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CLC5 – Cultura Manual

CULTURA, LÍNGUA E
EFA NS Comunicação e Média
COMUNICAÇÃO
Formadora: Olga Duarte
CLC5 – Cultura Manual
CULTURA, LÍNGUA E
EFA NS Comunicação e Média
COMUNICAÇÃO
Formadora: Olga Duarte

Delegação Regional do Norte


CLC5 - CULTURA COMUNICAÇÃO
E MÉDIA
Centro de Emprego e Formação
Profissional do Porto
MANUAL
CLC5 – Cultura Manual
CULTURA, LÍNGUA E
EFA NS Comunicação e Média
COMUNICAÇÃO
Formadora: Olga Duarte

Modalidade de
EFA - NS
Formação

Área de Educação e
Formação

UFCD CLC5

Saída Profissional Nível 4


Técnico de Logística

Formador(a) Olga Duarte Data

ESTRUTURA DO MANUAL

Este manual está estruturado em quatro domínios de referência e três


dimensões, de acordo com o Referencial de Competências-Chave:

DR1 - Operar com as comunicações rádio em contexto doméstico Cultura


DR2 - Lidar
adequando-as às necessidades
com a micro eda organização
macro doem
eletrónica quotidiano
contextose Cultura
Língua
compreendendo
socioprofissionais
utilizações
deidentificando
da língua
que modo incorporam e suscitam
as suas mais valias nadiferentes
sistematização Língua
Comunicação
da informação, decorrentes também da especificidade de linguagens de
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programação empregues Comunicação

DR3 - Relacionar-se com os mass media reconhecendo os seus


Cultura
impactos na constituição do poder mediático e tendo a perceção dos Língua
efeitos deste na regulação institucional Comunicação

DR4- Perceber os impactos das redes de internet nos hábitos Cultura


precetivos, desenvolvendo uma atitude crítica face aos conteúdos aí Língua
AVALIAÇÃO
disponibilizados Atividades de validação de
Comunicação
competências

OBJETIVOS GERAIS

No final da unidade de formação, o formando deverá:

 Compreender as diferentes utilizações da língua nas comunicações rádio,


adequando-as às necessidades da organização do seu quotidiano.
 Identificar as mais-valias da sistematização da informação disponibilizada por
via eletrónica
em contextos socioprofissionais.
 Reconhecer os impactos dos mass media na constituição do poder mediático e
sua influência
na regulação institucional.
 Desenvolver uma atitude crítica face aos conteúdos disponibilizados através da
internet e dos
meios de comunicação social no geral.

DR1. Operar com as comunicações rádio em contexto doméstico adequando-as às


necessidades da organização do quotidiano e compreendendo de que modo
incorporam e suscitam diferentes utilizações da língua
Objetivo: Compreender as diferentes utilizações da Língua nas comunicações rádio, adequando-
as às necessidades da organização do seu quotidiano

Cultura

1. Discuta com os seus colegas o sentido dos seguintes termos:

Cultura Comunicação Média

2. Comente o cartoon que se segue.


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3. Relacione o título do artigo publicado no jornal Expresso, no dia 03 de abril de


2013, com o cartoon que acaba de observar.

4. Leia a crónica que se segue.

Texto 1 - iDe Nós

Há décadas que temos telemóveis, mas durante muito tempo pouco mais
faziam do que chamadas.
A mulher com quem partilho a minha existência sobre este planeta chamou-me a
atenção para um detalhe: a nossa incapacidade – e a minha em particular – para estar
como se estava antigamente. Ou seja, estando. Passo a explicar: boa parte da
Humanidade deixou de estar em sítios sem fazer mais nada – por exemplo, quando se
está à espera de alguém. Deixámos de saber olhar para o ar, para as pessoas que
passam, para os pássaros ou os ramos das árvores balançando com doçura ao vento
(ou com força, em dias de vendaval); deixámos de pensar na vida ou, simplesmente,
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de praticar a nobre arte perdida de esvaziar a nossa mente e não pensar em nada.
Porquê? Porque temos telemóveis.
Na verdade, há décadas que temos telemóveis, mas durante muito tempo eles
pouco mais faziam do que chamadas. Ou seja, por muito que admirássemos a
modernidade do objeto, não tinha grande coisa para nos encantar que não a
fascinante possibilidade de telefonarmos para quem quiséssemos do lugar que
quiséssemos. De repente, devagarinho, a alienação começou. As SMS, sim senhor;
mas culpo também os criadores de “Snake” de terem aberto a porta: foi com o
lendário jogo da cobra retangular comilona que começámos a baixar a cabeça nos
tempos livres e a deixar de encarar o nada nos olhos. Nós pura e simplesmente
tínhamos que alimentar aquele estupor daquela cobra!
Aos poucos, um telemóvel deixou de ser só um telemóvel – e hoje carregamos
orgulhosamente na algibeira centros de entretenimento mais poderosos que um
multiplex de 10 salas, com ligação ao divertimento mais infinito de todos: a Internet.
Resultado? Se temos o telemóvel na algibeira e se está carregado, temos de lá estar a
fazer alguma coisa. Acontece que eu nunca tinha racionalizado isto, o que é
inquietante: sacar do telemóvel enquanto espero, por exemplo, que a pessoa amada
saia de uma loja de roupa tornou-se tão natural e inquestionável como respirar –
simplesmente, fazemo-lo. Faz parte desse momento – como alçar a perna quando
passamos por uma poça.
É claro que – como manda a tradição -, quando a pessoa amada nos diz uma
verdade, é nosso dever contestar e provar-lhe que tal se trata de um exagero. Mesmo
que, no fundo da nossa mente – ou talvez nem sequer tão fundo -, uma voz nos
garanta: “Raios, ela tem razão.” Por isso, decidi mostrar-lhe que poderia, de forma
natural e sem esforço, deixar o telemóvel em casa e, num eventual tempo de espera
que ocorresse, durante uma visita dela a uma sapataria, por exemplo, praticar o nada
com o mesmo talento que me tornou famoso a praticar o nada na minha juventude e
que levava pais e professores a considerarem-me “distraído” e “sempre na lua”. Não
era isso; estava de forma exímia e com grande talento, a estar.

E foi horrível. Foi horrível porque assim que a minha mulher entrou na loja, a
minha mão, como que movida por vontade própria, deslizou, rápida e eficaz, pelo
bolso das calças adentro – constatando, em choque, que nenhum telemóvel lá estava.
Seguiu-se profundo desconforto: tremuras, suores – e nova incursão por todas as
algibeiras das calças. Já sabia que não estava lá qualquer telemóvel, mas tinha de lá
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estar alguma coisa. Alguma coisa que me “vestisse”, que fizesse desaparecer esta
terrível sensação de que estava nu em público, de que tinha de olhar para coisas e
pessoas ou de abraçar a relaxante pacatez do não fazer nada.
E estava.
Caramba, já repararam como uma bolinha de cotão do bolso das calças pode
conter cores e cambiantes tão fascinantes? Ah, se o cotão tivesse wi-fi…
MARKL, Nuno (2011). Ide Nós. Revista Única, 10/06/2011

1. Aponte os factos que, na opinião do cronista, levam os portadores de


telemóveis a não saberem estar sem fazer nada.
2. Explique o sentido da afirmação: “Aos poucos, um telemóvel deixou de ser só
um telemóvel”.
3. O cronista procurou demonstrar que ele não era dependente do telemóvel.
3.1. Como?
3.2. O que aconteceu?
3.3. Como resolveu ele a situação?
4. Em que faixa etária enquadraria o autor do texto.
4.1. Justifique a sua resposta.

Alargue os seus conhecimentos

Texto 2 – O telemóvel e a sua história

A primeira chamada feita de um telemóvel foi feita no dia 3 de abril de 1973.


