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A dêixis espacial demonstra o lugar de onde se enuncia ou sobre o que se enuncia. Esse
tipo é geralmente representado por advérbios de lugar, através dos quais o enunciador
aponta para o espaço referido sem citar o seu nome. O famoso poema romântico
“Canção do exílio” é um exemplo em que a ocorrência dos dêiticos de lugar é
fundamental para a constituição de sentido do texto.
Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
Nesse poema a relação entre “lá” e “cá” é muito pertinente para a sua
proposta estética. Como se trata de um poema que reflete o
nacionalismo desenvolvido no início do Romantismo brasileiro, o jogo
“lá” e “cá” denota a comparação feita entre as terras brasileiras, de
onde é o eu-lírico, e as terras estrangeiras, onde esse “eu” está
exilado. Se considerarmos tal contexto, sabemos que esse jogo entre os dois operadores
dêiticos é importante, pois revela a superioridade de “lá” em relação à “cá”.
O poema deixa entrever que o leitor deve conhecer os lugares que estão sendo
mencionados, pois os nomes dos espaços não são revelados, sendo substituídos por “lá”
e “cá”. Mas, por estes estarem conjugados a algumas características — a diferença entre
os gorjeios das aves, o prazer e os primores que são apenas privilégios do “lá” e não do
“cá” —, é possível compreendê-los, mesmo que seus nomes não sejam ditos. Assim,
essa forma de se referir/apontar para um espaço no momento da enunciação consiste na
dêixis espacial.
Quanto à dêixis pessoal, existe um grupo comum de operadores que serve para indicá-la.
São termos que remetem à identidade do enunciador , normalmente manifestados por
pronomes pessoais. A canção abaixo , composta por Paulinho da Viola, é relevante
para ilustrarmos esse tipo de dêitico.
Sinal fechado
(Paulinho da Viola)
canção
“Sinal Fechado” mescla elementos da música erudita moderna e do samba.
Embora muito se diga sobre a letra dessa música ser um retrato da vida urbana
na época da ditadura militar brasileira, o cantor Paulinho da Viola explica em
seu site que vê na música um “hino do desencontro, do mundo contemporâneo,
das cidades movimentadas, dos sinais fechados sempre presentes que nos
forçam a observar as pessoas por dentro dos carros”.
O
ato de usar palavras que apontem para o próprio falante e seu interlocutor (“eu” e “você”)
caracteriza um tipo de dêitico, mesmo que os termos não expressem com clareza quem
são os falantes. No caso da canção em questão, como se tratam de duas pessoas que
se reveem no trânsito enquanto o sinal está fechado, o autor apresenta as identificações
com os pronomes “eu” e “você” para que os personagens façam referências a si
mesmos. Seus nomes não são ditos, pois como eles se conhecem, no momento da
interlocução face a face, fazem uso apenas dos pronomes citados para falarem de si e
dirigirem a palavra ao outro.
Se quisermos descobrir suas identidades, não nos apoiamos apenas nos dêiticos, mas
nas características dos falantes (“vou indo”, “vou indo correndo pegar meu lugar no
futuro”, “[vou indo] em busca de um sono tranquilo”; “só ando a cem”). Como os dois
falantes usam o “eu” e tratam o interlocutor como você, e como nós não os vemos, para
identificá- los, precisamos, portanto, nos basear nessas informações que eles oferecem
sobre si mesmos.
De tempo, de discurso e social
A dêixis temporal – como o próprio nome deixa antever – é uma forma de apontar o
tempo. O recurso mais comum são os advérbios de temporalidade. Por exemplo:
a) Ontem choveu muito;
b) Daqui a pouco vai amanhecer e eu ainda não dormi;
c) Pensei em você agora mesmo;
Esses dêiticos, tanto quanto os espaciais e os pessoais, são constantemente usados no
dia a dia para nos referirmos a um tempo que é indicado no momento da enunciação. O
dêitico discursivo normalmente é manifestado por pronomes que apontam para uma
parte do texto/discurso que o enunciador quer focar. Esse ato de localizar ou indicar um
trecho do texto, com as expressões “no parágrafo seguinte”, “no texto abaixo”, “a seguir”,
é uma forma de apontar para o próprio discurso no momento da enunciação. Um
exemplo que brinca com isso é a resposta do aluno na questão de uma prova de
Matemática apresentada a seguir:
Em relação à dêixis social , podemos afirmar que se refere aos papéis sociais que as
pessoas ocupam e consequentemente ao status decorrente desses papéis. Chamar o
outro ou se denominar de senhor, doutor, mestre, companheiro, amigo, entre outras
formas de tratamento indica qual identidade social o locutor atribui ao interlocutor e qual a
relação social que ambos possuem no momento da enunciação. Isso ocorre, por
exemplo, no romance Grande sertão: Veredas escrito por João Guimarães Rosa.
