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RESUMO: Este trabalho apresenta a concepção antropológica de
Agostinho (354-430), através de uma abordagem da descoberta
da pessoa que se faz a partir de sua íntima relação com Deus.
Agostinho alcança, pela reflexão, o descobrimento do eu, enquanto
pessoa, em estreita relação de dependência a um fundamento que
não está em si mesmo, mas que aponta para o transcendente.
Nesse contexto, o autor traça uma relação entre o encontro da
vontade humana e a vontade divina, quando supera o problema da
origem do homem. Assim, a relação entre o humano e o divino; a
sabedoria como alimento da alma; o problema da liberdade e da
graça divina, constituem a antropologia agostiniana e se tornam,
portanto, objeto de nossa reflexão.
1 INTRODUÇÃO
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espírito da lei. Desde logo, o seu cumprimento depende da graça de Deus; poder
amar o próximo depende do amor de Deus (dilectio Dei) (ARENDT, 1997, p. 113).
Com efeito, sem Vós, que sou para mim mesmo, senão um guia para o abismo? Que
sou, quando tudo me corre bem, senão um pequenino sugando o vosso leite e
gozando de Vós, alimento que não se corrompe? E quem é o homem, seja quem for,
se é homem? Riam-se de mim os fortes e os poderosos, mas eu, fraco e pobre,
confesso-me a Vós (AGOSTINHO, 2000, p. 75-76).
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um problema para o homem, mas sim a forma como o homem utiliza da liberdade. Dessa
escolha do homem e, por vezes, em oposição aos desejos (vontade). Enquanto que a
aquilo que passa pelo crivo da moral. Contudo, a faculdade da vontade oferece um poder
para o homem optar livremente entre o bem e o mal. Assim sendo a vontade não é boa
nem má, mas depende do “uso” que o homem faz dela: “A vontade que opta pelo mal,
torna-se má; a que escolhe o bem, torna-se boa. Por isso não se pode chamá-la de boa
transgressão que reside no interior do homem e está ligado à vontade e não ligado à reta
razão. O pecado é algo que diz respeito somente ao homem que, ao receber de Deus a
cedendo aos seus desejos. Esse problema introduz a ideia fundamental que compõe a
descompromissadas e que são frutos de uma decisão tomada de forma imatura, sem a
devida sintonia entre a alma e corpo, razão e vontade. É nesse sentido que a liberdade de
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conflitos da vontade, que por sua vez, são inerentes e visíveis naqueles que se
encontram diante de uma decisão de teor existencial. É a própria vontade de escolha que
impõe a dúvida e a incerteza, mas também uma capacidade de pensar e repensar sobre o
querer do homem, pois é o mesmo homem que deseja, quer, decide: “Era eu que queria e
eu que não queria: era exatamente eu que nem queria plenamente, nem rejeitava
plenamente. Por isso, lutava comigo mesmo e dilacerava-me a mim mesmo” (REALE;
possibilidade de escolher entre o bem ou mal. Ele acredita que é nessa liberdade que o
homem possui um grande potencial capaz de alcançar grandes proezas, mas também,
vontade escolher o que cada um pode optar e abraçar. E nada, a não ser a vontade,
poderá destronar a alma das alturas de onde domina, e afastá-la do caminho reto”
(AGOSTINHO, 1995, p. 67). O critério que distingue o homem dos outros seres está no
bom uso da vontade, expresso inicialmente no bom uso da razão e da ação, através da
harmonia entre a vontade e razão, tendo em vista o itinerário do indivíduo que vive e
decide.
5 A GRAÇA DIVINA
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É a graça de Deus, e só ela, que nos torna verdadeiramente livres. Mas nem por isso
a liberdade deixa de supor o livre arbítrio, pois ela não é senão o livre arbítrio
libertado. É de Deus que vem a força para fazer o bem mas é ao livre arbítrio que
incumbe fazê-lo (BOEHNER; GILSON, 2000, p. 192).
Diante disso, é possível perceber que sem o auxílio da graça divina, o livre-
arbítrio poderia escolher o mal. Nesse sentido, a graça é necessária para que o homem
possa regenerar-se e retomar o caminho original, para o qual foi criado. A graça está no
começo, no meio e no final do itinerário do homem. Enquanto peregrino neste mundo, o
homem caminha para o seio da trindade, ele é cidadão de dois mundos. Na antropologia
de Agostinho, a consciência da origem – ser criatura – não é um defeito do homem, mas a
sua verdadeira condição.
6 CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. O conceito de amor em Santo Agostinho. Porto: Instituto Piaget, 1997.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulus, 2003.
Revista Pandora
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