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Instituto Batista De

Roraima
Beatriz Ferreira
Mestre em Literatura, cultura e arte regional – UFRR
beeatrizferrreira@gmail.com (95)99130-1704
LITERATURA – ROMANTISMO
Romantismo:

O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário
que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-
se pelo mundo até o final do século XIX.

O berço do romantismo pode ser considerado três países:
Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o
romantismo ganha força como em nenhum outro país e,
através dos artistas franceses, os ideais românticos
espalham-se pela Europa e pela América.
Antecedentes Históricos

As ideias românticas ganharam maior impulso a partir do
advento da Revolução Francesa (1789) e se difundiram pela
Europa e pelas Américas.

• As transformações revolucionárias atingiram todos os
segmentos: social, econômicos, político, filosófico e artístico-
cultural. A humanidade acompanhava mudanças profundas e
fundamentais para a formação de uma nova identidade mais
idealista, o que possibilitou o desenvolvimento da estética
romântica.
Fatores históricos decisivos para as
transformações dos séculos XVIII e XIX

A queda dos sistemas de governo tirânicos (Nobreza perdendo poder /
burguesia em ascensão).

Os ideais de liberdade e igualdade.

Formação de uma mentalidade nacionalista (Independência do Brasil).

A consolidação do pensamento liberal.

A revolução Francesa.

Chegada da Família real.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (Art11 Diretamente ligado a
literatura)
Características:

Valorização de elementos populares - Surgiu de relação entre
a burguesia e o Romantismo e objetivava retirar o privilégio da
elite aristocrática. Intensificaram-se os temas ligados á vida
urbana; incentivou-se público a participar de manifestações
culturais.

Imaginação Criadora - Libertação da arte agora afastada das
rígidas regras clássicas. Liberdade para a forma e para o
conteúdo. Criação de mundos imaginários nos quais o
romântico acreditava.
Características:

Nacionalismo - louvor e exaltação de pátria, resgatava as origens de
cada nação, valorizações dos elementos da terra natal, dos bens e das
riquezas nacionais, das paisagens naturais. Exaltavam-se as
personalidades e os heróis da história, os valores gloriosos da pátria.
No Brasil, houve a valorização do passado colonial: o índio foi tomado
como herói nacional repleto de glórias que só existiram nos ideários
românticos. Outra forma de nacionalismo brasileiro foi conhecida na
terceira fase do Romantismo, quando o escravo e os ideais de
liberdade ocuparam os versos condoreiros.

É criado o hino nacional
Características:

Subjetivismo - atitude individual e única. A poesia não assume
mais os moldes clássicos e, sim, a vontade do Eu criador.

Egocentrismo - Houve o triunfo absoluto do EU; o reinado da
poesia confessional na qual o sujeito lírico declarava seus
sentimentos.

Sentimentalismo - analisa e expressa a realidade por meio de
sentimentos; a emoção foi valorizada em detrimento do
racionalismo.
Características:

Supervalorização do amor - O amor foi considerado um valor supremo
na vida. Entretanto, a conquista amorosa era difícil: havia o mito do
amor impossível, o estigma da paixão desesperadora. A perda ou não
realização amorosa levava o romântico ao desespero, à loucura ou à
morte. (Amor de Perdição – Camilo Castelo Branco)

Idealização da Mulher - Mulher convertida em anjo, musa, deusa,
criatura pura, poderosa, perfeita, inatingível, capaz de maravilhar a
vida do homem se lhe correspondesse. A mulher, porém, tornava-se
perversa, maligna, impiedosa, quando pela recusa arruinava a vida do
galante que a cortejava.
Características:

Byronismo (mal do século) - Na ânsia de plenitude impossível, o
artista sentia-se desajustado e insatisfeito, além de decepcionado,
devido á falência da utopia revolucionária: liberdade, igualdade,
fraternidade. Assim, o romântico passou a ver o homem da época
como um ser fragmentado, peça da engrenagem social, sem
individualidade ou liberdade. Os desajustes e as insatisfações
conduziram ao mal do século, definido como a aflição e a dor dos
descontentes com o mundo. Era a influência do modo de vida
byroniano do poeta inglês Lord George Byron, protótipo do herói
romântico, sombrio, elegante e desajustado

