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FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem consistem em “fugas” discursivas da língua,


uma vez que nem sempre uma ideia pode (ou precisa) ser comunicada
literalmente. A criatividade humana permite uma comunicação fluida e que,
muitas vezes, não se adapta à literalidade ou à realidade palpável do mundo.
Para que todas as possibilidades sejam alcançadas, as figuras de linguagem
abrangem diferentes modalidades:

Figuras de semântica
Figuras de sintaxe
Figuras de som/fonética
Cada uma dessas classificações possui subdivisões com
particularidades, cada qual com uma diferente finalidade para que se possibilite
a expressão das mais variadas intenções dos enunciadores.
O QUE É FIGURA DE LINGUAGEM?
Chamamos de figura de linguagem os recursos expressivos empregados
para gerar efeitos nos discursos, ampliando a ideia que se pretende passar e
que não seria possível com o uso restrito e literal das palavras. Esses recursos
podem dar o efeito de exagero, ausência, similaridade, lirismo ou estranheza,
priorizando a alteração da construção das sentenças ou a semântica (o
significado) ou a sonoridade (a forma).

Vamos conhecer as principais figuras de linguagem e seus usos.

PRINCIPAIS FIGURAS DE LINGUAGEM


FIGURAS DE SEMÂNTICA
METÁFORA
A metáfora corre quando se faz qualquer comparação sem utilizar
expressões que indiquem que uma comparação está sendo feita (“como”,
“tanto quanto”, “parece”, entre outras). Exemplo:

Você tem uma pedra dentro do peito.

No exemplo, a metáfora serve para dizer que a insensibilidade de


alguém é como um coração tão duro quanto uma pedra.
CATACRESE
A catacrese ocorre quando não existe um termo específico para
designar algo, e, por isso, utiliza-se outros termos para substituir essa falta.

Precisei chamar um marceneiro para consertar o pé da mesa.

Não existe um termo específico para designar tal parte da mesa, por
isso, toma-se “pé” como empréstimo para designá-la.
Metáfora
Comparação implícita.

A razão é a luz na escuridão.

Observe que a “razão” está sendo comparada com a “luz”. No entanto,


não há nenhuma conjunção comparativa explicitada entre os dois termos.
Portanto, se a frase fosse “A razão é como a luz na escuridão”, não teríamos
mais uma metáfora, mas sim uma comparação.

No primeiro exemplo, temos uma metáfora impura, assim classificada


quando os dois elementos da comparação implícita estão explicitados – no
caso, “razão” e “luz”. Já na metáfora pura, isso não acontece:

Pensem nas crianças Da rosa da rosa


Mudas telepáticas Da rosa de Hiroshima
Pensem nas meninas A rosa hereditária
Cegas inexatas A rosa radioativa
Pensem nas mulheres Estúpida e inválida
Rotas alteradas A rosa com cirrose
Pensem nas feridas A antirrosa atômica
Como rosas cálidas Sem cor sem perfume
Mas oh não se esqueçam Sem rosa sem nada
No poema A rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes (1913-1980), a
“rosa” a que o eu lírico se refere é uma metáfora para a bomba atômica, ou
seja, ela é comparada a uma rosa. No entanto, em nenhum momento, a bomba
é explicitamente mencionada no poema. Para saber mais sobre essa figura de
linguagem, acesse: metáfora.
Catacrese
Emprego inadequado de um termo devido à perda de seu sentido
original.

A quarentena já dura dois meses.


Não podíamos embarcar no ônibus sem tirar aquelas fotos.

No primeiro exemplo, a palavra “quarentena”, em seu sentido original,


refere-se a um período de quarenta dias. No entanto, o termo passou a ser
empregado com o sentido de “isolamento”. O mesmo fenômeno acontece no
segundo exemplo, em que “embarcar” deixou de ser apenas o ato de entrar em
uma embarcação e teve seu sentido ampliado para o ato de entrar em qualquer
veículo de transporte.

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