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A GRAÇA EM AGOSTINHO E PELÁGIO1

André Luiz de Souza Gomes2

RESUMO

Este artigo apresenta uma abordagem sobre a visão da graça em Agostinho e em Pelágio, que
desencadeou um grande combate teológico desde o período patrística. Portanto, se tornou
necessário analisar o que tem de Bíblia e filosofia e o que os influenciou. O trabalho tem
como objetivo comparar os pensamentos de ambos, no que diz respeito a graça e sua relação
com a predestinação e livre-arbítrio, e propor o conceito Bíblico. O método utilizado nessa
pesquisa foi verificar obras, artigos e todos os materiais disponíveis, coletar o máximo de
dados de autores que criticam, mas também os que questionam Agostinho e Pelágio, e então
sugerir uma ideia considerável. Verificou-se que apesar de ambos abordarem o mesmo tema,
há uma grande divergência teológica entre si, em como ocorre a salvação. Enquanto
Agostinho a vê como operação Divina, Pelágio a vê como operação humana. A partir desses
resultados podemos concluir que, os pressupostos filosóficos não são Bíblicos, portanto não
devem ser utilizados na interpretação do texto Bíblico para o desenvolvimento da doutrina da
salvação e fé cristã, não podemos confiar no seu método interpretativo. Também destacamos
que quando se trata de interpretação, a Bíblia é única regra de fé. Portanto, essa pesquisa é útil
para entender a salvação e serve de base para um estudo continuado sobre a graça.

Palavras-chave: Agostinho. Pelágio. Predestinação. Livre-Arbítrio. Graça.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo procura analisar o pensamento de Agostinho e Pelágio, no que tange o


conceito de graça e sua relação com a predestinação e o livre-arbítrio, entender o que tem de
Bíblia e o que tem de filosofia grega e como foram influenciados. Ao longo da história da
igreja até o momento atual, percebe-se como o movimento de crenças vem crescendo cada
vez mais, e como a filosofia tem influenciado os estudiosos. A doutrina da salvação é um
assunto pertinente no Velho e Novo Testamento, um tema muito bem abordado sendo o
centro de sua mensagem. Desta forma, ainda que muito bem explicado nas Escrituras
Sagradas, é um assunto que diverge entre muitos estudiosos. O tema é de extrema importância
para a teologia Bíblica, e mesmo para todo o cristão que buscar compreender a graça de Deus.

1
Artigo apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de nota parcial pela Faculdade
Adventista da Bahia, sob orientação do Prof. Dr. Flávio da Silva de Souza. flavio.souza@adventista.edu.br
2
Graduando do 4º ano do curso Bacharelado em Teologia pela Faculdade Adventista da Bahia.
andresouza.sp26@gmail.com
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Importantes debates têm ocorrido sobre esse tema, envolvendo desde os perigos da influência
filosófica grega sob o desenvolvimento da doutrina da Salvação, até apresentar uma melhor
definição do que seria a graça, a luz das Escrituras Sagradas, para que todo o crente em Deus
possa entender e usufruir de Seus propósitos neste mundo.
Os pressupostos de Agostinho e Pelágio apresentam uma grande revolução histórica e
contribuição teológica de interesse para o desenvolvimento da teologia Bíblica, que tem sido
uma grande área de estudo, para o campo da fé cristã. Ambos apesar de compor pensamentos
divergentes, propõem reflexões tanto para nível de conhecimento teórico e prático da fé, serve
como um caminho para tentar explicar crenças religiosas, o que foi influenciado, como foi e
por que, como também é um pano de fundo para a construção da teologia desde seus dias, em
comparação dos escritores Bíblicos. Por tanto, além da discussão teórico-conceitual, serão
apresentados conceitos que foram mal interpretados, quando recorridos à filosofia grega a fim
de se obter fundamento, porém será revisada pela orientação Bíblica, que é a única regra de
fé, para uma importante compreensão de como se define a graça.
O presente artigo é de natureza teórica, recorrendo à pesquisa bibliográfica e em
especial essas obras como o problema da identidade Bíblica do cristianismo, princípios
elementares da teologia cristã, liberdade e graça no pensamento de Agostinho, a doutrina do
pecado original e da depravação, a graça I, a graça II, período patrística, crenças populares,
salvação para todos, na tentativa de compreender um pouco da história, de como o surgimento
dos pensamentos filosóficos de Platão, Aristóteles e outros afetaram o cristianismo,
pressupostos teológicos que foram influenciados durante o período da época patrística, suas
implicações para o desenvolvimento da teologia e da fé em Jesus, a concepção do pecado
original, a predestinação e definição de livre-arbítrio, e como isso afetou por vários séculos a
maneira que se entende a doutrina da salvação e suas dimensões.
A discussão divide-se em três partes principais; uma na qual são caracterizados o
pensamento de Agostinho a respeito da graça e sua relação com a predestinação e outra que
analisa o pensamento de Pelágio a respeito da graça e sua relação com o livre-arbítrio e última
que é comparar o pensamento de Agostinho e Pelágio com as Escrituras, verificar o que tem
de Bíblia e o que tem filosofia grega e o que é influenciado, e propor uma definição do que
seria a graça. Todas essas sessões seguindo como objetivo específico faz parte para orientar a
pesquisa. A análise aponta que o combate de Agostinho contra os escritos de Pelágio tem
como seu fundamento principal a filosofia grega, e uma visão má interpretada acerca de
alguns conceitos das cartas paulinas. Contudo, ao desenvolver o tema da graça, recorre tanto
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as Escrituras Sagradas como também a filosofia de sua época para fundamentar seu
pensamento.

2 O PENSAMENTO DE AGOSTINHO A RESPEITO DA GRAÇA E SUA RELAÇÃO


COM A PREDESTINAÇÃO.

De acordo com Agostinho, a graça é uma ação de Deus para salvar o homem em seu
pecado. Segundo ele, utilizando as Escrituras em Efésios 2-3 concorda que a mesma é um
dom, pela qual se aceita pela fé (AGOSTINHO, O Espírito e a Letra, 32: 56). A natureza
humana se encontra debilitada, aspirando por um auxílio divino, pelo qual poderá se reerguer
novamente. Agostinho afirma que ninguém poderá se libertar senão for pela graça
(AGOSTINHO, O Dom da perseverança, 24: 66). Para ele, o homem é aperfeiçoado, recebe
uma cura e é enobrecido, uma vez que não pode se colocar em uma experiência salvífica por
si mesmo. Orientado por Ambrósio, acredita que o Senhor intervém para que o homem
consiga se arrepender (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 45: 49).
Isso revela que o homem se encontra em uma total dependência de um poder superior
e transcendente, pois todos possuem uma propensão para o pecado, vindo a necessitar do
favor de Deus. De acordo com Frangiotti, comentarista da obra “a graça I”, para Agostinho,
“embora a natureza fosse obra das mãos de Deus, a qual merece louvor, no entanto, estando
doente necessita do auxílio de Sua graça” (AGOSTINHO, 1998, p. 54). Isso porque, segundo
ele, o homem está em uma propensão terrível para o mal, o qual não consegue se erguer por si
mesmo, com a perda de sua integridade só pode receber forças se for pelo socorro divino:
Esta aperfeiçoa, enobrece, cura e santifica o homem. Reconhece o valor da natureza,
porém, deixada a si mesma, não tem nenhuma potencialidade, a não ser para o
pecado. Deus criara, de fato, o homem com perfeição, equilíbrio e íntegro. Com a
transgressão, perdeu a integridade e este despojamento foi transmitido às gerações
sucessivas. Neste estado, o homem não teria salvação se não lhe fosse dada a graça
de Deus. Esta é um dom gratuito. Não é devida aos méritos humanos.
(AGOSTINHO, 1998, p. 54).

