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LÍNGUA PORTUGUESA- RAIMUNDA GOMES

FIGURAS DE LINGUAGEM

Metáfora
A metáfora ocorre quando é utilizada uma substituição de termos que possuem significados diferentes, atribuindo a eles o mesmo
sentido. Veja o exemplo abaixo:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
Na frase acima o autor dá o sentido de “pensamento” ao termo “rio subterrâneo”, que nada têm em comum, mas passam a ter na
oração.
O que é uma Metáfora?
Metáfora é uma figura de linguagem. É um recurso semântico, quer dizer que é um meio utilizado por quem escreve, ou por quem
fala, para melhorar a expressividade de um texto literário. Quando é empregada em uma frase, faz com que esta se torne mais
eloquente para os que a leem e a ouvem. la me encarou e seu olhar era “pedra”. – A dureza e rigidez da pedra está sendo atribuída
ao olhar. Podemos observar que a palavra pedra está sendo usada de forma figurativa e não no sentido literal da palavra.
Mais um exemplo para você fixar o que é uma metáfora:
Aquela menina é uma “flor”. – Subtende-se que a menina é meiga, bonita, cheirosa, delicada. Ou seja, possui características de
flor. Mas, sabemos que aqui o vocábulo “flor” não se refere ao órgão de reprodução de uma planta.
Metáfora – expressão da escrita e da fala em nossa vida.
As Metáforas estão presentes em todos os âmbitos de nosso cotidiano. Aparecem por exemplo: na música, nas poesias, e o tempo
todo em nossa fala. Estudiosos da língua já deduziram que usamos em média 4 metáforas a cada minuto, em uma conversa informal.
Esta é uma conclusão que serve para justificar uma outra consideração que afirma ser praticamente impossível nos comunicarmos
sem o emprego de metáforas. Recorrendo a alguns exemplos e observações podemos concordar.
Outros exemplos de Metáforas:
• Esta questão é apenas a” ponta do iceberg”. (Quer dizer que a questão é pequena diante de outras.)
• Ela é uma “formiga” para doces. (Quer dizer que ela adora doces como se fosse formiga)

Pode ser entendida como um artifício linguístico capaz de promover uma transferência de significado de um vocábulo para outro,
através de comparação não claramente explícita. Veja alguns exemplos:
Aquele rapaz é um “gato”. – A metáfora ocorre porque implicitamente o rapaz é comparado a um gato. Quer dizer que é
encantador, fofinho, bonito, etc.

Notamos que é uma comparação, mesmo sem a presença de uma conjunção comparativa. Trata-se de comparar sem utilizar um
conectivo, (por exemplo “como”), que caberia naturalmente na frase.
O que é Metonímia?
Metonímia é a figura de linguagem que possibilita troca de um termo por outro de mesma similaridade. Para conceituá-la com
maior clareza podemos dizer que é definida como a substituição de uma palavra por outra, quando há relação de contiguidade, ou
seja, proximidade de sentido entre elas. É a substituição de palavras que guardam uma relação de sentido entre si.
Exemplos:
A viagem à Lua significou um grande avanço para o “homem”. (Neste caso a palavra homem foi empregada no lugar de
“humanidade”. A parte foi citada para substituir ou representar o todo.)
Eu uso sempre “Bombril”. (Aqui a palavra Bombril substitui palha de aço. O nome da marca substitui o produto.)
Tipos de Metonímia
Esta figura de palavra acontece de diversas formas. Observe os casos em que ocorre e veja alguns exemplos:
Quando troca-se o autor pela obra.
Exemplos:
Ela adora “ler Jorge Amado”.
Mais um exemplo de Metonímia:
Você precisa “ler Shakespeare”.
Nestes casos o nome da obra é suprimido do texto, ou seja é substituído pelo nome do autor. Entendemos que nem Jorge Amado
nem Shakespeare são lidos, e sim seus livros.
Quando o continente é substituído pelo conteúdo.
Exemplos:
• Os meninos comeram dois “pratos” no jantar.
• Tomamos 3 “garrafas” de cerveja.
• Comi 1 “lata” de atum.
Todos sabem que não é possível ingerirmos “pratos”, “garrafas” e “latas”. O que aconteceu foi que nos alimentamos do conteúdo
destes recipientes. O continente que é a embalagem foi trocado pelo produto (conteúdo).
Se trocarmos o inventor por seu invento.
Exemplos:
• Ele chegou em um “Ford”.
• “Thomas Edison” iluminou o mundo.
• “Graham Bell” eliminou as distâncias.
Nestas frases acima notamos que o nome do inventor substitui o invento. “Ford” está no lugar de carro. Henry Ford revolucionou
a produção de carros e fundou a Ford Motor Company.
Thomas Edison inventou a luz elétrica. Quem ilumina é a lâmpada elétrica descoberta por ele.
Graham Bell é o inventor do telefone, que acaba com o problema da distância entre as pessoas.
Quando se toma o abstrato pelo concreto, ou vice-versa
Exemplos:
Não resisti aos apelos daquela “meiguice”.
Meiguice indica uma pessoa meiga, singela.
Caso o símbolo seja trocado pela coisa ou entidade.
Exemplo:
Pela “cruz” vencerás.
A cruz simboliza a fé do cristão, sua crença e confiança em Deus.

