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LÍNGUA E LITERATURA LITERATURA PROFESSOR GERSON DE OLIVEIRA

RESUMO
TEMA : REALISMO/NATURALISMO

Realismo
O realismo, movimento estético predominante no mundo ocidental no último quartel do século XIX, surgiu como uma onda
de oposição à subjetividade e ao individualismo da tendência artística anterior, o romantismo. Com a intenção de fazer da arte
uma representação fidedigna e verossímil da realidade, escritores, pintores, escultores, músicos e dramaturgos privilegiaram a
objetividade em suas obras, atentos à veracidade das situações cotidianas.
Resumo sobre o realismo
O realismo foi uma escola estética com expressões em diversos campos da arte, como a literatura, as artes plásticas e a dramaturgia.
Surgiu na segunda metade do século XIX, em oposição à estética do romantismo.
Valorizava a objetividade, o factual e as situações cotidianas.
Pretendia expor os fatos tais como eles são, sem idealizações.
Na literatura, o gênero realista por excelência foi a prosa.
São grandes nomes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Charles Dickens, Fiódor Dostoiévski.
São grandes nomes do realismo brasileiro: Aluísio Azevedo, Raul Pompeia, Machado de Assis. https://youtu.be/QmFqrEVpoF4?si=ok4FrISOcHSD_yg_
Características do realismo
Valorização da objetividade e dos fatos. Impessoalidade, apagamento das ideias do autor.
Descrições de tipos sociais ou situações típicas. Fim das idealizações: retratos de adultério, miséria e fracasso social.
Prevalência das formas do romance e do conto.
Frequentes críticas às hipocrisias da moralidade da nova classe dominante, a burguesia.
Aceitação da realidade tal como ela é, em oposição aos anseios de liberdade dos românticos.
Esteticismo: linguagem culta e estilizada, escrita com proporção e elegância.
Tentativa de explicar o real, recorrendo muitas vezes à ciência ou ao determinismo.
Abordagem psicológica das personagens como composição da realidade que veem. https://youtu.be/iCXp_ic4p_E?si=dhGlr6Kd7DxMp9P4

Contexto histórico do realismo


Madame Bovary, romance de Gustave Flaubert, publicado em 1857, é considerado pela crítica literária a obra inaugural do
movimento realista. Nesse ano, morria Auguste Comte, fundador da filosofia positivista, a essa altura bastante popular na Europa.
O positivismo comteano teve grande influência nas obras do realismo e no pensamento da época de modo geral:
tratava-se de uma concepção de mundo científica, que propunha que a apreensão da realidade deveria ser objetiva,
empírica, como nos procedimentos de análise das ciências naturais. O progresso, ideal maior dos positivistas, só viria
por meio da ciência. https://youtu.be/mkMuIg2YnuE?si=kuOxGODZFrOvCBtF

O continente europeu vivenciava a chegada da Segunda Revolução Industrial,


https://youtu.be/tGsIuYPGl5s?si=6_zhp4HYpJEGb7YA

que trazia consigo uma urbanização massiva, bem como jornadas de trabalho extenuantes e um crescimento
desordenado das cidades, além da sujeira proveniente dos resíduos da produção fabril. O salto
tecnológico associado ao desenvolvimento industrial propiciou diversas descobertas e invenções que modificaram
a maneira como os cidadãos viviam, tais como a lâmpada elétrica, o rádio e o automóvel moderno movido à gasolina.
Foi nessa época que Charles Darwin publicou seu livro A origem das espécies (1859), cuja teoria
evolucionista influenciou diversas áreas do saber, incluindo a literatura. A ideia de que os seres vivos passam por
um processo de seleção natural, que determina as espécies que sobrevivem e as que são extintas, estendeu-se para
a dimensão das relações humanas: é o chamado darwinismo social. https://youtu.be/_3cHuinzLh4?si=xkN62_5x649ZNFlx

Essa concepção hierarquiza as sociedades, identificando os europeus como superiores intelectualmente graças ao desenvolvimento
tecnológico e cultural, ao contrário de outras sociedades, como os povos ameríndios e do continente africano,
reforçando, com um teor “científico”, a noção de “primitivo” e “civilizado” que já existia na mentalidade eurocêntrica
há muitos séculos. Outra teoria em voga na época era o determinismo científico, que entendia que o
comportamento humano é determinado pelas condições do meio, outro pensamento preconceituoso à serviço
da estratificação social. https://youtu.be/sYBhnyCtjpc?si=Db6u1lsqq5LVV377

