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IRONIA

A ironia é um recurso de linguagem que gera efeitos de sentido opostos às


palavras e/ou expressões daqueles que utilizamos habitualmente. Isso significa
que, quando utilizamos a ironia, estamos dizendo o contrário do sentido
denotativo, satirizando alguma ideia com o objetivo de ridicularizar ou
criticar. Assim, a ironia deve ser muito bem construída, pois, caso contrário,
o emissor pode não ser bem compreendido. Essa figura de linguagem é
bastante utilizada em diferentes tipos e gêneros discursivos textuais, como nos
textos publicitários e literários.
Observe os exemplos:
 “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa
miséria.” (Personagem 'Brás Cubas', no romance Memórias Póstumas
de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis.)
ANTÍTESE

A antítese é uma associação de ideias contrárias por meio da aproximação de palavras e/ou
expressões com sentidos opostos e que contrastam entre si.

Observe os exemplos:

O amor é nada, o respeito é tudo.

Enquanto o amor for muito, o valor que se dá será pouco.

EUFEMISMO

O eufemismo consiste na substituição de palavras ou expressões desagradáveis, impactantes


e/ou fortes por outras menos agressivas. Recorremos ao eufemismo quando necessitamos
informar uma notícia desagradável ou impactante. Quando utilizamos esse recurso de
linguagem, estamos suavizando a ideia original.
Observe os exemplos:

Ele partiu para o andar de cima. (Ele morreu)

Paulo Henrique faltou com a verdade. (Paulo Henrique mentiu)

ARAúJO, Luciana Kuchenbecker. “O que são figuras de pensamento?”; Brasil Escola.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-sao-figuras-
pensamento.htm. Acesso em 03 de setembro de 2023.

ANTÍTESE

Postado por Adriana Lopes em 04/01/2019

Recurso linguístico que consiste em palavras com sentidos antagônicos na mesma frase

A Antítese consiste na formação de uma frase com palavras ou expressões de sentidos


contrários. Trata-se, portanto, de uma figura de linguagem. O termo tem origem grega,
antíthesis, e quer dizer oposição e contraste entre palavras e ideias.

Esse recurso foi muito utilizado durante o Barroco, movimento artístico que predominou entre
os séculos XVI e XVIII, baseado nos contrastes, excessos e dualidades entre fé e razão. Dessa
forma pode-se afirmar que a antítese tem uma importância história significativa.

Mas, antes de compreender suas principais características e aplicação nas frases, é importante
entender o que é uma figura de linguagem e para que serve.

Figuras de linguagem

As figuras de linguagem são mecanismos utilizados na linguagem escrita ou oral e que tem
como objetivo dar uma maior evidência à comunicação ou causar uma interpretação inusitada
por parte leitor. Para isso, muitas vezes é explorado não o sentido literal das palavras, mas
apenas a sua sonoridade.

Elas são classificadas em:


- Figuras de palavras ou semânticas: são as frases que empregam uma palavra em sentido
conotativo (figurado), com o intuito de causar mais expressividade. É o caso da comparação,
catacrese, metáfora, antonomásia, eufemismo, metonímia, sinestesia, gradação, hipérbole,
perífrase, paradoxo, prosopopeia e ironia.

- Figuras de pensamento: são aquelas que combinam pensamentos e ideias de uma maneira
diferente. Alguns exemplos são o eufemismo, paradoxo, personificação, lilote, gradação,
hipérbole e a antítese.

- Figuras de sintaxe ou construção: possuem uma estrutura gramatical diferenciada visando dar
mais ênfase à frase, como o hipérbato, zeugma, anacoluto, elipse, anáfora, pleonasmo,
polissíndeto e silepse.

- Figuras de som ou harmonia: dão ênfase ao tempo por meio da sonoridade das palavras,
como por exemplo a paronomásia, aliteração, onomatopeia e assonância.

