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PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLINICA E INSTITUCIONAL

ELISMARA SILVA VARJÃO

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO

Feira de Santana-BA
2017
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ELISMARA SILVA VARJÃO

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de


Artigo Científico, apresentado a Universidade
Candido Mendes (UCAM), como requisito obrigatório
para a conclusão do curso de Pós-graduação Lato
Sensu em Psicopedagogia Clínica e Institucional.

Orientador(a):

Almirante Tamandaré
2020
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Dificuldades de Aprendizagem na Alfabetização

Elismara Silva Varjão

RESUMO

A psicopedagogia é privilegiada por estudar os processos de aprendizagem desde crianças a adultos,


alertando as suas dificuldades solucionando os problemas de seus processos do ensino a
aprendizagem e seus transtornos que podem interferir na assimilação e absorção de conteúdo,
alcançando através de duas abas clínica e institucional, entendimento que direciona ao
conhecimento, faz uso do conhecimento da psicologia e da antropologia para observar e analisar do
comportamento do aluno. Aqui apresento um caso e temos foco em dificuldade de aprendizagem,
fazendo-o compreender levou a falha em seu processo escolar. Dentro de investigações para
conceber diagnostico psicopedagógico nos aspectos possíveis assim como: afetivo, social, corporal e
cognitivo, trazendo soluções de intervenções importantes para garantir a qualidade de vida esperada
e o alcance da aprendizagem – conhecimento em todas as áreas da vida. Pois aqui a vida não pode
ser vista fragmentada ela incorpora todas as áreas deste indivíduo, atingindo rendimentos somatórios
em todo aspecto do viver. O diagnostico aqui apresentado sucedeu em uma Base missionária Jocum
na cidade de Bad Blankenburg - Alemanha onde o diagnostico foco foi uma criança que vamos
chamar de Zana para guardar sua identidade devido a sua situação de refúgio no País, ele pertence a
uma família Síria de 3 irmãs, ele chamou atenção pela dificuldade de interação, distração nas
atividades, sejam elas escritas ou de recreação ou jogos. O aluno Zana de 7 anos foi acompanhado
e diagnosticado na sua escola a hipótese de portador de Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA).

1 INTRODUÇÃO

A psicopedagogia tem como principal objetivo a área de conhecimento


totalmente focada aos problemas de ensino aprendizagem tanto para indivíduos e
grupos de pessoas. E esta área possui duas abas importantes: a institucional e a
clínica,
Sendo que a institucional atende os problemas de aprendizagem voltadas
para as instituições que trabalha em grupo e a clinica atende os problemas de
aprendizagem limitado e restrito as necessidades do indivíduo. É importante
afirmar que o psicopedagogo tem seu espaço cada vez maior, especificamente no
que se trata ás dificuldades de aprendizagem, é tão importante para que inclusive
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algumas situações graves e desagradáveis onde se levantam hipóteses que alunos


não conseguem aprender, desmitificando paradigmas brutais que afeta o individuo
pelo resto de sua vida na maioria dos casos.
Neste trabalho focamos a psicopedagogia clínica e institucional com a
intencionalidade de auxiliar e leva-lo a compreender os movedores que os
conduziram ao atraso e fracasso na sua vida escolar.
A investigação não restringe somente a sua vida na escola, mas entende-se
que o ser humano completo tem seus aspectos afetivo, social, corporal e cognitivo
sendo assim levando em conta toda a sua formação e relacionamentos e os
sentimentos que compõe este crescimento esperado que compõe o indivíduo
saudável ou não.
E através de uma pesquisa é tão importante que conseguimos enxergar a
possibilidade de um diagnostico psicopedagógico, trazendo prévias sugestões de
intervenção necessária para que se garanta a melhor forma de se viver adquirindo
conhecimento.
Este aluno foi encaminhada ao atendimento na JOCUM através da escola
pela coordenadora pedagógica da escola, depois que todos os profissionais
relataram que esta criança não foi alfabetizada e tem dificuldade até de reconhecer
letras e principalmente tem muita dificuldade de interação social.
Trazendo todos estes relatos foi feito uma pesquisa bibliográfica e teórica
sobre a temática acometida, importante ressaltar que foi uma pesquisa aplicada,
pois esses conhecimentos adquiridos foram possíveis a realização, colocados em
pratica. A coleta de dados. Observação do aluno no espaço educacional a entrevista
de anamnese com os pais ou responsável do aprendente para investigar o histórico
de vida, e para observar as atitude uma entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem (EOCA) e também o conhecimento e as habilidades do aluno,
empregando a caixa lúdica para conhecer o desenvolvimento do processo brincar,
aplicar provas projetivas para descobrir como o aluno representa em situações
generalizadas e emocionais e provas pedagógicas para conhecer o aspecto
cognitivo da criança. Depois desta investigação foi elaborada o diagnóstico
psicopedagógico da criança para compreender as razões de sua dificuldade de
aprendizado, e elaborada algumas sugestões para intervir e garantir o avanço
esperado e melhoria tanto em sua qualidade de vida como na maneira de aprender.
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2 FUNDAMENTO TEÓRICO

Para entender e ter uma compreensão do que é a psicopedagogia, é preciso


conhecer todo seu histórico percorrido até chegar em nosso País. Ela iniciou-se na
Argentina, e por ser tão perto do Brasil, e o acesso a suas literaturas, a influência
argentina se tornou forte até os dias de hoje principalmente no campo de pesquisas
nesta área de conhecimento (BOSSA, 1994)
A psicopedagogia na Argentina se submeteu a algumas fase importantes
para chegar onde estamos hoje , de 1956,1958 e 1961 ela concentrava na formação
filosófica e psicológica tendo como pré requisito para o ingresso formação de
docente de escola normal (BOSSA; MONTTI , 1991 apud BOSSA 1994). Logo
depois nos períodos de 1963, 1964 e 1969 focou nos professores para que se
capacitasse nas funções cognitivas e afetivas do educando e ocorreu que
acrescentou um ano no curso em sua duração, de 3 para 4 anos ( FERNANDEZ;
MONTTI apud BOSSA, 1994).
Foi em 1963 que aconteceu a total extinção da escola normal e assim a
partir de 1971, qualquer aluno que desejasse fazer este curso poderia assim que
terminasse o ensino médio, não possuíam conhecimento em pedagogia e didática,
este currículo foi novamente revisto e no ano de 1978 e ai iniciou-se a terceira fase,
inserindo novos conteúdos e assim o curso passou a ter cinco anos de duração. A
psicologia surgiu no Brasil em formato de especialização na década de 70 com o
objetivo de acabar com as dificuldades de aprendizagem que nesta época estavam
pertinentes a fatores orgânicos apenas(BOSSA, 1994).
Segundo Bossa em 1979 o instituto Sedes Sapientiae em São Paulo criou o
primeiro curso regular de psicopedagogia e em quatro momentos foi focado para a
área clinica com aprofundamento em questões afetivas, e depois em reflexão a
prática da psicopedagogia na instituição escolar, e nos dias de hoje o quarto
momento está ligado ao papel psicopedagógico que que tem o perfil para atuar em
clinica ou instituição, e isso depende da identidade profissional (BOSSA, 1994).
Por causa das demandas de ensino aprendizagem a psicopedagogia
sofreu as mudanças necessárias para solucionar esses problemas reais demandas
tais que chegou onde estamos hoje.
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E hoje a ementa do projeto se apresenta com a seguinte abordagem


especifica:
Especifica os profissionais aptos a exercerem a atividade de
psicopedagogia; determina as atribuições do psicopedagogo; impõe a
obrigatoriedade de observância de sigilo profissional; dispõe sobre a
necessidade de inscrição junto ao órgão competente para o exercício da
profissão; define infrações disciplinares (BRASIL, 2010 p.1).

