Você está na página 1de 7

Figuras de linguagem - 3º ano Ensino Medio- Profª Deuzane Matta

Figuras de linguagem- sao palavras ou expressoes que destoam da linguagem denotativa. Elas podem
ser classificadas como semanticas, de pensamento, de sintaxe ou de som. As figuras de linguagem sao
usos de palavras ou expressoes com sentido conotativo. Como Figuras de linguagem sao palavras ou
expressoes conotativas, portanto, apresentam um sentido que ultrapassa a linguagem comum,
literal ou denotativa. Entao, se, por exemplo, escrevemos que “Artur e um doce”, nao queremos dizer que
ele tem gosto de açucar, mas que e uma pessoa delicada. Por fim, as figuras podem ser:
1-DE PALAVRAS OU SEMANTICA
2-DE SINTAXE OU CONSTRUÇAO
3-DE PENSAMENTO
4-DE SOM OU HARMONIA
→ FIGURAS DE PALAVRAS OU DE SEMÂNTICA
Comparação
Relaçao de igualdade entre dois elementos, com a presença de conjunção comparativa:
Ler e como voar sem sair do chao.

Metáfora
Relaçao de igualdade entre dois elementos, mas sem a presença de conjunção comparativa:
Ler e voar sem sair do chao.
Desse modo, e a presença ou ausencia da conjunçao comparativa que diz se o enunciado e
uma comparaçao ou uma metafora. Isso no caso das metaforas impuras, aquelas nas quais os elementos
da comparaçao estao explícitos, ou seja, “ler” e “voar sem sair do chao”.
A metáfora pura e mais elaborada e difícil de identificar. Ela pode ser observada nesta estrofe do poema
“Soneto de separaçao”, de Vinicius de Moraes:
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imovel fez-se o drama.
A palavra “chama” e uma metafora pura, pois esta sendo comparada a elementos não explicitados na
estrofe, ou seja, “vida” ou “amor”.

Metonímia
Substituição de um elemento por outro a ele relacionado.
Na metonímia pode ocorrer a substituiçao:
do autor pela obra:
Li o Caio Fernando Abreu ontem.
(O livro do Caio Fernando Abreu.)
do possuidor pelo possuído:
Nao se esqueça de ir ao açougueiro hoje a tarde.
(Ir ao açougue.)
do lugar pelo produto:
Comprei cambraia para fazer roupa de cama.
(Cambraia e um tecido originario da cidade francesa de Cambrai.)
do efeito pela causa:
Esta casa e tudo que esta nela e fruto do meu suor.
(O trabalho produz o suor.)
do continente pelo conteudo:
Acredite, comi um pote de sorvete de morango.
(Comeu o sorvete que estava no pote.)
do instrumento pelo agente:
Cassio e um volante experiente.
(Um motorista experiente.)
da coisa pela sua representaçao:
Desceu do aviao e ficou emocionado por estar de novo em seu lar.
(Estar de novo em seu país ou patria.)
do inventor pelo invento:
O porsche e um sonho inalcançavel para muitos.
(Porsche e uma marca de automoveis criada por Ferdinand Porsche.)
do concreto pelo abstrato:
Arruda traz proteçao contra olho grande?
(Proteçao contra inveja.)
da parte pelo todo:
As pernas passavam apressadas diante da minha janela.
(As pessoas passavam apressadas.)
da qualidade pela especie:
Zeus, os mortais tudo ignoram.
(Os seres humanos tudo ignoram.)
do singular pelo plural:
O inglês e mesmo pontual?
(Os ingleses)
da materia pelo objeto:
Morro se voce quebrar a porcelana que mamae me deixou.
(Quebrar xícara ou prato de porcelana.)
do indivíduo pela classe:
Sei que meu filho nao e nenhum Einstein.
(Nao e nenhum genio.)

Catacrese
Emprego impróprio de uma expressão, por desconhecer a sua origem:
Voce pode me dar uma mesada de 15 em 15 dias.
(Mesada e uma quantia dada mensalmente.)

Perífrase ou antonomásia
Substituição de uma palavra ou expressão por outra que a caracterize:
A cidade-luz ainda e considerada romantica.
(Paris ainda e considerada romantica.)
Quando essa substituiçao esta relacionada a coisas ou animais, como no exemplo anterior, ela e chamada
de perífrase. Mas se fizer referencia a pessoas, entao a chamamos de antonomasia:
A rainha do soul e um ícone da musica negra americana.
(Aretha Franklin e a rainha do soul.)

