Você está na página 1de 4

“Os objetos”,

de Lygia Fagundes Telles

Maytê Cristine do Nascimento Moreira


- Narrador: narrador-câmera
- Personagens e enredo: Lorena coloca contas
Sobre num fio para fazer um colar enquanto Miguel
lhe faz perguntas sobre os objetos da sala
o conto - Predominância de diálogos
– Diálogos e objetos evocam um tempo
psicológico

Tempo – O tempo cronológico é marcado pela confecção


do colar.
– A descrição detalhada das ações de Lorena
desacelera o tempo e é cheia de significados
Com a ponta da agulha ela tentava desobstruir o furo – Então é você que decide. Este anjinho não é
da conta de coral. Franziu as sobrancelhas. nada, mas se toco nele vira anjo mesmo, com
– É um anjo, ora. funções de anjo. – Segurou-o com força pelas asas.
– Quais são as funções de um anjo?
– Eu sei. Mas para que serve? – insistiu. E apressando-
Ela deixou cair na caixa a conta obstruída e
se antes de ser interrompido: – Veja, Lorena, aqui na
escolheu outra. Experimentou o furo com a ponta
mesa este anjinho vale tanto quanto o peso de papel da agulha.
sem papel ou aquele cinzeiro sem cinza, quer dizer, – Sempre ouvi dizer que anjo é o mensageiro de
não tem sentido nenhum. Quando olhamos para as Deus.
coisas, quando tocamos nelas é que começam a viver – Tenho então uma mensagem para Deus – disse
como nós, muito mais importantes do que nós, porque ele e encostou os lábios na face da imagem.
continuam. O cinzeiro recebe a cinza e fica cinzeiro, o Soprou três vezes, cerrou os olhos e moveu os
vidro pisa o papel e se impõe, esse colar que você está lábios murmurejantes. Tateou-lhe as feições como
enfiando... É um colar ou um terço? um cego. - Pronto, agora sim, agora é um anjo
vivo.
– Um colar.
– E o que foi que você disse a ele?
– Podia ser um terço? – Que você não me ama mais.
– Podia. Ela ficou imóvel, olhando. Inclinou-se para a
caixinha de contas.
– Adianta dizer que não é verdade?

Você também pode gostar