Exemplos de antítese

A antítese é utilizada quando se deseja reforçar o sentido de cada palavra e a relação de


oposição entre elas. Para facilitar a compreensão, analise os exemplos abaixo:

• “Que vai, pisando a terra e olhando o céu.” (Vinicius de Moraes)

• “Já estou cheio de me sentir vazio, meu corpo é quente e estou sentindo frio.” (Renato
Russo)

• “Eu vi a cara da morte, e ela estava viva”. (Cazuza)

• Residem juntamente no teu peito/um demônio que ruge e um deus que chora.” (Olavo
Bilac)

• “Uma menina me ensinou, quase tudo que eu sei, era quase escravidão, mas ela me tratava
como um rei.” (Renato Russo).

• “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)

• “Meus olhos andam cegos de te ver.” (Florbela Espanca)

• “Mas que seja infinito enquanto dure.” (Vinicius de Moraes)

• “Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada.” (Humberto Gessinger)

• “Tristeza não tem fim, felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes)

• “Estou acordado e todos dormem, todos dormem, todos dormem”. (Renato Russo)

Boas Novas

Cazuza
Poetas e loucos aos poucos

Cantores do porvir

E mágicos das frases

Endiabradas sem mel

Trago boas novas

Bobagens num papel

Balões incendiados

Coisas que caem do céu

Sem mais nem porquê

Queria um dia no mundo

Poder te mostrar o meu

Talento pra loucura

Procurar longe do peito

Eu sempre fui perfeito

Pra fazer discursos longos

Discursos longos

Sobre o que não fazer

Que é que eu vou fazer?

Senhoras e senhores

Trago boas novas

Eu vi a cara da morte

E ela estava viva viva!

Eu vi a cara da morte

E ela estava viva – viva!

Direi milhares de metáforas rimadas

E farei

Das tripas coração

Do medo, minha oração


Pra não sei que Deus H

Da hora da partida

Na hora da partida

A tiros de vamos pra vida

Então, vamos pra vida

Senhoras e senhores

Trago boas novas

Eu vi a cara da morte

E ela estava viva

Eu vi a cara da morte

E ela estava viva viva!

Composição: Cazuza

Legendado por sophia.

Revisão por Zuza

A comparação é uma figura de linguagem semelhante à metáfora usada para demonstrar


qualidades ou ações de elementos.[1] A relação entre esses nomes pode formar uma
comparação simples ou uma comparação.

É mais facilmente entendida como a aproximação de dois termos que se assemelham.

“ O Amor queima como o fogo ”

Os dois termos, Amor e fogo, mantêm, cada um, com o seu próprio significado.

Comparação

Comparação

Comparação é uma figura de linguagem caracterizada pela analogia explícita entre termos de
um enunciado, já que conta com a presença de conjunção ou locução conjuntiva comparativa.
Isso já não acontece com a metáfora, que também realiza uma analogia, porém sem a presença
desse tipo de conectivo. Já as símiles híbridas consistem na combinação entre uma
comparação e uma metáfora.

Veja os exemplos a seguir:


Fábio é mais velho do que Plínio.

(Comparação entre a idade de Fábio e a de Plínio.)

O livro é tal qual uma ponte para o infinito.

(Comparação entre o livro e uma ponte.)

Amo Pedro tanto quanto amei Micaela.

(Comparação entre o amor por Pedro e por Micaela.)

Eu vivia como um indigente.

(Comparação entre a vida do sujeito “eu” e a de um indigente.)

Oscar Wilde experimentou o prazer do aplauso, assim como a dor do desprezo.

(Comparação entre a experiência de ser aplaudido e de ser desprezado.)

Caminhava pelas ruas como se caminhasse em uma passarela.

(Comparação entre a forma de caminhar nas ruas e em uma passarela.)

Elisandro ria que nem um bobo.

(Comparação entre o riso de Elisandro e de um bobo.)

Poema Amor é fogo que arde sem se ver (com Análise e Interpretação)

Laura Aidar Revisão por Laura Aidar Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos
maiores escritores portugueses de todos os tempos. O famoso poema foi publicado na
segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598.