Filhos de seu tempo, os realistas abraçaram a ciência como grande patrona do século XIX, substituindo as idealizações e anseios
de liberdade do romantismo por uma postura analítico científica, dissecando a realidade que se via em constante transformação.
Realismo na Europa. Nascido na França, herdeiro dos romances de Balzac e Stendhal, o realismo consolidou-se como movimento
literário a partir da obra de Gustave Flaubert. Flaubert é considerado o pai do realismo. Sua Madame Bovary (1857) foi um escândalo
à época, pois centrava o enredo em Emma, uma moça sonhadora que esperava encontrar no matrimônio a grande realização de sua
vida, mas, ao desposar Charles Bovary, desencanta-se rapidamente com o casamento e com a mediocridade do rapaz, um jovem
cirurgião sem talentos e de mentalidade obtusa.
As longas descrições de Flaubert, muito pormenorizadas e em linguagem trabalhada com excepcional afinco, revelam então Emma
em busca de algo que a interesse, o que a leva a jogos de sedução e ao adultério. Trata-se de uma dessacralização do casamento
enquanto encontro de almas do amor romântico.
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Em Portugal, entende-se que o movimento tem início em 1865, com a Questão Coimbrã, que começa com um prefácio do romântico
Feliciano de Castilho criticando avidamente a nova tendência literária que aparecia na poesia de Antero de Quental. Para ele, a nova
geração carecia de bom senso e de bom gosto.
Antero de Quental, por sua vez, respondeu-lhe em uma carta aberta, em defesa da liberdade de expressão e de existência da nova
escola. Castilho não respondeu; Ramalho Ortigão tomou suas dores, e a história acabou em um duelo, vencido por Antero de Quental
(que mal sabia segurar um florete). A Questão Coimbrã apareceu em páginas e páginas da imprensa portuguesa, funcionando como
um divisor de águas da literatura, pois o realismo tornou-se também a tendência estética vencedora a partir de então.
O principal romancista do realismo português foi Eça de Queirós, que além de escritor era diplomata, tendo viajado para diversos
lugares, como Cuba, Egito e América do Norte. Sua obra pode ser dividida em três fases: uma de preparação, composta
majoritariamente por produções veiculadas na imprensa (1866-1867) e alguns textos ainda de cunho romântico; uma de realismo
agudo, quando escreve os grandes romances críticos O crime do padre Amaro (1875/1876/1880), O primo Basílio (1878) e Os
Maias (1888); e uma de maturidade, caracterizada por um humanismo saudosista, época em que publica A ilustre casa de
Ramires (1900) e A cidade e as serras (1901).
Eça de Queiroz é o realista português de maior renome.[1]
A principal característica de Eça de Queirós é seu trabalho com a linguagem. “Sobre a
nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia” é uma de suas célebres frases, e reflete o
esmero com que se dedicou à estilização de sua prosa. Os cenários vulgares ou muitas vezes
degradantes do realismo são trazidos à tona por meio de uma descrição luminosa, rítmica,
feita com esmero. Veja um exemplo: https://youtu.be/GIP1mAgFOxQ?si=G7felHoPatKsrBSS

“Depois dos primeiros desesperos, desabafos em patadas no soalho e blasfêmias de que pedia logo perdão a
Nosso Senhor Jesus Cristo, quis serenar, estabelecer a razão das coisas. Aonde o levava aquela paixão? Ao
escândalo. E assim, casada ela, cada um entrava no seu destino legítimo e sensato — ela na sua família, ele na sua
paróquia. Depois, quando se encontrassem, um cumprimento amável; e ele poderia passear a cidade com a sua cabeça bem direita,
sem medo dos apartes da Arcada, das insinuações da gazeta, das severidades de sua excelência e das picadinhas da consciência! E a
sua vida seria feliz. — Não, por Deus! a sua vida não poderia ser feliz sem ela! Tirado à sua existência aquele interesse das visitas à
Rua da Misericórdia, os apertozinhos de mão, a esperança de delícias melhores — que lhe restava a ele? Vegetar, como um dos
tortulhos nos cantos úmidos da Sé! E ela, ela que o entontecera com os seus olhinhos e as suas maneirinhas, voltava-lhe as costas
mal lhe aparecia outro, bom para marido, com 25$000 por mês! Todos aqueles suspiros, aquelas mudanças de cor — chalaça! Mangara
com o senhor pároco!”
(Eça de Queiroz, O crime do padre Amaro)
No trecho acima, o autor descreve os acontecimentos que se dão logo depois de padre Amaro tomar
conhecimento de que Amélia, moça com quem se via envolvido, quebrando o celibato, tinha marcado
casamento com João Eduardo. A cadência da linguagem é bela e ordenada, trabalhada com afinco,
descrevendo com minúcias o pensamento do pároco, desde a preocupação com sua posição na Igreja até as
“picadinhas na consciência”.
Destacam-se ainda no contexto do realismo europeu as obras dos ingleses Charles Dickens, George
Eliot (pseudônimo de Mary A. Evans) e Henry James; do norueguês Henrik Ibsen; do sueco August
Strindberg; e dos russos Fiódor Dostoiévski, Liev Tolstói e Anton Tchekhov. https://youtu.be/Ugz9Sm4jFgc?si=ZhS0c6Z8ZpB99Okj