Nesse ano, o engenheiro Martin Cooper, diretor de projeto da Motorola, causou furor
em Manhattam. Muitos nova-iorquinos pararam, boquiabertos porque viram um
indivíduo a falar ao telemóvel na rua. Foi a primeira chamada feita de um telemóvel
de que há registo e correspondeu a um momento que acabaria por mudar a vida de
milhões de cidadãos em todo o mundo.
A ideia de criar este aparelho surgiu em 1947, quando alguns pesquisadores se
aperceberam de que, recorrendo a pequenas células, poderiam aumentar a
capacidade de comércio dos telefones móveis. No entanto, apesar de aqui estar a
base do conceito, ainda não existia a técnica nem a possibilidade de alargar o
comércio de conversação, já que a quantidade de chamadas possíveis de realizar ao
mesmo tempo era muito reduzida. Foi necessário chegar a 1968, para que se
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compreendesse que era fundamental incrementar as comunicações móveis, dando


frequências e possibilitando a existência de uma rede de comunicações móveis
avançada.
O primeiro telemóvel surgiu precisamente em 1973, quando a Motorola lançou
as bases da primeira geração de telemóveis ao anunciar o DynaTACTM Cellular Phone,
que pesava 1089 gr. Entretanto, em 1975, foi registada a patente do sistema de rádio-
telefone de Martin Cooper para a empresa Motorola, razão pela qual é amplamente
considerado o pai do telemóvel.
Na segunda geração de telemóveis, o sistema GSM (Global System for Mobile)
passou a desempenhar um papel muito importante, permitindo a melhoria das
comunicações móveis. Começou a haver mais qualidade nas comunicações, assim
como surgiu a hipótese de utilizar o roaming internacional (possibilidade de a partir de
um telemóvel realizar e receber chamadas num país estrangeiro). Em 1998, a
popularidade do GSM continuou a acentuar-se, com a existência de 100 milhões de
subscritores, cinco milhões de novos utilizadores/mês, 120 países envolvidos, com 300
operadores e com uma percentagem de 60% de telemóveis digitais com GSM.
Por todo o mundo proliferaram as marcas e os modelos de telemóveis e, as
características, o formato, o tamanho e o peso são fatores determinantes para
associar os utilizadores a determinados estilos de vida. Mas o telemóvel não é apenas
usado para as tradicionais conversas telefónicas, atualmente, é possível receber e
enviar e-mails, ou faxes e aceder à Internet a partir de um simples aparelho. Assim, os
telemóveis são cada vez mais associados aos computadores, contribuindo todas estas
características para a natural convergência das telecomunicações.

Disponível em: http://www.nachaca.com/quem-inventou-o-celular/


(2013-04-03, texto com adaptações e supressões)

Língua

Leia o conto que se segue.

Texto 4 - Por extenso

Quero o maior! – desde pequeníssima, sempre o maior. O urso : o maior. O


cãozinho : o maior. O livro, se o escolhia : o maior, o com mais cores , o com a letra
mais gorda. E, na comida: o prato maior, a fatia maior, a posta maior. O bolo:
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evidentemente, o maior. Poupada apenas nisto das letras. Abreviaturas,


simplificações. Escolhido para nome Nê, porque encontra muito comprido o que lhe
impuseram – Ana Lúcia é o seu nome da escola, com que assina os testes e os
trabalhos, e Nê o seu nome livre.
Vai agora a atravessar a passadeira de peões e a escrever uma sms ao mesmo
tempo. É um truq q costuma fzer para mostrar q tanto se lhe dá. Que é forte. Um carro
pára, os travões guincham, os pneus até dtm fmo, a mulher baixa o vidro e grita-lhe:
- Ó menina, quer ir já para o céu, tão novinha?
Nê treme tanto que os dentes chocalham na boca, o carro a dois milímetros dos
ténis de plataforma que nesse dia estreia, o telemóvel na mão onde a sms começada
ainda enlanguesce : “vmos hje ao cc cnema k v o k?”; e a condutora olha-a de dentro
da carrinha familiar, sorrindo, cínica e arrancando, em esfogueteada primeira, grita:
- Menina (...) ! Menina Qualquer Coisa, palavra que ela não percebe e escreve
no tlm “ia sendo atropelada! tou aq td a trmer!” e envia à Ana Márcia que lhe
responde logo “táse!”.
A palavra q ela não percebeu teve um efeito curioso em Ana Lúcia. Começou a
tomar mais atenção ao mundo, a estar mais alerta para td o que ia e vinha à sua
volta, à espera de a reconhecer. Podia acontecer em qualquer lado, na piscina, a meio
de um salto da prancha, e ter a orelha tapada pela touca. No polivalente, à passagem
de alguém, embora lhe parecesse pouco provável. No polivalente havia sobretudo
ruído. Mas era preciso estar preparada. No café, ao interv do almoço, no meio da
vozearia dos rapazes que se batiam por td e por nada, ouviu a palavra
“desconchavada” vinda de uma mesa de mulheres-gralhas e achou q não era Aquela a
Que Demandava, mas acabou por ficar.
Agora, em vez de responder “táse” quando o tio António, o meio tolinho meio
irmão do pai q vive na cave, lhe pergunta com um olho meio fechado : “Q tal o dia...?
Na escola...?”, ela diz “Olha, tive um dia mesmo desconchavado”, deixando a Leila
interdita, com a franja a encaracolar-se-lhe e a escova de alisar o cabelo a pilhas
rodando estupidamente na mão. Foi lanchar, quase sem fome, escolhendo a fatia
maior. Leila disse, no dia seguinte, afundada na torrente de palavras sem sentido com
q normalmente a enviava para a escola: “encardida”. “O quê?”, perguntou. “O quê o
quê?”, perguntou a Leila. “Disseste que a camisola estava o quê?”. “Encardida?”. A
palavra que Ana Lúcia buscava não era “encardida”, mas passou a usá-la tb. na frase
“ Sinto esta fase da minha vida um bocado encardida”. E comeu pouco ao pequeno
almoço.
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SMS para cá e para lá nas aulas. O tema: um MMS da Ana Sandra que mostrava
um homem todo nu com uma grande cabeça de abóbora. Mas Nê já estava noutra.
Achou os colegas todos “lúgubres”. E, no interv das dez e meia, espantou a Ana
Margarida ao dizer que a comida do refeitório era “sórdida”, que o Paulo andava
“sorumbático” e “extravagante”, mas sorriu ao nome da namorada dele, quando lho
disseram : Mirtília Túlia. Não era de troça, era um nome q era um nome verdadeiro. E a
frase favorita : “ O Paulo é cá um lapa”. E o filme de murros no centro comercial?
“Inane”, comentou. Procurou (sem realmente procurar) os sítios onde seria mais
provável ouvir o que não percebera da primeira vez. A casita onde morava com o meio
tio e a mulher, Leila, passou a ser uma “choça” e o carro deles um “chaço”. Olhou
Silvestre, o misterioso vizinho que estudava matérias misteriosas, com nova
motivação. Espiava-o do seu pátio em frente à garagem e achava tudo feio – fora a
cameleira, “deslumbrante”. E pequenos musgos no muro, “pitoresco”. Não falava
muito. Ficava a apreciar o pouco que tinha, procurando as palavras mais apropriadas
com gula. Não era, por exemplo, paixão o que sentia por Silvestre, mas
“encantamento”, e em outros momentos, “delírio”. De vez em quando escrevia uma
palavra no muro, de líquen a líquen. Silvestre, entretanto conquistado pelo prolongado
silêncio dela, convidou-a para tomar um café. Acompanhou-a à vitrina.
- É um pastelzinho, por favor – pediu Ana Lúcia - aquele ali.
E apontou, discreta. Era o mais humilde, mas foi dito por extenso, com um belo
sorriso de amor, com as letras todas.

GOMES, Luísa da (2007) Setembro e outros contos. Dom Quixote


Disponível em: http://www.luisacostagomes.net/por_extenso.htm (Consultado a 2013-04-09)

1.1. Identifique os excertos do texto em que a autora recorre à linguagem


frequentemente usada nos SMS1.
1.1.1. Substitua as abreviaturas usadas pela palavra correspondente.
1.2. Em trabalho de pares, construa um glossário das abreviaturas mais
frequentes na escrita de SMS.