Em seu pensamento a graça é um dom totalmente gratuito e independente de qualquer


mérito humano. Para ele, não é um presente que se possa obter como recompensa de algum
esforço, mas, um fruto de Deus, como Sua ação para com o pecador indigno. Frangiotti
conclui que, segundo Agostinho, a genuína graça acontece por causa dos méritos de Cristo
Jesus, a qual salva nossa natureza pecadora. O mesmo vê a graça como um dom divino que
em tristeza pela infelicidade humana se comove em amor para providenciar graça em seu
filho amado Jesus.
Agostinho insiste em que a graça não é dada em recompensa a nossos méritos ou
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devido à nossa dignidade natural: “Trabalhei mais que todos, embora não eu, mas a
graça de Deus que está comigo” (1Cor 15,10). O mérito não é fruto do ato humano,
mas da ação amorosa de Deus. Do contrário, a graça não seria dom, mas saldo. Para
Agostinho, a verdadeira graça é aquela obtida pelos méritos de Jesus Cristo, aquela
que não é a natureza, mas a que salva a natureza. (AGOSTINHO, 1998, p. 54).

Desta forma, Deus coroa aqueles a quem ele escolheu, os quais de outro modo jamais
poderiam conseguir pelo próprio mérito pessoal. De acordo com o pensamento agostiniano,
nenhuma criança nem mesmo os adultos podem salvar-se sem a graça, isso independe de
méritos, é totalmente gratuita, a justificação ocorre mediante o sangue de Cristo
(AGOSTINHO, A Natureza e a Graça, 4: 4). Segundo o comentário de Frangiotti, na obra de
Agostinho, a graça faz do homem cooperador de Deus, além do ser humano encontrar o
perdão dos seus pecados, deve uma vez por todas cooperar com atitudes de boas ações, o que
por fim, evidenciará uma resposta à graça do divino. Sendo assim, o dom da graça age a favor
do homem, não se coloca contra a natureza do mesmo, mas contra os defeitos de sua natureza
poluída pelo pecado, que causou as enfermidades. Ele vê o dom de Deus como um
aperfeiçoamento da depravada natureza. Isso quer dizer que o objetivo do Criador em Sua
comovente ação, é erguer de tal forma o homem para que possa praticar a justiça, não
destruindo a natureza, mas se colocando à disposição da graça para que o mesmo possa
desfrutar de uma experiência redentora.
A graça nos faz cooperadores de Deus, porque, além de perdoar os pecados, faz com
que o espírito humano coopere na prática das boas obras: nós agimos, mas Deus
opera em nós o agir. Natureza e graça não são forças que se opõem que se destroem,
mas que se irmana se ajuda. Assim como a medicina não vai contra a natureza, mas
contra a enfermidade, a graça vai contra os vícios e defeitos da natureza.
(AGOSTINHO, 1998, p. 55).

Acerca disso, Frangiotti, na obra de Agostinho afirma que o homem se encontra em


uma necessidade extrema, uma total dependência do divino. Pois o mesmo vive
constantemente uma pobreza espiritual, carecendo do dom de Deus. O homem é culpado,
vindo ser tendencioso a pecar desde o nascimento até mesmo estando em comunhão com
Deus. Todos estão por natureza recebendo a hereditariedade do pecado original de Adão,
vivendo uma vida de escravidão. Isso faz com que se busque recurso a cada momento de suas
fraquezas no poder de Deus, mostrando sua necessidade da graça. Agostinho quebra o
pensamento de que o homem pode viver uma vida sem pecado, pois para ele, se assim fosse
não teria sentido afirmar que a natureza humana reclama auxílio divino por toda vida, e não
haveria razão para intervenção amorosa de Deus que o aperfeiçoe e o habilite a viver, se o
mesmo pudesse experimentar uma vida sem pecado por si mesmo:
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Contra aqueles que creem na inocência do homem, no seu poder de viver sem
pecado graças a seus próprios esforços, Agostinho explora a miséria espiritual
profunda do homem, tanto antes quanto depois do batismo. Antes, pelo fato da
transmissão hereditária e da imputação do pecado de Adão. Depois do batismo, o
homem se torna inevitavelmente pecador por força da concupiscência. Há uma
espécie de necessidade de pecar. Por essa razão, o homem tem necessidade a cada
instante e em cada um de seus atos de um socorro divino, da graça. (AGOSTINHO,
1998, p. 55).

Ainda no pensamento agostiniano, Adão obteve o favor de Deus não apenas para si
mesmo, mas todos se tornam coparticipantes com ele, conforme menciona Frangiotti, justiça
original é atribuída não apenas para Adão, mas para sua descendência (AGOSTINHO, 1998,
p. 99). Para Agostinho, nossa única justiça provém apenas dos méritos de Cristo Jesus, já que
o homem é plenamente dependente de Deus. No site “Monergismo’ o escritor Michael
Horton. comenta que era ensinado por Agostinho que, por conta do pecado original, ninguém
poderia salvar-se ou obedecer, ou ir até Deus a não ser pela graça (HORTON, 2001?, s/p).
Sendo assim, o homem carecendo da graça encontra a luz em Deus. Todo o problema é
resolvido através do ministério de Cristo em favor do homem. Agostinho afirma que o homem
se afastou de Deus, vivendo em uma escuridão onde carece, até que encontre a Deus, obtendo
justiça no seu filho Jesus, a única esperança (AGOSTINHO, Confissões, 13: 3).
De acordo com Rev. Gyordano M. Brasilino, do site “Vineadei Wordpress” seguindo o
raciocínio de Agostinho, no que diz respeito à predestinação, se propõe que Deus tem controle
na vontade humana, uma vez que o homem não pode livrar-se do pecado por si mesmo, vindo
a necessitar de um poder que está fora de si, assegura-se a única esperança que se encontra em
Deus, o qual pode entender como o agente da salvação. Na meditação de Agostinho, as
palavras expressam uma defesa para o pressuposto da predestinação, levando em conta que
seria inútil interceder por alguém se Deus não puder alterar a vontade, estando em completa
dependência de Deus, uma vez que não pode renovar-se a si mesmo.
Nessa meditação acerca da eficácia da oração, uma questão levantada por ele
mesmo, assim como por todos os defensores da predestinação, é a de que é
totalmente sem sentido orar pela conversão de alguém, se Deus não é capaz de
mudar a vontade daquele que não quer se converter; e isso vale até para nós
mesmos. Essa oração pressupõe a esperança na ação divina. (BRASILINO, 2017,
s/p).

