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SEMPRE É UMA

COMPANHIA

Trabalho realizado por:


Miguel Câmara nº8
Rita Santos nº12
Sandra Gonçalves nº13
Sandrina Santos nº14
Beatriz Serrão nº17
Disciplina: Português
Ano letivo 2023/2024 Turma: 12º4
Manuel Lopes Fonseca

Nasceu em Santiago do Cacém a 15 de Outubro de 1911 e faleceu em Lisboa no dia 11 de


Março de 1993.
Escritor, poeta, contista, romancista e cronista, Manuel da Fonseca fez parte do grupo do
Novo Cancioneiro e é considerado por muitos como um dos melhores escritores do neorrealismo
português. Nas suas obras, carregadas de intervenção social e política, relata como poucos a vida dura
do Alentejo e dos alentejanos. Era presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores quando esta
atribuiu o Grande
Prémio da Novelística a José Luandino Vieira pela sua obra Luanda, o que levou ao encerramento desta
instituição
OBRA
• Integra-se, com o segundo livro de poemas,
Planície (1941) de Manuel Fonseca
• Ao longo do livro o narrador é:
-Heterodiegético (observador)
-Omnisciente
-Ponto de vista subjetivo

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Resumo
O conto situa-se na época da II Guerra Mundial e narra-nos a história de um casal que possui uma venda numa aldeia
alentejana e cujo quotidiano é caracterizado pela solidão, pelo isolamento do mundo, pela monotonia e tédio e pela
agressividade entre os membros desse casal.
Este panorama é alterado com a chegada de dois vendedores de telefonias, que convencem o Batola, a personagem
principal, a comprar um aparelho. Perante a oposição da mulher, um dos vendedores propõe uma compra à condição: a
telefonia ficará à experiência durante um mês. Passado esse tempo, se não a quiserem, poderão devolvê-la e receber de volta
as “letras”.
A aquisição do aparelho provoca uma mudança enorme na povoação e na vida dos seus habitantes: os ceifeiros
dirigem-se todos à venda do casal para ouvir as notícias da guerra, saem de lá “alta noite” e a discutir o que ouviram “numa
grande animação”. As mulheres deslocam-se igualmente para a venda após a ceia, para ouvir as melodias e até (as “velhas”
dançar ao som da telefonia. Os aldeãos sentem-se, assim, agora, mais próximos do mundo, por consequência menos isolados
e solitários.
Esta mudança acaba por se estender à própria mulher do Batola, que abandona a sua prepotência e o seu
autoritarismo e se mostra submissa, pedindo ao marido para ficarem com a telefonia, visto que “é uma companhia” naquele
deserto.
Batola
António Barrasquinho mais conhecido por Batola
(nome e alcunha típicos do Alentejo), é a
personagem principal do conto. Conhecido por ser
um senhor corpulento, de estatura baixa, preguiçoso,
sonolento, abatido e alcoólico, sendo violento
quando fica embriagado.
Personagens
secundárias

-Mulher do Batola é trabalhadora, incansável, "alta, grave, um rosto ossudo",


autoritária e sossegada;
- Rata era um mendigo que viajava muito, contando depois todas as suas
aventuras ao Batola. Quando deixou as viagens de lado, acabou com a sua própria vida;
- “Comerciante”, personagem que vende telefonias, é um homem elegante,
amável, convincente e calculista;
- Os habitantes de Alcaria.
Evolução das relações entre
as personagens:
- Batola e a Esposa
- Os aldeões e Batola
- Rata e Batola
Batola e a Esposa

Inicialmente tinham uma relação conflituosa, sendo


que a esposa sofria de violência doméstica.
Posteriormente, o seu casamento melhorou
substancialmente, passando a ter uma convivência de
maior paziguidade.
Rata e Batola

Antigamente, quando Rata ainda era vivo, era


ele que dava entusiasmo a Batola, com as
histórias das suas viagens. Após a sua
morte, Batola caiu na monotonia e deixou
de sentir euforia, o que mudou com a
compra da telefonia.
Os Aldeões e Batola
A princípio, os aldeões tinham elevadas cargas de
trabalho e uma vida árdua, ficando impacientes
para convivência no café do Batola.
Após a aquisição da telefonia, o convívio voltou e os
aldeões reuniam-se todos a ouvir e a celebrar as
notícias do mundo.
Espaço físico Espaço psicológico
Concentração, claustrofobia, prisão e isolamento:
• Aldeia de Alcaria, no Alentejo profundo (na O narrador adota o ponto de vista do protagonista,
primeira metade da década de 40 do século xx) revelando os seus sentimentos e pensamentos
• Ação concentrada na casa do Batola e da mulher, Exemplo:
um espaço formado pela parte habitável e pelo
estabelecimento (a «venda»). «Os olhos, semicerrados, abrem-se-lhe um pouco
mais para os campos. Mas fecha-os logo, diante
Exemplo: daquela monotonia desolada.» «Depois disso, para
qualquer parte que volte os olhos, estende-se a
«[…] aí umas quinze casinhas desgarradas e nuas; solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que
algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que dorme
que estão no fundo dos córregos.» profundamente. Oh, que despropósito de plainos
sem fim, todos de roda da aldeia, e desertos!»
Espaço sociopolítico
-Atraso cultural de Portugal No Estado Novo. Exemplo:

-Localidade rural isolada do mundo e parada no «Um sopro de vida paira agora sobre a aldeia.
tempo sendo a casa de Batola é a única que tem Todos sabem o que acontece fora dali. E sentem
eletricidade (fundamental para a instalação da que não estão já tão distantes as suas pobres
telefonia) casas. Até as mulheres vêm para a venda depois
da ceia. Há assuntos de sobra para conversar. E
-Isolamento atenuado com a introdução da telefonia grandes silêncios quando aquela voz poderosa
— linha de comunicação com o resto do País e com o fala de cidades conquistadas, divisões vencidas,
mundo bombardeamentos, ofensivas. Também silêncio
para ouvir as melodias que vêm de longe até à
aldeia, e que são tão bonitas!...»
Solidão e convivialidade
1.ª parte da narrativa. 2.ª parte da narrativa

Isolamento geográfico da aldeia e solidão do Aquisição da telefonia: Os habitantes saem à noite


Batola: para ouvir notícias do mundo, conversar e ouvir
música.
-Afastamento e silêncio na relação com a mulher
Exemplo:
-É comerciante, mas a maior parte da população
trabalha no campo e frequenta pouco a sua loja. «E os dias passam agora rápidos para António
Barrasquinho, o Batola. Até começou a levantar-se
-Convivia apenas com o Rata, mas este suicida-se cedo e a aviar os fregueses de todas as manhãzinhas.
Assim, pode continuar as conversas da véspera. Que o
Batola é, de todos, o que mais vaticínios faz sobre as
. coisas
começada guerra. Muito
a consultar o velhoantes dopreso
relógio, meio-dia
por umjáfioele
. começa
de ouro aaoconsultar
colete.» o velho relógio, preso por um fio
Importância das peripécias inicial e final

• Na peripécia inicial, encontramos um Batola


frequentemente bêbedo e depressivo, que acumula dentro
de si o ressentimento, a raiva e a revolta contra a
prepotência e o autoritarismo da mulher e a espancar
periodicamente. Exemplo disto é o episódio em que uma
criança vai à venda comprar café e Batola se demora para
não ter de o atender, esperando que seja a mulher a fazê-lo.
Importância das peripécias inicial e final

● Na peripécia final, a situação altera-se e o conto termina


com a mulher pedindo-lhe com delicadeza e alguma
ternura que compre a telefonia, o que comprova a mudança
do comportamento e da relação destas personagens, até
porque antes tinha ameaçado sair de casa se o marido a
adquirisse. Assim sendo, é possível deduzir que o casal se
aproximou e que ressurgiram os afetos entre ambos.
Importância das peripécias inicial e final

• A telefonia transmite música e notícias. Aquela traz alegria


às pessoas, mais convívio, e corta o vazio, a solidão e a
tristeza das suas noites. Por seu turno, as notícias permitem
que a aldeia contacte com o país e o mundo, quebrando o
isolamento em que a população vivia.
• Esta mudança tem consequências na vida dos habitantes da
aldeia, pois continuarão a poder juntar-se e conviver, à
noite, na venda, ao som da música e das notícias do
exterior.
Linguagem e estilo

● Simplicidade da linguagem (predomínio de termos monossémicos)


● Escassez de expressões dubitativas
● Presença de regionalismos e expressões populares
● Predomínio da linguagem denotativa com função imformativa ou referencial
Recursos expressivos

Metáfora Personificação
"A noite vem de longe, cansada, tomba tão
“Fora esperava-os o negrume fechado. E eles
vagarosamente que o mundo parece que vai
voltavam para a escuridão, iam ser, outra vez, o
ficar para sempre naquela magoada penumbra."
rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a
terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço e pela
noite. “

Hipérbole
“O sol faz os dias do tamanho de meses”
Intertextualização
O tema das relações conjugais é um assunto destacado tanto na "Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente, como
no conto "Sempre é uma companhia" de Manuel da Fonseca.

Farsa de Inês Pereira


Na "Farsa de Inês Pereira", Inês Pereira casa-se com o Escudeiro, com quem idealizou um
casamento feliz e livre, com o intuito de se livrar das atividades domésticas. No entanto, assim que se
deparam sozinhos, esta vê-se sujeita a uma série de regras ordenadas pelo marido, entre as quais, o seu
encarceramento. Nesta situação, o Escudeiro é completamente autoritário. Mais tarde, este acaba por
morrer na guerra e Inês casa-se com um antigo pretendente, Pêro Marques, que realiza todos os desejos
da mulher, no casamento recente, Inês aproveita a ingenuidade do marido e trai-o descaradamente,
chegando mesmo a ser Pêro Marques a carrega-la às costas até ao local de encontro com o amante.
Intertextualização

Sempre é uma companhia


No conto de Manuel da Fonseca, relata-se a rotina numa aldeia do Alentejo, em que o
protagonista é o Batola, Este é casado com uma mulher muito trabalhadora, que domina completamente
o casamento. A relação entre eles é marcada por um aparente vazio e frieza. Batola vive num estado de
tensão, ira e revolta para com a mulher, o que desencadeia uma certa violência. No entanto, o
casamentoé de certa forma modificado com a introdução da telefonia, ao qual a mulher se rende à
decisão de Batola.
Farsa de Inês Pereira Sempre é uma companhia
Tanto Inês Pereira como Batola são duas personagens preguiçosas, que evitam o trabalho. no
casamento com o Escudeiro, verifica-se o mesmo que no casamento de Batola: a mulher acaba por se
submeter e render à vontade do marido (no caso de Inês, esta rende-se às regras do marido; no caso da
mulher de Batola, esta aceita a decisão do marido ao ficar com a telefonia). No casamento com Pêro
Marques, também se verificam semelhanças, relativamente ao casamento de Batola no início do conto. A
mulher tem uma personalidade dominante, fazendo aquilo que quer.
Assim se verifica a existência de semelhanças entre as relações conjugais nas duas obras.
OBRIGADO!

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