Comunicação

1. Aponte as principais funcionalidades do seu telemóvel.

1
SMS - do inglês “Short Message Service”
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1.1. Diga quais utiliza, com maior frequência, no seu dia a dia.
2. Apesar das inúmeras vantagens que a invenção de Martin Cooper trouxe para o
mundo das comunicações, o uso do telemóvel trouxe algumas desvantagens,
sobretudo na gestão da interação com os outros.
2.1. Em trabalho de pares, aponte algumas vantagens e desvantagens do uso
do telemóvel.

TELEMÓVEL
Vantagens Desvantagens

3. Individualmente, num texto coerente e coeso (consulte a ficha informativa


relativa a esta matéria), reflita, sobre a afirmação que se segue:
«O telemóvel é uma extensão do “eu”».

Língua

Ficha Informativa: O texto – Coerência e coesão

A palavra texto provém do latim “textu”, que significa “tecido, entrelaçamento”.


Tendo em conta esta origem etimológica, nunca devemos esquecer que o texto resulta
desta ação de tecer, de entrelaçar unidades que formam um todo interrelacionado.
Podemos, pois, definir um texto como um conjunto de enunciados (orais ou
escritos) relacionados entre si que formam um todo com sentido.
A coerência e a coesão são dois princípios básicos de estruturação de um texto.

A – A coerência
Dizemos que um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de
acordo com o conhecimento que cada locutor tem do mundo. Para que haja coerência
textual é ainda necessário que o texto apresente progressão temática e continuidade
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semântica. A progressão e a continuidade completam-se, pois a primeira, pela


introdução de informação nova relativa a um tema central, assegura que o texto não
se limita a repetir indefinidamente aquilo que já foi exposto e a segunda garante a
existência de um fio condutor. Alternando equilibradamente continuidade e
progressão, garante-se a continuidade do tema central e unificador e o
desenvolvimento progressivo desse tema nos seus múltiplos aspetos.
A coerência é, assim, a propriedade textual que assegura a ligação entre o texto
e o mundo (real ou imaginário) que ele designa.

Leia o texto:

Literatura e violência
“A literatura e a violência” é, dependendo da perspetiva que se pretenda adotar,
matéria extremamente vasta para estudo. Esconde-se violência no espinho de uma
rosa.
Os analistas, os estudiosos das literaturas mais difundidas no mundo, encontram
textos de todas as épocas em que literatura e violência se apresentam, quer como
expressão literária de autores sobre esse tema, quer como produção de ensaios e
teses sobre o mesmo. Não pretendendo fazer história, peço-vos que recordem, desde
a antiguidade aos tempos modernos, os numerosos escritores que sobre a violência
produziram literatura e encontraremos, sem falar dos remotos gregos e árabes, dos
clássicos russos aos alemães, muitos dos quais se exilaram e adotaram uma nova
realidade, aos grandes escritores americanos dos ciclos do tabaco e do algodão, aos
brasileiros sobre a colónia, a escravatura, o cacau e açúcar, o coronelismo. E fiquemos
por aqui, para não termos possibilidades de não acabar nunca mais.
ANDRADE, Costa(2007). Opiniões, critérios. Ensaios, palestras, conferencias sobre tudo e coisa nenhuma. Angola:
Editorial Kilombelombe.

Depois de anunciar o tema central e estruturante de todo o texto – “literatura e


violência” –, o autor vai introduzindo novos factos e ideias (progressão temática), o
que faz o texto avançar: a presença da violência em todo o lado (“no espinho de uma
rosa”); a sua presença em textos literários, ensaios, teses, em diferentes países e
épocas…
Note-se, também, que a progressão depende da recorrência do tema – o
aparecimento de novas informações é acompanhado pela recuperação do assunto
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anunciado no tema: “Esconde-se violência…”;” literatura e violência”; “esse tema…”;


“sobre violência…”.

B. Coesão
As unidades constitutivas de um texto estão ligadas entre si, isto é,
estabelecem entre elas determinadas relações através de uma série de mecanismos,
fundamentalmente linguísticos, a que se dá o nome de coesão.
A coesão pode ser interfrásica, temporal, lexical. Por agora, vamos deter-
nos apenas na coesão interfrásica.

1. Coesão interfrásica
A coesão interfrásica consiste na articulação relevante e adequada de frases ou
de sequências de frases (segmentos textuais).
A conexão interfrásica é, sobretudo, assegurada pelos marcadores discursivos
ou articuladores do discurso.

… articular ideias de mas, porém, todavia, contudo, no entanto, apesar de, ainda
contraste, oposição, que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que…
restrição
… adicionar e agrupar e, além disso, e ainda, não só… mas também/como ainda,
elementos e ideias bem como, por um lado… por outro lado, nem… nem
(negativa), do mesmo modo, igualmente…
… introduzir uma pois, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfim,
conclusão a partir da concluindo, em conclusão…
ideia principal
… resumir, reafirmar por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma…
… exemplificar por exemplo, isto é, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em
particular, a saber, entre outros…
… comparar como, conforme, também, tanto… quanto, tal como, assim
como, pela mesma razão…
… indicar uma por tudo isto, de modo que, de tal forma que, daí, tanto… que,
consequência é por isso que…
… dar uma opinião na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me,
penso que…
… exprimir dúvida talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente,
porventura…
… insistir nas ideias com efeito, efetivamente, na verdade, de facto…
expostas
… esclarecer, explicar quer isto dizer, isto (não) significa que, por outras palavras,
uma ideia isto é, ou antes, dizendo melhor, ou melhor…
… organizar ideias por em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em
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ordem sequencial (no segundo lugar, em seguida, seguidamente, depois de, após,
tempo ou espaço) até que, simultaneamente, enquanto, quando, por fim,
finalmente, ao lado, à direita, à esquerda, em cima, no meio,
naquele lugar…
… introduzir com o intuito de, para (que), a fim de, com o objetivo de, de
raciocínios que forma a…
apresentam a
intenção, o objetivo
com que se produz o
que é descrito
anteriormente
… anunciar uma ideia pois, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez
de causa que, por causa de…
…indicar uma hipótese se, caso, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que,
ou condição desde que, supondo que…
… exprimir um facto com certeza, naturalmente, é evidente que, certamente, sem
dado como certo dúvida que…
… evidenciar ideias fosse…fosse, ou (…ou), ora…ora, quer…quer…
alternativas
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DR2. Lidar com a micro e macro eletrónica em contextos socioprofissionais


identificando as suas mais valias na sistematização da informação, decorrentes
também da especificidade de linguagens de programação empregues
Objetivo: Identifica as mais-valias da sistematização da informação disponibilizada por
via eletrónica
em contextos socioprofissionais.
CULTURA

1. Observe o cartoon, com atenção.

1.1. Descreva-o com pormenor.


1.2. Interprete-o, tendo em conta os seguintes tópicos:
a. Os planos da imagem;
b. A forma como a figura humana é representada;
c. O muro que está a ser construído (o que simboliza? Relação com o que
está para além do muro…).
d. A grua.

1.3. Na sua opinião, que vantagens trouxeram as Tecnologias da Informação e da


Comunicação para o contexto laboral?
1.3.1. Aponte possíveis utilizações das Tecnologias da Informação e da
Comunicação na área da Logística.

Leia o artigo que se segue.


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Texto 4 – Doutor Google


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2. Esclareça o sentido do termo “Ciberespaço”.


3. Tendo em conta artigo que acaba de ler, aponte as mudanças trazidas pelas
novas tecnologias da informação e da comunicação na área da saúde.

Texto 5 – A Sobrevivência do Papel

1. A partir do título do texto, procure antecipar o seu assunto.


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1.1. Para cada um dos itens que se seguem, escolha a alínea que corresponde à
opção correta, de acordo com o sentido do texto.
1.2. Através do recurso à repetição da conjugação subordinativa “quando”, nas
linhas 3 a 6, o autor pretende:
a. conferir ao seu texto um tom mais literário;
b. salientar exemplos que ilustrem a afirmação que fez anteriormente;
c. evidenciar a importância do papel no nosso dia a dia.
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3.1. A expressão “Na realidade” (l.7) é usada para:


a. insistir nas ideias já expostas;
b. chamar a atenção do leitor para o que se passa à sua volta;
c. mostrar a diferença entre aquilo que se pensa e aquilo que acontece.

