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Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Campus Londrina

Bacharelado em Teologia
Disciplina: Antropologia Teológica
Prof. Dr. Valdecir Ferreira
Estudante: Giovani Geraldo de Souza

Comissão Teológica Internacional


O homem é criado à imagem de Deus com base na Bíblia Sagrada, Tradição e
Ensinamento, que são o núcleo da revelação cristã. Segundo a Bíblia, a imago Dei constitui
quase a definição do homem: o mistério do homem não pode ser compreendido sem o
mistério de Deus. Deus colocou os dois primeiros humanos em um relacionamento, a Bíblia
afirma que o homem existe em relação a outros homens, Deus, o mundo e a si mesmo. Visto
que a imagem perfeita de Deus é Cristo em pessoa, as pessoas devem ser como ele para se
tornarem filhos do Pai pelo poder do Espírito Santo. Segundo a NT, essa transformação no
rosto de Cristo se dá por meio dos sacramentos, principalmente como resultado da iluminação
da mensagem e do batismo de Cristo. A união com Cristo vem da fé nele e do batismo, pelo
qual o crente morre para o velho homem por meio de Cristo e é revestido do novo homem. A
Penitência, a Sagrada Comunhão e outros sacramentos nos fortalecem e nos sustentam nesta
mudança radical, que se realiza segundo o modelo do sofrimento, morte e ressurreição de
Cristo. Criados à imagem de Deus e aperfeiçoados à imagem de Cristo, graças ao poder do
Espírito Santo nos sacramentos, somos carinhosamente abraçados pelo Pai. De fato, o
mistério da Encarnação revelou a possibilidade de visualizar o homem criado por Deus em
sua realidade humana e histórica.
A teologia patrística e a teologia medieval diferiram em alguns aspectos da antropologia
bíblica e a desenvolveram em alguns aspectos. Um desenvolvimento importante na história
bíblica é a distinção de Santo Irineu entre imagem e semelhança, segundo a qual a imagem
representa a participação ontológica e a semelhança transformação moral. De acordo com
Tertuliano, Deus criou o homem à sua imagem e o encheu com sua semelhança. Embora a
imagem nunca possa ser destruída, a semelhança pode ser perdida pelo pecado. Santo
Agostinho não aceitou esta distinção, mas apresentou uma versão mais pessoal, psicológica e
existencial da imago Dei. Para ele, a imagem de Deus no homem tem uma estrutura tríplice,
refletindo tanto a estrutura tríplice da alma humana (espírito, autoconsciência e amor) quanto
os três aspectos da psique (memória, intelecto e vontade). Após a Reforma, os reformadores
argumentaram que o pecado danificou a imagem de Deus, enquanto os teólogos católicos
viram o pecado como uma ferida na imagem humana de Deus. Nos tempos modernos, no
entanto, a Imago Dei recebeu críticas mais severas e sistemáticas por causa do fascínio pelo
ensino teológico.
Graças à ciência moderna, uma compreensão evolutiva do universo substituiu a ideia
clássica de um cosmos feito à imagem divina, deslocando um elemento importante na
estrutura conceitual que sustentava a teologia da imago Dei. Foi considerado inconsistente
com a experiência dos empiristas e um assunto obscuro para os racionalistas. Mas a imagem
mais importante dos fatores que minam, foi a ideia do homem como um sujeito autônomo e
separado de qualquer relacionamento com Deus. Portanto, em relação às outras pessoas, as
pessoas vivem à imagem de Deus na união de corpo e alma com Deus.
No entanto, aqueles criados à imagem de Deus são pessoas que são chamadas para
desfrutar de comunhão e serviço no universo físico. A antropologia bíblica exclui o dualismo
mente-corpo, pois lá, a pessoa é vista como um todo. Para preservar a unidade de corpo e
alma ensinada no Apocalipse, o Magistério aceita a definição da alma humana como as
formas essenciais. Os humanos são criados na imago Dei precisamente como seres humanos
capazes de conhecimento e amor pessoal e interpessoal. Segundo a Imago Dei, esses seres
pessoais são também seres relacionais e sociais, constituindo a família humana, cuja unidade
se realiza e se imagina na Igreja.
