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Funções da Linguagem

● Funções da linguagem são as diferentes finalidades para as quais a


linguagem pode ser usada

Função emotiva: foco no emissor/remetente


● O objetivo do remetente é expressar sentimentos.
● É frequente o uso de pronomes e verbos em primeira pessoa (eu, meu
comigo, de mim/sofro, me alegro, sinto, e.t.c); de palavras em sentido
conotativo (que dependem do contexto e de quem fala); de adjetivos
valorativos (ótimos alunos!, amarga comida, etc)
● Exemplos: poesia, música, diários, textos narrativos.
● As interjeições são marcas típicas de textos de função emotiva.
Exemplos: “Ah!”, “Meu Deus!”, “Caramba!”
● Expressões não verbais, como riso, choro, grito e expressões faciais
também são características da função emotiva.

Exemplos:

“Ai, que saudade de um beija-flor


Que me beijou, depois voou
Pra longe demais
Pra longe de nós

Saudade de um beija-flor
Lembranças de um antigo amor
O dia amanheceu tão lindo
Eu durmo e acordo sorrindo”

Flor e o Beija-flor (part. Marília Mendonça)- Henrique e Juliano

"Vocês acreditam em amor a primeira vista?


Bem no dia do meu casamento me apaixonei
mas não era pelo meu marido,
nem por algum outro homem
Eu estava indo para o altar
e logo,
logo do outro lado da sala
eu vi ela
aquela maldita florista
Pude sentir por longos 3 segundos
em um único olhar pude ver sua alma
Me abrace e coloque suas mãos em meu diafragma
Você sente minha mão?
Eu te desafio a me amar,
é isso que o lírio significa"

- Autoria anônima, baseado no filme "Imagina eu e você"

“6 de dezembro: Deixei o leito as 4 da manhã. Liguei o radio para ouvir o


amanhecer do tango.
...Eu fiquei horrorisada quando ouvi as crianças comentando que o filho do
senhor Joaquim foi na escola embriagada. É que o menino está com 12 anos.
Eu hoje estou muito triste.”
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. São Paulo:
Ática, 2007.

Função referencial: foca no contexto, no referente.


● É objetiva e “fria”. É o oposto da função emotiva.
● Suprimem-se as palavras que se referem ao remetente (eu, meu, faço,
quero). O objetivo é passar a ideia de que o remetente não emite
opinião nem expressa sentimentos sobre o referente/contexto, mas
busca produzir um efeito de verdade.
● Exemplos: reportagem, biografia, bibliografia, livro didático, receita
culinária.

Exemplos:
“Alunos cobram término das obras na moradia estudantil e param aulas na
Unesp de Franca, SP
Paralisação atinge os quatro cursos de graduação. Vídeo mostra alojamento com
roupas e computadores espalhados em meio às obras. Estudantes também pedem
mais linhas de transporte público à noite.
Estudantes dos quatro cursos de graduação da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) de Franca (SP) paralisaram as aulas após alegarem problemas na
conclusão das obras na moradia estudantil, que já duram mais de três meses, e
indisponibilidade de transporte público noturno no campus.”
https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2022/03/25/alunos-cobram-termi
no-das-obras-na-moradia-estudantil-e-param-aulas-na-unesp-de-franca-sp.ghtml

“Abdias Nascimento (1914-2011) já foi descrito como o mais completo intelectual e


homem de cultura do mundo africano do século XX. Poeta, escritor, dramaturgo,
artista visual e ativista pan-africanista, ele fundou o Teatro Experimental do Negro e
o projeto Museu de Arte Negra. Suas pinturas, largamente exibidas dentro e fora do
Brasil, exploram o legado cultural africano no contexto do combate ao racismo.
Professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York, ele foi deputado
federal, senador da República e secretário do governo do Estado do Rio de Janeiro.
Nasceu em março de 1914 em Franca, Estado de São Paulo, neto de africanos
escravizados. Seu pai era sapateiro e músico; sua mãe doceira. Sua família era tão
pobre que, mesmo sendo filho de sapateiro, passou a infância descalço. Trabalhou
desde os sete anos de idade. Completou o segundo grau, com diploma em
contabilidade, em 1928. Formou-se como economista pela Universidade do Rio de
Janeiro em 1938. Fez pós-graduação no Instituto Superior de Estudos Brasileiros
(ISEB), em 1957, e em Estudos do Mar (Instituto de Oceanografia, 1961).”
https://ipeafro.org.br/personalidades/abdias-nascimento/

Função metalinguística: foca no código.