Amor é fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo

Camões

Eufemismo é uma figura de linguagem que emprega termos mais agradáveis para suavizar uma
expressão.[1]

O eufemismo é a figura de linguagem usada para tornar um enunciado mais brando ou


agradável e menos agressivo. É bastante utilizado em contextos que exigem moderação ou
para falar de conteúdos fortes e polêmicos por meio de termos mais suaves e menos
provocantes. Esse recurso estilístico é constantemente associado à polidez.

A palavra “eufemismo” vem do grego eufemísmos, que significa “emprego de uma palavra
favorável no lugar de uma de mau augúrio”. Os vocábulos eu (bem) e femi (falar) dão a ideia de
“falar de maneira agradável”.

Expressões populares têm um caráter cômico, o que pode atender em parte a do eufemismo.
Situações de grande impacto, como a morte, beira o grotesco e a função dessa figura de
linguagem se perde. Um exemplo mais adequado é dizer que o indivíduo “partiu”, ou que
“deixou esse mundo”.

Uso do eufemismo
O eufemismo é utilizado para substituir uma palavra ou um termo tabu ou um conteúdo
delicado e chocante, atenuando o seu sentido. Há graus no uso do eufemismo que variam de
acordo com o quanto ele diminui a intensidade do significado pela substituição feita. Vejamos
o exemplo da notícia de morte:

“Ele morreu.”

Aqui, o verbo “morrer” provavelmente apresenta alta carga negativa para quem recebe a
notícia: é direto, objetivo e está próximo, sonoramente, da palavra (e da ideia de) morte.

“Ele faleceu.”

O verbo “falecer” apresenta exatamente o mesmo significado que o verbo “morrer”, porém, o
uso de uma palavra que não remete sonoramente à palavra “morte” pode ajudar a passar a
notícia de maneira menos abrupta, pelo menos em tese. Apesar de sinônimo, “falecer” é já
considerado um eufemismo.

“Ele não está mais entre nós.”

Nesse outro caso, a expressão “não estar mais entre nós” é ambígua. Pode tratar-se de não se
estar fisicamente no mesmo recinto, de não se estar mais apoiando as mesmas ideias ou, e de
acordo com o contexto, de não se estar mais vivo entre os falantes. Nota-se que foi usada uma
expressão que, novamente, em tese, por ser mais ambígua, leva o interlocutor a conceber aos
poucos a ideia de morte.

Dentro de contextos específicos, como o da publicidade, que precisa veicular tragédias, muitas
vezes opta-se por associar-se texto e imagem, fazendo com que o próprio ouvinte/leitor
complete a mensagem.

Eufemismos também mostram serventia para substituir palavras consideradas de baixo calão
ou impróprias de acordo com algum tabu, ou mesmo para omitir nomes de divindades. Alguns
deles podem ser neologismos, isto é, palavras inventadas somente para a ocasião, em que se
altera uma ou duas letras ou sílabas da palavra original, como puxa, diacho e caramba.

Exemplos de eufemismo

Exemplos do uso de eufemismo

Observe mais alguns exemplos de eufemismo em diferentes contextos:


“Há tempos, no Passeio Público, tomei-lhe de empréstimo um relógio. Tenho a satisfação de
restituir-lho com esta carta. A diferença é que não é o mesmo, porém outro, não digo superior,
mas igual ao primeiro.”

No excerto de Memórias póstumas de Brás Cubas, do escritor Machado de Assis, o termo


destacado parece ter sentido literal. Entretanto, ao lermos o restante do trecho, entendemos
que foi usado um eufemismo para dizer que, na verdade, o relógio fora furtado.

“Eu abro a porta e puxo a cadeira do jantar

À luz de velas pra ela se apaixonar

Eu mando flores, chocolates e cartão

O meu problema sempre foi ter grande coração”