3.2. Na frase “O caso do papel é um dos mais curiosos.” (l.11), o adjetivo refere-
se:
a. ao facto de o papel ser um objeto raro e interessante;
b. à curiosidade que o papel suscita nos seus utilizadores;
c. à estranheza que o autor revela pelo facto de o fim anunciado do papel
não se ter concretizado.

3.3. No excerto “mas depois imprime os rascunhos, revê-os, discute-os e anota-


os” (l.25-26), o pronome pessoal (destacado a negrito) é usado para:
a. evitar a repetição do seu antecedente “rascunhos”;
b. tornar mais evidente a importância dos rascunhos;
c. evitar a repetição do nome “documentos”.

3.4. A expressão “ler em diagonal”(l.33) significa:


a. observar com toda a atenção os pormenores de um texto;
b. ler um texto pelo prazer de leitura;
c. procurar as principais informações de um texto, através de uma leitura
rápida.

3.5. No penúltimo parágrafo do texto (ll. 29 – 35), as expressões “começamos


por…”, “Depois…” e “Finalmente…” são marcadores discursivos ou
articuladores do discurso que:
a. evidenciam ideias alternativas;
b. organizam as ideias por ordem sequencial;
c. indicam uma condição.
LÍNGUA
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Ficha informativa: Texto expositivo – argumentativo

ESTRUTURA

A. Introdução

Parágrafo inicial no qual se apresenta a tese (ponto de vista), que tem de ser
clara, sem referir ainda quaisquer razões ou provas.

B. Desenvolvimento

Análise e explicitação da tese (ponto de vista), através da apresentação de


argumentos, de factos, de exemplos, de citações, de testemunhos, que provam a sua
veracidade. A apresentação deve seguir uma apresentação clara e coerente:
cronológica, hierárquica (do menos para o mais importante ou vice-versa) ou lógica
(causa-efeito-consequência).

C. Conclusão

É constituída por uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento,


devendo ser convincente e irrefutável. Por norma, retoma-se o tópico da introdução.

Revisão – no final, releia o seu texto e faça uma revisão cuidado do que escreveu,
reformulando-o, apagando, acrescentando, substituindo ou reconfigurando as ideias
expostas.
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EFA NS
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EXEMPLO

O PAPEL DA TELEVISÃO NA VIDA DOS JOVENS

A televisão tem uma grande influência na formação pessoal e social das crianças e dos jovens.
Funciona como um estímulo que condiciona os comportamentos, positiva ou negativamente.

A televisão difunde programas educativos edificantes, tais como o ZigZag, os documentários


sobre Historia, Ciências, informação sobre a atualidade, divulgação de novos produtos…

Todavia, a televisão exerce também uma influência negativa, ao exibir modelos, cujas
características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são
amplificadas, os defeitos esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção
produz sentimentos de insatisfação do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro. A violência é
outro aspeto negativo da televisão, em geral. As crianças/jovens tendem a imitar os comportamentos
violentos dos heróis, o que pode colocarem risco a vida dos mesmos. O mesmo acontece com o
visionamento de cenas de sexo. As crianças formam uma imagem destorcida da sua sexualidade,
potenciando a prática precoce de sexo e suscitando distúrbios afetivos.

Em jeito de conclusão, é legítimo que se imponha às estações de televisão uma restrição de


exibição de material violento ou desajustado à faixa etária nas suas grelhas de programação, dado
que a exposição a este tipo de conteúdos é extremamente prejudicial no desenvolvimento das
crianças e dos jovens, pois, tal como diz o povo, “violência só gera violência”.

http://pt.scribd.com/doc/31355681/exemplo-texto-agumentativo (2013/04/30)

COMUNICAÇÃO

Num texto coerente e coeso, reflita acerca das vantagens e desvantagens do uso das
Tecnologias da Informação e da Comunicação no âmbito laboral.
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Formadora: Olga Duarte

Anúncio, Curriculum Vitae e Carta de Apresentação

Imagine que, no último domingo, ao ler um jornal diário, encontrou, na secção de


classificados - “PRECISA-SE”, o seguinte anúncio:

PRECISA-SE

Empresa conceituada pretende


admitir:

Técnico de Logística
- 12º ano, preferencialmente em
curso de dupla certificação
- Conhecimentos de inglês
- Conhecimentos de informática
na ótica do utilizador
- Capacidade para gerir equipas

OFERECE-SE: Remuneração
acima da média, de acordo com o
perfil do candidato e
concretização de objetivos,
ajudas de custo, possibilidades
reais de progressão na carreira.

P. F. Enviar CV, modelo europeu, e


carta de apresentação para o
seguinte endereço de correio
eletrónico: bemgerir@gmail.com

Era mesmo o emprego com que sonhava há muito…

Redija o seu curriculum vitae, bem como a sua carta de apresentação, para responder ao
anúncio apresentado.
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Formadora: Olga Duarte

NÃO SE ESQUEÇA QUE ESTES DOIS DOCUMENTOS SÃO A CHAVE DO SEU SUCESSO
E A PORTA DE ENTRADA PARA ESTE NOVO EMPREGO!

Curriculum Vitae

Definição
O curriculum vitæ (do latim trajetória de vida), também abreviado para CV ou
apenas currículo (por vezes utiliza-se o termo curricula, como forma no plural do termo) é
um documento de tipo histórico, que relata a trajetória educacional e/ou académica e as
experiências profissionais de uma pessoa, como forma de demonstrar suas habilidades e
competências. De um modo geral o curriculum vitae tem como objetivo fornecer o perfil
da pessoa para um empregador, podendo também ser usado como instrumento de apoio
em situações académicas.
O curriculum vitae é uma síntese de qualificações e aptidões, na qual o candidato a
alguma vaga de emprego descreve as experiências profissionais, formação académica, e
dados pessoais para contacto. Ainda é a forma que muitas empresas usam para preencher
vagas de emprego.
A entrega do currículo é apenas a primeira fase da admissão em uma instituição, as
fases posteriores compreendem a entrevista e prova de conhecimentos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Curriculum_vit%C3%A6 (2013/03/26)

 Para a construção do seu CV, modelo europeu, poderá encontrar um modelo em


www.europass.cedefop.europa.eu

Carta de apresentação

Para a elaboração da sua carta de apresentação / candidatura, não se esqueça do


seguinte:

 os objetivos desta carta são: suscitar o interesse do empregador, chamar a atenção


para o seu curriculum, expressar o seu interesse e motivação face à função e à
empresa às quais se candidata e conseguir obter uma entrevista;
 ao escrever a carta deverá ter em atenção os seguintes aspetos:
o utilize frases curtas, claras e sem erros de ortografia;
o utilize o registo de língua cuidado;
o evite banalidades, falsos elogios e frases demasiado pomposas;
o não utilize o post-scriptum (P.S.) – se der conta que não mencionou um ponto
importante, é preferível escrever a carta de novo;
o obedeça à estrutura da carta;
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o se for acompanhada de curriculum, deve mencioná-lo, no canto inferior


esquerdo
da folha;
o dirija-a ao Diretor de Recursos Humanos ou ao Diretor da empresa

Exemplo

João da Silva
Rua da Bélgica, n.º xx
4200-436 Vila Nova de Gaia
Telef.: xx xxx xx xx

Vila Nova de Gaia, 12 de Julho de 2012

Assunto: Candidatura à função de Técnico de Vendas

Exmo. Sr. Diretor de Recursos Humanos da Empresa xxxxxxxxxxxxxxxxxxx,

Venho, por este meio, responder ao anúncio publicado pela empresa de V. Exa. no
Jornal de Notícias, do passado dia 11 de Julho, para a função de técnico de vendas, no
caso de reunir as condições que considerem necessárias para a integração na V/ empresa.
A minha experiência profissional é diversificada dentro da área comercial, tendo
trabalhado durante 12 anos na mesma firma, que, por deslocação do pólo de produção
para o continente africano, resolveu encerrar as portas.
Assim, e como penso que a minha experiência poderá ser enriquecedora e uma
mais-valia para a empresa de V.Exa., e que esta será, sem dúvida, uma boa oportunidade
de desenvolver as minhas competências pessoais e profissionais, coloco-me, desde já, à V/
inteira disposição para um posterior contacto, onde poderei fornecer informações mais
pormenorizadas acerca da minha experiência profissional.