Se o efeito for tomado pela causa ou vice-versa.


Exemplos
Ganharás o pão com o “suor de teu rosto”.
ou
Respeito seus “cabelos brancos”.
Observamos que a palavra trabalho foi substituída pela expressão “suor de teu rosto”. Podemos entender que o suor é o efeito, pois
é a causa de muito trabalho.
Na segunda frase “cabelos brancos” é o efeito causado pela idade avançada de alguém.
Variações da Metonímia
Esta figura de linguagem possui ainda algumas variações:
Antonomásia
Antonomásia – É a troca de um nome por uma expressão, ou por outro nome que caracterize uma qualidade, ou um fato
identificador.
Exemplos:
O “Apóstolos dos Gentios” revolucionou o mundo com sua pregação.
O Apóstolo dos Gentios refere-se a São Paulo, grande defensor da fé cristã, que levou ao povo Gentio a mensagem de Cristo.
O “Águia de Haia” defendia a igualdade e o abolicionismo.
Águia de Haia refere-se a Ruy Barbosa, que recebeu este codinome por ocasião de seu notável discurso na II Conferência da Paz,
na Holanda.
Metalepse
Esta é uma figura de linguagem também considerada variação da Metonímia. Nela o termo antecedente é substituído pelo
consequente. Ou ocorre a substituição do nome de algo, por outro nome, havendo relação de sentido entre eles.
Exemplo:
Pelo “suor” ganhas o pão de cada dia.
O suor é consequência de um trabalho árduo. A pessoa compra o pão com dinheiro que ganhou pelo trabalho, que provoca o suor.
Metonímia X Metáfora
Vale esclarecer que há diferença entre Metonímia e Metáfora, apesar de ambas serem figuras de linguagem. A metáfora estabelece,
mesmo que não claramente, uma comparação. Sabemos que uma comparação está sendo feita apesar de não aparecerem os termos
comparativos.
Na Metonímia uma palavra é substituída por outra, quando os dois termos possuem uma proximidade de sentido. (Contiguidade).
Ela pode ocorrer de várias formas no texto, conforme vimos acima (tipos).
Para reconhecê-la no cotidiano
Assim como a Metáfora, Catacrese e outras figuras de retórica ou de Linguagem, a Metonímia é bastante usada na mídia, nas
músicas, nos comerciais e poesias.
Ela faz parte de nossas vidas e muitas vezes nos deparamos com ela. Veja exemplos que vemos na propaganda, quando o nome da
marca torna-se tão comum que passa a substituir completamente o nome do produto:
• Cotonete (Produto de higiene :haste com ponta de algodão) – Cotonete é a marca de um produto da Johnson & Johnson
• Band-Aid (Curativo: trata-se do nome da marca e não do produto)
• Danone- (marca de um iogurte)
• Maizena (marca de amido de milho) – maisena com s é nome da farinha extraída do milho.
Identificar a figura de linguagem Metonímia é fácil, basta estar atento.

