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FIGURAS DE LINGUAGEM

A linguagem pode ser manipulada em função de diversos objetivos, como impressionar, expressar emoções,
comunicar etc. para que esses objetivos sejam alcançados, podemos utilizar recursos que criem efeitos de sentido
variados, como as figuras de linguagem.

FIGURAS SEMÂNTICAS

Atuam no sentido do texto ao ressignificar uma ou mais palavras dentro de um contexto.

 Metáfora: é uma comparação implícita, sem usar palavras que marquem a comparação e sem poder ser
entendida literalmente. Ex:
“Seus olhos são um oceano” / “Ler é voar sem sair do chão” / “O amor é um grande laço”

 Comparação: relação de igualdade entre dois elementos, com a presença de conjunção comparativa.
Portanto, apresenta explicitamente palavras que marcam a comparação pelo uso de expressões como
que, do que, “da mesma maneira que”, “igual a”, “assim como”, “tal que”. “tal como”, “semelhante a”, “que
nem”. Ex:
“A vida vem em ondas, como um mar” / “Ler é como voar sem sair do chão”

Conjunções comparativas: são aquelas que iniciam uma oração que expressa uma comparação – que,
do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto,
tão), como, assim como, bem como, como se, que nem: Exemplos: Era mais simpática do que bonita.
Ler é como voar sem sair do chão."

 Alegoria: é uma metáfora que se desenvolve no nível de uma oração ou sentença, enquanto a alegoria é
criada no nível do texto. São fábulas, parábolas e contos de fadas. Ex:

A fábula da cigarra e as formigas: a cigarra representa as pessoas que se comportam de modo


imediatista, irresponsável. As formigas representam aqueles que buscam viver de modo prudente e, por
isso, julgam-se superiores aos demais.

 Catacrese: é utilizada para nomear objetos, ações ou situações que não possuem uma nomenclatura
adequada e, por isso, exigem uma construção figurada para referir-se a elas. Ex:

“Eu já falei para não sentar no braço do sofá!” /


“pé de cadeira”, “asa do bule”, “braço do sofá”

 Metonímia: substituição de um termo por outro, havendo entre eles algum tipo de ligação. Desse modo,
pode haver a substituição de parte pelo todo, qualidade pela espécie, singular pelo plural, matéria pelo
objeto, indivíduo pela classe, autor pela obra, possuidor pelo possuído, lugar pelo produto, efeito pela
causa, continente pelo conteúdo, instrumento pelo agente, coisa pela sua representação, inventor pelo
invento e concreto pelo abstrato. Ex:
“Descobriu que Pedro é um coração amargo.” / “O francês é muito educado.”
Li Machado de Assis, pela primeira vez, aos 15 anos de idade.

 Perífrase ou antonomásia: corresponde a uma denominação atribuída consensualmente a uma pessoa e


empregada para se referir a ela. Ex:
“O rei do futebol completou 80 anos recentemente.” / “Poucas lideranças políticas foram tão implacáveis
quanto a dama de ferro.”

 Personificação (ou prosopopeia): uma característica humana é atribuída a algo não humano, como
animais, a natureza, objetos etc. Ex:
“O vento beija meus cabelos... O sol abraça o meu corpo”.

 Oximoro: é um tipo de paradoxo, pois também faz uma aproximação de opostos com aparente
incoerência em sua construção. A diferença entre eles está na estrutura, ou seja, as palavras ou ideias
contraditórias fazem parte de uma expressão. Ex:
“Estamos vivendo dias escuros.” / “Estamos vivendo noites luminosas.”

 Ironia: consiste na sugestão contrária ao que as palavras ou orações parecem exprimir.


“Meu amigo teve a brilhante ideia de secar minhas roupas no forno a gás”.

 Sarcasmo: é uma ironia com tom mais áspero, provocador, mordaz e de zombaria. Ex:

“Está tão perfumado. Quantos litros de perfume usou?”

 Hipérbole: emprego de elementos que dão ideia de exagero, proposital ou acidental. Ex:
“Eu nunca mais vou respirar.”
“Se a aula não acabar eu vou morrer de fome.”
“Fiquei a vida inteira nessa fila.”

 Eufemismo: utilização de palavras ou expressões de forma mais amena para expressar algo que pode
desagradar, entristecer, chocar ou ofender.