Sem mais assunto de momento, subscrevo-me com a máxima consideração.

João da Silva

Anexo: CV
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DR3. Relacionar-se com os mass media reconhecendo os seus impactos na constituição


do poder mediático e tendo a perceção dos efeitos deste na regulação institucional
Objetivo: reconhecer a importância dos mass media e o seu impacto na sociedade no
poder legislativo e executivo.
CULTURA

1. Observe a imagem tendo em conta os


seguintes aspetos:
a. local onde as pessoas se encontram;
b. ocupação de cada uma das pessoas;
c. estado de espírito das pessoas, percetível pela
sua expressão facial.

2. Esclareça a intenção crítica que subjaz a este


cartoon.

3. Discuta com os seus colegas os seguintes tópicos:


- preferências televisivas;
- opinião sobre o papel da televisão na nossa sociedade;
- opinião sobre a internet como substituto da televisão.

1. Leia o seguinte texto.


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Texto 6 - Revista crítica dos jornais

O jornalismo, na sua justa e verdadeira O jornalista não: trabalha, luta, derrama


atitude, seria a intervenção permanente do ideias, sistemas, filosofias sociais e
País na sua própria vida política, moral, populares estudos refletidos,
religiosa, literária e industrial. improvisações, defesas eloquentes, nobres
Mas esta intervenção nos factos, nas ideias, ataques da palavra e da ideia, pois bem,
para ser fecunda, elevada, para ter um tudo isso passa, morre, esquece: aquela
carácter de utilidade pública e largas vistas folha delgada e leve, onde ele põe o seu,
sociais, deve ser preparada pela discussão espírito, a sua ideia, a sua consciência, a
e pelo esclarecimento da direção sua alma, perde-se, desaparece, some-se,
governativa, do estado geral dos espíritos, sem esperanças de vida, de duração, de
do vigor das consciências, da situação imortalidade, como uma folha de árvore ou
pública, da virtude das leis. como um trapo arremessado ao monturo.
É o grande dever do jornalismo fazer (...)
conhecer o estado das cousas públicas, (...) o jornalismo ensina, professa, alumia
ensinar ao povo os seus direitos e as sobretudo; é ele o grande construidor do
garantias da sua segurança, estar atento às futuro; não é só o facto de hoje que o
atitudes que toma a política estrangeira, prende - isso é o menos - é o facto que o
protestar com justa violência contra os atos futuro contém: ele vai das relações
culposos, frouxos, nocivos, velar pelo poder presentes às relações futuras e mostra a
interior da Pátria, pela grandeza moral, revolução lenta, serena, imensa, pela qual
intelectual e material em presença das a humanidade transforma e refaz o seu
outras nações, pelo progresso que fazem os destino no sentido da justiça.
espíritos, pela conservação da justiça, pelo É por isso que ele contradiz muitas vezes a
respeito do direito, da família, do trabalho, opinião recebida; e com razão; nem sempre
pelo melhoramento das classes infelizes. a grande massa tem a consciência do bem,
(...) do direito e da sua verdadeira razão; é
O jornalismo não sabe que há o abatimento necessário que o jornalismo a esclareça,
moral, o cansaço, a fadiga, o repouso. Se que a avise quando ela se transviar, que a
ele repousasse, quem velaria pelos que sustenha, quando ela for a cair. (...)
dormem? (…) Eça de Queirós, in Páginas de Jornalismo –
Há homens, há trabalhadores de ideias, "O Distrito de Évora" (n.º 1, 6 de Janeiro de 1867), vol. II,
Lello e Irmãos Editores
filósofos, que fazem o mesmo áspero
trabalho incessante: mas esses têm a
glória, que é como um bálsamo divino
derramado nos seus cansaços.

José Maria Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 1845 - Paris, 1900) - Formou-se em Direito
na Universidade de Coimbra. Participou nas Conferências do Casino e teve um
importante papel na Geração de 70. Foi nomeado cônsul em Havana (1872), tendo
viajado muito. Algumas obras: "O Crime do Padre Amaro" (1875-1876), "O Primo Basílio"
(1878), "A Relíquia" (1887), "Os Maias" (1888), "Contos" (1902) e "Prosas Bárbaras"
(1903). É considerado um dos maiores romancistas portugueses do século XIX.
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Responda, agora, às questões que se seguem.

1. Identifique o tema abordado neste artigo.

2. No terceiro parágrafo, o autor enumera aquelas que considera serem as grandes


funções do jornalismo.

2.1. Selecione as três que lhe parecem mais significativas, justificando a sua escolha.

3. A determinado momento do texto, Eça de Queirós compara os jornalistas com os


filósofos.

3.1. Refira o que têm em comum e o que os distingue.

4. Explique por que motivo o jornalismo é "o grande construidor do futuro".

5. Eça de Queirós faz uma apreciação do trabalho dos jornalistas.

5.1. Esclareça se se trata de uma apreciação marcadamente positiva ou negativa,


confirmando a sua resposta com citações do texto.

6. Num texto de cerca de cento e cinquenta palavras, apresente a sua opinião acerca
do jornalismo que se pratica atualmente nos meios de comunicação social portugueses.

Texto 7 - A televisão e o Serviço público

Desde há anos, estudiosos dos media repetem que a “televisão morreu”. E, no


entanto, ela move-se mais rápida do que os especialistas. Conquista novos públicos em
todo o mundo. Reúne maiores audiências do que qualquer outro médium quando em
direto de acontecimentos trágicos, como o 11 de Setembro, ou de entretenimento, como o
mundial de futebol ou o final do campeonato de futebol americano 2010, que juntou 106
milhões de americanos – mais do que o youtube durante um mês. A televisão é um motor
de economia. Dá emprego e mobiliza a criatividade de dezenas de milhares de pessoas
em todo o mundo. A qualidade de alguns conteúdos televisivos supera hoje a de muito
cinema de Hollywood.
Com aquela previsão necrológica, os especialistas pretendiam dizer que a TV a que
chamamos generalista tem os dias contados. Desde os anos 80 que a previsão ainda não
se concretizou. Em todo o mundo, os canais generalistas, como em Portugal a RTP1, a
RTP2, a SIC e a TVI, permanecem os mais vistos e os mais importantes em termos
políticos, sociais e económicos. Todavia, as profundas mudanças que o meio televisivo e os
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Formadora: Olga Duarte

seus contextos nacionais têm sofrido merecem reflexão e debate público, pois dizem
respeito a todos. Este ensaio pretende contribuir para esse debate. (…)

TORRES, Eduardo Cintra (2011). A televisão e o Serviço público. FFMS e Relógio D’Água Editores

2. Responda às questões.
2.1. Desde há anos, estudiosos dos media repetem que a “televisão morreu”.
2.2. Explique o sentido da expressão sublinhada.
2.3. Transcreva do texto uma expressão com um sentido equivalente ao do
sublinhado na frase anterior.
2.4. Indique a posição assumida pelo autor deste ensaio relativamente à afirmação
transcrita.
2.5. Aponte os argumentos usados pelo autor para defender a sua tese.
2.6. “Este ensaio pretende contribuir para esse debate”.
2.6.1. Indique o assunto do debate proposto pelo autor.
2.6.2. Justifique a razão de ser desse debate.
2.6.3. Reflita sobre este tema e apresente a sua opinião.
3. Utilizando os meios de informação ao seu dispor, informe-se sobre os primórdios da
televisão em Portugal e registe as suas impressões sobre as diferenças deste meio
de comunicação social, entre essa altura e a atualidade.
4. Reflita sobre as vantagens da televisão no acesso a programas educativos e
culturais, na formação de públicos e criação de estilos de vida.

Língua

1.Leia os textos que se seguem e procure determinar a sua intenção comunicativa.