Vejamos um trecho:
Dêiticos e interlocutores
Uma interação com elementos dêiticos revela geralmente a cumplicidade entre os
interlocutores, pois não é necessário que usem as marcas linguísticas que denominem
claramente o que querem dizer para que interajam bem, eles podem utilizar os
operadores dêiticos para indexicalizar (indicar, reconhecer, localizar) quem são e o
contexto em que estão inseridos. Um exemplo é a brincadeira que Millôr Fernandes faz
no texto abaixo, quando satiriza as mulheres, demonstrando que elas não são precisas
em sua linguagem:
Vaguidão específica
“As mulheres têm uma maneira
de falar que eu chamo de vagoespecífica.”
(Richard Gehman)
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou
para deixar até a véspera.
- Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a
entrada e ele reclama como na outra noite.
- Está bem, vou ver como.
(Millôr Fernandes In: Trinta anos de mim mesmo)
advérfenômeno dêixis
No artigo “O lugar da dêixis na descrição da língua”, disponível na internet no link
http://www. prof2000.pt/users/anamartins/ ArtigoFIF.html, a estudiosa portuguesa Ana
Martis discorre sobre a pertinência de se estudar a dêixis: “Mais de noventa por cento
das unidades frásicas de uma língua natural apresentam unidades lexicais de função
deíctica (VIDAL, 1993:26). Estas organizam-se em paradigmas gramaticais fulcrais em
qualquer abordagem linguística: os pronomes, os artigos, os advérbios, todas as
variações do paradigma verbal, designadamente a de tempo, fórmulas de tratamento,
determinados lexemas correspondentes a verbos de movimento. Esta constatação não
funciona por si como móbil para o estudo da deixis, mas como consequência de factores
a que a linguística contemporânea não pôde ficar alheia, Assim, a actualização do
sistema da língua passa necessariamente pela activação destes marcos de referência
enquadradas numa situação discursiva particular, da qual decorre a sua referência e
funcionalidade. Estamos longe, pois, da perspectivação dos deícticos enquanto signos
vazios, assumida pelos logicistas, mediante a qual aqueles não seriam portadores de
uma significação transparente ou fixa. Deste modo, estes operadores referenciais
constituem o elo inefável entre o uso efectivo da língua e o constructo idealizado que é a
língua- sistema.”
A sátira e o motivo do riso nesse texto residem exatamente nos elementos dêiticos que
foram usados pelas personagens como forma do autor reforçar a sua tese sobre a
imprecisão do discurso feminino. Os termos que elas utilizam para indicar objeto (isso,
outras, coisas), lugar (lá fora, qualquer parte, pra cima), pessoa (alguém, aquele, outro),
tempo (outro dia) e, inclusive, para constituir as suas identidades, através das formas
como se tratam (Maria e senhora), são itens dêiticos. Como efeito, eles indicam algo que
as duas conhecem, mas que não são facilmente compreendidos por quem não se insere
no contexto de enunciação em que elas se encontram.
O texto é uma grande brincadeira de Millôr para falar sobre o comportamento linguístico
das mulheres. Contudo, ao contrário do que preconiza o autor em sua crônica, essa
característica de usar termos que não dizem qual é o referente, mas apontam para ele, é
uma escolha de qualquer indivíduo que esteja numa situação de interação, na qual
compartilhe com seu interlocutor todos os aspectos contextuais em que estejam
inseridos. Ou seja, essa é uma atitude comum a diversas situações comunicativas
cotidianas.
Dêiticos na prática
OS DÊITICOS E A ENUNCIAÇÃO
Dino Pretti aborda no livro Fala e Escrita em Questão a importância dos
dêiticos e na linguagem falada:
O ensino de língua está pautado na tríade leitura, produção e re exão linguística. Com base nessa compreensão, os
Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa destacam que a prática pedagógica sobre a língua requer o trabalho
desses três eixos, com o objetivo de formar o indivíduo para usar a língua como uma atividade social, isto é, de
auxiliar o usuário da linguagem no seu letramento. Todos os professores são responsáveis pelo letramento dos seus
alunos na medida em que podem ajudar a desenvolver o contato deles com atividades linguísticas que envolvam
essa tríade como prática social efetiva.
Na prática
Podemos citar um exemplo no ensino de língua portuguesa, considerando como prática pedagógica de letramento o
exercício de trabalho com as categorias gramaticais. O conceito a ser transmitido envolve as categorias gramaticais
como formas que atuam funcionalmente na composição de textos e que têm relevância social para sua constituição.
Pensemos num caso:
O advérbio é geralmente tratado como uma classe de palavra que representa uma circunstância, abordado pelo
professor em frases soltas, sem nenhum contexto concreto de uso, e classi- cado (lugar, tempo, modo...) antes
mesmo de o aluno entender como usá-lo. Seria muito mais interessante e e- caz para o educando compreender
primeiramente a atuação dessa categoria, para, em seguida, classi- cá-la e conceituá-la.
