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RomantismoemPortugal

As novas ideologias políticas, econômicas e sociais, vieram intervir na sociedade do século


XIII. A influência das revoluções francesa e industrial e do pensamento liberal se deu em
todos os campos, e a própria literatura mostra essas influências. A liberdade sobrepuja as
regras, a razão predomina sobre a emoção. O romantismo instaura-se um novo modo de
expressão em toda a Europa e, consequentemente em Portugal.
O Romantismo, designa uma tendência geral da vida e da arte, um certo momento delimitado.
O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude
emotiva, subjetiva, diante das coisas. Afinal, o pensamento romântico vai muito além do que
podemos ver; procura desvendar o que estamos sentindo. O Romantismo não conta, faz de
conta, idealiza um universo melhor, defendendo a ideia da expressão do eu-lírico, onde
prevalece o tom melancólico, falando de solidão e nostalgia.

Enfim, o ideal romântico, tenta colocar o universo que presenciamos, de forma subjetiva,
sendo que a expressão do sentimentalismo não precisa obedecer a nenhuma regra, antes
adorada pelos clássicos.

Introdução do Romantismo em Portugal

O advento do Romantismo em Portugal, vem apenas confirmar a diluição do Arcadismo.

Portugal, é reflexo dos dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na
segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial,
responsáveis pela abolição das monarquias aristocratas e pela introdução da burguesia que
então, dominara a vida política, econômica e social da época. A luta pelo trono em Portugal,
se dá com veemência, gerando conturbação e desordem interna na nação.

Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a
Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês,
envolve-se com o teatro de William Shakespeare.

Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopeia Os Lusíadas. A


narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Luís de Camões.
Este poema é considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar
características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos,
vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros
literários.

Características

O Romantismo foi encarado como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas
da vida e do pensamento.

Esta escola, repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total


liberdade de criação, além de defender a “impureza” dos gêneros literários. Com o domínio
burguês, ocorre a profissionalização do escritor, que recebe uma remuneração para produzir a
obra, enquanto o público paga para consumi-la.

O escritor romântico projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu-lírico, do qual
fluía um diverso conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor e, às
vezes, exageradamente, da própria morte. A introversão era característica essencialmente
romântica.
A natureza, assim como a mulher são importantes pontos desse momento. O homem,
idealizava a mulher como uma deusa, coisa divina e, com isso, retornava ao passado,
no trovadorismo, onde as “madames” eram tão sonhadas e desejadas, mesmo que fossem
inatingíveis.
Ao procurar a mulher de seus sonhos e, então, frustrar-se por não encontrá-la ou, muitas
vezes, por encontrá-la e perdê-la, o romântico entrava em constante devaneio. Para amenizar
a situação, ao escrever despojava todos os seus anseios, procurando fugir da realidade,
usando do escapismo, onde, não raramente, tinha a natureza como confidente. Outra forma de
escapismo utilizada, era o escapismo pela obscuridade, onde buscavam o bem-estar nos
ambientes fúnebres e obscuros.

Essas frustrações tidas por amores ou simples desilusões com a vida, provocaram muitos
suicídios. Daí a grande frequência dos temas de morte nos poemas românticos, o que
caracteriza o mal-do-século.

* Primeira geração romântica portuguesa

- Sobrevivência de características neoclássicas;


- Nacionalismo;
- Historicismo, medievalismo.
Principais autores:
Almeida Garrett
Obras:
Poesia: Camões (1825); Dona Branca (1826); Lírica de João Mínimo (1829); Flores sem
fruto (1845); Folhas caídas (1853).
Prosa: Viagens na minha terra (1843-1845); O Arco de Santana (1845-50).
Teatro: Catão (1822); Mérope (1841); Um Auto de Gil Vicente (1842); O alfageme de
Santarém (1842); Frei Luís de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).

- Alexandre Herculano
Obras:
Polêmicas e ensaios: A voz do profeta (1836); Eu e o clero (1850); A ciência arábico-
acadêmica (1851); Estudos sobre o casamento civil (1866); Opúsculos (10 volumes, 1873 –
1908).
Historiografia: História de Portugal (1846-1853); História da origem e estabelecimento da
Inquisição em Portugal (1854-1859).
Poesia: A harpa do crente (1838).
Prosa de ficção: Eurico, o presbítero (1844); O monge de Cister (1848); Lendas e narrativas
(1851); O bobo 1878 publ. póst.).

- Antônio Feliciano de Castilho


* Segunda geração romântica portuguesa

- Mal do século;
- Excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos;
- Irracionalismo;
- Escapismo, fantasia;
- Pessimismo.

Principais autores:
Camilo Castelo Branco
Obras: Carlota Ângela (1858); Amor de perdição (1862); Coração, cabeça e estômago
(1862); Amor de salvação (1864); A queda dum anjo (1866); A doida do Candal (1867);
Novelas do Minho (1875-77); Eusébio Macário (1879); A corja (1880); A brasileira de
Prazins (1882).
Soares Passos
Terceira geração romântica portuguesa
Diluição das características românticas;
Pré-realismo.
Principais autores:
João de Deus
Júlio Diniz.
Obras:
Romance: As pupilas do senhor reitor (1867); Uma família inglesa (1868); A morgadinha dos
canaviais (1868); Os fidalgos da casa mourisca (1871).
Conto: Serões da província (1870).
Poesia: Poesias (1873)
Teatro: Teatro inédito (3 vol. – 1946-47)
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura

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