Sinestesia é uma figura de linguagem muito presente na escrita e faz parte dos diálogos. Aprenda a identificá-la. Conheça-a
como fenômeno biológico sensorial.
Sinestesia: Figura de Linguagem- Figura de Palavras ou Tropos
Por ser uma figura de palavra, a sinestesia consiste em recurso semântico, capaz de tornar o texto mais expressivo. Ela ocorre
quando as sensações e sentidos se misturam. Isto quer dizer que podem estar reunidas em um mesmo contexto diversos sentidos.
Bom exemplo encontramos nestes versos de Mário de Andrade:
“…chuvinha de água viva esperneando luz … com gosto de mato, meio baunilha, meio manacá, meio alfazema…”
Aqui o poeta miscigena os sentidos, reunindo-os em um mesmo texto. Podemos perceber sensações visuais (esperneando luz),
gustativas (gosto de mato) e olfativas (meio baunilha, meio alfazema).
Outros exemplos:
• Já sentia o cheiro doce da liberdade. (Aqui se misturam os termos: (doce= paladar; cheiro= olfato.)
• Dirigiu-me uma palavra amarga e fria. (Amarga refere-se ao gosto; fria relaciona-se com o tato.)
• Ele deixou-se envolver pelo cheiro doce do perfume. (Neste caso as sensações se misturam para poetizar o texto. Nota-se
que a sensação olfativa está relacionada ao paladar. (Cheiro e doce)
• Ouça a melodiosa e macia voz, que canta louvores ao Senhor.
• Aqui estão bem definidos os sentidos da audição(ouça); tato (macia).
• Desfilaram pela passarela com roupas floridas, em cores quentes. (Os sentidos da visão e do tato estão presentes)
Quem usa Sinestesia?
A Sinestesia é usada por poetas, escritores, redatores, compositores e jornalistas, mas não são exclusividade destes profissionais.
Ela é também usada em nosso cotidiano, enquanto conversamos ou escrevemos algum texto.
Podemos dizer que o poder sinestésico e mágico contido nesta figura de palavra é comum, e muitas vezes, o usamos sem saber.
Mas existe um outro aspecto que é mais raro e não conhecido por muitas pessoas.
O outro lado da Sinestesia – Além do conceito linguístico
Aqui estudamos a sinestesia como figura de linguagem, que nos ajuda a construir textos mais sugestivos e mais ricos de
significado. Mas, não podemos deixar de citar um outro aspecto que ela apresenta.
O termo é usado também no âmbito biológico e sensorial. Trata-se de uma característica que algumas pessoas possuem. Cerca de
4% da população mundial possui sinestesia.
Quer dizer que estas pessoas são dotadas de uma característica especial. Elas são mais sensitivas no que se refere aos sentidos.
Algumas relatam poder sentir o cheiro das cores. Outras percebem as letras, símbolos e números em diferentes matizes. Há ainda
os que percebem cheiros nos sons.
A percepção é explicada pela Ciência. É resultado de uma espécie de cruzamento entre os sentidos. O que ocorre é que uma
sensação é capaz de estimular uma outra. Não é nenhuma doença ou desequilíbrio, trata-se de uma característica genética herdada
dos pais.
Conclusão
Desta forma, podemos notar que esta figura de linguagem é caracterizada pela união de palavras que nos remetem aos sentidos.
Sabendo disto, fica muito fácil identificar esta figura de palavra, pois basta observar se o texto reúne expressões que evidenciam a
visão, audição, tato, paladar, olfato.

Eufemismo ocorre quando aceita-se e usa-se uma palavra ou expressão em lugar de outra, por diversos motivos, em
diferentes situações. Na verdade, é a utilização de vocábulos mais leves e mais sutis, para suavizar determinadas
mensagens que precisam ser transmitidas.
Efetua-se a substituição da palavra, para evitar expressões ou vocábulos que causem mal estar, que sejam de mau
gosto, palavras ofensivas, ou que provoquem efeitos desagradáveis.

Também é válido para ocultar alguma expressão ou nome sagrado. Por exemplo, para omitir o nome de alguma
divindade. Também emprega-se no caso de ocultar algum termo que seja secreto.
O uso desta figura de linguagem também é comum quando é preciso evitar a fala ou escrita de palavras de baixo calão,
ou termos inadequados, segundo algum tabu estabelecido pelo senso comum.
Exemplos de Eufemismo
Um exemplo ótimo é a palavra “morte”, que comumente é substituída por “partiu”, “nos deixou”, “não está mais entre
nós”, “deixou este mundo”. É uma forma mais suave e menos drástica de dizer que a pessoa morreu. O Eufemismo faz
muitas vezes, oposição à Hipérbole que é a figura do exagero.
• O homem ficou rico por “meios ilícitos”. – A expressão destacada substitui o verbo “roubar”.
• Desta vez você “não se deu bem” nas provas. (Foi reprovado, errou quase tudo).
• A pobre mulher “passou desta para melhor.” (A parte destacada está substituindo a palavra “morreu”).