Diante disso, cabe ao professor introduzir o uso do advérbio por meio da problematização de seu papel social em
textos reais. Uma sugestão criativa é o trabalho com textos de jornais e revistas, que são recheados dessa categoria
gramatical. As notícias desses suportes de informação não se constituem como tal sem a presença dessa classe de
palavras, pelo simples motivo de os jornalistas não poderem lançar mão dos advérbios no momento em que estão
informando o local e a data do fato, isso quando não acrescentam dados que indicam companhia, frequência, entre
outras circunstâncias.
Assim, o professor "antenado" pode iniciar a abordagem do advérbio levando jornais e revistas com diversos
assuntos para a sala. Se ele distribuir com os alunos, perceberá que o grupo-classe vai se dividir entre aqueles que
lerão notícias ligadas a esporte (os meninos em sua maioria), lazer e entretenimento, casos de polícia na
comunidade, entre outras. Depois da leitura por escolha e prazer, o professor poderá, numa roda de conversa e num
tom semiformal, perguntar o que leram.
Ao passo que cada um for narrando as notícias, ele, de maneira muito perspicaz, questionará onde e quando o fato
ocorreu e registrará as respostas na lousa. Logo após, perguntará à turma se seria possível entender bem a notícia
sem os dados de onde e quando aconteceram os fatos. Os alunos, com certeza, responderão que não. Aí o professor
chegou aonde queria.
Nesse momento, juntamente com a turma, ele reconhecerá que essas palavrinhas são fundamentais para a
construção do que chamamos notícia, pois, sem elas, entenderíamos com mais di- culdade os fatos noticiados.
Agora, sim, o professor dirá que essas palavras serão o tema das aulas que seguirão e nesse momento dará o nome a
elas: advérbio ou circunstância.
Por meio dessa didática, professor e alunos podem re etir sobre a língua em textos reais, ou seja, se colocar no papel
de interlocutores reais dos jornais e revistas, e ainda compreender o aspecto gramatical que estava previsto para ser
abordado. Esse exemplo prova que é possível desenvolver uma abordagem onde a leitura e a análise linguística
(gramatical) estão conjugadas. Trata-se, então, de uma efetiva prática didático-pedagógica de letramento.
Diante do exposto, a partir de agora, vamos começar a incursão sobre um assunto que é muito familiar à sua prática
de ensino, professor. Você certamente já parou para pensar que um educador não é apenas um "dador de aula",
monitor de sala ou ministrante de seminário. Ele também é responsável por atividades de pesquisa, avaliação
continuada, registro de informações sobre o aprendizado dos alunos e montagem de material didático. Sobre essa
última atribuição, destacaremos, adiante, o papel do docente na interação didática por meio da montagem de uma
apostila pedagógica.
Abordaremos onze princípios que o professor pode utilizar para que esse tipo de material sirva não apenas de
recurso na transmissão de conhecimento, mas também de ferramenta que promova a motivação, clareza e inclusão
do discente na trajetória de sua aprendizagem. Chamaremos, aqui, de Princípios de Motivação o conjunto de
elementos que ajudam a estimular a relação entre o aluno(a)/leitor(a) e o conteúdo; Princípios de Clareza, aqueles
referentes aos trabalhos que ajudam a fornecer o melhor entendimento sobre o que é dito, servindo, portanto, como
estratégias linguísticas; Princípios de Inclusão os responsáveis por ampliar as possibilidades de inserção social dos
alunos leitores.
Os princípios 1, 2 e 3 envolvem didáticas para o desenvolvimento da motivação dos alunos diante dos conteúdos;
do número 4 a 8 foram enumerados os que consistem em estratégias de construção da clareza no material didático e
em facilitadores da elucidação sobre a proposta de ensino; por último, os princípios 9, 10 e 11 são os que ajudam na
inclusão dos discentes em atividades de letramento, ou seja, de uso social da leitura e escrita.
PRINCÍPIOS DE MOTIVAÇÃO
Todo e qualquer conteúdo didático tem - e deve ser abordado na - relação com a vida cotidiana dos alunos. Não
podemos enxergar relevância na discussão de assuntos que não possuam significado no nosso dia a dia.
Contudo, muitas vezes, o tema da aula parece estar totalmente desvinculado da vida prática. Isso ocorre porque o
professor não sabe utilizar métodos que façam o aluno perceber onde visualizar, ao seu redor, o que está sendo
debatido. Uma das formas de apresentar o conteúdo imprimindo-lhe significado é a utilização de uma metodologia
problematizadora, que pode ser entendida como um conjunto de reflexões feitas juntamente com os alunos,
preparando-os para que compreendam os conceitos ou procedimentos técnicos mais complexos que formam o
programa da disciplina e que são, de fato, os objetos de estudo do curso.