Tendo em vista essas afirmações, a única certeza e esperança estão na intervenção


divina. Saliente-se ainda que, o pensamento teológico agostiniano revela sua vida espiritual, a
qual inspira a muitos a uma profunda abnegação e experiência com Deus (BRASILINO,
2017, s/p). Isso revela dentro da visão da predestinação do pensamento agostiniano, que se o
homem está totalmente dependente, significa que seu livre-arbítrio é ineficiente para romper
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com os vícios da natureza depravada.


Conforme declara Brasilino (2017, s/p), na visão de Agostinho, a predestinação faz
parte da presciência de Deus, que definitivamente fará por meio de Sua graça em propósito da
salvação dos homens, sem qualquer contribuição de mérito humano, para aqueles que foram
escolhidos. Sendo assim, a predestinação tem a ver com o que Deus fará pelos pecadores que
dependem de seu supremo dom. Para Canale (2011, p. 172), a ideia da predestinação tem
como base a soberania divina, sua teologia não teria sustentação sem ela. Agostinho concorda
que Deus escolheu homens para conceder salvação, no entanto sua visão segue que, não
somos capazes de saber quem está salvo ou quem está perdido, porém queremos que todos se
salvem (AGOSTINHO, A Correção e a Graça, 16: 49). De acordo com ele, Deus predestinou
conforme Sua presciência, prevendo Suas ações, mas isso não inclui a todos, isso é o que ele
vê como predestinação, para ele isso ocorre no início de tudo, sendo entendido pela
capacidade de Deus prever todas as coisas, Agostinho afirma que:
Consequentemente, foram escolhidos antes da criação do mundo mediante a
predestinação na qual Deus sabia de antemão todas as suas futuras obras, mas são
retirados do mundo com a vocação com que Deus cumpriu o que predestinou. Pois,
os que predestinou, também os chamou com a vocação segundo seu desígnio.
Chamou os que predestinou e não a outros, justificou os que assim chamou e não a
outros [...] (AGOSTINHO, A Predestinação dos Santos, 17: 34).

No pensamento agostiniano, todos necessitam da intervenção divina, a qual concede


seu dom que coopera para a salvação, para que cheguem a crer e isso é graça. Segundo Olson
(2001, p. 264), Agostinho por certo tempo entendia que o homem auxiliava na salvação com
sua fé, porém, depois destacou que na verdade a fé é um dom de Deus. Uma vez que o pecado
manchou a natureza humana tornando-a corrompida e incapaz de salvar-se, nem por escolha.
Para Agostinho, através da predestinação Deus irá curar a vontade do homem, a quem
Ele escolheu pela presciência para que venha a crer e salvar-se, ele entende essa ajuda pela
operação do Espirito Santo, o qual nos é dado (AGOSTONHO, A Natureza e a Graça, 42:
49). Mesmo em longo combate contra seus adversários, seus escritos contribuíram em muito
para compreensão Bíblica sobre salvação. No entanto, mencionado por Rêgo (2007, p. 42),
apesar de Pelágio ter sido condenado em decisões do concílio por causa de suas heresias,
todavia, os pensamentos agostinianos não foram aceitos de forma universal. Diante dessa
realidade, Agostinho enquanto esteve vivo, pôde alegar claramente em relação aos seus
próprios escritos, ao afirmar que:
No momento estou elaborando livros em que me propus revisar os meus escritos
como um sinal de que nem eu mesmo me sigo em tudo; mas creio que, pela
misericórdia de Deus, tenho escrito fazendo progressos, embora não tenha alcançado
a perfeição desde o começo. Falaria com mais arrogância do que com verdade, se
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afirmasse na minha idade que cheguei à perfeição (AGOSTINHO, O Dom da


Perseverança, 21: 54).

Diante dessas afirmações, pode se entender que, o próprio Agostinho levava a sério
seus escritos, no entanto, era sincero em aceitar que nem mesmo ele, seguia ao pé da letra
aquilo que escreveu, todavia, buscava melhorar e se aperfeiçoar o quanto pudesse para que
seus ensinos pudessem ser um respaldo de suas próprias atitudes.

3 O PENSAMENTO DE PELÁGIO A RESPEITO DA GRAÇA E SUA RELAÇÃO


COM O LIVRE-ARBÍTRIO

A respeito de Pelágio, suas contribuições são destacadas nas obras de Agostinho, nos
revelando assim o que se pôde conhecer. Há pontos e contrapontos, nos quais os pensamentos
se mostram divergentes, até mesmo no que diz respeito ao livre-arbítrio e predestinação.
Ambos abordam concepções diferentes, isso permeia através dos tempos, causando um
impacto no cristianismo (FOWLER, 2011, p. 292). Isso vai revelar como se apresenta o
aspecto da graça e suas perspectivas dentro dos pensamentos de ambos. Sendo assim, o
pensamento pelagiano, é exposto e questionado em obras agostinianas.
No que diz respeito a graça, em conformidade com o pensamento pelagiano, a
redenção tem mais a ver com as obras, como o que o homem obtém pelo seu esforço. Dessa
maneira, afirma Frangiotti, que o homem só precisa ser bom cristão para se salvar, no entanto,
seus pensamentos não se harmonizam com Agostinho, referente ao dom de Deus, Sua graça
(AGOSTINHO, 1998, p. 99). No que diz respeito ao pecado, segundo Agostinho, Pelágio
afirma que, para ele a natureza humana está forte e sadia, e assegura que por conta do livre-
arbítrio não será levado a cometer nenhum pecado (AGOSTINHO, A Natureza e a Graça, 64:
76). Porém ele diz “há duas raízes no homem: para o bem e para o mal” (AGOSTINHO, A
Natureza e a Graça, 18: 19). Ele entende que a redenção se consiste nas obras, no
cumprimento das doutrinas, e esforço. No tocante ao livre-arbítrio, Pelágio declara:
Temos, porém, a dupla possibilidade como que inserida por Deus como uma raiz,
frutífera e fecunda, que pela vontade humana gera e dá à luz resultados diversos, e,
de acordo com o arbítrio do cultivador, pode brilhar com a flor das virtudes ou eriçar
com os espinhos dos vícios. (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original,
18: 19).