Egocentrismo

Hipersensibilidade

Melancolia

pessimismo, angústia e desespero.
Aspecto Estilístico

Os românticos abandonam a forma fixa (raros os sonetos,
odes, oitavas e etc.), abandonam o uso obrigatório da rima e
acabam valorizando o verso branco, negam os gêneros
literários em que abandonam o tradicional, fazendo com que
alguns gêneros não fizessem mais parte como: a tragédia e a
comédia, onde foram surgindo outros como: o drama, o
romance de costumes entre outros
Contribuições Culturais

O romantismo promoveu uma ruptura com as concepções
clássicas da arte e permitiu uma revolução cultural.

Enriqueceu a Língua Portuguesa, com a incorporação de
neologismos e a aproximação entre a Língua Literária e a
Língua oral e coloquial.
Romantismo no Brasil (1836-1881)


Marco inicial: Publicação de "Suspiros Poéticos e
Saudades", de Gonçalves de Magalhães , em 1836.

Marco final: Publicação de "Memórias Póstumas de
Brás Cubas", de Machado de Assis , em 1881, que inaugura o
realismo
Gerações Românticas

Primeira geração romântica – primeiro grupo (1836-1840)-
nacionalismo.

O início do romantismo brasileiro caracterizou-se por


religiosidade, misticismo, antilusitanismo, nacionalismo.
Primeira Geração:

O espírito nacionalista levou ao culto da natureza
profundamente elogiada dentro do caráter ufanista, com
elevação máxima das belezas naturais do paraíso tropical. A
natureza surgiu estilizada para expressar intenções ideológicas
de base nacionalista.

O gênero lírico era amplamente cultivado ao lado da ficção e
do teatro, de influência inglesa e francesa. Os autores que se
destacaram foram: Manuel de Araújo Porto Alegre, Antônio
Teixeira e Souza e Domingos Gonçalves Magalhães
Primeira Geração (Segundo Grupo)

Surgiu o índio, um herói visto com espírito da civilização
nacional e da luta contra a tradição lusitana. Contudo, o
indígena que se pintou à moda romântica tinha seu próprio
modelo importado da França. Os franceses Cooper e
Chateaubriand, entusiasmados com o selvagem da América,
levaram-no para a sua literatura e pintaram os aborígenes
com as tintas heroicas, inspirados nos heróis de cavalaria
medieval.
Primeira Geração (Segundo Grupo)

Antônio Gonçalves Dias e José de Alencar, principalmente, escreveram
dentro desse modelo de índio idealizado como bravo, gentil, valente,
nobre, corajoso, puro, belo, bom por natureza e capaz de todas as proezas
em nome da honra e da glória. Foi o herói improvisado para configurar
ideologicamente o que deveria ter sido o primeiro habitante do Brasil.

Assim, o indígena passou a ser a mais autêntica ilustração para o Mito do
Bom Selvagem, do filósofo francês Rosseau : O homem nasce puro, belo,
bom e assim permanece enquanto estiver em contato com a natureza.

Os autores principais dessa fase foram Gonçalves Dias, José de Alencar,
Joaquim Manoel de Macedo e Bernardo Guimarães
Primeira geração:

A moreninha

O Guarani

Iracema
Segunda Geração a – byronismo ou ultrarromantismo
(1850-1860)

Sem engajamento social;

A geração contaminada pelo “mal do século (tuberculose/ vida
boemia)”: individualismo, negativismo, pessimismo,
insatisfação com o mundo, angústia, desespero, crise
existencial (herança do Barroco). Nessa fase, o
sentimentalismo e a emoção romântica atingiram o auge
absoluto. A influência satânica do poeta inglês Lord Byron tem
seu maior exemplar brasileiro no poeta Álvares de Azevedo em
sua obra.
Segunda Geração a – byronismo ou ultrarromantismo
(1850-1860)

Enquanto a poesia segue a linha byroniana, a ficção consolida-se sobre a
forma sertanista, urbana, indianista. Surge a narrativa histórica para
delinear as origens do Brasil e o seu desenvolvimento. A utopia das ideias
continuava a influenciar as visões românticas.