Texto 8 - Distinção: Os da minha rua rendeu “Prémio Camilo” a Ondjaki


Alexandra Lopes

O escritor angolano Ondjaki recebeu, ontem, o Grande Prémio do Conto


Camilo Castelo Branco com a obra Os da minha rua. O galardão é
atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) e pela câmara
de Famalicão e tem um valor pecuniário de 5000 euros.
Segundo o autor, a obra é “quase autobiográfica embora ficcionada” e
segue uma linha cronológica nas décadas de 1980 e 1990, em Angola,
lembrando a infância.

Estreia de um africano
Esta é a primeira vez que um autor oriundo de um país africano de língua oficial
portuguesa recebe o prémio depois da APE e a autarquia famalicense decidirem alargar o
concurso em 2005.
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“Receber um prémio é um acréscimo de responsabilidade para o trabalho e para e para


as próximas obras”, adiantou Ondjaki. O autor espera lançar um novo romance assim
como um livro de poesia que está previsto para Fevereiro.
O representante do júri, Manuel Frias, considera que Ondjaki tem um “enorme talento
literário” salientando o uso “recorrente” do autor à ironia.
Entendendo que ao premiar um autor dos PALOP está a ” valorizar-se” a figura de Camilo e
a sua obra, o presidente da Câmara de Famalicão, Armindo Costa, aponta que ao
patrocinar o prémio está a “estimular” a criação literária contemporânea.
In Jornal de Notícias, 5/12/2008

Texto 9 - As novas tecnologias e a comunicação


Temos o mundo à distância de um clique. Em poucos segundos milhares de anos de
informação e conhecimento armazenados desfilam perante os nossos olhos, em ecrãs de
alta definição, que nos permitem quase “sentir” aquilo que estamos a ver, ler ou ouvir.
Selecionamos, cortamos, copiamos, guardamos e utilizamos ou enviamos a informação
recolhida. Nunca como hoje foi tão fácil ter tanta informação em tão pouco tempo. Nunca
como hoje houve tanta gente a aceder a um património de conhecimento que pode
considerar-se comum e universal. Nunca como hoje houve tantas possibilidades de
partilha e utilização desse mesmo conhecimento. Nunca como hoje “saber” foi tão rápido.
Em poucos anos, a Internet tornou possível um mundo que há algumas décadas só existia
na ficção científica – mas a evolução foi tão rápida que não nos deu tempo de perceber
como gerir toda essa informação, de que ferramentas necessitamos para a transformar
em conhecimento e aproveitar as potencialidades que se nos oferecem. A geração
“copy/paste” […] é a primeira a utilizar em pleno as redes para estudar, divertir-se,
crescer, viver. É uma geração para a qual procurar informação não tem a menor
dificuldade: teclam-se as palavras-chave e copiam-se os dados para onde for necessário.
Quem tem filhos em idade escolar não pode deixar de invejar a facilidade com que fazem
trabalhos de investigação. Mas os primeiros estudos sobre estas novas formas de
trabalhar aí estão: infelizmente, a tanta recolha de informação não corresponde o mesmo
nível de aquisição de conhecimento. “Copiar” e “colar” não é exatamente o mesmo que
investigar, selecionar, criticar. A rapidez não permite a dúvida. O que é perigoso. Porque se
perdemos a capacidade de criticar, interrogar, duvidar tornamo-nos amorfos. E facilmente
manipuláveis. É urgente encontrar formas que nos permitam usar o melhor do futuro sem
perdermos o melhor que há entre nós.
Sofia Barrocas, in Notícias Magazine, n.º923, 31 de Janeiro de 2010 (com supressões)

2. De que tipo de textos se trata? Justifique.

Comunicação
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1. Observe, atentamente, os anúncios disponíveis nos seguintes endereços:


http://www.youtube.com/watch?v=-RN-05e-fJQ
http://www.youtube.com/watch?v=EdJnpSRHozI
http://www.youtube.com/watch?v=cRSTySErIHg

2. Identifique os produtos publicitados.


3. Assinale os elementos dos anúncios que visam captar a atenção do público.

Ficha Informativa: A Publicidade

A publicidade serve para dar a conhecer a existência de um produto, ou de um serviço,


apresentando as suas caraterísticas e criando o desejo de aquisição ou de adesão por
parte do consumidor (publicidade comercial). Pode também servir para alertar, prevenir ou
sensibilizar (publicidade não comercial).
A publicidade funciona quando consegue atingir os seguintes objetivos:
 chamar a atenção
 despertar o nosso interesse;
 fazer com que tenhamos um desejo muito forte de ter um produto ou a vontade de
ajudar a fazer alguma coisa;
 provocar uma ação, que pode ser, por exemplo, a compra de um produto.

Habitualmente, um anúncio publicitário é composto por:


 slogan – frase curta, fácil de memorizar;
 argumentos – informam sobre o produto ou serviço e convencem-nos a procurá-lo;
 imagem – elemento fundamental, porque mostra o que podemos ter com o produto
ou o serviço.

Observe o seguinte anúncio publicitário e indique os elementos visuais que o compõem.


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1. Atente na frase: “Não é televisão, é a tua visão”.


Esta frase foi escolhida para acompanhar os vários momentos da campanha publicitária a
que pertence o anúncio e pode funcionar como um SLOGAN.
1.1. Indique as características que permitem a sua memorização.

2. Indique o aspeto particular da imagem principal do anúncio que assegura a ligação


com os restantes elementos.
3. Identifique o público-alvo deste anúncio, justificando a sua resposta.
3.1. Prove que o anúncio foi pensado de forma a valorizar o seu público.
4 Normalmente, um texto publicitário é também constituído por um texto de
argumentação no qual são apresentadas algumas vantagens do serviço publicitado.
Produza um texto argumentativo que se adeque à mensagem e ao slogan
apresentados.
5. Explique por que razão este anúncio faz parte da publicidade comercial.

DR4. Perceber os impactos das redes de internet nos hábitos precetivos,


desenvolvendo uma atitude crítica face aos conteúdos aí disponibilizados.
Objetivo: compreender e interpretar o impacto das TIC nos hábitos individuais e
colectivos, a nível comunicacional, cultural e linguístico.

1. Interprete o cartoon que se segue.


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2. Comente a frase “ A internet é receita para deixar de pensar”.

Comunicação

Reportagem – “Adiciona-me” de Rita Colaço

Ouça a reportagem “Adiciona-me” difundida pela Antena 1 da autoria de Rita Colaço e


responda às questões que se seguem.
1. Quem é Gustavo Cardoso?
1.1.Qual a sua opinião acerca das redes digitais?
2. Enumere as redes sociais referidas na reportagem.
3. Aponte a análise que Ana Nunes da Silva, psicóloga, faz da utilização das redes sociais.
4. Caraterize o perfil dos utilizadores de internet, em Portugal.
5. Mário Pinheiro, um jovem de 26 anos, atualmente, não pertence a nenhuma rede social
digital. Quais as razões por ele apontadas para justificar a sua opção?
6. Após alguma resistência, Pedro Curiel aderiu ao Facebook. Porque motivo(s) aderiu ele
a esta rede?
6.1.Qual a sua opinião sobre o facebook?
7. Qual o objetivo do projeto “Paginância Quilombólica Digital” desenvolvido no Brasil?
8. Quais as vantagens e as eventuais desvantagens das redes sociais na área da saúde?
9. Que impacto tiveram as redes sociais nas eleições iranianas?
10.Aponte dois exemplos de catástrofes naturais de cujas redes sociais foram motores de
informação.
11.Carlos Pinto Abreu, advogado, fala de dois processos, nos quais teve intervenção. Qual
o teor desses processos?
12.Justifique o título da reportagem.

Cultura

1. A partir da mancha gráfica que compõe o texto que se segue, identifique o tipo de texto
que vai ler.
2. Leia o texto.
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Formadora: Olga Duarte

Texto 8 - Internet é receita para deixar de pensar

Internet é receita para deixar de pensar


Clifford Stoll é um criador do sistema precursor da Net. Hoje é um inimigo do
culto desta.

