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RELAÇÃO ENTRE AS PERSONAGENS
HABITANTES
BATOLA VENDEDORES
MULHER O vendedor e
Calcinhas trazem a “civilização” à aldeia de
Nesta Alcaria e permitem a ligação dos seus
relação fria e infeliz, é abordado o tema da habitantes ao mundo.
repressão sexual a que as mulheres nas
décadas de 40/50, sobretudo num SOLIDÃO E CONVIVIALIDADE
ambiente provinciano, estavam sujeitas. Em Alcaria, movimentam-se personagens
Apesar de ditar as leis quanto à pobres, marginais (o relembrado Rata)
organização da casa e da venda, a mulher mas, acima de tudo, personagens
de Batola era vitima de violência física e solitárias, inadaptadas à triste realidade
estava submetida ao poder varonil de em que vivem. Tudo muda com a chegada
quem descarrega as frustrações da sua da telefonia.
Força motriz que altera o
solidão permanente na pessoa com quem
partilha esta mesma existência solitária. O modo de vida daquela
equilíbrio é atingido quando a mulher aldeia
observa as transformações que se
operaram em Batola durante o período da
experiência da telefonia, dirigindo-se de Os aldeões passam a jantar à pressa para
forma conciliadora ao seu marido. voltarem a venda. Deslumbrados pela
súbita ligação ao mundo, por saberem “o
que acontece fora dali”, sentindo que “não
CASAL HABITANTES DA estão já tão distantes as suas pobres
ALDEIA casas”. A animação reina na pequena
povoação e os dias passam tão velozmente
Entre este casal e os habitantes da aldeia que nem percebem que o período de
há uma relação distante, devido à árdua experiência (1 mês) está a terminar. A
vida dos ceifeiros no campo, que lhes tira a venda acaba por ser o epicentro de um
vontade de conviver no fim de mais um dia universo onde se encontram histórias mais
de jornada. No entanto, a partir do dia em ou menos picarescas, mais ou menos
que a telefonia se instala na venda, tudo se dramáticas, mas onde há, acima de tudo, o
altera e o convívio é evidente. abrir-se ao outro.
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Na terceira sequência
3ª narrativa, esboça-se o retrato
Realidade
George recusou ser igual a
de uma idosa, Georgina, de 70 anos, com
que George conversa – a terceira etapa da tantas outras mulheres
vida. O ciclo completa-se e a foto de Gi que daquela vila, daquela época. Abandonou o
acompanha George é a mesma que agora seu diminutivo (Gi), abandonou
aparece, com o pormenor dos óculos. A convenções, desatou laços afetivos e
idosa confronta George com as suas tornou-se dona de si mesma, conseguindo
opções de vida concretizar o seu sonho de ser pintura.
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COMPLEXIDADE DA NATUREZA
HUMANA
A solidão é presença
indelével num conto
marcado pela inquietação e
pela profunda consciência
da passagem do tempo e do vazio da
existência. O encontro com o fantasma do
futuro, a velha Georgina, é a certeza de que
a condição de exílio que a personagem para
si escolheu ao negar casas próprias,
mobílias ou bibelots que carregam
recordações levou a uma existência
“desertificada”.