“E os anjos levaram minha mãe pelas mãos.” / “Marcos faltou com verdade.”

 Gradação: utiliza uma sequência de palavras de maneira gradativa, dentro de uma mesma ideia e
atingindo um objetivo. Na gradação, a sequência de palavras pode ir se amenizando (se tornando uma a
uma mais eufêmica) ou ir se exagerando (se tornando uma a uma mais hiperbólica).

“De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.”
“Isso é igual em todo lugar: aqui, ali, na esquina, em outro país, do outro lado do mundo.”

 Sinestesia: consiste na combinação de diferentes sensações, provenientes de diferentes sentidos (visão,


tato, olfato, paladar e audição). Ex:
“Sua voz macia me acalma.” / “O cheiro doce da infância.” / “A visão fria da morte.”

 Antítese: combinação de palavras ou expressões com sentidos opostos.

“Não existiria som se não houvesse o silêncio, não haveria luz se não fosse a escuridão.”

 Paradoxo: fusão de opostos numa mesma ideia, reúne ideias contraditórias dentro de um mesmo
contexto. Trata-se de uma contradição possível e que tem significado.

““ando devagar porque já tive pressa.. e levo esse sorriso porque já chorei demais.”

FIGURAS SINTÁTICAS

Atuam na estrutura do texto ao promover mudanças na construção dos períodos e parágrafos.

 Elipse: omissão de um termo na oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente identificado pelo
contexto. Muito comum em diálogos cotidianos e em gêneros textuais diversos, como notícias e até
mesmo contratos jurídicos. Ex:
"Casa de ferreiro, espeto de pau." / "[Em] casa de ferreiro, [o] espeto [é] de pau."
"As roupas no varal, o vento aumentando..." / "As roupas [estavam] no varal, [e] o vento [estava]
aumentando..."
 Zeugma: ocorre a omissão de um termo já expresso no discurso. Ex:

"Eu trabalho como eletricista. Ela, como garçonete."/ "Eu trabalho como eletricista. Ela [trabalha] como
garçonete."
"Você deveria chegar primeiro. Nós, depois." / "Você deveria chegar primeiro. Nós [deveríamos chegar]
depois."

 Assíndeto: apagamento de termos conectivos entre palavras ou orações. Ex:

"Engordou muito. Não seguiu a dieta." / "Engordou muito, pois não seguiu a dieta."
"Participou do evento. Ficou muito feliz!" / "Participou do evento e ficou muito feliz!"

 Polissíndeto: repetição de um determinado conectivo entre palavras ou expressões. Ex:

"“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)
"“Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Índios e padres e bichas, negros e mulheres e
adolescentes fazem o carnaval” (Caetano Veloso)"

 Anáfora: semelhante ao polissíndeto, ocorre a repetição da mesma palavra ou expressão no início de


uma sentença. As duas figuras se diferenciam porque, no polissíndeto, a repetição é feita por meio de um
conectivo, e na anáfora pode ser feita por qualquer classe de palavra, como substantivos ou advérbios.
Ex:

"Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando pra trás


Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol" (Chico Buarque)

"“Se você gritasse,


se você gemesse,
se você tocasse" (Carlos Drummond de Andrade)

 Pleonasmo: marcada pela redundância e ocorre quando o significado de determinada expressão é


replicado desnecessariamente. Ex:

Entrar para dentro / sair para fora / descer para baixo / história do passado / prefeito da cidade.

 Hipérbato: uma mudança na posição dos termos de uma sentença. Geralmente , essa inversão é feita
pelo deslocamento do sujeito. Ex:

“São lindos os seus olhos” / “Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus.” (Zé Ramalho)"

FIGURAS SONORAS

Atuam na sonoridade do texto ao destacar ou simular um som a partir das palavras.

 Assonância: repetição de sons vocálicos. Ex:

“Esta menina tão pequenina quer ser bailarina”


“Sou um mulato nato No sentido lato Mulato democrático do litoral”

 Aliteração: repetição de sons consonantais. Ex:

“O rato roeu a roupa do rei de Roma.”


"Sino de Belém bate bem-bem-bem” (Manuel Bandeira)"
 Onomatopeia: reprodução escrita de um som. Ex:

“Atchim, bi-bi, bum, cof-cof, crac, dlim-dlão, nhac, piu-piu, crunch

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