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Correção dos exercícios da p.

65 do manual sobre o conto


“História”, de Irene Lisboa
1.1. O conto pode ser dividido em duas partes. Indica-as e
redige uma síntese para cada parte.

• 1.a parte (ll.1-60):


Um príncipe andava a passear e caiu num poço seco, sendo, dias
mais tarde, resgatado depois do pedido de ajuda de uma rapariga
pobre que ouvira sons quando por ali passava.

• 2.a parte (ll.61-118):


O príncipe moribundo é levado para casa da rapariga, onde é
tratado até à sua recuperação. Durante este período afeiçoou-se
à jovem e à casa, acabando, no final, por ficar com ela e tornar-
se num simples cavador.

1.2. A ação é aberta ou fechada? Justifica a tua resposta.

A ação é fechada, pois sabemos o que aconteceu ao príncipe:


apaixonou-se pela rapariga do campo e ficou a viver com ela,
tornando-se num simples cavador. Como diz o narrador: «Mais não
reza história.»

2.1. Localiza a ação no espaço físico.


A ação decorre, em primeiro lugar, num poço que ficava num «campo»
deserto. Depois do salvamento, na casa da rapariga do campo.

2.2. Identifica os espaços sociais em confronto no texto.

• A nobreza (espaço onde o príncipe circulava→ riqueza: palácios).


• O povo (espaço onde a rapariga do campo se movia→ pobreza).

3.1. Transcreve uma expressão textual que permita localizar a


ação no tempo histórico.
• «No tempo dos príncipes» (l. 1).

3.2. Comprova, com expressões do texto, que as referências


temporais são imprecisas.
Todas as referências temporais remetem para um tempo impreciso:
o o príncipe caiu «um dia» dentro de um poço, talvez de tarde,
tendo passado a noite sem conseguir sair: «um dia» (l. 2);
o «Entretanto desceu a noite» (l. 9)...
4. Classifica o narrador quanto à sua participação na ação.
Justifica a resposta.
O narrador é não participante porque não participa na ação como
personagem, narrando a história na 3.ª pessoa.

5.1. Classifica as personagens quanto à sua importância na ação.

• Príncipe: principal ou protagonista;


• Rapariga do campo: secundária;
• Dois homens: secundárias;
• Dois ou três pares de namorados: figurantes.

5.2. Faz a caracterização física e psicológica do príncipe e da


rapariga do campo.
• Príncipe:
era jovem («moço»), «belo» e «rico». Antes de cair no poço, era
feliz («Nos seus dias felizes») e, talvez, um pouco fútil («estaria
talvez presidindo a algum rico festim»). Enquanto estava no poço,
passou os piores momentos da sua vida («Baixou a cabeça e
ainda pôde verter duas lágrimas, não de saudade, mas de
acabrunhamento»). Após ser salvo, sente-se feliz e em paz, pois
descobre a beleza da vida num ambiente pobre e simples
(«Sentia uma paz tão grande naquela solidão que se julgava feliz.
Esqueceu-se da própria família e dos seus palácios»; «Este ia
recobrando a alegria»), tornando-se num «cavador». Revela
gratidão e amor pela rapariga do campo («E uma ambição tomava
conta dele: entrar na vida daquele perfeito ser»).

• Rapariga do campo:
era uma jovem camponesa («rapariga do campo»),
extremamente pobre («a casa da mais pobre das mulheres»),
solidária e solícita, pois procura ajudar o príncipe a sair do poço
e a tratá-lo na sua pobre casa («deixava-o tratado», «a rapariga
lembrava-se de levar bonitos raminhos para o quarto do doente»).
Vivia feliz na sua pobreza («Prendas para quê? […] se a mim não
me falta nada!», «Tanto vale o pouco como o muito»), não
invejava os outros («nunca me dá cuidado o que os outros têm.»;
«nunca tive invejas»). No final, revela também amor pelo jovem
(«era também isso que eu estimava»).
5.3. Indica os processos de caracterização destas duas
personagens.

Príncipe:

• Direta no retrato físico inicial e na informação final sobre a vida


que passa a ter;
• Indireta no retrato psicológico, pois a sua caracterização é feita a
partir dos seus pensamentos e das suas atitudes.

Rapariga do campo:

• Direta no retrato físico;


• Indireta no retrato psicológico, pois a sua caracterização é feita a
partir dos seus pensamentos e das suas atitudes.

6.1. Seleciona, no conto, sequências exemplificativas dos vários


modos de representação do discurso.

• Narração:
«O triste moço, todo arranhado, quando deu consigo no buraco
negro onde caíra barafustou, gritou e gastou as unhas nas
pedras, mas tudo em vão.» (linhas 6-8); «Dito isto, de chacota,
começaram a limpar a boca do poço. E um, depois, desce por
uma corda abaixo.» (linhas 57-58).

• Descrição: «Os morcegos adejavam, os mochos piavam, os


ralos faziam aquela doce e longa chiada que dá tanta animação
às horas serenas da noite...» (linhas 9-11); «Ficava esta num
descampado, com umas rosinhas à frente e uma horta nas
traseiras, pouco maior que um lenço de assoar. Da porta não se
avistava nenhum povoado, mas dava-lhe o sol por todos os
lados.» (linhas 72-75).

• Diálogo:
«Mas tem agora às suas costas este empecilho, interrompeu-a
ele. / Foi assim que me entendeu? / Ora, ora, ora. / Devo-lhe a
vida, uma nova vida... / Cale-se aí, e ponha-se rijo. Sabe qual é a
mais rica prenda que me pode dar? / Não posso saber. / Vê-lo
sadio.» (linhas 95-100).
• Monólogo:
«Quem sabe se o andariam a procurar?» (linhas 17-18); «Que noite
tão grande! E tão triste.» (linha 26).

6.2. Justifica a seleção que fizeste.

Narração:
relato de acontecimentos/ações que representam momentos de
avanço na ação, como se pode verificar na predominância de
verbos no pretérito perfeito («deu», «gritou», «gastou»,
«começaram a limpar») e de nomes («moço», «buraco», «unhas»,
«pedras», «boca do poço», «corda»).

Descrição:
momento de pausa na ação para transmitir informações, no primeiro
caso, sobre os barulhos provocados pelos animais noturnos e, no
segundo, sobre a casa da rapariga do campo. Verifica-se, assim, o
predomínio de verbos no pretérito imperfeito («adejavam»,
«piavam», «faziam», «Ficava», «não se avistava», «dava-lhe»), o
uso de adjetivos («doce e longa», «serenas») e a ocorrência de um
recurso expressivo («pouco maior que um lenço de assoar») a
indicar o tamanho da horta.

Diálogo:
conversa entre o jovem príncipe e a rapariga do campo que contribui
para o dinamismo da narrativa.

Monólogo:
o príncipe é simultaneamente locutor e interlocutor, revelando,
assim, os seus próprios pensamentos e emoções.

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