Expressões que não são Eufemismo
Vale alertar sobre algumas expressões cômicas que se referem à morte. Por seu teor irônico não são consideradas
eufemismo. Como exemplo podemos citar as expressões destacadas;
• Foi comer capim pela raiz.
• Esticou as canelas.
• Foi para a terra dos pés juntos.
• Bateu as botas.
Origem Etimológica
A origem do vocábulo Eufemismo está no grego “eu” que quer dizer bom, agradável e “pheme” que significa palavra.
Desta junção formou-se “euphémein” que significa “falar palavras agradáveis” ou “bem dizer”.
Outros exemplos de Eufemismo:
• O menino possuía inteligência um tanto limitada. (Para não falar que o menino é burro).
• A moça era desprovida de beleza. (Desprovida foi usada no lugar da palavra “feia”).
• O réu faltou com a verdade. (Faltou com a verdade está no lugar de mentiu).
• O Brasil sofre uma desaceleração em seu crescimento. (Para não dizer que está em uma grave crise
econômica).
• O homem só queria água que passarinho não bebe. (Cachaça).
• O homem vivia da caridade de outros. (Para não dizer que o homem (esmolava).
• Sua amiga foi para o céu. (Na verdade, a amiga morreu).
• Ela suspirou e entregou a alma a Deus. (Ela morreu).
Ironia
Ironia é a utilização proposital de termos que manifestam o sentido oposto do seu significado. Por exemplo, uma
pessoa que foi demitida após péssimo dia de trabalho, dizer: “- Era o que faltava para encerrar o meu dia
maravilhosamente bem”.
Personificação é o mesmo que Prosopopeia. Representam figuras de linguagem capazes de atribuir a seres
irracionais ou a objetos inanimados, ações, qualidades e sentimentos que são próprios dos seres humanos.

São categorizadas como figuras de pensamento. A Personificação é também conhecida como Prosopopeia, Animismo
ou Antropomorfismo.
Personificação / Prosopopeia como Figura de Linguagem e Pensamento
Como toda figura de linguagem, a Personificação / Prosopopeia privilegia o aspecto conotativo. Empresta ao texto a
subjetividade própria deste estilo. E é considerada figura de pensamento, pelo fato de trabalhar com significados
escondidos. Ou seja que estejam implícitos na expressão ou vocábulo.
É desta forma que através dela podemos dar vida a qualquer objeto ou animal. Ou melhor dizendo, ela nos permite
“personificar” seres inanimados e irracionais.
Esta figura de linguagem, que também podemos chamar de figura de estilo ou de retórica, nos apresenta um lado
bastante interessante da Língua. Ela põe à nossa disposição um recurso estilístico capaz de ampliar as possibilidades
de criação. É estratégia que permite que todos os seres tenham voz, atividades, sensações e sintam emoções.
Personificação: Encanta, Inspira e Atrai
Qual autor, leitor ou falante de nossa língua não se encanta com as características destes recursos, tomando de vez
suas alternativas tão ricas? Exatamente por seu cunho atrativo e inspirador, é que estas figuras são tão comumente
utilizadas.
Qualquer de nós pode exemplificá-las. Seja relembrando alguma música, algum poema ou mesmo recorrendo a uma
conversa corriqueira de nosso cotidiano. Esta facilidade de encontrar exemplos é sinal de que é uma alternativa que
cativa a todos nós.
Confira abaixo alguns exemplos de Personificação / Prosopopeia.
Exemplos de Personificação / Prosopopeia
Veja abaixo, como é simples encontrá-las nas situações de nosso dia a dia.
Observe os exemplos e não deixe de ler as justificativas entre parênteses para entender onde está a Personificação ou
Prosopopeia.
• Pelo caminho nos deparamos com uma “nevasca cruel”. – (A nevasca é considerada como portadora de um
sentimento – a crueldade.)
• “Ora, chora cavaco, ora chora viola”, Já disse pro samba que eu não vou me embora” (Candeia – no samba
“Lá vai Viola”) (Aqui a viola e o cavaco são capazes de chorar.)
• Nada mais pude fazer, a não ser aceitar a “sinistra face da morte”. (A morte ganha uma face e assume a
característica de ser sinistra)
• Oh! Que “noite cruel e nefasta”. (Neste caso, é a noite que ganha características de seres vivos.)
• E o “sol encantado” com sua beleza, “sorria”. (O sol se anima nestes versos. Se encanta com a beleza e
ganha a capacidade de sorrir)
• As “ondas beijavam” a areia branca da praia. (Ondas praticam a ação de beijar.)

Comparação
É a desenvolturalidade de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança, como na metáfora. A comparação,
porém, é feita por meio de um conectivo (com, como, parecia, etc.) e busca realçar determinada qualidade do meio termo (como,
tal, qual, assim, quanto, etc.). Exemplos: "O mar canta como um canário"; "A cidade, adormecida, parecia um cemitério sem fim".
Qual branca vela n'amplidão dos mares
— Castro Alves
É que teu riso penetra n'alma
Como a harmonia de uma orquestra santa
— Castro Alves
A planeta terreste se desenrolava
Como um jorro de lágrimas ardentes
— Olavo Bilac
De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.
- João Cabral de Melo Neto
Bateram-lhe como nunca tinham visto.
Você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro
- Ferreira Gullar

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