Sinestesia
Combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos humanos:
O brilho da manha nao eliminava o fel da minha existencia.
(Sentidos: visao e paladar)
Para saber mais sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Sinestesia.
→ FIGURAS DE PENSAMENTO

Hipérbole
Expressao marcada pelo exagero:
Irandir estava morrendo de medo, mas nao retrocedeu.

Litotes
Declaraçao caracterizada pela negação do contrário:
Keyla não é boba e logo percebeu as segundas intençoes da amiga.
Nesse caso, o enunciador diz que Keyla e esperta, por meio da negaçao do adjetivo contrario a esperta,
ou seja, boba: nao e boba.
Eufemismo
Utilizaçao de termo ou expressão que suavize a declaraçao:
Meu irmao foi muito descuidado e se envolveu em um acidente de transito.
(Foi muito irresponsavel.)

Ironia
Forma de expressar o oposto do que se afirma:
Como eu amo pessoas desorganizadas, fico o mais longe delas possível.
(Nao suporta pessoas desorganizadas.)

Prosopopeia
Personificação de seres irracionais ou de coisas:
A porta invejava a minha janela.
(Inveja e uma característica humana.)

Antítese
Expressa uma oposição:
Sinto o calor de seus olhos e o frio de suas maos.
(Calor se opoe a frio.)

Paradoxo ou oximoro
Antítese acompanhada de contradição:
A morte e essencial para a continuaçao da vida das especies.
Se a morte e o oposto de vida, e contraditorio dizer que ela e essencial para a continuaçao da vida. Mas,
apesar da contradiçao, o enunciado faz sentido se pensamos que, para se alimentar, as especies precisam
recorrer a morte de elementos de outras especies.

Apóstrofe
Interrupçao do enunciado, com o objetivo de interpelar ou invocar:
A dor, ó irmão, pode ser benefica.
Gradação
Sucessão de ideias:
Uma música, um poema, um desenho eram suficientes para me demonstrar seu amor.
Veja também: Qual a diferença entre conotaçao e denotaçao?

→ FIGURAS DE SINTAXE OU CONSTRUÇÃO


Elipse
Palavra ou expressão implícita na estrutura do enunciado:
No automovel, três pessoas: eu, meu amigo e meu irmao.
Nesse exemplo, esta implícito o verbo “estavam”: No automovel, estavam tres pessoas: eu, meu amigo e
meu irmao.

Zeugma
Tipo de elipse em que ocorre a omissão de um termo mencionado anteriormente.
Pensava mais em comida do que em esportes.
Nesse enunciado, esta implícita a segunda ocorrencia do verbo “pensava”: Pensava mais em comida do
que pensava em esportes.

Anáfora
Repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou oraçoes:
O que sera, que sera?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
[...]
Nesse trecho da letra de musica “O que sera?”, de Chico Buarque, e possível observar a anafora “que
andam”.

Pleonasmo
Repetição intencional para enfatizar uma ideia:
A mim nada me convence de algo tao improvavel.
Porem, se nao e usado para enfatizar ou expressar melhor uma ideia, o pleonasmo se torna um vício de
linguagem, como se verifica no seguinte enunciado:
Entrei pra dentro de casa logo que anoiteceu.

Anacoluto
Falta de ligação entre o início de uma frase e a sucessao de ideias:
O automóvel tudo sao apenas bens materiais e desnecessarios.

Silepse ou concordância ideológica


Concordância com a ideia e nao com a palavra dita ou escrita.
Existem tres tipos:
Silepse de gênero:
Sua excelencia esta disposto a tudo.
O enunciador, nesse caso, faz a concordancia com a ideia de que “sua excelencia” e um homem e nao com
o sujeito feminino. Sem o uso da silepse, mesmo que o enunciador se refira a alguem do genero
masculino, a concordancia gramatical e: Sua excelencia esta disposta a tudo.
Silepse de número:
A turma estava desnorteada, ja que lhes faltava liderança.
Nesse caso, o pronome “lhes” se refere a turma, porem esta relacionado a ideia de que uma turma e
composta de varios indivíduos. Sem o uso da silepse, a concordancia gramatical e: A turma estava
desnorteada, ja que lhe faltava liderança.
Silepse de pessoa:
As tres estávamos apavoradas.
Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “estar” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se inclui entre
as tres pessoas apavoradas. Sem o uso da silepse, a concordancia gramatical e: As
tres estavam apavoradas. No entanto, a frase perde o sentido original, pois nao fica evidente a inclusao
da enunciadora entre “as tres”.