A resposta está na estratégia de problematização, que consiste no primeiro momento da aula ou do capítulo da
apostila. É a escolha de uma reflexão sobre algo afetado, causador ou que, simplesmente, tem uma relação com o
tema geral a ser levantado. Inúmeros exemplos podem ser ilustrativos ao uso desse recurso, como: no caso de um
professor que não seja de Português, para discutir a importância do turismo na economia do Brasil, pode iniciar
propondo um debate sobre as possibilidades de desenvolvimento de uma nação por meio da empregabilidade.
Mas o que esse problema assolado em nosso País tem a ver com o turismo? É exatamente essa reflexão que você
causará no aluno quando oportunizar esse deslocamento de tema. Dizemos que a problematização constitui uma
prática de deslocamento, porque ela favorece a inquietação sobre um assunto de conhecimento geral (no caso
citado, como resolver o flagelo do desemprego no Brasil), mas que está totalmente associado ao tema da aula (a
importância do turismo na economia brasileira).
É uma espécie de preparação para o assunto central, porém com a propriedade de fazer o aluno aguçar seu
pensamento à medida que for provocado com as questões do professor. Assim, o procedimento de problematização
oferece a seguinte sistemática: questionamento ou provocação (professor) seguido de inquietação (aluno). Ambos
os momentos são geralmente tensos, mas bastante democráticos.
Estratégias
No mundo globalizado e tecnológico em que vivemos, estamos precisando aprimorar constantemente nossas
estratégias de comunicação, tendo em vista rápidos avanços nas trocas comunicativas realizadas pelos meios
digitais. (...) Para acompanhar o dinamismo do contexto atual, autores e leitores começam a reavaliar seus papéis
na era da cibercultura.
Do ponto de vista prático, o que fez a professora, autora do excerto acima? Para chegar ao conceito teórico e
científico de comunicação, ela deslocou o foco para discutir a tecnologia do mundo em que vivemos. Sem perder de
vista que o tema é comunicação, a professora lança uma "provocação" (no melhor sentido do termo) para os alunos:
vamos pensar nas nossas condições de indivíduos no mundo contemporâneo. Como nos comunicamos?
Ao tentar suscitar essa reflexão, a docente não a faz trazendo à tona o que, de fato, quer: conceituar comunicação.
Antes, busca desenvolver um caminho até chegar ao conceito. Para isso, a trajetória que escolheu foi
problematizando, apontando uma condição que está na nossa ordem do dia - a comunicação nos meios digitais - e
que já se trata de uma necessidade de conhecimento para a inserção social da população.
O foco inicial da professora não foi o conceito de comunicação, mas, como vimos, a abordagem de uma discussão
que tem por objetivo inquietar o leitor/aluno para uma reflexão e, sem perceber, uma tomada de opinião sobre o
assunto, relacionando o que pensa ao tema da aula.
Como problematizar
Passada essa etapa, o leitor/aluno será convidado para uma nova etapa: a de perceber qual é o verdadeiro intuito do
professor. Esse é o momentochave para o docente iniciar um processo de motivação.
Depois de problematizar, é preciso saber o que o aluno tem a ver com o assunto. Seguindo o percurso que
sugerimos, a etapa seguinte pode ser chamada de motivação.
Embora pouco utilizada em alguns métodos de ensino, a motivação faz muita diferença numa proposta que busca o
envolvimento do aluno com o conteúdo - ação essencial para a aprendizagem. Mas como assegurar o aprendizado
se os conteúdos não tiverem sentido para o aluno? O mínimo que pode acontecer é a recusa do envolvimento ou o
engajamento com o assunto. É no papel de catalisador que a motivação atua, fazendo com que os alunos sejam,
cada vez mais, envolvidos com o que discutem.
No exemplo da aula supracitada sobre comunicação, a professora continua, após o ponto que exemplificamos,
escrevendo em seguida:
Você já deve ter pensado sobre o conceito de comunicação no momento em que precisa transmitir mensagens para
outras pessoas, seja enviando um simples e-mail para um amigo, seja conversando virtualmente pelo MSN, ou por
qualquer outro meio de comunicação.
Nesse trecho, a docente cita possíveis atitudes dos alunos, atrelando-as ao conceito que apresentou. Com essa ação,
a professora supõe ("você já deve") um posicionamento comum ao que fazemos hoje em dia (enviar e-mails e
outros tipos de mensagens). Com essa declaração, ela aproxima ainda mais o leitor/aluno da abordagem que já fazia
na problematização. Se antes permitia que ele reconhecesse um estado de coisas característico da sociedade atual,
agora ela expõe, de modo indireto (por meio de suposição), o que o aluno tem a ver com esse estado. Isso facilita o
reconhecimento ou a identificação do discente na temática da aula.
Diante de tudo isso, para que uma didática promotora da problematização e da motivação dos conteúdos se firme,
faz-se necessário que os exercícios de verificação da aprendizagem sigam essas perspectivas e possibilitem
propostas de interação real para os alunos.