Frase Nota

Ele entregou a alma a Deus em vez de morreu

Foi ao banheiro fazer suas necessidades em vez de defecar

Nos fizeram varrer calçadas e limpar o que faz todo cão. Em lugar de fezes

Ela é minha ajudante / funcionária em lugar de empregada doméstica

“…Trata-se de um usurpador do bem alheio…” em lugar de ladrão

Filho do desgramado! Ao invés de desgraçado

“Era uma estrela divina que ao firmamento voou!” em lugar de morreu

“Quando a indesejada da gente chegar”[nota 1] em lugar de a morte

Ele subtraiu os bens de tal pessoa. Em vez de furtou

Contratou uma garota de programa / acompanhante de luxo em vez de prostituta

“Verdades que esqueceram de acontecer”[nota 2] em lugar de mentira

“Ele vivia de caridade pública”[nota 3] em vez de esmolas

Ele foi morar junto com Deus. Em lugar de morreu

Ele foi convidado a se retirar. Em lugar de expulso

Ele se apropriou do dinheiro do colega. Em lugar de roubou

Ele não foi feliz nos exames. Em vez de reprovado

Textos Crônicas
Verdades que esqueceram de acontecer

Mário Quintana, em sua doce ironia, dizia que a mentira é uma verdade que esqueceu de
acontecer.

Lembrei-me dessa definição, relembrando as desilusões que sofremos, em razão dessas


“verdades”. Se não fossem elas, talvez tivéssemos raras oportunidades de sermos realmente
felizes. Tantas alegrias acontecem por verdades que não são ditas, ou então, por verdades que
não acontecem.

Em matéria de amor, de relacionamentos, essas “verdades” nos garantem momentos de


felicidade inimaginável, somadas à ingenuidade natural de quem necessita ser amado. Se não
crêssemos, muitas vezes, nas doces mentiras contadas ao pé do ouvido, é provável que
passássemos boa parte de nossa existência à espera do nosso grande amor, deixando de viver
outros grandes amores, alimentados pelas verdades que esqueceram de acontecer.

Confesso que, acordando da minha ingenuidade, nascida da minha carência de amor, reagia
com raiva, ressentimento, mágoa, quando percebia ter me deixado levar por uma dessas
verdades. Acredito que o conquistador, o sedutor, realmente acredita nas suas palavras,
quando está no processo de envolver sua vítima. Quando percebe que o jogo está ganho,
continua, correndo o risco de cair na própria armadilha, ou então se afasta, deixando atrás de
si, mais um coração partido.

Com o passar do tempo, refletindo sobre minhas reações, sobre verdades que acreditava
serem reais, mas que esqueceram de acontecer, percebi que fui feliz, enquanto acreditava
nelas. Sentia-me amada. No final das contas, o sedutor, autor das verdades que me fizeram
feliz, provavelmente continua contando suas verdades, que devem estar com a Doença de
Alzeheimer, porque esquecem insistentemente, de acontecer.

E, se ele continua nessa mesma rotina, é porque ainda não encontrou nem seu amor de
verdade, ou seu amor de verdade, também esqueceu de acontecer.

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga: — Alô, iniludível! O meu dia foi bom… Frase de Manuel Bandeira

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar


(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

— Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira BANDEIRA, M., Libertinagem, 1930.

A ironia (ou antífrase) é uma figura de linguagem utilizada para dizer-se algo por meio de
expressões que remetem propositalmente ao oposto do que se quis dizer. Seu uso é bastante
comum, e esse jogo de sentidos que se ligam pela inversão gera, muitas vezes, um tom de
comicidade ou de deboche, podendo ser um mero gracejo até um discurso mais sarcástico. Por
sua versatilidade, é um recurso estilístico muito comum e usado em diversas possibilidades,
como veremos a seguir.

A palavra ironia vem do grego, eironéia, que significa “dissimulação”. A palavra antífrase
também vem do grego, antiphrasis, que significa “expressão contrária”. Assim, é possível
perceber-se o efeito do uso da ironia, certo?

Leia também: Hipérbole – figura de linguagem que expressa intensidade e exagero

Tipos de ironia

É comum distinguir a ironia com base em suas fontes, tendo dois tipos: a ironia verbal
(também chamada de ironia instrumental), cuja fonte é o próprio falante que a expressa, e a
ironia observável (também chamada de ironia situacional ou, ainda, de ironia de situação), cuja
fonte não é a mente do indivíduo, e sim a circunstância irônica da realidade.