A liberdade é um dom divino que permite que as pessoas escolham o relacionamento que
o Deus Trino e Único lhes oferece para o bem maior. Mas com a liberdade vem a opção de
não usar a liberdade. Em vez de aceitar os benefícios finais da participação na vida divina, as
pessoas podem ser seduzidas a desfrutar de recompensas passageiras ou mesmo imaginárias.
O pecado é precisamente este fracasso da liberdade, dar as costas ao convite divino à
comunhão. Na tradição teológica, uma pessoa ferida pelo pecado sempre precisa de salvação,
mas ao mesmo tempo nutre um desejo natural de ver Deus, que, como imagem divina, forma
uma orientação dinâmica para o divino. Embora o pecado não destrua essa liderança, ele não
pode ser alcançado sem a graça salvadora de Deus. Um mistério, são pessoas que
compreenderão verdadeiramente a nova carne no mistério da Palavra. De fato, Adão, o
primeiro homem, era um tipo daquele que havia de vir, isto é, o Senhor Cristo. O novo Adão,
na mesma revelação do Pai e no mistério do seu amor, Cristo revela-se completamente ao
homem e descobre nele a sua vocação suprema. O Espírito Santo trabalha de maneiras
misteriosas em todas as pessoas, sociedades e cosmos benevolentes para transformar e
divinizar as pessoas. Além disso, o Espírito Santo atua por meio dos sacramentos,
especialmente da Eucaristia, que é a santa antecipação do céu, a plenitude da comunhão no
Pai, Filho e Espírito Santo.
O primeiro tema principal da teologia da Imago Dei diz respeito à participação na vida
divina de comunhão. Como vimos, os humanos, criados à imagem de Deus, são seres que
compartilham o mundo com outros seres corpóreos, mas que se distinguem pela inteligência,
pelo amor e pela liberdade, e que, portanto, são destinados pela natureza à companhia
humana. Deus designa a pessoa para ser seu administrador, assim como o chefe faz nas
parábolas do evangelho. A relação entre ciência e conhecimento humano, novo conhecimento
científico, leva ao fato de que a teoria da evolução não é mais considerada uma mera hipótese.
Vale ressaltar que essa teoria aos poucos atraiu a atenção dos cientistas após várias
descobertas em diversas áreas do conhecimento. O interesse da Igreja pelo desenvolvimento,
portanto, concentra-se principalmente no conceito de homem, que, criado à imagem de Deus,
não deve ser subordinado a uma espécie ou sociedade como mero instrumento ou mero
instrumento.
De uma perspectiva católica, os neodarwinistas que confiam na variação genética
aleatória e na seleção natural para apoiar a afirmação de que a evolução é um processo
completamente não direcionado vão além do que a ciência pode provar. A causalidade divina
pode estar ativa em um processo aleatório ou direcionado. Qualquer eventual mecanismo
evolutivo só pode ser contingente porque Deus o fez assim. Um processo evolutivo sem
direção, um processo que, portanto, não está dentro dos limites da Providência de Deus,
simplesmente não pode existir, porque a causalidade de Deus, que é o primeiro autor, se
estende a todos os seres, não apenas a princípios. espécies, mas também princípios
individuais. Em relação à criação imediata da alma humana, a teologia católica afirma que
certas ações de Deus produzem efeitos além da capacidade das causas criadas
correspondentes à sua natureza. Confiar na causalidade divina para preencher lacunas causais
verdadeiras e não responder ao que ainda está inexplicado não é usar o trabalho divino para
preencher lacunas no conhecimento científico. Infelizmente, uma das consequências dessa
nova sensibilidade ecológica é que o cristianismo é parcialmente culpado pela crise ambiental,
pois enfatizou a posição do homem, criado para dominar a criação visível na imagem. Alguns
críticos chegam ao ponto de argumentar que a tradição católica carece de uma forte ética
ecológica, enquanto os humanos são vistos como inerentemente superiores ao resto da
natureza, e que para alcançar tal ética é necessário recorrer às religiões asiáticas e tradicionais.