Juergen Scriba
Rafaela Bredow *

Em 1972, Clifford Stoll criou o sistema Arpanet, precursor da atual Internet. Ficou
mundialmente conhecido por, em 1987, ter desmantelado um grupo de sabotagem que na
Alemanha vendia informações secretas à KGB. Entretanto, passou a ser inimigo declarado
do culto da Internet.

Entre outros, deve-se a si a existência da Internet no mundo de hoje. Mas você


transformou-se num crítico feroz da comunicação eletrónica. Como é possível
que um entusiasta dos computadores se tenha transformado num inimigo
figadal?
Não é verdade. Adoro os computadores. O que me irrita é o culto criado em redor deles.
Trata-se de uma ideia da Microsoft, da Apple e de mais algumas pessoas de Silicon Valley,
que impuseram ao mundo esta mensagem: se não tens e-mail, se não navegas na Internet,
és um fracassado e um eterno frustrado.

Há gente respeitável, tanto no ramo dos computadores, como no da investigação


científica, que o acusa de ser isso mesmo.
Há mesmo quem me odeie violentamente. Sou injuriado, chamam-me o idiota total, o
destruidor de máquinas. No entanto, eu só faço perguntas a que tais pessoas não sabem
responder. E argumentam mostrando-me fotografias de crianças felizes por estarem diante
do computador a clicar com o rato.

Que perguntas são essas?


Por exemplo, se essas crianças conseguem falar e brincar umas com as outras, olhos nos
olhos, ou se só conseguem comunicar através do e-mail. Estou plenamente convencido de
que é um disparate atulhar de computadores e de ligações à Internet todas as nossas salas
de aulas. Isso gera consequências fatais para o nosso nível cultural e para a nossa
educação. Não é por acaso que no massacre de Littleton os assassinos gastavam todos os
seus tempos livres na Net.

Mas, então, todos os "ratos de biblioteca" se transformarão em assassinos: nada


isola mais um jovem do que passar a vida agarrado a livros fascinantes.
Mas essa era a tese de Sócrates: ele pretendia que as pessoas não aprendessem a ler,
deveriam, pelo contrário, pensar e discutir umas com as outras. Sócrates só fazia
perguntas e não punha em cima da mesa soluções feitas.

Também defende essa tese?


Ele tem razão ao afirmar que na escola é mais importante questionar as coisas em vez de
receber receitas prontas. Sobretudo, é necessário nunca fazer perguntas estúpidas. Quanto
é quatro mais três? Um bom professor nunca fará perguntas destas. Perguntas bem feitas
nunca poderão vir do computador.

Mas a função dos multimédia consiste precisamente em transformar matérias


escolares áridas em assuntos interessantes. Os jovens de hoje não leem o
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Formadora: Olga Duarte

"Mercador de Veneza" de Shakespeare, mas podem admirar essa peça teatral no


Teatro de Stratford recorrendo à Internet.
Mas isso é televisão! É Shakespeare televisivo! Shakespeare é teatro. Mostre-me o chip da
Intel que consegue transmitir os sentimentos de MacBeth! Arranje-me um CD-ROM que
ensine os meus filhos a representar o MacBeth!

Há uma diferença entre a TV e os multimédia: a televisão é passiva e a Internet


interativa.
Isso é uma mentira. A única interatividade que existe consiste em carregar no botão para
acender ou apagar o aparelho. Não existe nenhum programa multimédia que desperte nos
jovens o desejo de conhecer mais aprofundadamente o Shakespeare.

Os defensores da Internet dir-lhe-ão que é uma questão de tempo. Em breve, os


computadores serão tão rápidos que poderão transmitir toda o tipo de dados.
Que tecnologia será necessária para transmitir a três dimensões um holograma da minha
pessoa? E, mesmo que tal venha a ser possível, será isso substituto de um bom professor?

Você está a comparar as potencialidades da Internet com o professor ideal.


Porém, onde está ele? A esmagadora maioria das crianças estão condenadas a
ler o Shakespeare a preto e branco.
Eu acho isso muito bem. Excita a imaginação das crianças, fomenta a sua fantasia e evita
que elas, frente ao computador, sejam informadas às colheradas sobre Shakespeare. Na
Internet, as crianças veem o Romeu e a Julieta e dizem: olha, eles são assim. Se, porém,
lerem o livro, constroem a sua própria imagem de como teriam sido essas personagens. Os
multimédia destroem para sempre a capacidade de imaginação das crianças.

Não estará você a repetir a mesma argumentação de Charlie Chaplin quando


apareceram os primeiros filmes sonoros?
E ele tinha razão: imagem e som ao mesmo tempo duplicam a informação, porém a
mensagem perde-se. Marshall McLuhan tinha razão quando em meados dos anos 60
escreveu: "A mensagem é o médium." O modo como uma informação é recebida depende
do médium que a transmite. Ora, a mensagem da Internet é só uma: clic! A Internet só
ensina a clicar. Não precisas de trabalhar, basta clicar! Não precisas de pensar, basta
clicar! Se não gostas do que estás a ver, tens apenas de clicar! Por isso é que navegar na
Net é uma excelente receita para deixar de pensar.

INTERNET NIVELA-NOS POR BAIXO


Mas olhe que as imagens e a música da Internet ajudam a recordar o que aprendemos.
Imagine que eu lhe quero ensinar as leis da física. Daqui a um ano, recorda-se melhor
duma aula multimédia na Internet que lhe transmite o comportamento dos líquidos sujeitos
à força da gravidade ou de mim que vou ao lago apanhar água com as mãos e lhe explico
o fenómeno da água a cair em gotas?

Esse seu argumento tanto dá para defender a Internet como um bom professor.
Um mau professor de biologia não cativa tanto os alunos como o célebre
documentário de Edward Wilson sobre a vida das formigas e que você pode ir
buscar à Internet.
Mas isso é pura televisão. Transmite a sensação de termos aprendido algo sem, na
realidade, termos aumentado a nossa cultura. Os problemas da floresta amazónica
transmitidos na Internet geram a ilusão de termos experimentado as chuvas tropicais. A
Internet transforma as nossas crianças em pessoas que pensam que o acesso à informação
faz delas, automaticamente, conhecedoras da realidade.
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Formadora: Olga Duarte

Mas maus professores também transformam crianças em pessoas que passam a


odiar a escola, o aprender e os livros.
Nessa argumentação, também poderemos trocar um mau professor de biologia por um
bom sistema informático, e eu aceito isso. Porém, seria mais lógico trocar um mau
professor por um bom professor de biologia. Não acha que seria melhor investir o nosso
dinheiro em formar bons professores do que em construir melhores computadores?
Um computador faz as crianças mais felizes. A felicidade das crianças não é um
bom motivo para aprender?
Nego que aprender seja um prazer. Se defendermos essa tese, estaremos a mentir aos
nossos filhos. Nos anos 50, quando eu andava na escola, também havia multimédia. E
nessa altura dizia-se que as crianças gostavam de ler. Por isso, transformaram-se em
banda desenhada os grandes êxitos da literatura mundial: Dostoievski, Shakespeare, etc.
Esses cadernos eram uma ratoeira. Para aprender é necessário trabalho, disciplina, fazer
os trabalhos de casa e ler livros, tudo coisas que não poderemos comprar em nenhum CD-
ROM nem encontrar num programa multimédia.

Há cerca de cem anos, um jornalista escreveu no "New York Times" que a nova
técnica de introduzir o quadro preto nas salas de aula era "uma moda
passageira". Não acha que também você se pode enganar?
E os outros que têm interesses nos novos computadores também não se podem enganar?
Todas as pessoas que inventam coisas novas dizem logo que esse produto vai revolucionar
o ensino. Thomas Edison acreditava em 1922, quando inventou o filme sonoro, que
passados cinco anos deixariam de existir compêndios escolares. Também houve pessoas
que pretenderam instalar a rádio nas escolas para substituir os professores. E depois,
evidentemente, a televisão nas escolas. Fracassou tudo. E o pior é que ninguém aprendeu
a lição. O mesmo se está agora a passar com a Internet.