De acordo com Agostinho, ele esconde a graça e exalta a suficiência humana ao


afirmar que o homem tem capacidade para não pecar sem precisar da intervenção de Deus,
pois obtém essa habilidade pela liberdade própria (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado
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Original, 30: 32). No entanto “é a graça de Cristo que dá vida ao ser humano” (WHITE, 2007,
p. 141). Os próprios oponentes dos escritos pelagianos, afirmavam que ele via a salvação
como uma operação humana, pois rebaixava seu valor ao dizer que a salvação não é
inteiramente pela graça, mas que o homem tinha uma parcela a contribuir, isso afirmavam
seus inimigos (OLSON, 2001, p. 228). Com essa afirmação pode se perceber claramente uma
grande distância teológica que se apresenta em contraste com os escritos agostinianos. Pois
afirma Frangiotti, o próprio Agostinho ao examinar os escritos de Pelágio, não vê qualquer
afirmação que se encaixe no sentido mais exato do que seria a graça, como um auxílio divino
(AGOSTINHO, 1998, p. 99). Ao que parece, os escritos pelagianos sofriam críticas a tal
ponto de ser visto com um sério problema para questões de salvação.
Ao mesmo tempo em que ele reconhece a competência humana para uma vida sem
pecado, Pelágio, citado nos escritos de Agostinho, afirma que todos são pecadores, ele se
orienta com esta ideia tendo um respaldo nas Escrituras (AGOSTINHO, A Natureza e a
Graça, 42: 49). Diante dessas alegações, dá pra se ter uma noção do motivo pelo qual ele era
chamado de herege, mesmo apesar de suas contribuições. Segundo Olson (2001, p. 228), por
causa de seus escritos, Pelágio era reconhecido como um herege pelos alexandrinos. Essa
fama pode representar muita coisa, quando se trata do que foi escrito e avaliado. Segundo
Agostinho, Pelágio se contradiz ao afirmar a necessidade da graça, sendo que seus próprios
escritos o desmentem:
Condeno todo àquele que pensa ou diz que a graça de Deus, pela qual Cristo veio a
este mundo salvar os pecadores, não é necessária não apenas para cada hora e para
cada momento, mas também para cada um de nossos atos; e aqueles que pretendem
negar-lhe o valor, tenham a sorte das penas eternas. Quem ouvir essa sua afirmação
e ignorar seu pensamento, que ele deixou bem claro e extensamente em seus livros,
julgar que pensa conforme a verdade. (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado
Original, 2: 2).

Até aqui, se observa Pelágio defendendo a graça, como quem reconhecia sua
importância e necessidade, no entanto, através de Agostinho, suas afirmações caem em
descrédito. Pelágio vê a graça apenas como um auxílio para a humanidade, oferecendo
instruções. Afirma Horton (2001?, s/p), a graça revelada no Antigo e Novo Testamento, atua
apenas como uma ajuda para seguir os exemplos de Cristo ou auxiliar a santidade. Com essas
palavras, pode ser dizer que realmente a graça está muito aquém do que Agostinho vê como
um dom de Deus em favor da salvação do homem, nessas afirmações se segue que o pecador
pode salvar-se independentemente da intervenção divina, que é oferecida em Cristo.
Segundo Agostinho, ele prometeu a algumas pessoas o reino dos céus, sem
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necessariamente a obra da graça, ou seja, sem a necessidade da intercessão de Cristo


(AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 30: 32). O pensamento pelagiano vê o
homem como alguém bom, sem mácula, incontaminado quanto à queda de Adão. Na oração
se declara de mãos erguidas como um ser inocente e puro, destituído da contaminação
corruptora (Controvérsia..., 2003, s/p). Para ele não há necessidade do homem usufruir da
intervenção de Deus, pois crê que pode ser salvo por seus próprios méritos, pois reforça a
utilização da liberdade sem a necessidade do auxílio divino. Em seu pensamento, o homem
não precisa da graça para vencer o pecado, pois pode decidir por sua livre escolha
(AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 30: 32). Segundo Agostinho, Pelágio
afirma “pois, o não pecar depende de nós, visto que podemos pecar e não pecar”
(AGOSTINHO, A Natureza e a Graça, 49: 57). Sendo assim, pode se perceber que para
Pelágio, o homem natural não tem nenhuma relação com pecado, pois sua vontade não está
cativa, fazendo de si prisioneira. No entanto, o livre-arbítrio que demonstrado por escolha
humana desempenha um papel de apenas revelar se o mesmo manterá firme a obediência a
Cristo, testificando por seu próprio empenho a salvação. Todavia, segundo Agostinho, as
afirmações de Pelágio são incoerentes, ao dizer, “eu não digo que o homem pode viver sem
pecado nem tu o dizes” (AGOSTINHO, A Natureza e a Graça, 7: 8).
Tendo em vista essas afirmações, pode se compreender que para o pensamento
pelagiano, o homem não necessita da graça, nem é herdeiro de uma depravação, mas,
completo, verdadeiro e puro e bom o suficiente para ser salvo. No pensamento pelagianismo,
afirma Horton (2001?, s/p.), o homem nasce naturalmente sem pecado, não é escravo do
pecado, ainda que suas escolhas sejam determinantes para ser obediente ou não. Para Pelágio,
todos os homens desde o nascimento estão isentos do pecado original em Adão, ele entende
que o caído casal no Éden, é responsável por suas próprias escolhas, e que consequências não
são imputadas nos demais descendentes:
Afirmações como essa foram utilizadas por Pelágio, que asseverava que todo ser
humano nasce livre do pecado original; o pecado de Adão e Eva era de
responsabilidade exclusiva deles; cada um responde por seus atos, sem herança
pecaminosa. (OLIVEIRA, M., 2013, p. 47).

Pelágio se contradiz em suas palavras, afirma Agostinho (AGOSTINHO, A Graça de


Cristo e o Pecado Original, 12: 13), ele condenou em penas severas, aqueles que sustentam
que o pecado de Adão arruinou apenas a si e não a sua descendência, defendendo que as
crianças não herdam natureza debilitada de Adão. No entanto, sua contradição revela sua
astúcia, e quantas mentiras há em suas declarações. Por um momento ele condena e em outra
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ocasião ele defende, não existe consistência. Não obstante, ele é desmascarado ao ter
afirmado, “Pois ninguém está limpo de pecado (Jó 14,4 versão LXX), e: Por que não há
homem que não peques (1Rs 8,46), e: Por que não há homem justo sobre a terra (Ecl 7,21), e:
Não há quem faça o bem (Sl 14,3)” (AGOSTINHO, A Natureza e Graça, 7: 8). Não obstante,
Agostinho responde ao refutar Pelágio “E se eu demonstrar que Pelágio pensa o mesmo que
Celéstio a respeito das crianças, que elas vêm a este mundo sem nenhum contágio de pecado,
[...]” (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 12: 13).
Em certos momentos ele reforça que o homem possui força o suficiente para vencer o
pecado, em outra ocasião afirma que o pecado é inerente ao homem. A partir destas
afirmações, diz Frangiotti que Agostinho se empenhou para combater as heresias de Pelágio.
(AGOSTINHO, 1999, p. 129). Para o pensamento pelagiano, a maneira como a graça se
relaciona com o livre-arbítrio humano é descrito da seguinte forma, afirma Frangiotti (1998,
p. 54), o homem já nasce com o livre-arbítrio, isso é enraizado em si desde a criação, já a
graça atua como auxiliadora nas escolhas quanto o seguir os passos de Cristo.
Isso quer dizer que, o homem criado por Deus, já participa e desfruta de sua liberdade
desde quando é trazida a existência. Para ele a liberdade independe da graça, a mesma tem
apenas um papel de auxílio. A capacidade de o homem ser livre não foi afetada com a má
escolha de Adão, nada ficou comprometido por conta de sua queda, no entanto, se faz
perceber que a graça não tem importância, pois no uso do livre-arbítrio humano, o homem é
capaz de cumprir as exigências em sua própria capacidade e forças, já que o mesmo é puro e
bom, segundo comenta Frangiotti:
A graça desempenha um papel coadjuvante, dado que a liberdade não sofreu com o
pecado de Adão. A graça sobrenatural é desnecessária. Toda a Escritura é entendida
como a revelação de uma Lei a ser observada e exemplo a imitar. Para os
pelagianos, a graça é incompatível com o livre-arbítrio. (AGOSTINHO, 1998, p.
54).