No entanto, essa crítica é baseada em um profundo mal-entendido da teologia cristã da criação
e da imago Dei. Falando da necessidade de mudança ecológica.
A teologia da criação cristã contribui diretamente para resolver a crise ecológica ao
afirmar a verdade fundamental de que a própria criação visível é um dom divino, um dom
original que cria espaço para a conexão pessoal. A cristologia e a escatologia juntas podem
iluminar essa verdade. Na união hipostática da pessoa do Filho com a natureza humana, Deus
vem a este mundo e assume a materialidade que Ele mesmo criou. Na Encarnação, por meio
do Filho Unigênito nascido da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, o Deus Uno e
Trino cria uma oportunidade de conexão íntima e pessoal com as pessoas. A teologia da
Imago Dei não encoraja um estudo indisciplinado e antropocêntrico do ambiente natural, mas
afirma o papel decisivo do homem na realização de sua permanência eterna no universo que
Deus aperfeiçoou. Essa responsabilidade se estende ao mundo animal. Os animais são criação
de Deus e de acordo com a Bíblia, Ele os cerca com cuidado. No entanto, há uma diferença
escatológica entre humanos e animais porque somente os humanos são criados à imagem de
Deus e Deus lhes deu domínio sobre o mundo animal.
A tecnologia moderna, juntamente com os mais recentes desenvolvimentos em
bioquímica e biologia molecular, continuam a oferecer à medicina moderna novas
possibilidades de diagnóstico e tratamento. Essas tecnologias não apenas possibilitam
tratamentos novos e mais eficazes, mas também abrem a possibilidade de mudar a própria
pessoa. O fato de essas tecnologias estarem disponíveis e utilizáveis torna ainda mais
importante questionar os limites que devem ser colocados à tentativa do homem de se recriar.
Praticar uma administração responsável no campo da bioética requer uma reflexão moral
cuidadosa sobre até que ponto as tecnologias afetam a integridade biológica dos seres
humanos. O direito de ter controle total sobre o próprio corpo significaria que alguém pode
usar o próprio corpo como um meio para os propósitos de sua escolha; ele pode então
substituir algumas de suas partes do corpo, mudá-lo ou terminá-lo. Os vários órgãos e partes
que juntos formam uma unidade física são completamente absorvidos e subordinados ao
corpo como partes essenciais. Mas valores mais baixos não podem ser simplesmente
sacrificados aos superiores. Porque todos esses valores juntos formam um todo orgânico e são
interdependentes. Uma vez que o homem é criado à imagem de Deus também em sua
fisicalidade, ele não tem o direito de renunciar completamente à sua própria natureza
biológica. O próprio Deus e a criatura criada à sua imagem não podem ser objeto de nenhuma
ação humana arbitrária.
A vida humana é fruto do amor conjugal, dom mútuo, perfeito, final e exclusivo entre um
homem e uma mulher, reflexo do dom de amor entre as Três Pessoas Divinas, fecundo na
criação, e do Dom de Cristo na sua Igreja, que se torna fecundo no novo nascimento do
homem. Falta a devoção mútua do homem e da mulher na intimidade sexual, tendo em vista a
contracepção ou esterilização. Se, além disso, for utilizada uma técnica que não ajude o
contrato matrimonial a atingir seu objetivo, mas substitua esse ato para que a fecundação
ocorra por meio de intervenção, o filho assim concebido não nascerá fora do casamento, que é
uma expressão autêntica da doação mútua do casal.

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