera na origem da discórdia

PÁG. 166
GRAMÁTICA NO TEXTO
1. 1. A. 2 B. 4 C. 1 D. 6
2. Aspeto perfetivo: a.; c. Aspeto imperfetivo: b.; d.

PÁG. 168
LEITURA DO TEXTO
São falsas: C e E.

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C. O cómico advém de situações recriadas do quotidiano − como um semáforo com a


particularidade de ser acionado por uns pedais de bicicleta; de jogos de linguagem («Altas
horas da madrugada, avô, neto e bisneto foram vistos de ferramenta em riste a afeiçoar
pormenores». e do recurso à ironia («A autoridade gostou do projeto e das garrafas de Bordéus
que o jovem engenheiro oferecia».)
Nota: Há vários outros exemplos possíveis, se se pretender justificar com exemplos (o que não
é exigido, mas torna a resposta mais completa).
E. Não. São frequentes as expressões coloquiais como, por exemplo, «Por uma dessas
alongadas ruas do Porto, que sobe que sobe e não se acaba» ou o registo informal «Ó Paco, dá
lá um jeitinho!»

PÁG. 169
LEITURA DO TEXTO
1.1 C
1.2 D
1.3 A
2. B e C
B. «más capas» é o complemento direto. O verbo «haver» não tem sujeito.
C. Esta frase é constituída por uma oração subordinada substantiva completiva e uma
subordinada adjetiva relativa restritiva.

PÁG. 172
LEITURA DO TEXTO
1. Uma ida à Praia das Maçãs para comprar mantimentos.
2. Foi escrito em casa do autor do diário (aqui), depois de terem vindo da Praia das Maçãs
(hoje).
3.1 «nós» − sujeito; «(l)o» − complemento direto.
3.2 «Nós» − o autor e a mulher, Regina. «lo» − o mar
3.3 Ver o mar por entre os prédios era como estar a vê-lo numa espécie de moldura. Faltava-
lhe o movimento na sua totalidade, grandeza.
4. Intimista. O autor refere, prioritariamente, o que sente perante a grandeza do mar. Sente-
se feliz e, de olhos semicerrados, deslumbra-se com a imensidão do mar, sente-o como um
imenso abraço da natureza. «E a amplidão de uns braços abertos ao tamanho do Universo.»
6. Causaram-lhe, enquanto as sentiu, a sensação de estar trinta anos mais novo. Quando se
sentou a escrever e pensar, recuperou os trinta anos quetinha rejuvenescido.

GRAMÁTICA NO TEXTO
São falsas: B, C, D.
B. Tem a função de nome predicativo do complemento direto.
C. A primeira é um nome e a segunda é um advérbio. A primeira formou-se por derivação
imprópria.
D. Tem a função de sujeito.

PÁG. 173
LEITURA DO TEXTO
1. Os rios da minha vida. (exemplo)
2. A noção de que o autor está próximo do rio Douro, ou mesmo a vê-lo.
3. As águas do rio refletem os planaltos das margens. Foi nessa zona de montanha, ao longo do
Douro, que o autor passou a sua infância.

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4. Um é impetuoso, tem maior caudal e atravessa obstáculos naturais que lhe tornam o percurso
agitado. É o rio Douro. O outro, o Mondego, tem pouco caudal e desliza, tranquilamente, por
entre as margens.
5. Para o autor falar de si, das suas angústias.
6. Todos temos os nossos percursos, as nossas mudanças, as nossas dúvidas… Enquanto vivos,
não somos unos.
7. Ironia.
8. «Na paisagem da minha vida há dois rios» (ll. 1-2) (metáfora), «o segundo […] magro,
paciente» (l. 8) (personificação). (sugestões)

PÁG. 174
GRAMÁTICA NO TEXTO
1. «ambas, misturadas, conseguirão o milagre.»
2.1 Na primeira frase, «ser» é um verbo na segunda, um nome.
2.2 Formou-se por derivação imprópria.
3. «da meninice», «da maturidade»

