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Tipos de figuras de linguagem

Figuras de palavras ou de semântica

Comparação

Relação de igualdade entre dois elementos, com a presença de conjunção comparativa:

Ler é como voar sem sair do chão.

Metáfora

Relação de igualdade entre dois elementos, mas sem a presença de conjunção comparativa:

Ler é voar sem sair do chão.

Desse modo, é a presença ou ausência da conjunção comparativa que diz se o enunciado é


uma comparação ou uma metáfora. Isso no caso das metáforas impuras, aquelas nas quais os
elementos da comparação estão explícitos, ou seja, “ler” e “voar sem sair do chão”.

A metáfora pura é mais elaborada e difícil de identificar. Ela pode ser observada nesta estrofe
do poema “Soneto de separação”, de Vinicius de Moraes:

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

A palavra “chama” é uma metáfora pura, pois está sendo comparada a elementos não
explicitados na estrofe, ou seja, “vida” ou “amor”.

Metonímia

Substituição de um elemento por outro a ele relacionado.

Na metonímia pode ocorrer a substituição:

do autor pela obra:

Li o Caio Fernando Abreu ontem.

(O livro do Caio Fernando Abreu.)

do possuidor pelo possuído:

Não se esqueça de ir ao açougueiro hoje à tarde.

(Ir ao açougue.)

do lugar pelo produto:

Comprei cambraia para fazer roupa de cama.

(Cambraia é um tecido originário da cidade francesa de Cambrai.)


do efeito pela causa:

Esta casa e tudo que está nela é fruto do meu suor.

(O trabalho produz o suor.)

do continente pelo conteúdo:

Acredite, comi um pote de sorvete de morango.

(Comeu o sorvete que estava no pote.)

do instrumento pelo agente:

Cássio é um volante experiente.

(Um motorista experiente.)

da coisa pela sua representação:

Desceu do avião e ficou emocionado por estar de novo em seu lar.

(Estar de novo em seu país ou pátria.)

do inventor pelo invento:

O porsche é um sonho inalcançável para muitos.

(Porsche é uma marca de automóveis criada por Ferdinand Porsche.)

do concreto pelo abstrato:

Arruda traz proteção contra olho grande?

(Proteção contra inveja.)

da parte pelo todo:

As pernas passavam apressadas diante da minha janela.

(As pessoas passavam apressadas.)

da qualidade pela espécie:

Zeus, os mortais tudo ignoram.

(Os seres humanos tudo ignoram.)

do singular pelo plural:

O inglês é mesmo pontual?

(Os ingleses)

da matéria pelo objeto:

Morro se você quebrar a porcelana que mamãe me deixou.

(Quebrar xícara ou prato de porcelana.)


do indivíduo pela classe:

Sei que meu filho não é nenhum Einstein.

(Não é nenhum gênio.)

Catacrese

Emprego impróprio de uma expressão, por desconhecer a sua origem:

Você pode me dar uma mesada de 15 em 15 dias.

(Mesada é uma quantia dada mensalmente.)

Perífrase ou antonomásia

Substituição de uma palavra ou expressão por outra que a caracterize:

A cidade-luz ainda é considerada romântica.

(Paris ainda é considerada romântica.)

Quando essa substituição está relacionada a coisas ou animais, como no exemplo anterior, ela
é chamada de perífrase. Mas se fizer referência a pessoas, então a chamamos de antonomásia:

A rainha do soul é um ícone da música negra americana.

(Aretha Franklin é a rainha do soul.)

Sinestesia

Combinação entre dois ou mais dos cinco sentidos humanos:

O brilho da manhã não eliminava o fel da minha existência.

(Sentidos: visão e paladar)

Para saber mais sobre essa figura de linguagem, leia o texto: Sinestesia.

→ Figuras de pensamento

Hipérbole

Expressão marcada pelo exagero:

Irandir estava morrendo de medo, mas não retrocedeu.

Litotes

Declaração caracterizada pela negação do contrário:

Keyla não é boba e logo percebeu as segundas intenções da amiga.

Nesse caso, o enunciador diz que Keyla é esperta, por meio da negação do adjetivo contrário à
esperta, ou seja, boba: não é boba.

Eufemismo

Utilização de termo ou expressão que suavize a declaração:


Meu irmão foi muito descuidado e se envolveu em um acidente de trânsito.

(Foi muito irresponsável.)

Ironia

Forma de expressar o oposto do que se afirma:

Como eu amo pessoas desorganizadas, fico o mais longe delas possível.

(Não suporta pessoas desorganizadas.)

Prosopopeia

Personificação de seres irracionais ou de coisas:

A porta invejava a minha janela.

(Inveja é uma característica humana.)

Antítese

Expressa uma oposição:

Sinto o calor de seus olhos e o frio de suas mãos.