Não podemos admitir essa sua tese segundo a qual qualquer técnica nova será
necessariamente um fracasso.
Eu não digo isso. Afirmo, apenas, que todo o progresso técnico tem um preço e que é
preciso pagá-lo. Pense nas redes de autoestradas. Todos diziam que elas seriam uma
bênção para as populações. E veja o que aconteceu: as pessoas fugiram das cidades e
criaram em redor de todas as grandes cidades "dormitórios" horrorosos sem características
próprias.

Que tem isso a ver com a Internet?


A Internet obriga-nos a pensar da mesma maneira. Intelectualmente, ficamos todos
nivelados por baixo, ideias e pensamentos ficam reduzidos à homogeneidade. O horroroso
da cultura das redes de autoestradas é consequência direta da decisão de cobrir um país
com uma rede de autoestradas. Ora, o mesmo acontece, intelectualmente, quando se
pretende impor em cada casa uma World Wide Web.

Com essa argumentação poderemos sempre atacar o progresso.


Eu não estou a defender que regressemos à vida nas cavernas. Nem sequer digo que tenho
razão. Pretendo, apenas, afirmar: todo o progresso social ou técnico é sempre um pacto de
Fausto. Tudo tem um preço. Fausto pretendeu, no pacto feito com Mefistófeles, duas coisas:
poder absoluto e saber absoluto. E o que é que promete a Internet? Exatamente as
mesmas coisas. E o preço é o mesmo. Fausto teve de entregar a sua vida. E, por isso,
perdeu-a.

Quem é hoje Mefistófeles? Bill Gates?


Porque não? Há muitas pessoas que o veem como Demónio.
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Formadora: Olga Duarte

Que perderão as crianças que fizerem esse pacto de Fausto?


O mais importante que nós, homens, temos: o tempo. Passamos cinco horas a clicar em
frente do computador, e depois: passámos a ser mais honestos ? Aprofundámos a nossa
personalidade? Entendemos melhor o mundo? Não, ficámos cinco horas mais velhos.

* (Exclusivo DN/"Der Spiegel")


Tradução de José Sousa Monteiro
http://www.prof2000.pt/users/ceforep/ac%2002_00/dn1.htm (consultado em 2013-04-22)

1.1. Assinale verdadeiro ou falso nas afirmações seguintes, de acordo com as


declarações do entrevistado.

1.2. Corrija as afirmações falsas, transcrevendo uma expressão textual.

V F

Os computadores são detestáveis.

As pessoas veneram de tal forma a internet, que apenas quem a utiliza é visto
como bem sucedido.

As novas tecnologias podem prejudicar as relações humanas.

É necessário apetrechar todas as salas de aula com as novas tecnologias.

As emoções das peças perdem-se quando visionadas por meio da internet.

A televisão é passiva e a internet interativa.

A internet torna as pessoas intelectualmente passivas.

2. Faça um levantamento das vantagens e desvantagens da internet enunciadas na


entrevista que acabou de ler.

3. Indique outras vantagens e/ ou desvantagens do uso dos computadores e, em particular,


da internet.

COMUNICAÇÃO

Ficha Informativa: O debate


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Tendo em conta o título da entrevista lida “INTERNET É RECEITA PARA DEIXAR DE PENSAR”,
debata com os seus colegas as vantagens e desvantagens da internet.

Preparação do Debate

Prepare previamente o debate tendo em conta os seguintes tópicos:

 o ponto de vista que defende;

 os argumentos que sustentam a sua opinião;

 as fontes em que se baseia (artigos científicos, estatísticas, …)

 os factos e os exemplos que comprovam o seu ponto de vista;

 as razões que possam rebater outras opiniões defendidas.

Cultura

A reinvenção da Arte através do ciberespaço: Museus Virtuais

As tecnologias da informação e comunicação são cada vez mais utilizadas pelas


instituições culturais, nomeadamente pelos museus. Estas têm repercussões quer para a
gestão interna do próprio museu quer para a sua projeção externa. Neste último caso,
desempenham um papel fundamental os sítios web. Partindo da observação e análise das
páginas web dos museus nacionais portugueses é possível constatar que a sua presença
na “www” é heterogénea, disponibilizando informações, conteúdo e recursos muito
diversificados, variando em quantidade, grau de aprofundamento e diversidade,
aproveitando em maior ou menor grau as potencialidades da Internet e refletindo uma
conceção teórica de relação museu – internet.
Realize uma visita virtual a um dos museus à escolha, explorando a informação que achar
pertinente (conteúdo desenvolvido, informações pertinentes e recursos existentes).
Museu Nacional de Arqueologia (http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/)
Museu Nacional de Arte Antiga (http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/)
Museu Nacional de Etnologia (http://www.mnetnologia-ipmuseus.pt/)
Museu Nacional de Machado de Castro
Museu Nacional de Soares dos Reis (http://www.mnsr-ipmuseus.pt/)
Museu Nacional do Azulejo (http://www.mnazulejo-ipmuseus.pt)
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Museu Nacional do Teatro (http://www.museudoteatro-ipmuseus.pt/)


Museu Nacional do Traje e da Moda (http://www.museudotraje-ipmuseus.pt/)
Museu Nacional dos Coches (http://www.museudoscoches-ipmuseus.pt/)
Museu do Chiado – Museu Nacional da Arte Contemporânea (http://www.museudochiado-
ipmuseus.pt/)
Elabore um panfleto publicitário ou cartaz, apresentando o Museu Virtual que escolheu
(baseie-se na informação recolhida na questão 1) e explorando, ao mesmo tempo, as
vantagens deste novo conceito de arte.

Trabalho de grupo - Construção de um inquérito

Elabore um inquérito sobre os dos hábitos de ocupação dos tempos livres, tendo em conta
a forma como usa os diferentes meios de comunicação (televisão, rádio, internet, …). O
inquérito deverá ser aplicado no grupo de formação e na sua esfera familiar.

Língua

Depois de apurados os resultados do inquérito, apresente-os sob a forma de gráfico e faça


um relatório, apresentando as conclusões a que o grupo chegou.

Ficha Informativa: o relatório

Definição: texto em que se expõe por escrito e analisa uma actividade ou situação.
Consoante a sua finalidade, pode assumir diversas formas: relatório de contas, relatório
médico, relatório de aulas práticas, relatório de visita de estudo, etc.
A principal finalidade deste tipo de texto é informar, dar conta da actividade realizada. No
entanto, um relatório deve também analisar criticamente os dados a fim de reflectir sobre
os resultados para se chegar a conclusões.

Estrutura
O relatório deverá contemplar todos os elementos que se seguem:
Capa – contém a identificação da instituição, o título, a identificação do autor, o nome do
destinatário, o nome da área de formação e a data;
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Introdução – onde se enunciam os objectivos, assunto e circunstâncias da elaboração do


relatório, isto é, descreve-se o que vai ser relatado;
Desenvolvimento – é feita a descrição da situação com a crítica, em que o relator
sublinha os aspectos positivos e negativos; pode conter os objectivos da actividade, o
método seguido, as fases da actividade, o material e os recursos envolvidos, os dados, os
resultados e a sua análise crítica, fotografias, gráficos, tabelas, etc,..
Conclusão – constituída pelo balanço crítico das actividades desenvolvidas.
Bibliografia (se for pertinente);
Índice

Caraterísticas da Linguagem
 O tipo de linguagem a usar num relatório deve respeitar os seguinte parâmetros:
 registo de língua cuidado;
 predominância de tempos do pretérito (pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-
perfeito);
 uso da 1ª ou 3ª pessoas. Deve, no entanto, manter o uso da pessoa verbal com que
iniciou o texto, de modo a que a sua coerência e clareza não sejam afetadas;
 uso de verbos como: “notar”, “constatar”, “observar”, “confirmar”,“sublinhar”…
 uso de frases curtas;
 modos expositivo, descritivo e/ ou narrativo na apresentação dos factos;
 utilização da exposição e da argumentação para refletir sobre os dados e os
resultados.

ATENÇÃO:
A APRESENTAÇÃO DEVE SER IMPECÁVEL:
 numere as páginas;
 use letra legível, ou, em computador, utilize uma letra de tamanho médio;
 destaque os cabeçalhos, títulos e subtítulos.

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