PÁG. 175
LEITURA DO TEXTO
1.1 Decidiu fazer o dia 30 de fevereiro.
2. O facto de ser o único mês que nunca vê o dia 30.
3. Para registar as memórias dos dias que não existem no calendário, como o dia 30 de
fevereiro. Que o dia exista ou não é irrelevante. O que interessa é que o facto fique registado
(como a queda «na rua abaixo»)
4. Que é um diário intimista pois aparenta revelar confidências do autor, decorrentes da sua
reflexão sobre o mundo, a vida, as pequenas questões do quotidiano.
5. Diário em tom jocoso. Porque o tema desta página assim o sugere – criar um dia é um desejo
demasiado fantasioso.
6. O autor poderá ser o próprio Afonso Cruz, atendendo à forma divertida e pouco convencional
de apresentar dados biográficos.

PÁGS. 176-179
FICHA FORMATIVA
Leitura/Escrita
1. Sem dizer nada, como se o marido não existisse, ela vai tomando as rédeas do negócio. Trata
de tudo, altera decisões dele, faz como ela entende que deve ser feito, sem lhe dar satisfações.
2. A atitude dela é de completa indiferença. Pouco ou nada lhe diz, mantém um ar distante. A
raiva dele não parece afetá-la.
3. Como não tem força para se impor à mulher, mesmo que lhe bata, como sabe que ela á
muito mais ativa e eficiente do que ele, o Batola adormece a sua raiva contra a mulher
mantendo-se quase sempre bêbado, alheio, portanto, à realidade.
4. Esse crime sem perdão é a velhice. Na velhice a pessoa deixa de ser tratada com respeito,
com amizade. É esquecida, marginalizada, como se tivesse cometido um crime hediondo. A
velhice representa o que todos querem esquecer − que o seu tempo de ser velho também
chegará.
5. George está irritada porque não quer admitir, nem para si própria, que o «simples encontro»
a perturbou. Quer convencer-se que o que acaba de deixar para trás, a memória do seu tempo
de juventude, é apenas um episódio na sua vida de mulher livre e realizada.

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6. É movido pelo pedalar de um semaforeiro. O doutor Bekett é um médico singular porque


anda nas ruas a captar doentes. Diz às pessoas que não estão com bom aspeto e procura
convencê-las a utilizar os seus serviços.
7. O médico, nesta sua tarefa de arranjar doentes precisa de circular livremente e o semáforo
não o permite. Desta implicância nasceu uma inimizade que passou de geração em geração.
8. A desavença teria sido mais grave ou mais dolorosa se em alguma das famílias houvesse
alguém apaixonado por um elemento da outra família (a lembrar Romeu e Julieta ou tantas
novelas de Camilo Castelo Branco).
Leitura/Gramática
1. B
2. C
3. D
4. C
5. «o trabalho com a linguagem»
6. Para um leitor destacam-se algumas características constantes até hoje − oração
subordinante; que venha acompanhando a obra desde os seus primórdios − oração subordinada
relativa restritiva.
7. Se fizermos uma conta simples, verificamos que Mário de Carvalho publica em volume há
mais de trinta anos.
8. Servem para intercalar exemplos do que foi anteriormente referido.
Escrita
O texto de opinião deve ser organizado, segundo um plano prévio, em três partes: introdução,
desenvolvimento, conclusão.
O texto deve:
− respeitar o tema;
− mobilizar informação adequada;
− explicitar um ponto de vista sustentado em argumentos e respetivos exemplos;
− usar um discurso valorativo (juízo de valor implícito ou explícito);
− apresentar coerência, coesão, clareza e concisão.
A revisão textual deve verificar:
− a correta marcação e proporcionalidade dos parágrafos (introdução e conclusão muito breves,
desenvolvimento mais extenso);
− o encadeamento lógico das ideias, com uso dos conectores;
− a adequação do vocabulário;
− a correção ortográfica e sintática;
− a pontuação adequada.

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