Ironia verbal
Diz respeito ao discurso irônico, isto é, ao ato de falar-se ou representar-se algo querendo, na
verdade, remeter-se ao seu inverso. Costuma ocorrer de maneira proposital, mas não
necessariamente será percebida pelo interlocutor.

Dentro dessa categoria, encontra-se a ironia oral (fala-se algo com a intenção de expressar-se o
oposto) e também a ironia dramática, presente em obras artísticas, quando leitor,
telespectador ou plateia captam facilmente a ironia do discurso, enquanto as personagens que
o vivenciam, não.

Ironia observável

Esse termo, diferentemente da ironia verbal, remete à ironia presente no campo da ação e da
realidade, ou seja, a situação configura-se irônica por si só (independentemente da fala de
alguém ou de um discurso verbal).

Exemplos do uso de ironia

A ironia é um recurso muito utilizado no dia a dia, mas também em obras artísticas. Vejamos
alguns exemplos de seu uso.

“Puxa, que bom que o elevador quebrou! Agora só teremos que subir 12 lances de escada, são
bem poucos.”

Certamente, a pessoa não está feliz por ter que subir 12 lances de escada.

“Que bonito, hein! Que cena mais linda! Será que eu estou atrapalhando o casalzinho aí?!”

As exclamações irônicas cantadas por Naiara Azevedo ao flagrar a traição do marido fizeram
sucesso na abertura da música sertaneja 50 reais.

“Soares olhava para Camilo com a mesma ternura com que um gavião espreita uma pomba.”

Esse trecho do conto “O parasita azul”, de Machado de Assis, mostra por que o escritor é
conhecido pelo uso frequente da ironia em suas obras, em uma época em que isso não era tão
comum na literatura.
“Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi
tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num
local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.”

Nesse trecho, o cronista Luís Fernando Veríssimo narra uma situação formulando uma sutil
ironia de que os condôminos, que deveriam estar livres, estão presos para proteger-se de
criminosos que estão livres. A situação por si só seria considerada uma ironia observável, no
entanto, ao narrá-la, o cronista faz uma ironia verbal.

Com esses exemplos, podemos ver que a ironia pode ser utilizada nos mais diversos contextos,
sendo popular em diversas épocas. Portanto, seria irônico dizer que essa figura de linguagem
não é nada importante para o nosso idioma.

Leia também: Metáfora – figura de linguagem que apresenta uma comparação implícita

A ironia expressa propositalmente o oposto do que é proferido.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Fuvest)

A certa personagem desvanecida

Um soneto começo em vosso gabo*:

Contemos esta regra por primeira,

Já lá vão duas, e esta é a terceira,

Já este quartetinho está no cabo.

Na quinta torce agora a porca o rabo;

A sexta vá também desta maneira:

Na sétima entro já com grã** canseira,

E saio dos quartetos muito brabo.

Agora nos tercetos que direi?

Direi que vós, Senhor, a mim me honrais


Gabando-vos a vós, e eu fico um rei.

Nesta vida um soneto já ditei;

Se desta agora escapo, nunca mais:

Louvado seja Deus, que o acabei.

Gregório de Matos

*louvor **grande

Tipo zero

Você é um tipo que não tem tipo

Com todo tipo você se parece

E sendo um tipo que assimila tanto tipo

Passou a ser um tipo que ninguém esquece

Quando você penetra num salão

E se mistura com a multidão

Você se torna um tipo destacado

Desconfiado todo mundo fica

Que o seu tipo não se classifica

Você passa a ser um tipo desclassificado

Eu até hoje nunca vi nenhum

Tipo vulgar tão fora do comum

Que fosse um tipo tão observado

Você ficou agora convencido

Que o seu tipo já está batido

Mas o seu tipo é o tipo do tipo esgotado

Noel Rosa
O soneto de Gregório de Matos e o samba de Noel Rosa, embora distantes na forma e no
tempo, aproximam-se por ironizarem

a) O processo de composição do texto.

b) A própria inferioridade ante o retratado.

c) A singularidade de um caráter nulo.

d) O sublime que se oculta na vulgaridade.

e) A intolerância para com os gênios.