Como já foi mencionado nos seguintes textos acima, além de ser conhecido como
herege por graves erros, seus escritos foram contra o que a própria Bíblia declarava. Afirma
Olson (2001, p. 242), no Oriente e Ocidente, Pelágio foi reconhecido como herege, pois seus
ensinos, além de ser heterodoxos, continham erros terríveis, que contrariava as próprias
Escrituras. Isso trazia sérios problemas para igreja, embora ainda estivessem avançando na
restauração das verdades, possuía entendimento o suficiente para reprovar heresias quando
levantadas em sua época. Segundo Frangiotti, Agostinho combate fortemente através de suas
obras os ensinos de Pelágio, ao notar que ele deseja enredar a outros com seus erros contra a
graça (AGOSTINHO, 1998, p. 53),
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Ele mesmo declara com essas palavras, “[...] combatíamos contra os pelagianos em
acérrima luta.” (AGOSTINHO, O Dom da Perseverança, 21: 55). Nem todas as visões de
Agostinho foram acatadas plenamente como verdades, no entanto, ele mesmo afirmava que
embora não queira que o apoiassem em tudo, esperava que acolhessem o que se apresentasse
não contendo erros (AGOSTINHO, O Dom da Perseverança, 21: 55). Todavia, em grande
parte seus escritos contribuíram para avaliar Pelágio e reprová-lo. Para Olson (2001, p. 265),
as visões de Agostinho não foram completamente acolhidas pela Igreja Católica, mas através
de suas contribuições, rejeitou firmemente as heresias de Pelágio e seus seguidores.
Esses escritos rejeitados não era só um problema para a igreja, mas também para
implicações sobre salvação, pois desafiava as próprias verdades das Escrituras. Esperava-se
que até o próprio Agostinho um dia fosse desviado por esses erros, pois o próprio Pelágio
esperava enreda-lo para a suficiência do livre-arbítrio a ponto que negasse a necessidade da
graça (OLIVEIRA, N., 1995, p. 135), Por causa desses erros inadmissíveis, ele foi acusado,
pois via o homem sem natureza pecaminosa, declarava a independência da graça de Deus, e
finalmente que a liberdade do homem o colocava numa condição de impecabilidade, todos
esses ensinos foram criticados.
Os oponentes de Pelágio, sob a liderança de Agostinho, acusaram-no de três
heresias. Primeiro alegaram que ele negava o pecado original. Depois acusaram-no
de negar que a graça de Deus é essencial para a salvação. Por último, disseram que
ele pregava a impecabilidade operada pelo livre-arbítrio sem a graça. Sem dúvida,
há muita verdade nas três acusações. (OLSON, 2001, p. 273).

Com essas afirmações, se entende claramente o longo debate entre ambos, e a respeito
do pensamento de Pelágio, sabe se agora que suas visões iam contra o que se compreendia
sobre salvação, quando se compara com os escritos agostinianos. Ele tentou influenciar a
muitos, atacou seus oponentes em suas distorções, mas foi condenado pelas próprias
afirmações errôneas.

4 O PENSAMENTO CRISTÃO-FILOSÓFICO DE AGOSTINHO E PELÁGIO


COMPARADOS A PARTIR DA ESCRITURA SAGRADA .

Ao compararmos os escritos de Agostinho e Pelágio, no contexto de salvação pode se


notar uma ampla discordância. De acordo com o que foi apresentado ao longo dessa pesquisa,
pode se declarar que Agostinho crê que o mal está ligado ao homem desde a queda de Adão,
sendo assim, sem nenhuma exceção, todos possuem uma inclinação natural pecaminosa. Por
outro lado, Pelágio crê que ninguém ficou comprometido com esta queda. Agostinho
desenvolve o tema da salvação a parti da predestinação, enquanto seu oponente atribui justiça,
12

através do livre-arbítrio humano, isento do pecado.


Para entendermos como se formou os pensamentos de Agostinho, precisamos saber
um pouco sobre o berço da filosofia. Segundo Brown (2007, p. 17) pode-se dizer que, “a
filosofia não começou na Idade Média, mas a Idade Média é um bom ponto por onde começar
um relatório da filosofia e da fé cristã.” (BROWN, 2007, p. 17). De acordo com Canale
(2011, p. 88), Aristóteles e Platão foram raízes influentes da filosofia grega. Portanto, a
filosofia de Platão foi um pensamento dominante, por aproximadamente quatros séculos antes
do nascimento de Cristo (BROWN, 2007, p. 19). O pensamento medieval também foi
influenciado por Aristóteles (BROWN, 2007, p. 20). Desta forma, “as ideias filosóficas
entraram na corrente sanguínea da teologia medieval e esta, por sua vez, afetou a vida e o
pensamento do cristianismo em eras posteriores” (BROWN 2007, p. 17).
A respeito de Agostinho, nascido em 354 da era cristã, na cidade de Tagasta, norte da
África. Estudou retórica em Catargo, onde conheceu a filosofia e a busca pela verdade.
(CORETH, 2009, p. 121). Sua mãe era cristã e seu pai pagão (KERBS, 2014, p. 365). Logo
aos seus dezenove anos iniciou uma busca pelo saber filosófico, em Hortênsia de Cícero. Mas
tarde isso o levaria em várias direções. (KERBS, 2014, p. 365). A princípio, seus
pensamentos tiveram como influência o Maniqueísmo, como afirma, “[...] ele se envolveu
com uma seita tornando-se maniqueísta” (QUAIS..., 2018, s/p). Ele aprendeu dois princípios
poderosos que rege o mundo, o bom que produz bondade e o mal, que produz ruína
(QUAIS..., 2018, s/p). Tempos depois ele conheceu a filosofia de Platão, um grande pensador
da área filosófica, e posteriormente se decepcionou com o Maniqueus até se afastar
definitivamente (FRAZÃO, 2019, s/p). Na busca pele conhecimento, passa pelo
maniqueísmo, ceticismo e neoplatonismo. Segundo essas declarações, Kerbs corrobora:
Depois de passar por várias escolas, filósofos como o Maniqueísmo e ceticismo,
aproximou-se do Cristianismo. Seus estudos de retórica o levaram a Roma e Milão,
onde ouviu os sermões de Santo Ambrósio, que o conduziram aceitar a fé cristã. A
partir daí, ele começou a dedicar sua vida a filosofia para alcançar uma compreensão
racional da fé. (KERBS, 2014, p. 366).