● Objetivo de usar a linguagem para fazer comentários sobre a própria
linguagem.
● Exemplos: dicionário, poesias e textos de humor e sátira, conversas
sobre a própria linguagem (como perguntar a alguém o jeito
gramaticalmente adequado de se falar determinada palavra)
● “A função metalinguística está presente nos dicionários, cujos verbetes
explicam a própria palavra, no filme que tem por próprio tema o
cinema, no poema que tem por tema o fazer literário, em uma peça de
teatro que tem por tema o teatro e demais gêneros em que a
linguagem está preocupada com o próprio código. A metalinguagem
não tem o objetivo de significar por si, mas sim tem o objetivo de dizer
o que o outro significa. Conhecer as funções da linguagem contribui
para o entendimento de cada mensagem enunciada, seja em um
contexto linguístico ou não.”
https://www.portugues.com.br/redacao/funcao-metalinguistica.html

Exemplos:

“Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor

Essa eu fiz pra nós dois bêbados


Dançando numa festa de gente rica e sem graça
Essa eu fiz pra toda letra do Cazuza
Que eu decorei porque cê disse que gostava
Essa eu fiz pra sua mãe só porque ela é tão linda
E sempre sabe o que dizer
Essa eu fiz pras tuas quedas na calçada, tua risada alta
Essa eu fiz pra você”

Jão

“Catar feijão
1.
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco. (...)”
(João Cabral de Melo Neto)

Função poética: foca na mensagem.


● Usa rimas, métrica, sonoridade e aparência. Exploram-se os recursos
de sentido para que eles mesmos sejam objetos de contemplação.
● Exemplos: letras de música, poesia.

Exemplo:

No meio do caminho tinha uma pedra


Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

“Hoje me peguei pensando em nós


Sobre os lençóis, nos tornamos um
Desembolava meus caracóis
E os nossos nós, não sobrou nenhum”

Maria Andrade
“The Grajauex
Duas laje é triplex
No morro os moleques, no vapor... (clic clac)

É o play 3 na golfera te sai, chanex


É o ouro branco o pó mágico e o poder de Rolex
Na favela com fome atrás dos Nike Air Max
Os canela cinzenta que não tem nem cotonets
Os Mc das antiga é dinossauro T-Rex (...)”
(Trecho extraído da música “Gajauex”, de Criolo e Emicida.)

Função conativa/apelativa: foca no receptor/destinatário


● O propósito é exercer influência sobre o interlocutor. Persuadir o
receptor a crer no que está sendo dito.
● Usa o imperativo e se dirige diretamente ao receptor.
● Exemplos: discurso publicitário, político.

“⁠Eu te amo, quero passar o resto da minha vida com você. Você é o amor da minha
vida. Eu não posso te deixar, você é como uma brisa de ar fresco. É como se eu
estivesse me afogando e você me salvasse. Eu tô apaixonado por você, eu sempre
estive apaixonado por você.

Derek Shepherd - Grey's anatomy

“Insensatez

A insensatez que você fez


Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o meu amor
Um amor tão delicado

Ah, porque você foi fraco assim?


Assim tão desalmado
Ah, meu coração quem nunca amou
Não merece ser amado

Vai meu coração ouve a razão


Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade

Vai, meu coração pede perdão


Perdão apaixonado
Vai porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado”

Tom Jobim e Vinícius de Moraes

https://grandesnomesdapropaganda.com.br/
Função fática: foca no canal
● O objetivo é controlar o bom funcionamento do canal estabelecido
entre os interlocutores.
● Pode ser usada para averiguar o funcionamento dos veículos de
comunicação (telefone, rádio, internet) e também para checar a
atenção do receptor. Também é comum em situações que exigem uma
conversa somente para “preencher o silêncio”, como em elevadores,
por exemplo.
● Exemplos: “Alô”, “Você está aí?”, “Está me ouvindo?”, “Compreende?”,
“Pode falar”, “Bom dia”, “Olá”, “Adeus”, “Pois não?”, e.t.c.

ESQUEMA GERAL DA COMUNICAÇÃO

1. EMISSOR/REMETENTE: quem fala.


2. RECEPTOR/DESTINATÁRIO: para quem se fala.
3. MENSAGEM: o texto que é falado.
4. REFERENTE/CONTEXTO: sobre o que se fala. A que se refere.
5. CÓDIGO: sistema de signos. Linguagem.
6. CANAL: veículo transmissor

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

1. FUNÇÃO EMOTIVA: foco no emissor/remetente. Em QUEM


FALA
2. FUNÇÃO CONATIVA/APELATIVA: foco no receptor/destinatário.
Naquele PARA QUEM SE FALA.
3. FUNÇÃO POÉTICA: foco na mensagem. NO TEXTO que se fala.
As palavras/imagens.
4. FUNÇÃO REFERENCIAL: foco no contexto. SOBRE O QUE se
fala.
5. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: foca no código. Na LINGUAGEM
utilizada.
6. FUNÇÃO FÁTICA: foca no canal. No VEÍCULO TRANSMISSOR
da mensagem.

*Pode haver mais de uma função presente em um mesmo texto. Vale


analisar aquela que é mais preponderante!!

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