É difícil definir a psicopedagogia, segundo Bossa (1994), por mais que a


própria palavra nos leve a acreditar que seria a fusão de psicologia e pedagogia, ela
está totalmente ligada a abrangência do processo de cognição do conhecimento. A
psicopedagogia ainda não é considerada uma ciência pois ainda está em
construção, por isso alguns não dão a credibilidade e lidam com a desconfiança,
enquanto muitos outros veem como a solução de muitos problemas relacionados
com o processo de ensino-aprendizagem da nossa atualidade (PORTO,2011)
A sua contribuição significativa mesmo em construção em questões reais de
dificuldade de ensino-aprendizagem, ganhando seu espaço nas instituições
educacionais e outros similares cada vem mais e para ficar.
Segundo Porto (2011), o termo aprendizagem significa as transformações
das informações em conhecimento, a dificuldade pode ser um sintoma de outros
problemas ou uma inibição cognitiva.
É essencial antes de buscar qualquer tratamento para dificuldade de
aprendizagem encontrar a origem deste problema.
Para Bossa (1994), o objeto de estudo da psicopedagogia foi mudando
conforme sua ressignificação, primeiro foi o indivíduo que não podia aprender, logo
depois foi a não aprendizagem e por fim nos dias atuais é a concepção de
aprendizagem, sendo assim é primordial que o profissional entenda e tenha o
conhecimento sobre os processos de aprendizagem e a concepção do
conhecimento.
Existe um órgão que é responsável por garantir e possibilitar o
conhecimento, divulgação e aperfeiçoamento desta área de conhecimento, que se
chama ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia). A associação agencia
debates promovendo reuniões, conferências cursos seminários congressos e
eventos de âmbitos regional, nacional e internacional (ABPp). Fornecendo artigos de
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profissionais bem-conceituados, facilitando o acesso dos profissionais e e conteúdos


referentes a sua área de atuação (ABPp).
O objetivo principal é deste órgão é focado no aperfeiçoamento técnico-
cientifico que promove a atualização profissional dos associados, ética e
compromisso. Assim como a contribuição teórico e pratico para o profissional de
psicopedagogia, assessorando e colaborando em seu campo de atuação.
As duas facetas da psicopedagogia que são a psicopedagogia clínica e
psicopedagogia institucional que de acordo com Porto(2011), a psicopedagogia
institucional trabalha com problemas de aprendizagem em grupo, a mesma autora
afirma que o psicopedagogo institucional foca a prevenção do fracasso e das
dificuldades escolares, alcançando os que estão no processo de ensino-
aprendizagem, sugerindo ações que visem o avanço de melhor maneira da prática
pedagógica nas escolas. E acrescento empresas, hospitais e lares.
Quando o psicopedagogo entende que pode atuar de forma preventiva e
investigativa o seu diagnostico é preciso e para alcançar objetivos intencionais de ve
atuar em equipe com outros profissionais da área se possível é claro, como por
exemplo: psicólogos, fonoaudiólogos, médicos, neurologista. Sabemos que nem
sempre isso é uma realidade na verdade acreditamos ser até um sonho para
aqueles que almejam a dignidade de crianças e adultos com alguma dificuldade para
obter o conhecimento ou dificuldade de aprendizagem.
A definição de Fagali e Vale (2011) da finalidade da psicopedagogia como
curativa e terapêutica, pois tem como objetivo reintegrar ao processo de construção
do conhecimento do individuo que apresenta problemas de aprendizagem,
promovendo assim a reintegração e readaptação à situação de sala de aula.
Segundo Silva (2012,p.54):
O caráter clínico da Psicopedagogia reside no fato de que,
no trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo utiliza critérios
diagnósticos na busca de compreender a falha na aprendizagem,
ainda que o seu objetivo seja a prevenção dos problemas de
aprendizagem. Essa ênfase no caráter clínico deve-se ao fato de a
prática psicopedagógica envolver sempre um processo diagnóstico
ou de investigação, que precede a construção do plano de trabalho.
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Assim compreendemos que a psicopedagogia atende ao suporte de atender


e encontrar as lacunas no processo de aprendizagem. E isso só é possível através
de uma investigação minuciosa em todos os aspectos do indivíduo
Ainda assim conforme Silva(2012,p.54):

A psicopedagogia procura compreender de forma global e integrada os


processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e
pedagógicos que interferem na aprendizagem, a fim de criar situações que
possibilitem o resgate do prazer de aprender, em sua totalidade, envolvendo
nesse processo os pais, professores, orientadores educacionais e demais
profissionais que transitem no universo educacional do aluno.

Os processos vividos em grupo/conjunto são essenciais para o indivíduo


aprender de forma suficiente. É extremamente importante que todos envolvidos no
processo educacional do indivíduo cumpram com as responsabilidades devidas e
conheça bem as demandas.
Psicopedagogo clinico atua em um consultório e o seu atendimento pode
variar em individual e familiar, isso depende muito do caso, iniciando em um
momento de diagnóstico partindo logo depois para a fase de intervenção (BOSSA,
1994). E na fase diagnostica e realizada as avaliações psicopedagógicas que são
fundamentais, ai são identificadas as principais ocorrências e causas das
dificuldades de aprendizagem que este indivíduo está vivendo. (MORAES, 2010).
É por meio da avaliação psicopedagógica que se compreende o motivo da
dificuldade ou distúrbio apresentado e esta avaliação são aplicadas as avaliações de
normalmente são de matemática, provas que verifica o nível de raciocínio, leitura,
escrita, desenhos e jogos (MORAES,2010).
Sendo assim, entendemos a importância da avaliação psicopedagógica, pois
ela orienta todo o trabalho do profissional da área, permitindo a preparação do
diagnóstico psicopedagógico. O aspecto dessa pesquisa é o acompanhamento,
acolhimento e observação psicopedagógico clínico realizado com o aprendente
Zana, foi analisada sua história de vida desde cedo seus pais sempre estiveram
juntos em seu país, a Síria, seu pai era comerciante e sua mãe sempre dona de
casa, com o avançar da guerra eles estavam em uma região que muitos já haviam
sido atingidos por bobas e misseis e na primeira oportunidade eles deixaram sua
casa e pegaram um barco rumo a Grécia, assim que tiveram contato com amigos e
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familiares que ficaram na cidade, descobriram que no outro dia da partida a casa
deles foi atingida por uma bomba que destruiu sua casa e de seus vizinhos deixando
tudo no chão, eles ficaram chocados com as fotos que enviaram, isso mesmo que
trouxe alívio pelo livramento trouxe muita tristeza pois sabiam que já não existia
nenhuma possibilidade de volta a ponto da mãe de zana entrar em um colapso tão
profundo que a esquizofrenia ficou tão grave que foi necessário ser internada e
desde então, a vida para essas crianças não ficou nada fácil. E a conclusão dessa
pesquisa através da investigação concluímos que o Zana tem muita carência de
família e saudade de sua casa, dificuldade para se concentrar e de prestar atenção ,
se distrai com facilidade, e muita dificuldade de socialização com outras crianças
inclusive as próprias irmãs, muita tendência ao isolamento. Compreensível pois a
jornada até chegar em um lar de verdade na Alemanha eles passaram por vários
campos de refugio vivendo de tenda em tenda e na verdade não conseguimos ainda
saber nem dele nem da família todas as situações que passaram até chegar na
Alemanha.

3 METODOLOGIA

Na concretização deste atual diagnóstico psicopedagógico, primeiramente,


foi feito um levantamento e arrolamento bibliográfico sobre a psicopedagogia
(histórico, conceito, campo de atuação, importância, aplicação, dentre outros temas
necessários para a construção desse trabalho). Segundo Matias-Pereira (2007), a
pesquisa bibliográfica é realizada através da coleta de dados em materiais que já
foram elaborados. Por isso, esse tipo de pesquisa não dispõe de dados inéditos,
entretanto, não há comprometimento das informações inseridas na mesma.
Em finalidade ao caráter da pesquisa desenvolvida, ela é aplicada, pois, a
pesquisa aplicada possui o objetivo de obter conhecimentos para aplicá-los na
prática como a finalidade de solucionar determinados problemas (MATIAS-
PEREIRA, 2007). Então, conforme os resultados encontrados, as insinuações de
intervenção foram elaboradas para que a aprendente alcance maior qualidade em
seu processo e procedimento de construção do conhecimento ou ainda em suas
relações sociais. Esta pesquisa desenvolvida é teórica, pois segundo Baffi (2006),
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aproveitou de uma contribuição teórica para sustentar os contextos, discussões e


explicações acerca da temática apresentada.