Os autores principais são: na poesia- Gonçalves Dias; Álvares de Azevedo;
Casimiro de Abreu; Junqueira Freire; Fagundes Varela; Laurindo Rabelo; na
prosa- José de Alencar, fiel representante da ideologia romântica; Manuel
Antônio de Almeida, que se rebelou contra o romantismo burguês,
escrevendo a obra Memórias de um Sargento de Milícias, que focaliza a
sociedade suburbana e desmoraliza a corte amorosa.
Terceira geração romântica – condoreirismo
(1860-1880)

Os condoreiros praticaram um nacionalismo de ordem
diversa, pois não exaltavam as maravilhas da pátria, mas
reivindicavam liberdade, igualdade das condições sociais e
independência política; defendiam, enfim, a formação de
uma consciência nacional. O tom lírico não se limitava a
cantar amores impossíveis ou desgraças amorosas, porque
se expandia para versejar sobre o erotismo do amor ou se
coletivizava para expressar as paixões pelas causas
sociopolíticas.
Terceira geração romântica – condoreirismo
(1860-1880)

Os assuntos centrais ligam-se à Guerra do Paraguai, à Abolição
da Escravatura, à luta pela Proclamação da República. O
homem negro transformou-se em personagem real e sofrida no
canto eloquente dos condoreiros (condor é uma ave altaneira).

O grande condoreiro do Brasil chamava-se Antônio Frederico
de Castro Alves, dono de uma poesia vibrante que evocava o
liberalismo idealizado e repelia a vergonhosa escravidão,
denunciando as condições desumanas em que os escravos
viviam.
Terceira geração romântica – condoreirismo
(1860-1880)

A terceira fase do Romantismo foi uma transição para o
Realismo, pois os condoreiros apoiavam-se numa filosofia de
caráter humano-realístico. A influência de Vitor Hugo, as
preocupações com a forma, o erotismo no lirismo amoroso
demarcaram novos caminhos para a literatura porvindoura.

Os autores da terceira geração foram Joaquim de Sousa
Andrade (Sousândrade), Tobias Barreto, Franklin Távora,
Visconde de Taunay e Castro Alves.
Prosa

Antes do período artístico romântico, as composições em
prosa eram menos frequentes.

A prosa literária desenvolveu-se no Romantismo.

A espécie preferida pelo público era o romance de temática
sentimental.

Cultivava-se o gosto pelos folhetins, histórias de amor
editadas em jornais com capítulos publicados em série
Prosa

O primeiro romance romântico brasileiro, datado em 1843, é
O Filho de Pescador, de Teixeira e Souza.

O romance que impulsionava o apego sentimental do
publico foi A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo,
uma historia de amor convencional, publicada em 1844, que
fixa os costumes da sociedade carioca da época,
contaminada por francesismos.
Tipos de Romance


Romance Histórico

Romance regionalista

Romance urbano

Romance indianista

No romance indianista, é comum vermos a construção da imagem de índio de forma heróica, como
o salvador da nação a fim de implantar um sentimento de amor à pátria.

O romance regional foi primordial para o incentivo de uma literatura que abordasse acerca das
diversidades locais. Entre suas características, há a valorização de aspectos étnicos, linguísticos,
sociais e culturais sobre várias regiões do país. Ademais, as principais regiões abordadas foram o Rio
de Janeiro (que era a capital do Brasil naquele período) e as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste.

O romance urbano foi o que melhor atendeu às necessidades da burguesia, pois retratava sobre a
vida cotidiana e seus costumes, pondo em discussão os valores morais vividos na época, entre eles,
o casamento promovido de acordo com a classe social.

O romance histórico, como o própria nome já nos ajuda a explicar, marcava em sua narrativa os
principais acontecimentos históricos do século XIX no Brasil. A composição da narrativa é feita a
partir de relatos e documentos informativos sobre uma determinada época ou movimento social.
Principais autores e obras em prosa
Principal obra de cada autor:

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1825-1884) -O Seminarista é
sua obra mais notável na qual se critica o celibato clerical e apresenta o
apelo ao sexo, contrário à corte amorosa de Romantismo.