Sendo assim fica claro que, após conhecer Ambrósio, houve uma reviravolta em sua
vida, e finalmente decidiu se batizar no ano de 387 (CORETH, 2009, p. 121). Já em sua
época, a teologia cristã, sofria influência da cosmovisão de Platão, e isso foi um longo
processo (CANALE, 2011, p. 89). Tendo passado por varias escolas filosóficas compreendeu
que a verdade exíste e pode ser encontrada (KERBS, 2014, p. 366). Pois, mesmo antes de sua
conversão ao catolicismo, era visto como um ilustre em filosofia (QUAIS..., 2018, s/p). Pois
se dedicou para conhecer a filosofia a fim de compreender de forma racional a fé (KERBS,
13

2014, p. 365). Segundo Coreth (2009, p. 125) Agostinho recebe influência da patrística grega,
desde Orígenes. Ainda que não concordasse plenamente com a filosofia grega, afirmou que é
util para entender a fé (KERBS, 2014, p. 366). Pois, declara Kerbs (2014, p. 365), no periodo
dos pais da igreja, foi o mais sublime representante. Para Canale (2011, p. 138), seus ensinos
se baseiam em princípios hermênuticos de origem filosófica gregas, principalmente em
platonismo e neoplatonismo. E sobe essa direção, ele declara que a filosofia Platônica é a
doutrina mais correta para a fé cristã, pois é a melhor forma para compreender a revelação
Bíblica (KERBS, 2014, p. 366). Na influência do neoplatonismo Agostinho afirma que a
mente participa da iluminação divina (KERBS, 2014, p. 370). Além da filosofia grega, o
pressuposto agostiniano se utiliza das Escrituras Sagradas, isso vai influenciar em muitos de
suas contribuições. Declara Gonçalves:
Começando no século V, com Agostinho, bispo de Hipona, que no início da Idade
Média foi grandemente impactado pela leitura de Romanos. Embora não possamos
endossar tudo àquilo que Agostinho escreveu, todavia é inegável a sua contribuição
para a Teologia e Filosofia. (GONÇALVES, 2016, p. 07).

Desta forma, ganhou reconhecimento na área teológica e filosófica, e foi nomeado


doutor da graça (PIRATELI; MELO, 2011, p. 7). A respeito de Pelágio, há pouca informação
sobre sua história, porém, conhecido como monge britânico, nascido durante o quarto século
depois de Cristo [...], foi condenado por heresias em 417 – 418, por Agostinho, e no concilio
de Éfeso 431 (CONEGERO, 2001?, s/p). Apesar de não haver muitos dados a seu respeito,
suas contribuições se revelam pelas refutações elaboradas por Agostinho, a combater seus
escritos que continham erros perigosos para a fé cristã.
Neste momento, vamos comparar os pensamentos de ambos. Acerca do pecado
original em Agostinho, a disposição pecaminosa ocorre desde o nascimento
(BACCHIOCCHI, 2012, p. 353). Pelágio, por outro lado, vê a humanidade isenta da
transgressão, segundo ele, ninguém fica comprometido e culpado, apenas Adão (OLIVEIRA,
T., 2018, s/p). Enquanto no pensamento agostiniano os homens nascem em condições caídas,
porém no pelagianismo, o mal no mundo é explicado em razões sociais, sem nenhuma relação
passada com a queda adâmica (OLSON, 2001, p. 273). Segundo as Escrituras Sagradas, todo
homem desfruta de uma tendência hereditária, que começa com a transgressão no Éden. O
salmista declara, “eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe
(Sl 51:5)” (FALCÃO, 2011, s/p). Após a queda de Adão todos os homens desfrutam de uma
natureza corrompida (CAVALCANTI, 2018, p. 114). Em Romanos 2:1 pode se evidenciar
claramente que todos são pecadores, isso inclui todas as pessoas no mundo, independente do
14

que se pratica (KNIGHT, 2017, p. 27-28).


Se observarmos 1 João 1:8 também veremos que estaremos mentindo a nós mesmos,
se dissermos não haver pecado algum, sendo que Romanos 3:23 diz que todos pecaram
(CAVALCANTI, 2018, p. 114). Agostinho por sua vez, concorda tendo sua base em
Romanos 5:11 ao afirmar que todos estão separados de Deus, no entanto que desfrutem de
Sua graça, obtendo justiça, a qual recomenda ao texto de Romanos 3:22-23 (AGOSTINHO, O
Espírito e a Letra, 27: 47). Sendo assim, percebemos que o pensamento agostiniano, até certo
ponto se harmoniza com as Escrituras, enquanto o pelagianismo não tem nenhum fundamento
Bíblico. Tendo em vista a realidade do pecado, a solução agora está em Deus, Agostinho
desenvolve o conceito de graça a partir da presciência e predestinação divina. Ele vê a
predestinação como o ato de Deus escolher alguns para serem salvos mediante a presciência e
mudar a vontade humana, já que se encontra incapaz por si só. Sua visão a respeito da
predestinação é uma interpretação grega (KERBS, 2014, p. 242). Ele cria que Deus o
escolheu e não ele, e baseava essa eleição em Romanos 9:11 (OLSON, 2001, p. 271). Seguido
pela crença que Deus elege, afirma que, escolheu uns para herdar a salvação e outros não
(GONÇALVES, 2016, p. 48).
Segundo Agostinho, as realidades eternas são atemporais, e consequentemente Deus
prevê por Sua presciência as ações, para determinar o fim de cada um. Influenciado por
Platão, ele via a realidade do cristianismo como atemporal e não temporal (CANALE, 2011,
p. 392). Ele seguiu essa linha dentro da tradição filosófica (CANALE, 2018, p. 130). Ele
utiliza da linguagem platônica, para fundamentar este pensamento (KERBS, 2014, p. 372).
Porém, na visão bíblica, os eventos ocorrem de forma temporal, e não atemporal (CANALE,
2011, 174). A temporalidade de Deus e seu autoconhecimento, segundo a Bíblia, na extensão
do seu ser incluem passado, presente e futuro, com base em Êxodo 6:2-7 (KERBS, 2014, p.
250). Em Êxodo 25:8 revela Deus experimentando o tempo e espaço, quando habitou Sua
presença no santuário terrestre (CANALE, 2011, 97).
A presciência é um atributo somente em Deus (CANALE, 2018, p. 111) Mas as
Escrituras não explicam como Ele faz isso (CANALE, 2018, p. 123). Literalmente presciência
significa “saber de antemão” antes que aconteça (CANALE, 2018, p. 111). Na Sua esfera
temporal, Deus conhece as ações voluntárias e futuras do ser humano (CANALE, 2018, p.
125). No entanto, o fato de Deus conhecer o futuro, não determina os fins das escolhas
humanas (CANALE, 2018, p. 125). No pensamento bíblico, a predestinação e a presciência
não tem lógica com atemporalidade, nem por causa ou vontade em decidir quem vai ou não
15