Juntamente com a pesquisa teórica e bibliográfica sobre o tema, também foi


feita aplicada a pesquisa de campo para a coleta dos dados indispensáveis para o
desenvolvimento das etapas que se seguia do mesma, é importante ressaltar que o
diagnóstico foi dado pelo psicopedagogo na própria escola que o Zana estuda e
tivemos acesso como Base missionária. Na entrevista de campo, os dados foram
coletados através dos instrumentos avaliativos que esses são: foi feita a visita ao
projeto social da Base, observação da criança nas dependências, anamnese,
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, provas projetivas, provas
pedagógicas e provas operatórias. O trabalho desenvolvido também se baseou na
pesquisa experimental, pois, conforme GIL (2000 apud MATIAS-PEREIRA, 2007),
ela evidenciou o problema (dificuldade de aprendizagem) e construiu hipóteses a
partir de levantamento bibliográfico e estudo de caso. O estudo de caso aqui
desenvolvido foi sobre uma criança com dificuldade de aprendizagem. Foram
levantadas as suposições que originaram essa dificuldade, sendo que elas se
apoiam em uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto.

Como o andamento da pesquisa foi através de dados, observação metódica


e questionário com o propósito de distinguir o indivíduo envolvido, ela assume
características da pesquisa descritiva (GIL, 2000 apud MATIAS-PEREIRA, 2007).
Os dados adquiridos para a realização desse trabalho foram qualitativos, onde
conforme Matias-Pereira (2007), as informações obtidas não foram quantificadas e
nem demonstradas de forma estatística, ou seja, foi levada em consideração a
subjetividade do indivíduo. Por causa de todos os instrumentos metodológicos
utilizados, foi desenvolvido um trabalho de psicopedagogia clínica para a elaboração
do diagnóstico psicopedagógico da aprendente L.S.S. (ao longo do trabalho foram
utilizado o nome Zana para preservar a identidade da criança), sete anos, estudante
do segundo ano do ensino fundamental de uma escola pública situada na região da
cidade de Bad Blankenburg – Alemanha. Ele tem muita dificuldade também de
interação social e infelizmente a suspeita que em sua situação os traumas marcaram
sua vida, tudo isso foi levado para uma equipe multiprofissional neste País. . O
ambiente da Base Missionária da JOCUM (Jovens Com Uma Missão) é uma
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parceira da escola, e tem a autorização legal da Secretaria de Educação de atender


as crianças e famílias que estão morando em volta da base. Assim como ajudar na
hospitalidade destes que foram acolhidos em situação de Refúgio nesta cidade, com
a proteção e a acolhida.

4 DIAGNOSTICO

É importante ressaltar que o diagnóstico psicopedagógico é uma


investigação que possibilita a descoberta do motivo que ocasionou a dificuldade de
aprendizagem. Essa investigação nos possibilita a compreensão do motivo da
dificuldade de aprendizado, assim como a forma de aprender do indivíduo (WEISS,
2013). O diagnóstico oferece ao psicopedagogo o fundamento necessário para o
direcionamento correto, pois, através dele, o profissional pode investigar e alçar
hipóteses que serão confirmadas ou não, sendo que para isso, é preciso recorrer a
conhecimentos práticos e teóricos (Fernandez, 1991),. As informações derradeiras
que o psicopedagogo clínico precisa para iniciar ao processo investigativo são
obtidas através das ocorrências (pode partir do professor, familiares e/ou do
indivíduo) dos sintomas apresentados pelo indivíduo com dificuldade.
As ocorrências podem ser definidas como o motivo que levou à busca do
diagnóstico, enquanto que sintoma trata-se de um tipo de irregularidade de alguns
padrões relacionados à formação cultural, classe socioeconômica, idade
cronológica, exigência familiar e escolar, relação entre conteúdos escolares e o
desenvolvimento de estruturas de pensamento, exigências escolares durante a
alfabetização e a psicogênese da leitura e da escrita (Weiss 2013). Através da
exposição e denuncia, dos sintomas e também dos vários instrumentos utilizados
para a obtenção de informações nas áreas: cognitiva, afetivo-social e pedagógica é
possível que o profissional se aproprie a um diagnóstico que explica o motivo da
dificuldade de aprendizagem. (WEISS, 2013). Esses instrumentos fazem parte da
sequência diagnóstica que Visca (1987) divide em: Entrevista Operativa Centrada na
Aprendizagem (EOCA), anamnese, testes e provas pedagógicas, elaboração do
informe psicopedagógico e devolução do informe aos pais e /ou paciente.
Assim, foi apresentada o aprendente Zana, sete anos, estudante do segundo
ano de uma escola pública municipal localizada na região da cidade de Bad
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Blankenburg. Segundo relatos de seu pai e do responsável do projeto social na base


Missionária, Zana. possui muita dificuldade de aprender e na realização de
atividades, não decodifica corretamente a maioria das letras do alfabeto, bem como
números e cores primárias, possui também dificuldade na coordenação motora fina,
possui noções de espaço-tempo e não compara grandezas e medidas, possui
dificuldade na compreensão de regras estabelecidas e ainda não consegue manter a
atenção em filmes, desenhos, brincadeiras e contação de histórias. Por meio dos
relatos obtidos, foi realizado um processo investigativo para a obtenção do
diagnóstico e de intervenção a fim de melhorar os aspectos de aprendizagem da
criança (WEISS, 2013).

1.1 Visita ao Projeto


Para começar a coleta de dados, foi realizada a observação de campo, a
fim de conhecer melhor e experenciar mais a fundo os objetivos do projeto onde o
indivíduo frequentava na época da realização do trabalho investigativo.
As dependências físicas são totalmente adequadas para as crianças ali
atendidas, a base se encontra em uma área urbana de perfeito acesso, este projeto
conta com voluntários e profissionais como coordenadora geral e pedagógica.
A observação foi realizada durante os atendimentos semanais e fixos deste
projeto. Todas as segundas, terças, quintas e sextas da semana as crianças são
recebidas com atividades diversificadas e programadas antecipadamente e
intencionais. Das 15 horas às 17 horas e 30 minutos com um intervalo para
alimentação de 15 min.
Bem antes do início das atividades as crianças já estão aguardando no
portão da Base e assim que o responsável das atividades daquele dia faz a
acolhida, conduzindo para o salão principal desejando a todos uma ótima tarde, é
realizado uma dinâmica para promover o relacionamento entre eles e entender como
estão emocionalmente neste dia. Esta investigação é importante pois sempre há
algum com alguma queixa seja de atritos familiares ou outros, é normal por serem
estrangeiros em um bairro típico Alemão.
As 17:30 é o termino das atividades e eles são conduzidos para o portão
onde se encaminham sozinhos para suas casas, na Alemanha é comum as crianças
irem para escola e projetos sociais sozinhas sem a companhia dos pais, o País
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garante esta segurança principalmente em cidades sossegadas como Bad


Blankeburg.
O trabalho pedagógico ali é promovido em parceria a unidade escolar
desenvolvendo-se na perspectiva construtivista da aprendizagem que trabalha a
formação do aluno em todos os aspectos, o vendo de forma completa e todas as
suas capacidades motoras, afetivas, sociais, cognitivas e espirituais formando uma
pessoa completa e um cidadão participativo e responsável, consciente com um
papel atuante na sociedade do qual faz parte.