Resolução

Alternativa C. O soneto começa afirmando que fará louvores a alguém, entretanto, o eu lírico
passa todo o poema sem tecer um elogio sequer, ironizando o fato de não haver elogios a
serem feitos. Do mesmo modo, o samba fala sobre um “tipo que ninguém esquece” e que é
“destacado” para, ao final, revelar que se trata de um “tipo desclassificado” e “esgotado”. Nos
dois casos, há ironia ao destacar-se a falta de qualidades daqueles que ganharam um soneto e
um samba em sua homenagem, ou seja, a singularidade de seu caráter nulo.

Questão 2 – (Unesp)

Os donos da comunicação

Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da


comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes
xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da
comunicação ainda estão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam
nas moças fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no society
que morre se o nome não aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles
por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos
“veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei.

O que também é muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver
o seguinte: nós, pra sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é
mesmo? Agora vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação que só deixam sair
10% do que sabem? Pois é; tem gente que faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas
besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica
xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre vai lá pro fundo do jornal em quatro
linhas.

(Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.)

Millôr Fernandes emprega com conotação irônica o termo inglês society, para referir-se a

a) Pessoas dedicadas ao desenvolvimento da sociedade.

b) Pessoas que fazem caridade apenas para aparecer nos jornais.

c) Sociedades de atores de teatro, cinema e televisão.

d) Norte-americanos ou ingleses muito importantes, residentes no país.

e) Indivíduos presunçosos da chamada alta sociedade.

Resolução

Alternativa E. O termo society é uma referência ao termo em inglês high society, que significa
alta sociedade. O uso do estrangeirismo remete à presunção dos indivíduos da alta sociedade,
que “morre se o nome não aparecer nas colunas”.
Ronia

Márcia Fernandes Escrito por Márcia Fernandes Professora licenciada em Letras

O que é ironia?

Ironia é uma figura de linguagem que utiliza palavras com sentido oposto para dar ênfase ao
discurso. Como esse recurso estilístico recorre à combinação de ideias e pensamentos, é
classificado como uma figura de pensamento.

A palavra ironia tem origem grega (euroneia) e significa dissimulação, fingimento.

Para entender melhor esse conceito, vejamos um exemplo:

Doutor, agradeço o fato de ser tão atencioso comigo. Tenho certeza que esteve atento a tudo o
que disse.

O falante gostaria de transmitir seu desapontamento para o fato de falar com um médico que
não prestou atenção na sua conversa. Para mostrar isso, utilizou a palavra “atencioso”, mas
com o sentido de “desatento”, e “atento”, com o sentido de “distraído”.

Exemplos de ironia

1. Aqueles eram os empregados que todo patrão queria ter: ágeis como as preguiças.

2. Que tal falar mais alto para os vizinhos também participarem na nossa conversa?

3. A reunião de amanhã começa meia hora mais tarde, mas como você é muito pontual,
pode vir no mesmo horário para chegar a tempo.

4. Sempre delicada, derruba tudo o que encontra pelo caminho.

5. Com essa rapidez chegaremos para a sobremesa.

6. É tão responsável que só lembra de pagar as contas depois do seu vencimento.


7. Tem o dom de estragar tudo.

8. Cozinha tão bem que nem o seu cachorro come.

9. Adoro essa sua falta de cuidado comigo.

10. Estudou tanto e não soube resolver nenhum exercício.

11. A sua visita é tão agradável para colocar defeito em tudo o que tenho em casa.

12. Canta maravilhosamente mal.

13. Suas doces palavras amargam como limão.

14. Quem foi o inteligente que conseguiu tirar zero na prova?

15. Trabalha muito bem. Quem contrata os seus serviços não o chama outra vez.

Daniela Diana Escrito por Daniela Diana Professora licenciada em Letras

A metáfora é a figura de linguagem em que se encontra uma comparação implícita. Muito


utilizada em textos poéticos, ela pode tornar o discurso mais elegante.