salvar-se (KERBS, 2014, p. 243). Porém ele a usou para fundamentar a justificação pela fé
(CANALE, 2018, p. 134). Seu pensamento de que Deus controla eventos e escolha humana, é
resultado de pressuposições hermenêuticas, mas não Bíblicas (CANALE, 2011, 173).
A predestinação é anterior e independente da criação (CANALE, 2018, p. 146).
Agostinho a entendeu a patir da intrepretação grega (KERBS, 2014, p. 242). Que significa
“proorizo” determinar ou marcar algo com antecedência. Em grego clássico, pré ordenar o
destino final “Moria” (CANALE, 2018, p. 134). Na tradição cristã da época, é vista como
Deus causando o destino dos seres que criou (CANALE, 2018, p. 134). Enquanto isso,
Pelágio entende no contexto do livre-arbítrio, que decidir pecar é uma questão de escolha
(OLSON, 2001, p. 273). Ele ainda acrescenta, “o bem-aventurado bispo Ambrósio, em cujos
livros, principalmente, resplandecem a fé romana, brilhou como formosa flor entre os
escritores latinos; e sua fé e legítima interpretação das Escrituras nenhum inimigo ousou
censurar” (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 43: 47).
No entanto, quando o bispo Ambrósio, falou sobre a justiça de Zacarias e Isabel, em
seus escritos, Pelágio a interpretou mal, como se o homem pudesse viver sem pecado
(AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o Pecado Original, 48: 53). Ele usa texto de Ambrósio
para defender seus pensamentos de viver sem pecar (AGOSTINHO, A Graça de Cristo e o
Pecado Original, 43: 47). Ao contrário, Agostinho crê que não iriamos pecar se Deus não nos
tivesse privado dele (GONÇALVES, 2016, p. 48). Porém, ao ser considerados Deuteronômio
30:15-20, João 14:15 e Miquéias 6:8-12 nos confirmam a realidade da liberdade, sendo que,
pecar é uma opção de escolha, e esse privilégio Deus concedeu a todos, e que finalmente
determinará o destino final de cada um.
O Espirito Santo agiu no livre-arbítrio de Davi, após o adultério cometido. Ele por sua
vez, em sua liberdade decidiu se arrepender (CANALE, 2011, 264). Até aqui, deu pra
conhecer esse combate de justificação. Desta forma, Frangiotti corrobora dizendo que, ao
Pelágio defender a liberdade, e a natureza humana vigorosa e intacta quanto à queda de Adão,
sendo capaz de atingir o grau de perfeição, foi considerado inimigo da graça (AGOSTINHO,
1998, p. 55).
Agostinho por sua vez recorre ao auxilio divino, para pedir que rezem para que o Deus
da graça faça algo em favor dos inimigos e principalmente aos irmãos (AGOSTINHO, O
Dom da Perseverança, 24: 66). Ele vê o homem, destituído de qualquer bondade, ele louva a
Deus, dá glorias e reconhece sua fragilidade (OLSON, 2001, p. 271). Nesse sentido,
Frangiotti comenta que, enquanto para seu oponente, basta ser bom e puro e não haverá o
16

porquê de recorrer ao auxílio divino (AGOSTINHO, 1998, p. 55). Para Agostinho, tudo
ocorre por meio de Cristo, citando Gálatas 3:8,16 ao ser depositado fé, razão pela qual se
realiza a imputação de justiça nos homens pecadores (AGOSTINHO, O Espírito e a Letra, 26:
46). Ele entende que a renovação do homem acontece unicamente pela graça (AGOSTINHO,
O Espírito e a Letra, 28: 48). “Mediante a fé, recebemos a graça de Deus; mas a fé não é
nosso salvador. Ela não obtém nada. E a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus
méritos, o remédio contra o pecado” (WHITE, 2007, p. 137).
O texto de Paulo em Romanos 3:12 nos diz que não há quem faça o bem, orientado
pelas Escrituras, ele reconhece que o homem está numa situação difícil, ou seja, não pode
romper com os atos e vícios da natureza caída. Porém, aqueles que acreditarem e confiarem
serão curados de seus hábitos errôneos, serão iluminados, e através da graça terão uma
mudança de atitude (AGOSTINHO, O Espírito e a Letra, 33: 58). Por meio do Espírito, o
homem terá um novo nascimento, e encontrará perdão dos seus pecados (AGOSTINHO, A
Graça e a Liberdade, 15: 31). Isso quer dizer que para o problema do pecado a solução está
em Deus, que provoca renovação através do Seu Espírito Santo, a imagem de Deus é
restaurada no homem, quando este reconhece sua pecaminosidade, ele se baseia em Salmo
41:5 (AGOSTINHO, O Espírito e a Letra, 27: 47).
Segundo Agostinho, a imagem de Deus estava completamente apagada no ser humano,
sua natureza não podia praticar o bem, a não ser o mal (CANALE, 2011, 174). Embora esteja
degradada, a mente do homem pode conhecer Deus, e ainda é a sua imagem (KERBS, 2014,
p. 369). A imagem de Deus não foi completamente perdida no homem, mas por causa do
pecado ela ficou distorcida. Agostinho propõe a salvação de Deus, por aqueles que nada
podiam fazer, pois a vontade estivera comprometida, então deveria operar Sua graça através
da predestinação, essa sua ideia desenvolvida está mal interpretada. Não podemos utiliza-la
para dizer que Deus escolhe uns para serem salvos e outros, para se perderem (CANALE,
2018, p. 134). A predestinação não tem função de salvar indivíduos, porém Deus salva
mediante a redenção em Cristo (CANALE, 2018, p. 155).
A predestinação precisa ser entendida da seguinte forma, de que Deus ligou a criação
com Salvação no sentido de designar Cristo para operar a redenção (KERBS, 2014, p. 243).
Nesse sentido, Agostinho entende corretamente que, Cristo é o intercessor entre Deus e os
homens (AGOSTONHO, O Espírito e a Letra, 27: 47). Tanto as Escrituras, como a tradição
teológica, ligam Romanos 8:29 com a predestinação e presciência de Deus, porém a tradição
dá uma interpretação errada, enquanto Paulo orienta que a predestinação é para serem
17

conforme o caráter de Cristo (KERBS, 2014, p. 242). Pois diz as Escrituras em Efésios 1:5
que Deus predestinou para serem conforme o caráter de seu filho. A predestinação coloca
Cristo no plano da redenção, antes mesmo da criação e do surgimento do pecado (KERBS,
2014, p. 245). Cristo é o operador de Sua sabedoria, Ato de Criação e Redenção (KERBS,
2014, p. 246). Já vimos que, Agostinho desenvolveu o conceito de graça, com uma base má
interpretada da predestinação na filosofia grega, embora se orientasse das Escrituras Sagradas,
para fundamentar tal conceito, enquanto Pelágio esconde a graça, através da justiça humana.
Portanto, partindo do pensamento Bíblico, a graça no Antigo Testamento é Hen ‫חן‬
pronunciamos Chen substantivo masculino, o qual tem por significado: mercê; aceitação;
benevolência; bondade” (O VERDADEIRO..., 2014, s/p). Ela aparece pela primeira vez no
livro de Gênesis 6:8 quando se diz que Noé achou graça diante de Deus.
No Novo Testamento, como χαρις, “na palavra grega Charis, a qual tem por
significado: Amor incondicional, Dom gratuito, Favor concedido a alguém, Generosidade
incondicional” (O VERDADEIRO..., 2014, s/p). Ela aparece no livro Lucas 2:4 quando o
texto firma que o menino Jesus crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria e graça.
A graça é Deus se movendo em Cristo em prol do homem caído. O apostolo Paulo
desenvolveu perfeitamente esse conceito em Efésios 2:8 declarando que pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus. Ele acrescenta em Romanos 8:1
que agora, já nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus. Pois é Deus
que justifica os homens como está em Romanos 8:33 e Gênesis 15:6. “O verbo justificar se
baseia no hebraico tsadaq, que significa ser íntegro ou justo e, na forma causativa htyhil, dar
um veredito a favor de, tratar ou declarar como justo, absolver, vindicar, restaurar ao direito"
(BLAZEN, 2011, p. 313). Com base em Efésios 1:4-5 Deus predestinou a humanidade para
viverem uma vida pura, e se tornarem seus filhos através da relação com Cristo (KERBS,
2014, p. 246).
O homem não pode cumprir a vontade de Deus, nem tampouco desejá-la, a não ser que
seu coração seja renovado por Ele (FALCÃO, 2011, s/p). “A única esperança da humanidade
decaída é aceitar o convite de Deus e entrar com Ele no concerto da graça.” (CAVALCANTI,
2018, p. 122). Deus reconcilia o mundo através de seu filho, e faz tudo através de Seu
sacrifício como relata 2 Coríntios 5:19. Em Isaías 55 revela que Deus em Sua graça confere
liberdade, a fim de que todos voluntariamente possam decidir pela salvação. Deus chama não
apenas para salvar, mas para iniciar uma jornada com Ele, convida-os a permanecer na pessoa
de Cristo (DEDEREN, 2011, p. 213). Ele os adota como filhos, conforme o texto de 1 João
18