1.2 Observação

Antes mesmo de acompanhar em observação a criança na Base, foi


realizada uma investigação de seu desempenho escolar e uma entrevista com os
responsáveis do projeto para que coletar as ocorrências sobre o Zana, onde
segundo os voluntários a criança tem muita dificuldade de decodificar a maioria das
letras, não lê, é muito distraída e com muita facilidade, não consegue permanecer
fazendo a mesma coisa por muito tempo, nem ficar quieta por muito tempo,
dificultando a sua concentração, muita dificuldade com operações matemáticas e
sua socialização é bem difícil, as vezes arredia.
A criança vai para a base juntamente com seus outras 3 irmãs,
desacompanhados. Ao entrar está bem animada a acolhida dos voluntários é bem
generosa em afetividade, ele interage bem com as outras crianças, mas bem logo se
distancia e fica isolada.
No tempo que me dispus a esta base como voluntária, em seguida a
acolhida já temos as atividades especificas para a aprendente, muito difícil interagir
por causa da língua, mas isso era um atrativo ao mesmo tempo pois ela tinha
curiosidades ao meu respeito, um dos voluntários acompanhava tudo para ajudar na
tradução.
Essas atividades eram diferenciadas dos outros, pois as outras crianças
teriam jogos, dinâmicas, histórias, ensino de princípios e valores e ele só se
encontrava como restante na hora do lanche duas vezes por semana para ser
acompanhado individualmente.
Com muita dificuldade conseguíamos fazer uma atividade por dia, as vezes
ele realmente não queria se submeter ao processo e simplesmente começava a
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desenhar, fazer bolinhas, pessoas, arvores aleatórios na sua folha ou caderno.


Como é muito inquieta toda hora pede para ir ao banheiro, pede água, diz que está
com fome ou se debruça na mesa. Tem muita dificuldade de atender aos comandos.
Porém, muito criativa e fica sugerindo o que poderíamos fazer, desde
passear ao redor da base a bater um bolo, as histórias de refúgio as vezes saem
naturalmente, mas nada em detalhes, é perceptivo que isso o incomoda e tem
saudades da Síria e o restante da família. Isso era muito comovente para nós.
Não consegue interagir com os colegas em atividades em grupo, as vezes
grita, empurra, perguntas que não tem a ver com a atividade as vezes os outros se
irritam com isso. Esta dificuldade de se interagir é muito preocupante pois é um fator
para o desenvolvimento adequado do Zana, segundo Porto, 2011 vai além do
espaço de divulgação e revelação do saber, já que neste espaço além da sala de
aula também são estabelecida interações com as outras crianças e adultos, assim
promovendo uma aprendizagem social.
Seu pertences pessoais são bem desorganizados e todas as atividades
amassadas e espalhadas pela mochila com vários materiais quebrados e soltos fora
da sua bolsinha por exemplo.
Na hora do lanche ela só come e volta para um lugar isolado só observando
a todos que estão a sua volta, não temm atitude de compartilhar e servir as outras
crianças, sempre sem se envolver.
Sendo assim concluímos as suas dificuldades de aprendizado, interação
social, concentração nas atividades propostas e muita desorganização.

4.3 Anamnese

A anamnese é um aspecto principal no trabalho psicopedagógico, este


instrumento para o trabalho clinico oportuniza o início da coleta de dados para o
diagnóstico do indivíduo com dificuldade de aprendizagem.
Weiss (2013), diz que anamnese é um questionário que se dá a uma
entrevista que é um processo prioritário para a elaboração de um diagnóstico
coerente e real. Um histórico dede a concepção é obtido conhecendo algumas
características e atitudes não só do indivíduo em processo mas de toda a família.
E as suas principais informações que podemos ter através da anamnese
seriam: mudança de ambiente ou estrutura familiar, as aprendizagens iniciais assim
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como o uso da mamadeira, andar, cantar, correr, comer sozinho, pular e outros. Seu
desenvolvimento de modo geral, alterações perinatais, história clínica e história da
família (WEISS, 2013)
Como eu estava em outro país e esta criança tinha uma história obvia, por
causa do refugio, esta entrevista foi bem delicada e respeitosa a sua situação.
Tivemos acesso aos seu diagnostico e documentos fornecidos pela escola.
A anamnese foi realizada por um amiga próxima da família S.C que acolheu
assim que o governo permitiu a permanecia na Alemanha, relatando que o pai é
bem distante das crianças tendo que lidar com a casa pois a mãe está internada de
esquizofrenia. Com as irmãs mais velhas de 10 e 11 anos o pai deixa elas sozinhas
em casa e vai fazer as obrigações que o governo obriga os estrangeiros refugiados
no pais submeterem, como aprender o idioma alemão e fazer um curso
profissionalizante para ser encaminhado ao trabalho o mais rápido possível.
Depois da guerra a senhora mãe do Zana não suportou a ideia de ir embora
de seu País na mesma noite que deixaram sua casa, uma bomba destruiu sua casa,
eles andaram muito até chegar a fronteira onde havia outras famílias esperando
para atravessar o mar e começar uma jornada até a Alemanha, Zana ainda era
muito pequeno mas toda a tensão e maus tratos com certeza marcou a sua história.
Seu desenvolvimento neuropsicomotor foi considerado lento, somente
depois dos dois anos, e umas das primeiras palavras foram “papa” e “mama”, Sua
amamentação foi normal e a passagem de alimentação também, é importante
ressaltar que ele come com bastante ansiedade, colocando vários pedaços de
alimentos ao mesmo tempo na boca a ponto de não conseguir mastigar direito.
Zana tem um sono bem agitado, mexe muito na cama e ainda molha a cama
fazendo xixi enquanto dorme.
A sua casa é muito bagunçada e suja, devido a ausência dos pais as
crianças não conseguem organizar nem limpar devidamente. Nossa equipe com
autorização dos pais fizemos uma faxina, a verdade é que o serviço social estava
ameaçando levar as crianças para um abrigo até que os pais pudessem regularizar
a situação das crianças, mas o pai pediu a ajuda da presidente da JOCUM naquela
cidade e assim recebeu as intervenções e ajuda que precisava para amparar a
família.
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Suas brincadeiras em casa é sempre correndo e com lutas, sua imaginação


é sempre que está em uma guerra, batalha com bombas e pessoas perseguindo
enquanto corre.
Mesmo que o pai e a mãe não estão em condições psicológicas para cuidar
de seus filhos é importante salientar que o pai está totalmente dedicado a fazer o
seu melhor a medida do possível, ele mesmo pediu ajuda aos voluntários da base
com as crianças quando sua mulher foi internada, sendo assim a ajuda da base com
esta família vai além do projeto social, com a autorização do Serviço Social da
Alemanha também.
Percebemos que o nível escolar do pai é bom através da anemnese, ele
estudou até o ensino médio e era comerciante na Síria, devido a diversidade de
culturas algumas perguntas houve bastante dificuldade de serem respondidas.
Na realização da anamnese, é possível sugerir que a criança possui
impedimento epistemológico, pois está relacionado ao meio cultural do qual a
aprendente está inserida e conclui-se que é inferior ao esperando e muito confuso.
E pela falta da presença materna, é possível afirmar que ele não passou
pela fase de aprendizagem que é determinante no desenvolvimento infantil, é
segundo Visca (1991) está se referindo ao início do nível de aprendizagem, onde
este indivíduo obtém através da interação e relacionamento com a mãe.
Destaque que o Forgiarine (2009) trás que de forma resumida e simplificada
quatro níveis de aprendizagem detre a que temos atualmente, que são: criança-mãe
(protoaprendizagem), criança e família (deutoaprendizagem), aprendizagem no meio
em que vive e aprendizagem escolar (aprendizagem sistemática) (FORGIARINI,
2009 P 16).
Ressalto que apesar da mãe estar internada por esquizofrenia, ela pode
fazer visitas de finais de semana na sua casa e estes dias são bem esperados pela
criança e por ela, e apesar da desordem emocional e física ela reconhece seus
filhos e tem muito afeto. As marcas da guerra e refúgio são bem dolorosas e
profundas.