Hipérbato
Inversão da ordem direta (sujeito, verbo, complemento ou predicativo) de uma oraçao:
Por muitos brasileiros nao e a literatura nacional valorizada.
Assim, a ordem direta e:
A literatura nacional nao e valorizada por muitos brasileiros.
Polissíndeto
Repetição da conjunçao “e”:
O povo sofre, e chora, e grita, e protesta, e aceita o inevitavel enfim.
Veja também: Conjunçoes aditivas – responsaveis por unirem palavras ou oraçoes de mesma funçao

→ FIGURAS DE SOM OU HARMONIA


Aliteração
Repetição de consoantes ou sílabas:
Paulo pediu ao pedreiro para pregar o prego na parede.
Essa figura, no entanto, e utilizada apenas em textos literários, pois, em textos funcionais, ela se
converte em um vício de linguagem.

Assonância
Repetição de vogais:
A Cláudia falava da lágrima que cala.

Onomatopeia
Palavra cuja pronuncia imita o som produzido por determinados seres:
O tique-taque do relogio era ensurdecedor.
Foi so o gato fazer miau, que a cachorrada disparou a latir.

Paronomásia
Utilizaçao de termos semelhantes, mas com grafia, som e significado distintos:
O relogio soava duas horas, enquanto o homem suava no calor da tarde.

EXERCÍCIOS
Questão 1 - (Enem)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da
mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
[...]
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
FERREIRA GULLAR. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 1980. p. 227-228.
A antítese que configura uma imagem da divisao social do trabalho na sociedade brasileira e expressa
poeticamente na oposiçao entre a doçura do branco açucar e
A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açucar.
B) o beijo de moça, a agua na pele e a flor que se dissolve na boca.
C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açucar.
D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

Questão 2 - (Enem)
Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto que
parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Dicionario Eletronico Houaiss da Língua Portuguesa.
Considerando a definiçao apresentada, o fragmento poetico da obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada
em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retorica e:
A) “Dos dois contemplo
rigor e fixidez.
Passado e sentimento
me contemplam” (p. 91).
B) “De sol e lua
De fogo e vento
Te enlaço” (p. 101).
C) “Areia, vou sorvendo
A agua do teu rio” (p. 93).
D) “Ritualiza a matança
de quem so te deu vida.
E me deixa viver
nessa que morre” (p. 62).
E) “O bisturi e o verso.
Dois instrumentos
entre as minhas maos” (p. 95).

Questão 3 - (UEL)
MAR PORTUGUÊS
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
PESSOA, F. Mensagem. In: Mensagem e outros poemas afins seguidos de Fernando Pessoa e ideia de
Portugal. Mem Martins: Europa-America [19-].
Em relaçao aos versos “O mar salgado, quanto do teu sal/ Sao lagrimas de Portugal”, ocorrem,
respectivamente, duas figuras de linguagem nomeadas:
A) Metafora e onomatopeia.
B) Catacrese e ironia.
C) Anacoluto e antítese.
D) Sinedoque e aliteraçao.
E) Pleonasmo e metafora.

4- (USF-SP) Leia estes versos:


“As ondas amarguradas
Encostam a cabeça nas pedras do cais.
Ate as ondas possuem
Uma pedra para descansar a cabeça.
Eu na verdade possuo
Todas as pedras que ha no mundo,
Mas nao descanso”.
(Murilo Mendes)
A figura de linguagem que ocorre nos versos 5 e 6 e:
a) metafora.
b) sinedoque.
c) hiperbole.
d) aliteraçao.
e) anafora.

Questão 5
(USF-SP) Leia estes versos:
“As ondas amarguradas
Encostam a cabeça nas pedras do cais.
Até as ondas possuem
Uma pedra para descansar a cabeça.
Eu na verdade possuo
Todas as pedras que há no mundo,
Mas não descanso”.
(Murilo Mendes)
A figura de linguagem que ocorre nos versos 5 e 6 é:
a) metáfora.
b) sinédoque.
c) hipérbole.
d) aliteração.
e) anáfora.

Questão 6
(FUVEST) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:
a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.
b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
e) Amanheceu, a luz tem cheiro.

Questão 7
Identifique a figura de linguagem no fragmento a seguir:
Moça linda, bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor!
Mário de Andrade
a) Sinédoque
b) Aliteração
c) Metáfora
d) Personificação.
e) Ironia.

Questão 8
Nas alternativas a seguir, todas as expressões destacadas são prosopopeias, exceto em:
a) “Os sinos chamam para o amo”. (Mário Quintana)
b) “A natureza me assusta./Com seus matos sombrios e suas águas”. (Ferreira Gullar)
c) “A suntuosa Brasília, a esquálida Ceilândia contemplam-se. Qual delas falará primeiro? (Carlos
Drummond de Andrade)
d) “Os carinhos de Godofredo não tinham mais gosto dos primeiros tempos”. (Autran Machado)
e) O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.

Você também pode gostar