Realismo no Brasil
Enquanto o movimento europeu era norteado pelas mudanças do avanço industrial, que já alçava sua segunda etapa, o Brasil, por
sua vez, iniciava um lento processo de modernização, atravancado pelo ranço colonial que se mantinha na política do Segundo
Reinado e na manutenção da mão de obra escrava. Em sua maioria, os escritores realistas brasileiros foram republicanos
e abolicionistas, não raro abordando em suas obras esses ideais.
O realismo brasileiro tem início com os círculos literários nordestinos: primeiramente em Fortaleza (CE), com os grupos Fênix
Estudantil (1870), Academia Francesa (1872) e Padaria Espiritual (1892), que geraram autores célebres como Capistrano de Abreu,
Rodolfo Teófilo, Paula Nei, entre outros. Também nos anos de 1870 surge a chamada Escola do Recife, movimento intelectual
pernambucano liderado por Tobias Barreto e Sílvio Romero, grandes influenciadores do pensamento realista nacional.
Os três principais nomes do realismo brasileiro são o maranhense Aluísio Azevedo, o carioca Machado de Assis e o angrense Raul
Pompeia. Se quiser aprofundar-se nesse tema, acesse: Realismo no Brasil.
Aluísio Azevedo
Aluísio Azevedo, contudo, diferencia-se dos outros dois por sua estética de tendência naturalista. Corrente literária fundada pelo
francês Émile Zola, que, embora se assemelhe ao realismo e intente uma visão objetiva da realidade, tem características próprias:
no Naturalismo
prevalecem as descrições animalescas da personalidade humana, a abordagem patológica das personagens, a ênfase nos
instintos, perversões e comportamentos sexuais, bem como a explicação dos fatos apoiada no determinismo
científico. É o caso das obras Casa de pensão (1883) e O cortiço (1890), célebres produções de Azevedo.
No trecho a seguir, o autor narra o amanhecer no cortiço. A caracterização de homens e mulheres como machos e
fêmeas, aglomerados num “zunzum”, molhando o pelo, bem como a escolha dos verbos “fossando e fungando” e as
crianças “se despachando ali mesmo”, sem uso das latrinas, remete ao comportamento humano relacionado às
excrescências, elemento natural que nos aproxima da vida animal. https://youtu.be/ZFx9KBVaqAQ?si=mf3_OnqzUHKCnpw3
LÍNGUA E LITERATURA LITERATURA PROFESSOR GERSON DE OLIVEIRA
“Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros,
lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres
precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas
despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário
metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão.
As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá
dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no
capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.”
(Aluísio Azevedo, O cortiço)
Machado de Assis
Machado de Assis é um expoente da literatura brasileira.[2]
Machado de Assis, por sua vez, é aclamado como o maior escritor brasileiro de todos os tempos, principalmente
pela riqueza com que explora as técnicas narrativas e pelo retrato apurado da psique humana. Autor de romances,
contos, crônicas, peças de teatro e textos de crítica literária e teatral, além de poesias, sua prosa realista, que lhe
rendeu o posto de glória na literatura brasileira, passou a ser produzida a partir de 1870.
Em linguagem direta, mas elaborada, as obras machadianas conduzem à reflexão a partir de cenas do cotidiano. Não
é a história que se apresenta como novidade, mas o modo de narrar. Geralmente os personagens e situações são banais, mas a
maneira como Machado relata-os é que traz consigo a novidade genial: trata-se de um realismo que leva em consideração a condição
psicológica das personagens enquanto modo como elas apreendem a realidade.
Desse modo, a realidade, matéria-prima da estética realista, não é feita apenas de fatos, mas de como as pessoas percebem esses
fatos. Assim, a narrativa machadiana é repleta de interferências, fluxos de pensamento, memórias, digressões de todos os tipos, o
que aproxima a prosa da maneira como a mente de fato funciona. Machado também é dono de um humor peculiar e de uma ironia
sutil, presentes em boa parte de sua obra, dando a situações críticas uma certa leveza, e faz uso frequente da metalinguagem, ou
seja, refere-se à elaboração do livro no próprio livro, como no exemplo a seguir:
“Vim... Mas não; não alonguemos este capítulo. Às vezes, esqueço-me a escrever, e a pena vai comendo papel, com grave prejuízo
meu, que sou autor. Capítulos compridos quadram melhor a leitores pesadões; e nós não somos um público in-folio, mas in-12, pouco
texto, larga margem, tipo elegante, corte dourado e vinhetas... Não, não alonguemos o capítulo.”
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)
DIFERENÇA ENTRE REALISMO E NATURALISMO ►
https://youtu.be/3OuT7t708YE?si=J_qBNes_8k6UFGYn

ESTUDO DIRIGIDO
Responda as questões abaixo acerca do Realismo/Naturalismo

1) Explique o que foi o Realismo.


2) Quais as características do Realismo
3) Que autor, ano e obra inauguram o Realismo no Brasil?
4) Qual o contexto histórico do Realismo?
5) Explique o que foi a Segunda revolução Industrial
6) Explique o Positivismo
7) Explique o Determinismo
8) Explique o Darwinismo.
9) Explique Machado de Assis e sua importância para a literatura
10) Explique a diferença entre Realismo e Naturalismo
11) Quais os principais romancistas do Realismo/Naturalismo?
12) Como o cientificismo pode ser percebido nas obras do Realismo e no Naturalismo

TERMINAMOS

ENTRE NO CMSP – aulas 1 e 2 há 4 questões

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