4.4 Entrevista operativa centrada na aprendizagem (EOCA)

Este é um teste importante que merece muita atenção do profissional a fazê-


lo pois este diagnóstico psicopedagógico é fundamental neste processo. Conteúdos
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expressados externamente e internamente, estar com os olhos bem atentos e a


pergunta formal que é feita: “Mostra que você sabe fazer?”
Sendo a primeira sessão diagnostica proposta por Jorge Visca, onde é um
entrevista espontânea e voluntária, com o intuito intencional de observar as atitudes,
conhecimento, habilidades, etc. (VISCA, 1987 apudWEISS,2012).
E durante este diagnostico EOCA foram dispostos os seguintes materiais:
lápis preto com ponta e sem ponta, quebra cabeça, blocos de encaixe, giz de cera,
canetinha, lápis de cor, apontador, tesoura, cola, dominó e papel A4 de diversas
cores e tudo isso disponibilizado para a criança sobre a mesa.
O Zana se aproxima com desconfiança e insegurança olhando fixamente
para a mesa, esta sala está na base onde é especifica para conversas com as
crianças onde já foi estabelecido um lugar especial que remete confiança.
Foi dada a seguinte tarefa, para que ele fizesse o que tem aprendido a fazer
ou desenhar, que poderia usar qualquer dos materiais que estavam em cima da
mesa, imediatamente pegou a folha e começou a desenhar com o giz de cera mas
também viu as canetinhas, ele abria todas as tampas das canetinhas verificando as
cores mas sem saber qual começar usar, quando começou a desenhar, começou a
fazer uma paisagem com uma casa e o céu bem escuro, quando foi perguntado o
que ele estava fazendo ele disse que estava frio e chovendo, continuou o desenho
sem muitas figuras definidas quando o foi questionado disse que era seu lugar. Logo
depois com muita ansiedade abriu a caixa de massinha e começou a misturar todas
as cores, e quando começou a formar uma figura disse que era um carro que o
levaria para casa.
Voltou para a folha e escreveu seu nome e apenas a letra Z estava
espelhada o restante estava escrito corretamente, mas não conseguiu identificar as
letras, então claramente ele está no nível hipótese pré-silábico, , onde a criança
ainda não identifica e não compreende que a escrita representa o som da fala
(BARBOSA, 2015)
Virando a folha continuou desenhos e mesmo que os traçados não possuam
formas definidas, é a simbologia da mensagem transmitidas através do desenho que
importante é claro que não a estética (BÉDARD2005 apud RIBEIRO, 2015).
Aqui destacamos o inventário que o desenho com o céu bem escuro como
se sempre está chovendo demonstra seus sentimentos de tristeza pela situação de
refúgio e a falta de sua família unida como assim era antes da guerra, trazendo
18

também a figura do carro de massinha de de alguma forma como ele e sua família
foram tirados deste lugar esse carro também pode leva-lo para “casa” de novo que é
exatamente o que está no meio da folha, uma “CASA”.
A criança desenhou nos dois lados da folha, este desenho armadilha, nisto é
o mais importante o que foi desenhado no verso da folha (RIBEIRO, 2015). Quando
observado o que estava desenhado no verso da folha notamos que as figuras sem
definições representam a confusão que está a sua casa e sua vida familiar, a falta
da mãe a impaciência do pai e a inexperiência das irmãs que cuidam de quase tudo
dentro de casa.

4.5 Caixa lúdica

Um instrumento fundamental neste processo de diagnostico pois por meio


dele o indivíduo pode se expressar por meio da utilização dos objetos
disponibilizados nele.
Esta caixa lúdica foi criada pelo Jorge Visca em 1987 com o objetivo de
intervir nas dificuldades pedagógicas e este modelo foi inspirado na caixa individual
utilizada na psicanalise para crianças (NOGUEIRA e LEAL, 2013).
A caixa lúdica promove a espontaneidade na criança de forma natural e
voluntária, para WEISS (2012), o lúdico em uma sessão diagnostica inspira o
processo brincar de forma espontânea e real.
Nesta caixa havia vários materiais para o brincar desta criança mas com
intencionalidade: carros, jogos, bonecos de super heróis, jogo da memória, jogos de
cartas mini xadrez, bonecos em formação de família embalados todos juntos, livros
de histórias infantis, blocos de encaixe tamanho grande, papel, lápis de cor, tesoura
cola, revista para recorte, giz de cera, apontador, borracha, dominó, mamadeira e
uma bandeira da Síria e da Alemanha.
Ele chegou bem desanimado, mas quando viu o lugar e a caixa pois era
transparente e de certa forma poderia identificar que eram objetos interessantes
para sua curiosidade naquele momento, depois da acolhida nesta sala ele foi
convidado a verificar de ali tinha alguma coisa que ele gostaria de pegar para brincar
ou construir algo. Logo foi pegando os carrinhos mas os blocos de encaixe chamou
atenção e começou a montar uma arma bem grande, quando foi questionado dobre
o que estava fazendo ele olhou e disse que era para lutar, isso implica o quanto de
19

insegurança essa criança carrega em suas emoções e mente. Mas é importante


ressaltar a sua tendência a sempre querer se defender ou proteger a sua família
querendo lutar, mesmo sem forças suficientes para isso, imagina como o
responsável pela segurança.
Em seguida começou a desenhar em uma folha branca a estrutura de uma
casa e ao lado alguns de forma de ser humanos, o céu foi pintado de escuro
novamente e a massinha de modelar também foi algo que o chamou atenção, ficou
olhando e reflexivo. Logo depois queria levantar-se e foi ao banheiro, voltando não
quis fazer mais nada dizendo que tinha fome e queria só ficar sentado com a
massinha na mão sem fazer nenhuma figura só amassando e separando bolinhas. A
representação de seu desenho é ainda a grande tristeza de seu coração com este
céu que não para de chover, ou seja, não para de chorar e agora tem haver
claramente através do desenho com sua família representada fora da casa no
desenho, ou seja, tiveram que sair de casa. A sua ansiedade por respostas é tanto
que as bolinhas não paravam de ser feitas uma após a outra em silêncio e ao
mesmo tempo nervosismo.
É importante relatar que o aprendente não utilizou de todos os materiais da
caixa neste dia estava desanimado e cansado, mesmo depois que comeu após dizer
que estava com fome. interagiu apenas com os objetos conhecidos e mesmo tendo
a aprovação de pegar o que quisesse, foi difícil estabelecer dialogo.
Mesmo manuseando os materiais escolhidos estava atento aos
acontecimentos ao seu redor olhava e voltava ao que estava fazendo as vezes se
distraindo um pouco mas voltava ao que estava fazendo ali.
Foi claro que o Zana preferiu usar os materiais mais cotidianos que estavam
na caixa lúdica, estava reflexivo, mas também ansioso. Haviam materiais ali
pedagógicos que não foram explorados, ele não demonstrou interesse.

4.6 Provas projetivas

Um instrumento de grande importância para a avaliação pois, através dele a


criança faz projeções de si através da representação dos seus desenhos solicitados
a cada avaliação.
Essas provas projetivas nos direcionam a descobrir nos direcionando como
o indivíduo faz sua representação em situações generalizadas e emocionais.
20

Nas técnicas projetivas espera-se que o indivíduo apresente um equilíbrio


entre a ansiedade despertada pelo estimulo e a instrução com o nível do fato da
circunstância proposta.
Quando não ocorre o equilíbrio, podemos concluir que existe uma perda de
noção da realidade e por conta do predomínio da emoção (PAÍN,1985).
É fundamental realizar a leitura com uma perspectiva psicopedagógico,
segundo Weiss (2012) para assim poder identificar a razão da dificuldade de
aprendizagem, pois devemos considerar que o indivíduo pode possuir importantes
problemas emocionais que sevem ser assistido, e considerado deficiente intelectual.
A prova projetiva como qualquer teste de avaliação psicológica, não
constituem um diagnóstico fechado em si. E não dispensam a construção da história
clínica e o estabelecimento prévio de uma relação com quem vai responder. Isso
porque em última análise, as respostas são influenciadas pela relação que sem tem
com o profissional que a aplica.
Há alguns detalhes da imagem que não se aplicam que podem incluir ou não
na construção da sua resposta, no tamanho e organização do seu relato. As provas
projetivas têm, portanto, parâmetros próprios de análise, embora também a sua
análise esteja dependendo de uma apropriada intuição clínica e propriedade da
técnica e da teoria por trás da mesma.
Estas provas apenas tem autorização de serem aplicadas por profissionais
com formação e treino. E os resultados são sempre confidenciais, não podendo ser
copiadas para outras pessoas que não o paciente e o profissional.
As técnicas projetivas, segundo Visca (2009) “permite averiguar essa
amplitude dos vínculos que um indivíduo estabelece em seus relacionamentos com
a aprendizagem, também como com as circunstâncias dentre as quais se opera
essa construção. Sendo assim , os testes projetivos são compostos por dez testes,
como: Par Educativo, Planta da sala de aula e Eu com meus amigos (investigam os
vínculos no espaço escolar); A Planta da minha casa, Família Educativa e As quatro
partes de um dia (estudo o vínculo ao espaço familiar físico e humano; O desenho
em episódios, O dia do meu aniversário, Em minhas férias e Fazendo o que mais
gosto (examina a relação do entrevistado consigo mesmo). Assim Visca (2009) tras
este entendimento de que um indivíduo pode estabelecer vínculos em três
importantes domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. Em cada um é
reconhecido e definido por três níveis: inconsciente, pré-consciente e consciente, e
21