Uma vez que a apostila didática segue o procedimento de problematização e motivação, devemos propiciar
situações reais de interlocução para o leitor/aluno, já que partimos do princípio de que a relação que o educando
deve manter com o conteúdo está baseada na atribuição de sentido que aquele faz deste.
Você, professor, precisa estar "ligado" a uma proposta de apostila que solicite ao aluno a interação com outros
indivíduos, para realizar a compreensão do que está discutindo. Esse é um postulado, há muito, estudado pela
Psicologia Socioconstrutivista, que afirma ser a interação com o outro uma das formas mais eficazes para construir
o aprendizado, ou, como preconizou o pensador Lev Vygotsky, passar de uma zona real (o já aprendido) a uma
zona proximal (o que ainda vai se aprender).
Essa é uma prática comum a atividades como a exemplificada a seguir pela mesma professora dos exemplos
anteriores:
É hora de você compartilhar seus conhecimentos com outros colegas. Vamos usar a dinâmica da entrevista e você
irá assumir o papel de um repórter que irá divulgar uma notícia em um telejornal.
Esse é um exemplo ilustrativo para percebermos que, a partir do momento em que o aluno interagir com outros na
entrevista, retomará o que discutiu ou leu na aula. Isso pode ser feito por meio de atividades informativas, como
essa citada, mas também através de atividades constativas, ou seja, de exercícios empíricos, como experiências
físicas e químicas, pesquisas, montagem de maquetes, entre outros que fortaleçam a atenção ao conteúdo e
possibilite que o educando troque as experiências da aula.
Essa troca, que chamamos de interlocução real, refere-se à possibilidade que o professor tem de solicitar que o
aluno verifique como o que ele teorizou se realiza ou funciona. Isso ainda ajuda na socialização do discente e no
desenvolvimento da competência interacional. Entretanto, fique atento, mestre! Não se esqueça de orientar bastante
o seu aluno sobre como proceder passo a passo na atividade. Fazendo assim - problematizando, motivando e
solicitando atividades interativas - não faltará sentido na sua didática.
PRINCÍPIOS DA CLAREZA
As imagens funcionam como um recurso semiótico de relevância para a - xação dos signi- cados
do texto escrito. Ao falar de determinados temas, o texto escrito pode vir ladeado de imagens que
representem esses temas. Elas serão muito rentáveis, pois permitirão, na medida do possível,
visualizar o conteúdo ou algo referente a ele. Entretanto, precisamos ter cuidado para não nos
esquecermos de comentá-las ou retomá-las por escrito. Por exemplo, se há a foto de um
computador, deve ser perceptível para o leitor que ela tem relação com o texto verbal.
É mister lembrar que qualquer signo num material didático é motivado pedagogicamente, mas, às
vezes, essa motivação não fica clara para o aluno e, consequentemente, a metodologia perde o seu papel.
Uma forma de deixar bastante evidente determinado assunto é usar o mecanismo de correferenciação textual, que
signi- ca apresentar uma informação e referila novamente de outra maneira para - xar a compreensão do aluno. Isso
deve ocorrer principalmente com as imagens. Elas nunca podem vir sem comentários. A imagem é parte integrante
do todo que é o material didático e sobre ela deve haver o que se falar. Se não há nenhum texto escrito sobre uma
foto, o aluno pode simplesmente achar que ela serve apenas como ilustração e que não possui a mesma função e
importância do texto escrito.
Por exemplo, a imagem abaixo, retirada de uma apostila do MEC, expressa, de modo icônico, verbal e metafórico,
o conteúdo ao qual está atrelado. Por meio das imagens de uma criança mostrando a língua (física) colorida com um
desenho da bandeira do Brasil, destaca-se o que se diz por escrito na mesma página: a canção "Língua" de Caetano
Veloso e uma breve interpretação dessa canção com um convite ao início da disciplina Língua Portuguesa, re etindo
sobre o nosso idioma.
As imagens não devem ser meramente postas na apostila, elas têm importância para a discussão e precisam ser
usadas como exemplos ou mote da re exão feita no material, como mostra o trecho abaixo.
É possível pensar, por exemplo, esse quadro como um texto? Vamos pensar... Ele é construído a partir de uma
linguagem, ou seja, a partir de signos que nos remetem a signi- cados? Ele nos comunica algo?
Nesse excerto, o professor não usou a famosa pintura do Portinari aleatoriamente. Ela estava ali para esclarecer um
conteúdo (conceito e tipos de linguagem) como já exposto (problematizado, motivado e amplamente debatido
antes). Por isso, com o intuito de -fixá-lo, usou, nesse momento, o apelo à imagem. Isso signi- ca que a imagem não
estava ali sem que o professor tenha pensado estrategicamente.
Outro caso se retrata no trecho abaixo, que ancora a discussão (linguagem não verbal) a um texto icônico, a charge.