• Temas característicos
a) Romances basicamente regionalistas, com uma intriga amorosa
indispensável, desenvolvida entre personagens boas ou más ao extremo.
b) Paisagens minuciosamente descritas e hábitos regionais do povo
mineiro.
Principal obra de cada autor:

Visconde de Taunay é o autor de um dos melhores romances regionalistas do Romantismo.

Obras principais: Inocência; A Retirada de Laguna; O Encilhamento; Manuscritos de uma
Mulher; Mocidade de Trajano.

Temas característicos:
a) Em Inocência, uma das obras mais importantes de Visconde de Taumay, utilizou-se uma
linguagem adequada para descrever a paisagem do sertão (sudeste do Mato Grosso) e
ainda ficou a fala popular.
b) A fim de envolver o leitor e de acordo com a mentalidade romântica, inventou em
sentimento de amor impossível entre a bela Inocência e Cirilo. O caso amoroso tem um
final trágico, pois o rapaz é assassinado, e a moça morre consumida pelo desespero da
paixão.
Principal obra de cada autor:

José de Alencar (1820-1877) - Foi o ficcionista que mais agradou o gosto do publico
burguês, consolidando o romance nacional brasileiro. Retratou posturas políticas e
burguesas em sintonia com a mentalidade de homem conservador em todos os
parâmetros: monarquista, escravocrata, político (senador do império de Pedro II),
proprietário de terras.

Era um nacionalista fiel que atacava as formas literárias importadas e a timidez verbal dos
poetas que se propunham a cantar o Brasil, como escreveu a Carta sobre a Confederação
dos Tamoios, em que criticou a obra épica de Gonçalves de Magalhães por sua falta de
energia e de brasilidade. Sempre com linguagem requintada, Alencar inventou um passado
glorioso para o Brasil, com um índio herói fantástico. Retratou a vida urbana em meio às
intrigas amorosas mais instigantes: conflitos sentimentais marcados por um final feliz
(Senhora - Diva) ou interrompidos com uma morte trágica (Lucíola).
A obra romanesca de José de Alencar introduziu na literatura brasileira quatro tipos de
romances: indianista, histórico, urbano e regional. Desses quatro tipos, os que tiveram sua
vida prolongada, de forma mais clara e intensa, até o Modernismo, ainda que modificados,
foram:
a) Indianista e histórico;
b) Histórico e urbano;
c) Urbano e regional;
d) Regional e indianista;
e) Indianista e urbano;
Indianismo
Na primeira geração romântica (1836 a 1852), que o Indianismo trará a
tona o tema do índio idealizado, baseada no binômio “nacionalismo-
indianismo”. O nome dessa tendência remete a figura escolhida para
exaltar aspectos nacionais: o índio, considerado o “bom selvagem”,
símbolo da inocência e pureza. No continente europeu os cavaleiros
medievais eram as figuras românticas que representavam o bom herói,
idealizado, corajoso e forte. Já no Brasil, a figura romântica do novo herói
era a do índio. Isso foi essencial para resgatar uma identidade nacional,
que ficasse mais próxima do contexto nacional. José de Alencar foi um
dos mais representativos escritores brasileiros que explorou a mitificação
do índio como herói nacional.
Principal obra de cada autor:

Manuel Antônio de Almeida (1830-1861) Obra principal: Memórias
de um Sargento de Milícias. Temas característicos: O romance
apresenta elementos que contradizem as convenções literárias
da época; tem como cenário as ruas e os casebres do Rio de
Janeiro. A linguagem revela absoluta “molecagem” (desmoraliza
a corte amorosa, tratando satiricamente a intriga sentimental).
Descreve cenas populares, com um toque de realismo. É um
documentário mais real da sociedade do século XIX, aproxima-se
do que seriam as narrativas do realistas / naturalistas
Poesia:
Poesia:
Poesia:
Poesia:
Novos valores adquiridos a partir do Romantismo

Novo sentido de vida (agora tem liberdade)

Livre iniciativa / competição

Extinção dos privilégios da nobreza

Individualismo

Fim da “barreira” entre as classes (aristocracia, nobreza, resto)

Novo público leito (sociedade letrada, burguesa, que busca
expandir seu conhecimento)
Questão:
Resolução:
Questão:
Resolução:
Questão:
Resolução:
Questão:
Resolução:
Questão:
Resolução:

Praticando:

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