quando um conjunto de conteúdos não é reconhecido pelo sujeito mesmo fazendo


diversas tentativas para emergir para o campo pré-consciente ou consciente, pode-
se dizer que o nível será inconsciente.
No nível pré-consciente, os conteúdos e mecanismos derivam ao campo de
consciência e podem ter entrar ao mesmo. E quando os conteúdos e mecanismos,
as percepções internas e externas são representadas em desenhos, palavras, entre
outros, o nível será consciente.
É importante trazer que através das técnicas projetivas, são apanhados os
primeiros sistemas de hipóteses. Então, lembrando que o autor ressaltou, que os
indicadores e significados encontrados não define uma questão exaustiva e fechada
e pode dar lugar a dúvidas; os profissionais pode trazer novas descobertas
ampliando o espectro de indicadores e significados.” Portanto, o psicopedagogo não
deve se limitar e quando necessário, usar de outras técnicas investigativas para
realizar um diagnóstico preciso e abrangente. As provas projetivas são um dos
muitos instrumentos usados pelo psicopedagogo para realização das suas
avaliações nos educandos.

4.7 O dia do meu aniversario

É um teste que o aprendente expõe bem como se vê diante de


circunstâncias de emoções, relacionamento em seu convívio familiar e social. E
como Nascimento (2016) destacou essa técnica é utilizada para identificar questões
emocionais e o vínculo que este individuo adquiriu com ele mesmo, conseguindo
projetar para fora de si o que não admite expor ou reconhecer.
A primeira coisa que foi pedido para o Zana a fazer é pedir para que a
criança desenhe o dia do seu aniversário. Depois de um grande sorriso ele escolheu
vários lápis de cores mas demorou muito tomar a atitude de desenhar um bolo no
meio da folha e logo desenhou as irmãs ao redor deste bolo, ele fazia o desenho
falando que eram elas, quando foi perguntado sobre quem era o dono da festa logo
ele respondeu que era ele mesmo.
O desenho representa que o vínculo com as irmãs é muito forte, mas que ao
mesmo tempo há tristeza pois está aprisionado, aí está causa de seu sofrimento.
Suas irmãs não tinham o corpo completo e isso nos sinaliza que ele não está pronto
22

para avançar na escrita e leitura, sinaliza de suas dificuldades importantes neste


sentido.
Ele se negou a falar mais do desenho e isso nos aponta que o Zana tem
lembranças de seu aniversário que pode ter arremetido tristeza, talvez quando
estavam em viagem e se refugiando em algum lugar que foi lembrado ou não mas
não foi valorizado como deveria como indivíduo, não foi dada a importância
necessária, interessante que ele sabe o quanto o dia do aniversário é um dia para
que a pessoa seja honrada diante de todos, e isso ele diz que aprendeu na Base
Missionária da Jocum.

4.8 Desenho de uma pessoa


Com esta técnica projetiva podemos identificar as características
emocionais, cognitivas e afetivas da criança.
Quando o indivíduo possui dificuldade segundo Pain (1985), a possibilidade
deles desenhar uma pessoa de forma que a sua simetria seja o mais real possível
é maior, e o exemplo a ser desenhado é disposto conforme ao nível de evolução do
indivíduo, portanto, depende da sua idade, desproporções, desordens e carências
justificam isso.
Ao ser solicitado a desenhar uma pessoa o Zana, pegou vários lápis e
pensando qual seria a melhor cor para desenhar, assim pegou o lápis de cor preto e
começou a desenhar várias bolinhas, um carro quando questionado onde estava a
pessoa solicitada ele começou a desenhar pessoas uma do lado da outra sem os
braços e sem rostos.
Logo que foi perguntado quem eram, ele respondeu que era sua família em
uma viagem ou passeio.
Zana sabe distinguir pessoas e mas possui dificuldade de concentração
naquilo que está fazendo, as vezes se perde em seus pensamentos, fica calado e
pensativo. Zana tem grande dor por ter saído de casa a maioria de seus desenhos
tem a ver com sua família em situação de refúgio e viagens, é evidente que sente
tristeza e vontade de voltar para “casa”, que infelizmente não existe mais.

4.9 As quatro partes de um dia


23

Uma prova projetiva de extrema importância pois nela podemos examinar a


relação do Zana consigo mesmo, tendo ou não noção da sua realidade. Nele vamos
averiguar os vínculos estabelecidos do indivíduo ao longo do seu dia (NOGUEIRA;
LEAL, 2013).
Foi solicitado que o Zana desenhasse o que ele faz em quatro momentos
diferentes em seu dia desde ao acordar até quando vai dormir, com isso pediu que
dobrasse a folha fazendo quatro partes dela e que em cada espaço fosse
desenhado o que ele faz durante o dia.
Mesmo sem entender direito ele faz um a bola com a própria base ao lado,
dizendo que gosta muito de brincar de bola na base com o céu pintado com o lápis
preto deixando assim bem escuro ao lado faz um quadrado onde diz ser a sua
cama, e se recusa fazer mais desenhos na folha.
Necessário aqui entender que o céu pela segunda vez se mostra escuro
ainda trazendo que a tristeza fazem parte de seus sentimentos mais importantes, o
fato de desenhar a cama também onde é um local que se encontra sozinho traz
essa ideia que ele sente falta dos pais que estão ausentes de casa, e seu refúgio é a
base onde tem a bola que é seu escape.

5.0 Realismo nominal

Refere-se a fase em que a criança acredita que o nome do objeto possui


relação com a sua forma tanto na escrita como como ele é Nobre (2007). A criança é
impossibilitada de separar o signo com a coisa significada, esta que se encontra
nesta fase objetos pequenos possuem sua escrita pequena e objetos grandes
possuem sua escrita grande. O Zana recebeu duas folhas um com o desenho de
uma banana (banane- alemão) e outro com um desenho de um mar(meer—alemão),
essas palavras são escritas bem próximas do português em alemão; e os
seus nomes estavam escritos separadamente em fichas diferentes. A primeira coisa
que foi feito foi perguntar quais eram os nomes dos objetos que ele recebeu nas
folhas desenhadas.
E ao identificá-los corretamente foi solicitado que identificasse onde estava
escrito a palavra banana nas fichas que estavam sobre a mesa, o Zana pensou
muito e reflexivo, com muita dúvida, colocando e tirando estava manuseado a ficha
certa para banana, até que fez sua escolha correta. Ao pegar a folha onde estava
24

desenhado o mar, ele já foi pegando a mesma ficha para dar o nome ao mar com a
ficha da banana e assim foi perguntado por que este é o nome do mar? Qual é a
palavra maior e ele respondeu, do mar e qual a palavra menor ele respondeu
banana.
Foi questionado qual era a ficha da banana e ele pegou a ficha do mar.
Sendo assim concluímos que o aprendente não superou a fase do realismo
e através de sua escrita também concluídos que ainda está na se pré -silábica,
segundo a Emília Ferreiro, onde a criança ainda não identifica e não compreende
que a escrita representa o som da fala. É importante considerar que ele está se
adaptando em outra língua e com isso as dificuldades aumentam, e ainda com toda
a adaptação desta criança no País todos os dias ele pode ter uma vivencia nova da
cultura que o recebeu. Não deixamos de considerar também a situação dos pais que
poderiam cooperar muito neste processo se estivessem bem emocionalmente e em
casa.