3:1. Velhas relações com o pecado são desfeitas, segundo a carta de Hebreus 9:14. Através da
graça, O Espírito Santo escreve a lei de Deus no coração, restaurando nos pecadores o caráter
divino (CAVALCANTI, 2018, p. 122). Em suma, a graça se define como um dom de Deus,
que independe de obras. Deus salva a partir do evangelho, sob a encarnação e sacrifício de
Cristo. (KERBS, 2014, p. 278).
Diante de tudo que foi feito pela raça humana, Deus espera a decisão final daqueles
que atenderem ao apelo divino. Deus toma a inciativa em favor do seu povo, e apela
constantemente para irem até Ele (DEDEREN, 2011, p. 213). E desta forma, ”a alma que
corresponde à graça de Deus, será como jardim regado, sua saúde brotará apressadamente,
Sua luz rompeu nas trevas, e a glória do Senhor se verá sobre ela“ (WHITE, 2007, p. 294). O
convite é para ir e deixar as velhas relações com o mundo, e finalmente, O Senhor Deus
concluirá a obra da salvação na vida dos que o aceitaram pela fé, conforme a promessa feita
em Filipenses 1:6.

5 CONCLUSÃO

Conforme a metodologia utilizada nesta pesquisa, mediante a análise, verificou-se que,


Agostinho entendeu que a natureza humana se encontrava totalmente depravada por causa do
pecado, sua debilidade estivera ligada a queda no Éden, pois, segundo ele, todos participaram
do pecado original em Adão. Todo o desejo e vontade humana ficaram voltados contra Deus.
Constatou-se então, que a imagem divina ficou completamente apagada na humanidade, o
coração e a mente já não podiam mais se aproximar de Deus, a única solução para todo esse
problema estava na graça, a qual ele entendeu como uma ação divina em prol do homem
pecador. Por meio deste auxilio a vontade do homem seria curada, se aproximaria do Senhor
para se apropriar de sua dádiva.
Ficou evidenciado que, uma vez que o homem não podia mais pensar em Deus, o
único meio possível de salvação foi operada pela predestinação, ou seja, Agostinho
desenvolveu o conceito de graça a partir da predestinação, para ele, através da presciência
Deus conheceu as obras futuras de cada um, e predestinou conforme essas obras, uns para
salvar-se e outros para perder-se. Em contra partida, ficou claro que seu oponente Pelágio,
possuía visões bem diferentes em relação a ele, pois em seu ponto de vista a salvação esteve
associada ao mérito humano, ao se esforço e vigor, uma vez que nada mudou com a queda.
Pelágio via natureza humana plenamente sadia, pura e forte, e que Adão foi o único
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que sofreu os efeitos da depravação interior, ele entendeu que após a queda de Adão, o
restante dos homens nascidos não teve sua vida comprometida com o pecado, nem o coração
nem a mente. A respeito do livre-arbítrio, o homem poderia decidir errar ou não, ou de outra
forma poderia viver sem pecado. Pelágio idealizou esse pensamento supondo que Deus
concedeu ao homem duas raízes, e que pela vontade humana pode produzir seus resultados,
mas está ao poder do homem escolher se irá permanecer como tal. Constatou-se também ao
longo dessa pesquisa que o mesmo foi considerado herege, por conter em seus escritos erros
perigoso para a fé, pois se contradizia em muitos aspectos que dizem respeito a salvação.
Agostinho o considerou inimigo da graça, por escondê-la ao ter exaltado a total suficiência
humana de viver sem pecar, vivendo sob a luz de sua própria justiça.
Quando se comparou o pensamento de Agostinho e Pelágio, ficou entendida a razão
pela qual se desencadeou o combate em que ambos se apresentaram totalmente divergentes
entre si. Ficou claro que eles tiveram uma influência muito grande em relação à filosofia de
vários pensadores como, Aristóteles, Platão, os Maniqueus, Santo Ambrósio entre outros
filósofos. Deixo aqui a recomendação para que continuem explorando esse assunto, pois é de
grande valia pra compreensão de crenças e reformulação de doutrinas para a fé cristã. No que
diz respeito a predestinação e livre-arbítrio, em relação a graça, verificou-se que que
Agostinho entendeu a predestinação pelo método interpretativo da filosofia grega, porém não
era uma fundamentação Bíblica. Ficou entendido que predestinação e presciência não possui
ligação com decidir quem irá para o céu ou não.
A predestinação existe antes do início de tudo e do surgimento do pecado, na visão das
Escrituras, Deus predestinou Cristo como operação na obra da redenção, Ele foi o meio pelo
qual Deus reconciliou a humanidade consigo mesmo. Também foi evidente que os que
depositaram sua esperança e permaneceram em Cristo, foram predestinados a serem conforme
a imagem de seu filho, conforme o seu caráter. Foi visto que, o fato de Deus conhecer o futuro
não determinou as decisões humanas, mas operou na humanidade permitindo pelo livre-
arbítrio que todos fizessem sua escolha final. Pelágio desenvolveu esse conceito de livre-
arbítrio, porém com graves erros de que é possível viver sem pecar, mas ficou entendido de
uma por vez por todas, que mesmo com a queda de Adão, a imagem de Deus não ficou
completamente apagada. Sendo assim, a graça foi definida com um dom de Deus em favor
dos pecadores, essa dádiva independe obras e méritos humanos, ela teve a função de restaurar
essa imagem, por sua força e poder. Concluímos que, Deus não força ninguém a aceita-lo,
mas convida voluntariamente para irem até Ele a fim de serem renovados e salvos por Sua
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graça, a qual é recebida mediante a fé em Jesus, uma simples escolha que muda tudo nesta
vida para quem a recebe.
21

REFERÊNCIAS

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