Observe como o exemplo a seguir usa a linguagem não verbal com o tom irônico, estabelecendo conexões entre a
charge, gênero textual que privilegia o senso crítico e irônico.
Não pense, professor, que essa didática é exclusiva das disciplinas que tratam de linguagem e comunicação. Muitos
conteúdos teóricos podem se valer desse recurso. É importante pensar que imagem rende melhor para asseverar,
exempli- car ou pôr em prática a discussão que você faz. Portanto, uma dica
interessante é usar inúmeros gêneros de texto que são imagéticos, como cartuns,
tirinhas, charges, mapas, grá- cos, entre outros. Todos eles servem a nós como
ótimas ferramentas didáticas; é importante saber transpô-las.
Você sabe o que é um hipertexto? Uma apostila didática consiste num suporte
onde podemos encontrar diversos hipertextos, pois é composta de "textos grandes"
- como o próprio nome já diz:
HIPERtextos. Textos grandes!? É isso mesmo o que você pensou: textos grandes,
extensos, largos, pelo simples motivo de serem textos repletos de outros textos
menores que ajudam a aumentá-lo. Estes são os hiperlinks.
Os hiperlinks são quaisquer outros textos ancorados a textos maiores (os hipertextos) e que servem para
contextualizar o conteúdo destes (notas de rodapé, comentário de borda, link de internet etc). Para situar o leitor, os
manuais didáticos são permeados de vários hiperlinks que, por exemplo, contextualizam a bio e bibliogra- a de
alguns autores citados no corpo do texto. São construídos por meio de um trabalho grá- co que liga a citação do
autor no corpo do texto a um comentário na margem.
Suas apostilas didáticas podem estar cheias deles. Porém precisamos ter cuidado para usar adequadamente esse
recurso da escrita. Algumas formas, como linhas, setas e balões são indicadas, pois fornecem legibilidade ao
hiperlink, principalmente para o aluno que não está acostumado a vê-lo em texto escrito impresso. O exemplo a
seguir é um dos casos.
Enquanto escavava sobre as colinas de Rãs Shamra, na antiga cidade de Ugarit, Schae er achou várias tábuas
escritas em língua cuneiforme desconhecida. Durante os anos seguintes, centenas de tabuletas cuneiformes fenícias
foram descobertas em Ugarit e em outros sítios arqueológicos ao redor do Mediterrâneo. Essa descoberta foi
muito signi- cante para a civilização do Oriente Médio, porque os arqueólogos estavam levantando o véu da
história das línguas humanas.
6. Uma seleção lexical apropriada efetiva a comunicação e um léxico parafraseado possibilita a ampliação
vocabular
A escolha do léxico deve, por um lado, privilegiar o conhecimento linguístico que o aluno já possui e, por outro,
ampliá-lo à medida que se apresentam novos termos. Essa ampliação pode ocorrer com a ajuda de um recurso
textual que não abdica da palavra nova ao aluno, mas fornece explicação sobre o que ela signi- ca no vocabulário
prévio que o aluno possui. Esse recurso se chama paráfrase.
Observando o trecho a seguir podemos re etir se as palavras "intermédio", "operações e estratégias mentais",
"interação social", "interacional" e "prática social" são comuns aos jovens dos subúrbios, públicoalvo das nossas
escolas públicas. Se fosse usado o recurso de paráfrase em algum momento desse trecho, haveria a explicação dos
termos destacados com um enunciado como: "operações e estratégias mentais que são postos em ação, isto é
[operador de paráfrase], formas de pensar."
O texto pode ser concebido como o resultado da atividade comunicativa humana, que se realiza por intermédio de
processos, operações e estratégias mentais que são postos em ação, em situações concretas de interação social. É,
portanto, uma atividade consciente, criativa e interacional, bem como uma prática social.
7. A verdadeira atividade para compreensão de um texto não consiste na verificação de informações dentro
dele
Alguns exercícios que se propõem ser de compreensão não correspondem, de fato, a um trabalho assim, pois
apresentam questões que promovem apenas a retirada de informações do texto. Uma tas de interação social. É,
portanto, uma atividade consciente, criativa e interacional, bem como uma prática social. 7. A verdadeira atividade
para compreensão de um texto não consiste na verificação de informações dentro dele Alguns exercícios que se
propõem ser de compreensão não correspondem, de fato, a uma pergunta que exempli- ca essa prática se encontra a
seguir. A resposta dessa questão é visualizada na mesma página. Isso não signi- ca uma prática de compreensão, e
sim uma seleção de informações contidas no texto.
Leia o texto a seguir e responda às perguntas de 1 a 10. Tente aplicar, ao responder a essas perguntas, os conteúdos
que você aprendeu na aula.