5.1 Provas operatórias

De acordo com a visão piagetiana, o conhecimento é construído através da


relação entre o indivíduo e o meio, é onde ele não é capacitado a aprender o que
está acima do nível que é capaz adquirir conhecimento (WEISS, 2012).
A aplicação usada foram as provas de conservação e massa, onde se
apresenta a criança duas massinhas no formato básico de bastão. Uma vermelha e
outra azul, a massinha vermelha foi feito uma bolinha dela e a azul continuou em
formato de bastão, em seguida foi perguntado para o Zana se as massinhas azul e
vermelha tinham a mesma quantidade, qual tinha mais massinha e qual tinha menos
massinha, e ele respondeu que a em formato de bastão era maior.
Já na prova de conservação de comprimento, cortado dois pedaços de
barbante com o mesmo tamanho, colocando um em formato sinuoso e o outro
esticado, foi perguntado ao Zana qual dos pedaços de barbante era o maior e le
respondeu prontamente que era o esticado. Conclui-se que o aprendente ainda não
consegue distinguir que mesmo que em formatos diferentes as quantidades de
massinha continuam a mesma e o barbante também que foi apresentado em
situações diferentes são a mesma quantidade.
25

Nas duas provas em que o Zana realizou foi claro observar que ainda se
encontra no nível 1, ou seja que se refere as condutas não conservativas, onde ele
conclui que após as transformações, um dos bastões da massinha foi analisado com
o maior volume do que o outro, e da mesma forma o comprimento do barbante
também ficou maior.
Consideramos observar de de acordo com as fases de desenvolvimento de
Piaget, a idade cronológica de Zana na realização dos testes, não corresponde com
a sua idade mental, e também conforme Oliveira (2011), aproximadamente aos 7
anos , a criança representa o estágio de desenvolvimento na fase pré operatória,
finalizando este estágio consegue raciocinar o mundo de forma mais amadurecida e
logica.
Neste estágio a criança inicia a sua noção de espaço, tempo e ordem e no
final desta fase também a criança consegue adquirir a construção de conceitos de
conservação de massa e de volume, como também determinar conceito de tempo e
números. O Zana com 7 anos ele ainda está na fase 2: pré-operatório, mas com
algumas ressalvas de seu desenvolvimento, a sua interpretação ainda é muito lenta
para a realidade de seus estímulos, não presta muito atenção no que dizemos a ele
mas por vezes está prestando muito atenção no que acontece em sua volta, porém
se encontra distraído em alguns momentos que deveria está atento. Mas o seu
raciocínio ainda não é logico como o esperado para sua idade, mas ele está curioso
e aberto para novas descobertas.

5 DISCURSÃO DOS RESULTADOS

A Criança recebida na Base foi atendida com diversas atividades devido a


sua dificuldade de socialização e as queixas de sua professora na escola, nas
atividades de projeto social era também difícil fazê-lo interagir como as outras
crianças e tinha muita dificuldade de realizar atividades simples como as outras
crianças.
Este diagnóstico aconteceu nos meses de outubro e novembro do ano de
2019, em um trabalho voluntários naquela cidade nas Bases de JOCUM e seguido
para a Base Berlim onde também foi realizado trabalhos com Refugiados e
Moradores de rua.
26

E de acordo com o pai do Zana ele não consegue terminar nenhuma


atividade proposta, que sempre está distraído e sozinho pelos cantos, sente muito
que a família não está reunida como antes pois seus pais estão separados pela
doença da mãe que precisa estar internada com esquizofrenia e a base tem um
papel muito importante nesta situação pois sempre está recebendo as crianças e
apoiando principalmente na educação.
Na elaboração para chegar a um diagnóstico usamos alguns instrumentos
avaliativos importantes para este momento com ele: a observação da criança no
espaço da Base, anamnese, EOCA, caixa lúdica, materiais lúdicos, provas
projetivas, provas pedagógicas e provas operatórias.
E conforme as avaliações eram aplicadas, o sistema de hipótese foi sendo
adquirido em sua construção. A conclusão da hipótese por esta aluna que esteve
dois meses com várias crianças em situação de refúgio e vulnerabilidade em um
pais que as acolheu com muita dignidade e uma Base Missionaria que participou
desta acolhida oferecendo todo o suporte para os pais e crianças na sua educação
juntamente com a escola e o serviço social da cidade.
Depois de mais de três meses viajando eles conseguiram chegar a esta
cidade tendo casa e uma ajuda de custo para as despesas básicas da família,
atendimento médico e curso profissionalizante e estudo da língua para o pai.
A criança demostra toda a sua tristeza através de seus desenhos a sua
saudade e seus medos da guerra que o marcou para o resto de sua vida, em seus
desenhos havia sempre um céu pintado de cinza e preto demostrando o quanto está
triste , e em seus desenhos não estão seus pais só suas irmãos assim o grito da
falta que a família reunida faz, e o quanto se sente preso em si mesmo demostrado
em seus desenho sobre seu aniversário. Como os seus desenhos ainda não há
corpos bem definidos isso simplifica com a construção de seu eu ainda está em
andamento e estagnado, parado no tempo devido a tantas situações vividas que não
deveria ter passado por ser ainda um criança.
É claro que a ausência da mãe e a vida agitada e angustiada do pai marca
seu momento e trás tristezas, o cuidado que as irmãs tem para com ele ainda é um
conforto bem vindo em sua vida,
É importante ressaltar que a criança se sente muito a vontade nas
dependências da base, não houve faltas nestes dias dos atendimentos, ele e suas
27

irmãs vem de vontade própria e como é comum na cidade as crianças vão para
escola e programas socais sozinhas sem a companhia dos pais.
A falta de detalhes no desenho do Zana do seu aniversário é um alerta, pois
sinaliza que ele não tem ou não quer compartilhar lembranças de seu aniversário,
que provavelmente foi um tempo de tristeza ou de negligencia dos próximos, ou até
não foi lembrado,, o mais provável é que diante de toda a situação de refugio seus
pais não deram a devida importância para este momento especial do Zana.
A sua atitude com as coisas espalhadas na mesa entendemos que ele já
possui um modelo de conduta social mesmo que tímida, evidenciando que assim,
sua aquisição e propriedade de aprendizagem assistemática, que como segundo
VISCA (1991), acontece através de uma interação com um grupo para no futuro
desenvolver o desempenho do seu papel na sociedade.
Em relação ao seu desenvolvimento psicomotor ele apresenta, certamente
normal, seus traços são aceitáveis como normal a sua idade e como segura o lápis é
com segurança. Mas se distrai como material alheio querendo vê e pegar o material
dos colegas.
Observa-se no aspecto cognitivo/pedagógico que o aprendente tem
dificuldades de aprendizado, ele não reconhece todas as letras e tem duvidas , não
consegue escrever corretamente as letras de seu próprio nome. Apresentando esta
falta de atenção e concentração se distraindo com muita facilidade, demora a ouvir e
obedecer aos comandos e agita-se com pressa para finalizar suas tarefas sem se
importar com a diligencia e fazer corretamente.
Ao realizar as provas operatórias observamos que o aluno está no Nível 1,
que se refere as condutas conservativas, onde a criança conclui que após as
transformações de uma matéria o seu volume se torna maior que o outro, ou seja
um dos bastões de massinha foi analisado por ele e considerado maior volume que
o outro, e assim como o comprimento do barbante que ele concluiu que ficou em um
tamanho maior que o outro.
O Zana ainda apresenta na fase pré operatório, que se inicia aos 2 e termina
aos 7 anos. Espera-se que no final deste estágio a criança consiga raciocinar sobre
o mundo de forma lógica e madura, e assim a criança está aprendendo a ter noção
de espaço, do tempo e da ordem. É no final desta fase que é esperado que a
criança desenvolva construindo conceitos de conservação de massa e volume, bem
como dominar os conceitos de tempo e de números (OLIVEIRA,2011).
28