(Calor se opõe a frio.)

Paradoxo ou oximoro

Antítese acompanhada de contradição:

A morte é essencial para a continuação da vida das espécies.

Se a morte é o oposto de vida, é contraditório dizer que ela é essencial para a continuação da
vida. Mas, apesar da contradição, o enunciado faz sentido se pensamos que, para se alimentar,
as espécies precisam recorrer à morte de elementos de outras espécies.

Apóstrofe

Interrupção do enunciado, com o objetivo de interpelar ou invocar:

A dor, ó irmão, pode ser benéfica.

Gradação

Sucessão de ideias:

Uma música, um poema, um desenho eram suficientes para me demonstrar seu amor.

Veja também: Qual a diferença entre conotação e denotação?

→ Figuras de sintaxe ou construção

Elipse

Palavra ou expressão implícita na estrutura do enunciado:

No automóvel, três pessoas: eu, meu amigo e meu irmão.


Nesse exemplo, está implícito o verbo “estavam”: No automóvel, estavam três pessoas: eu,
meu amigo e meu irmão.

Zeugma

Tipo de elipse em que ocorre a omissão de um termo mencionado anteriormente.

Pensava mais em comida do que em esportes.

Nesse enunciado, está implícita a segunda ocorrência do verbo “pensava”: Pensava mais em
comida do que pensava em esportes.

Anáfora

Repetição de uma ou mais palavras no início de versos ou orações:

O que será, que será?

Que andam suspirando pelas alcovas

Que andam sussurrando em versos e trovas

Que andam combinando no breu das tocas

Que anda nas cabeças, anda nas bocas

Que andam acendendo velas nos becos

Nesse trecho da letra de música “O que será?”, de Chico Buarque, é possível observar a
anáfora “que andam”.

Pleonasmo

Repetição intencional para enfatizar uma ideia:

A mim nada me convence de algo tão improvável.

Porém, se não é usado para enfatizar ou expressar melhor uma ideia, o pleonasmo se torna
um vício de linguagem, como se verifica no seguinte enunciado:

Entrei pra dentro de casa logo que anoiteceu.

Anacoluto

Falta de ligação entre o início de uma frase e a sucessão de ideias:

O automóvel tudo são apenas bens materiais e desnecessários.

Silepse ou concordância ideológica

Concordância com a ideia e não com a palavra dita ou escrita.

Existem três tipos:

Silepse de gênero:

Sua excelência está disposto a tudo.


O enunciador, nesse caso, faz a concordância com a ideia de que “sua excelência” é um
homem e não com o sujeito feminino. Sem o uso da silepse, mesmo que o enunciador se refira
a alguém do gênero masculino, a concordância gramatical é: Sua excelência está disposta a
tudo.

Silepse de número:

A turma estava desnorteada, já que lhes faltava liderança.

Nesse caso, o pronome “lhes” se refere à turma, porém está relacionado à ideia de que uma
turma é composta de vários indivíduos. Sem o uso da silepse, a concordância gramatical é: A
turma estava desnorteada, já que lhe faltava liderança.

Silepse de pessoa:

As três estávamos apavoradas.

Nesse exemplo, ao conjugar o verbo “estar” na primeira pessoa do plural, a enunciadora se


inclui entre as três pessoas apavoradas. Sem o uso da silepse, a concordância gramatical é: As
três estavam apavoradas. No entanto, a frase perde o sentido original, pois não fica evidente a
inclusão da enunciadora entre “as três”.

Hipérbato

Inversão da ordem direta (sujeito, verbo, complemento ou predicativo) de uma oração:

Por muitos brasileiros não é a literatura nacional valorizada.

Assim, a ordem direta é:

A literatura nacional não é valorizada por muitos brasileiros.

Polissíndeto

Repetição da conjunção “e”:

O povo sofre, e chora, e grita, e protesta, e aceita o inevitável enfim.

Veja também: Conjunções aditivas – responsáveis por unirem palavras ou orações de mesma
função

→ Figuras de som ou harmonia

Aliteração

Repetição de consoantes ou sílabas:

Paulo pediu ao pedreiro para pregar o prego na parede.

Essa figura, no entanto, é utilizada apenas em textos literários, pois, em textos funcionais, ela
se converte em um vício de linguagem.

Assonância

Repetição de vogais:

A Cláudia falava da lágrima que cala.


Onomatopeia

Palavra cuja pronúncia imita o som produzido por determinados seres:

O tique-taque do relógio era ensurdecedor.

Foi só o gato fazer miau, que a cachorrada disparou a latir.

Paronomásia

Utilização de termos semelhantes, mas com grafia, som e significado distintos:

O relógio soava duas horas, enquanto o homem suava no calor da tarde.

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