Pelo fato de o recurso estilístico utilizado na metáfora estar associado ao significado das
palavras, essa figura de linguagem (ou figura de estilo) é classificada como uma figura de
palavra ou semântica.
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Metáfora

Escrito por Daniela Diana

Professora licenciada em Letras


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A metáfora é a figura de linguagem em que se encontra uma comparação implícita.


Muito utilizada em textos poéticos, ela pode tornar o discurso mais elegante.
Pelo fato de o recurso estilístico utilizado na metáfora estar associado ao significado das
palavras, essa figura de linguagem (ou figura de estilo) é classificada como uma figura
de palavra ou semântica.
Exemplos de Frases com Metáfora
"O personagem do livro tem coração de pedra."
Em vez de dizer que o personagem do livro é insensível, podemos comparar o seu
coração a uma pedra para expressar o quanto ele é duro. Essa comparação implícita dá
mais ênfase e beleza à frase.
Vamos ver mais exemplos:
 Gabriel é um gato. (subentende-se beleza felina)
 Lucas é um touro. (subentende-se a força do touro)
 Fernando é um anjo. (subentende-se a bondade dos anjos)
 Dona Filomena é uma flor. (subentende-se a beleza das flores)
 Ludmila é fera em matemática. (subentende-se a esperteza)
 Seus olhos são duas jabuticabas. (subentendem-se as características da jabuticaba:
pretas e redondas)
 Metáfora é uma figura de linguagem que produz sentidos figurados por
meio de comparações. Também é um recurso expressivo. [1]
 Amor é fogo que arde sem se ver.
 — Luís de Camões
 Vi sorrir o amor que tu me deste.
 — Cesário Verde

 O termo fogo mantém seu sentido próprio - desenvolvimento simultâneo


de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis,
como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor,
paixão, excitação, sofrimento etc.
 Didaticamente, pode-se considerá-la uma comparação que não usa
conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal
uma equivalência que é apenas figurada.[2]

 Meu coração é um balde despejado.


 — Fernando Pessoa

Exemplos de metáforaEditar
 "Sou um cachorro sem sentimentos"
 "Cada fruto desta árvore é um pingo de ouro"
 "Meu pensamento é um rio subterrâneo" (Fernando Pessoa)
 "Fulano é um gato"
 "Essa menina é uma flor"
 "Essa menina é um filé"
 "Essa comida está muito massa"
 "É um ato de falta de grandeza desprezar o desejado pássaro depois que ele pousa em
suas mãos" (Giuliano Fratin)
 "Em sua sincera dissimulação ele usou uma máscara feita com o molde de seu próprio
rosto" (Giuliano Fratin)
 "Os Lenhadores da ilusão jamais obterão êxito na floresta da minha verdade" (Giuliano
Fratin)
 "Jamais deveriam ser asfaltados os bosques e campos floridos de um ingênuo coração"
(Giuliano Fratin)

Olhos Azuis
São dois Oceanos que vejo no encontro dos nossos olhos, esses seus lindos olhos azuis.
Sim é com a Alma que escrevo, mais também com uma inspiração que transcende todas
as razões da poesia.
Olhos pintados pelas Mãos de Deus, parte da grande obra de arte que se chama Você.
Cleber Manoel Carneiro De Souza
Solidão Alceu Valença

A solidão é fera, a solidão devora.


É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.
A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.
A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.

Rua.
Maria Celeste B.S.P. às 12:34

METÁFORA NA MÚSICA Borboleta de Alceu Valença

Ela é uma borboleta = ELA É COMO UMA BORBOLETA


Pequenina e feiticeira
Anda no meio da noite
Procurando quem lhe queira
Minha camisa
Foi manchada de vermelho
Tem um beijo desbotado
De batom ou de carmim
E a feiticeira
Tem a boca encarnada
E um beijo e uma dentada
Sempre guardados pra mim
Eu procuro a borboleta
Feiticeira, descarada
Pelo batom na camisa
Pela marca da dentada

Poema Amor é fogo que arde sem se ver (com Análise e Interpretação)

Laura Aidar Revisão por Laura Aidar Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos
maiores escritores portugueses de todos os tempos. O famoso poema foi publicado na
segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598.
Amor é fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente,

É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor

Camões

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