Apesar do Zana já ter noção de tempo, não tem de espaço e ordem, e não
compreende os conceitos de conservação de massa e volume e consegue
diferenciar números de letras, mas tem dificuldades de fazer contagem e cálculos.
No seu teste de superação do realismo nominal, foi possível concluir que o
aprendente ainda não supera esta faze por causa de sua escrita ainda se encontra
na fase pré silábica, que segundo a Emília Ferrero, a criança ainda não
compreendeu que a escrita representa o som da fala. Com muita dificuldade e
reflexão ele dá seu analise sobre a escolha que fez dos nomes dos objetos.
Neste caso a criança não se apropria do objeto de aprendizagem, sendo
assim, o modelo desta aprendizagem é hipoacomodativo, internalizando os
elementos do meio e hiperassimilativo, não se submete ao aprender há um
predomínio dos aspectos subjetivos sobre os objetivos pois só revela os detalhes
internos do seu sofrimento.
Esta criança já tem um diagnostico psicopedagógico disponibilizado em sua
escola onde apresenta características de DDA (Distúrbio do déficit de Atenção),
consideramos que pelos traumas que já passaram em ocorrência a situação de
refúgio da Síria até a Alemanha não será fácil organizar seus sentimentos e
emoções para assim ter um aprendizagem normalizada conforme sua idade.
O Distúrbio do Déficit de Atenção é consequente de suas distrações e muita
alteração da sua atenção, é impulsivo e tem velocidade nas atividades física e
mental, uma criança que possui DDA nem sempre apresenta hiperatividade física,
no entanto sempre tem a disposição a distrações. E a sua impulsividade é causada
pelo despertar de suas maiores emoções diante das pequenas coisas a sua
hiperatividade costuma ser mental que física, porém é muito pesado para quem a
tem pois seu cérebro está em constante atividade (SILVA,2003)
O diagnóstico de DDA é sempre complexo segundo Silva (2003), pois a
tendência é que as crianças sejam geralmente com características do DDA, pois
assim o que faz definir é um comportamento com mais intensidade e constância.
29

O Zana é bem inquieto e impulsivo há observações sobre ele ter


hiperatividade física também.
Quando observamos o Zana no ambiente da Base, mesmo eu seja um local
totalmente confortável que ele conhece bem, podemos perceber que demonstra
algumas das características de DDA segundo Silva(2003), como : se mexendo com
frequência na cadeira , sempre pedindo para beber agua ou ir ao banheiro para se
levantar da cadeira, se distraindo muito facilmente por estímulos externos, com
dificuldades de obedecer comandos e instruções, e mesmo que se esforce tem
dificuldade de manter atenção na realização das atividades.
No ambiente escolar a criança geralmente é identificada com DDA e
apresenta maiores problemas e dificuldade nesta exposição, pois com este distúrbio
é com dificuldade o cumprimento de regras e adequação da sua rotina educacional
(SILVA, 2003).
É claro e necessário que o Zana continue sendo atendido por um a equipe
capacitada principalmente por um psicólogo e um psicopedagogo principalmente
depois desta confirmação do seu diagnostico de DDA, ao trabalharem juntos
possibilita as confirmações e intervenções necessária. E assim ele estará em breve
se socializando crescendo suas chances de aprendizagem com dificuldades bem
menores.
Lembrando que como o Zana é um aluno em situação de refúgio em um
País que protege com muito zelo os refugiados não podem ser disponibilizados os
nomes reais do Zana e sua família. Mesmo que eu faça parte desta associação
preciso preservar a identidade deles para que este trabalho continue atingindo com
efetividade as famílias atendidas. O que pode acontecer é que muitos deles sofrem
perseguição pelo seu próprio povo, principalmente a religiosa.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi na realização deste trabalho que é possível concluir que a


psicopedagogia clínica é uma ferramenta muito importante e especial, uma área que
alcança não só aquele que está sendo alvo por causa das suas dificuldades de
aprendizagem mas todos aqueles que estão próximo trazendo dignidade e
30

direcionamento para os próximos passos e ao solucionar trás a melhoria de seu


desempenho para aprender sem ansiedade de adquirir conhecimento.
Toda intervenção psicopedagógica auxilia os profissionais na área da
educação serem impulsionados a lidarem melhor com os problemas de ensino –
aprendizagem, ressaltando que não apenas intervir na solução dos problemas, mas
agir na prevenção de ocorrências futuras.
Através dos testes psicopedagógicos que foram realizados, é possível
chegar a um diagnóstico, pois sem eles seria muito difícil encontrar um caminho
para ajudar esta criança em suas áreas: física, social, psicomotor, afetivo e
cognitivo. Por meio do diagnostico psicopedagógico que será possível que a família
e a escola sejam direcionadas a um caminho certo para avançar a este trabalho, é
necessária uma equipe qualificada para atendimento para que receba ajuda e
atenção necessária para o seu processo de aprendizagem.
Por muitas vezes identificamos, como neste caso que conclui que os
problemas de aprendizagem não estão focados apenas no ambiente escolar. É um
trabalho que exige atenção de todos que estão próximo, pois está inserido em uma
cultura diferente e o choque cultural pode ser amenizado ou potencializado.
Assim se faz de grande importância a atuação do psicopedagogo, pois o
trabalho investigativo, traz a luz a razão do que estava em oculto, no silencio, sendo
possível descobrir a razão da dificuldade de aprendizagem e socialização.

O papel do psicopedagogo em relação ao outro, visa uma mudança de


atitude, um novo olhar para que aconteça o crescimento cognitivo,
deixando assim mostrar-se sujeito assumindo seu papel de aprendente
e ensinante, sem rótulos ou estigmas, seguindo seu caminho para uma
existência mais autônoma (FORGIARINI, 2009 p.17).

É importante lembrar aqui que o aperfeiçoamento do psicopedagogo deve


ser continuo e constante pois a área exige a atualização e a expansão de
conhecimento que caminham e permeiam o campo da pedagogia e psicologia
requerendo muita dedicação e diligencia deste importante profissional.
Para concluir e finalizar este trabalho, é possível compreender a importância
da psicopedagogia, como é impressionante a sua atuação na sociedade trazendo
dignidade e justiça aqueles que são de alguma forma excluído de convívio com seus
próximos ou simplesmente esquecidos diante de seu silêncio. E por muitas vezes
são aqueles casos perdido, por causa da confusão que existe em não se importar ou
31

investigar o que realmente está acontecendo com este individuo que clama por
dignidade e respeito, e por muitas vezes ser criança, infelizmente não tem voz, é por
isso que como futura psicopedagoga tenho anseio de ser uma voz para os que não
tem voz onde quer que eu esteja. Quando se aprende e adquire conhecimento
estamos abrindo janelas em seus olhos para vê o que antes estava oculto, para
desfrutar de uma cosmovisão correta e abrangente na responsabilidade de
compartilhar aquilo que recebeu, só quem um dia não viu dará tanto valor por aquilo
que vê hoje.

REFERENCIAS

ABPp, Associação Brasileira de Psicopedagogia. Disponível em:


https://www.abpp.com.br/psicopedagogo_quem_somos.html. Acesso em: 10 out 2020.

VISCA. Jorge. Técnicas Projetivas Psicopedagógicas e Pautas Gráficas para sua


interpretação. 1ª edição - Bueno Aires: Visca & Visca, 2008.

VISCA. Jorge. O Diagnostico Operatório na Prática Psicopedagógica. 1 edição – Brasil:


Editora: Pulso, 2008

PAÌN. Sara. Diagnostico e tratamentos dos Problemas de Aprendizagem. 1 edição –


Brasil. Editora :Penso; (1985)
(Psicóloga argentina. Doutora em Filosofia pela Universidade de Buenos Aires e em Psicologia
pelo Instituto de Epistemologia Genética de Genebra).

BAFFI, Maria Adélia Teixeira. Modalidade de pesquisa: um estudo introdutório. 2006.


Disponível em: < https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15780/15780_10.PDF>. Acesso em:
18 set 2020.

BARBOSA, Priscila Maria Romero. Emília Ferreiro, Ana Teberosky e a gênese da língua
escrita. 2015. Disponível em: <http://educacaopublica.cederj.edu.br/revista/artigos/emilia-
ferreiro-ana-teberosky-ea-genese-da-lingua-escrita>. Acesso em: 09 out 2020

FAGALI, Eloísa Quadros; Vale, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia institucional aplicada: A
aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
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32

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