TEXTO 1
"O Risco da Exposição ao Sol na Construção Civil" (Traduzido livremente por Ricardo Mattos)
Riscos à saúde fazem com que a proteção solar seja essencial no trabalho desenvolvido a céu aberto, como é o caso
da construção civil. A radiação ultravioleta (UV) está nos atingindo diariamente, proveniente do sol. Embora os
raios sejam invisíveis, o seu efeito na pele pode ser visto e sentido quando uma exposição prolongada resulta em
queimaduras dolorosas. Com a depreciação da camada de ozônio na atmosfera da Terra, cresceram os riscos da
exposição à radiação ultravioleta. Isso causou o crescimento da preocupação sobre o assunto em todo o mundo.
[...]"
A coesão didática entre os tópicos (capítulos, partes) de um material didático pode se dar por meio da indicialização
dos assuntos centrais antes de abordados. Um exemplo pode ser observado abaixo no excerto do término de um
capítulo que já aponta para o assunto seguinte (hipertexto). Esse mecanismo permite que o aluno perceba a relação
que existe entre os assuntos abordados.
Esse leque de possibilidades de associação, que já era bastante amplo antes mesmo das novas tecnologias da
comunicação e informação, foi incrementado no meio eletrônico e na Internet, criando o que hoje se conhece por
hipertexto.*
PRINCÍPIOS DE INCLUSÃO
Você já parou para pensar que os seus alunos/leitores podem se interessar em ler o que você leu para construir a
apostila? Pois é, sabemos que nossas referências bibliográ- cas na composição de um material didático devem ser
diversi- cadas, atualizadas e abalizadas. Isso favorece o desenvolvimento intelectual dos alunos, colocando-os em
contato com os principais expoentes da disciplina. Mas como possibilitar que eles tenham acesso a essas
referências? Como incentivar nossos alunos à pesquisa por meio das apostilas didáticas? Aí vão algumas sugestões:
1. Uma seção para indicar leituras complementares é pertinente na exposição de referências bibliográ - cas
abalizadas sobre os conteúdos da disciplina e no estímulo à pesquisa. Para isso, você pode inserir, no - m de cada
capítulo, uma breve lista de livros, periódicos ou sites que forneçam informações sobre o assunto;
2. Quando as referências dos textos analisados na apostila são retiradas de sites da WEB, estimula-se à pesquisa,
uma vez que elas constituem links para importantes fontes de conhecimento sobre as disciplinas. O exemplo a
seguir ilustra um caso.
Manuel Bandeira
Bandeira foi um autor que se destacou no modernismo brasileiro pela simplicidade de seus versos e pela
profundidade de seus temas. O poema "Vou-me embora pra pasárgada" foi muito estudado pela crítica e parodiado
por diversos outros autores. Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Bandeira, acesse:
3. Indicações dos procedimentos para executar breves pesquisas sobre autores e assuntos relacionados aos
conteúdos, além de estimular a desenvolver mais pesquisas, também dissemina o ato de pesquisar como uma prática
corriqueira. O excerto seguinte é um exemplo:
Se digitarmos no Google, por exemplo, o nome Edvard Munch, pesquisando só as páginas em português, vamos
encontrar várias indicações de sites sobre o pintor e descobrir que ele nasceu em Löten, na Noruega, em 12 de
dezembro de 1863, e estudou arte em Oslo. Começou a pintar, em 1880, primeiramente, retratos e, depois, uma
série de quadros naturalistas que testemunham sua rejeição ao impressionismo da época.
Um dos maiores legados intelectuais do educador Paulo Freire foi o valor pedagógico da consideração à realidade
sociocultural do aluno. Em muitas de suas obras, o intelectual pernambucano postulou a importância do ensino
dirigido ao aprendizado sobre o mundo ("a leitura do mundo precede a leitura dos livros"). Conforme Freire, para o
professor pôr em prática tal ensinamento, é preciso reconhecer que o aluno chega à escola trazendo uma bagagem
cultural particular, que não deve ser desprezada pelo docente no processo pedagógico.
Esse procedimento político está imbricado com a percepção de qual seja a realidade econômica do aluno. Se o
público-alvo da nossa escola é formado por jovens da periferia ou de regiões carentes, precisamos ter cuidado em
nossas abordagens. Com isso, temos de estar atentos às referências que fazemos sobre a manifestação dos
fenômenos e objetos que ensinamos. Para ilustrar, expomos a seguir alguns casos retirados de uma apostila de
Língua Portuguesa dirigida a alunos de um curso técnico de Segurança do Trabalho oferecido pelo Ministério da
Educação.
O primeiro exercício pede aos alunos o contato com médicos, advogados e empresários e o segundo solicita a
escrita de um anúncio classificado sobre a casa da foto em tela.
1. Pesquise sobre o assunto, entreviste profissionais diferentes (médicos, advogados, empresários, professores,
técnicos, etc.) sobre o conceito de comunicação. Pergunte aos profissionais sobre a importância da comunicação
para sua atuação profissional.
2. Imagine que você pretende vender, alugar, ou comprar um imóvel e, para isso, deve publicar sua propaganda
em um jornal. Com base na fotografia, construa um texto verbal (escrito), anunciando a venda do imóvel a seguir,
descrevendo as características da casa e a localização.
Talvez, pelo fato de o material ter sido pensado para uso em todo o território nacional, há alguns textos, nessa
apostila, que não abarcam aspectos de ordem social e cultural dos discentes. Em virtude disso, alguns exercícios são
deslocados da realidade socioeconômica dos alunos (sertanejos, moradores da periferia urbana, trabalhadores de
baixa renda). Em sua maioria, são atividades alienantes, pois não se referem àquilo que os alunos têm alcance
social.
Iran Ferreira de Melo é doutorando em Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e mestre em
Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Palavras invariáveis
As regras gramaticais para as palavras invariáveis são cada vez mais
ignoradas no uso cotidiano da língua.
Muito tenho ouvido dos mais variados cronistas esportivos frases como a do título deste artigo. Aliás, eu nunca
cheguei mesmo a ouvir deles a forma correta: "Esses são os quatro mais bem (ou até melhor) colocados do
campeonato..."
Por que tem de ser assim e não "melhores"? Bem, isso é o que vamos explicar a seguir. Antes temos de retomar
algo que, parece, vem sendo esquecido, provavelmente pela ojeriza moderna a ela, evitando--se ensiná-la nas
escolas: a boa, útil e tradicional gramática.
Palavras e ar estão aí à disposição dos usuários. Não se cobra nada por eles e, talvez por isso, tendamos a ser
desleixados com tão importantes e absolutamente indispensáveis elementos. O ar é poluído pelas mais diferentes
substâncias (inclusive a nicotina do cigarro e afins) que nele aspergimos. As palavras também sofrem deteriorações
por usos absurdos, abusivos e negligentes, como se fossem títeres para nossos joguetes.
Há na Língua Portuguesa dez classes de palavras (além de numerosas locuções e expressões) à nossa disposição
para que possamos formar textos e externar nossos pensamentos. Ao compor as palavras em orações e frases,
estamos praticando sintaxe. E, ao fazer a sintaxe na manipulação e movimentação das palavras (o conjunto das
palavras é objeto da morfologia, eixo paradigmático) e na composição dos textos (sintaxe, eixo sintagmático),
produzimos o terceiro elemento do tripé, a semântica, ou seja, geramos sentido. Isso é um esplendoroso milagre,
mas tão natural quanto a respiração ou o suor que acabamos não valorizando o tanto que essa divina benesse
merece.
Palavras invariáveis
Palavras variáveis
Atenhamo-nos às palavras. Como foi dito, são dez classes à nossa disposição: substantivos, adjetivos, artigos,
numerais, pronomes, verbos, advérbios, preposições, conjunções e interjeições. Preposições e conjunções são
conectores e não contraem, por si sós, nenhuma função sintática. A interjeição também não, porque ela representa
apenas reações súbitas provocadas por admiração, susto, medo, desespero, esperança, ira, ódio etc. Então, para as
funções sintáticas, restam sete classes de palavras. Modernamente, podemos imaginar dois feudos:
Nesse primeiro feudo, como se pode ver, o todo-poderoso é o substantivo. Para ele trabalham os quatro tipos de
adjetivos (ou seja, o adjetivo propriamente dito, o artigo, o numeral e o pronome). E trabalham obedientemente,
sem qualquer reivindicação ou rebeldia. Se o substantivo, seu senhor, estiver no masculino, todos vão para o
masculino; se estiver no plural, todos vão para o plural, e assim sucessivamente. A esse fenômeno é que se dá o
nome de concordância nominal.
Palavra invariável
Outro feudo, menor em número de súditos, mas tão importante quanto, é o do verbo:
Nesse feudo, cujo senhor é o verbo, que é a palavra que indica o que acontece, aparece
a única palavra invariável que contrai função sintática, o advérbio, único e fiel súdito
EUFONIA E A ATRAÇÃO DE PALAVRAS
Advérbio é palavra invariável! A pluralização do advérbio é o erro da frase que serviu de mote para este artigo:
ESSES SÃO OS QUATRO MELHORES COLOCADOS DO CAMPEONATO. Ao optar por essa frase, o locutor
deveria ter deixado a palavra MELHOR assim, sem nenhuma flexão, porque ela é um advérbio, visto que sua
atuação é sobre o adjetivo COLOCADOS. Qualquer palavra que atue sobre um adjetivo é obrigatoriamente um
advérbio. Invariável, portanto.
Assim, prefira usar a forma analítica em "Eles estavam mais bem informados do que nós", "Os adolescentes são
mais bem preparados do que os adultos no manejo de computadores", "Os dândis são mais bem vestidos do que o
resto da humanidade".
Palavras invariáveis
O CASO DO "MEIO"