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Equipe de realização - Tradução: Ubirajara Rebouças; Planejamento gráfico: Lúcio � É PERSPECTIVA
Gomes Machado; Produção: Ricardo W. Neves e Raquel Fernandes Abranches. //(\\�
XXVIII POR UMA A°R;QUITETURA
Roteiro
uma cortina caiu, fechando-se para sempre sobre o que foi
dos nossos usos, dos nossos meios, de nossas obras; diante
de nós se abre a extensão e o mundo inteiro se precipitou
nela. A Liga das Nações volta para trás da cortina.
Operando com o cálculo, os engenheiros usam formas O estilo é uma unidade de princípios que anima todas
geométricas, que satisfazem nossos olhos pela geometria e as obras de uma época e que resulta de um estado de espírito
nosso espírito pela matemática; suas obras estão no caminho caracterizado.
da grande arte. Nossa época fixa cada dia seu estilo.
Nossos olhos, infelizmente, não sabem discerni-lo ainda
A Superfície
Os Aviões
Um volume é envolvido por uma súperfície, uma super
fície que é dividida conforme as diretrizes e as geratrizes do O avião é um produto de alta seleção.
volume, marcando a individualidade desse volume. A lição do avião está na lógica que presidiu ao enun
Os arquitetos, hoje, têm medo dos constituintes geomé ciado do problema e à sua realização.
tricos das superfícies. O problema da casa não está colocado.
Os grandes problemas da construção moderna serão As coisas atuais da arquitetura não respondem mais
realizados sobre a geometria. às nossas necessidades.
Sujeitos às estritas obrigações de um programa impe No entanto os padrões da habitação existem.
rativo, os engenheiros empregam as geratrizes e as linhas A mecânica traz consigo o fator de economia que
reveladoras das formas. Criam fatos plásticos límpidos e seleciona.
impressionantes. A casa é uma máquina de morar.
A Planta Os Carros
A planta é a geradora. l:l necessário tender para o estabelecimento de padrões
Sem planta, há desordem, arbitrário. para poder enfrentar o problema da perfeição.
A planta traz em si a essência da sensação. O Parthenon é um produto de seleção aplicada a um
Os grandes problemas de amanhã, ditados por necessi padrão.
dades coletivas, colocam de novo a questão da planta. A arquitetura age sobre os padrões.
A vida mod�rna pede, espera uma nova planta, para Os padrões são coisa de lógica, de análise, de estudo
a casa e para a cidade. escrupuloso; são estabelecidos a partir de um problema bem
colocado. A experimentação fixa definitivamente o padrão.
OS TRAÇADOS REGULADORES
ARQUITETURA
No nascimento fatal da arquitetura.
A obrigação da ordem. O traçado regulador é uma A Lição de Roma
garantia contra o arbitrário. Proporciona a satisfação do
espírito. A arquitetura estabelece relações comoventes com ma-
O traçado regulador é um meio; não é uma receita. teriais brutos.
A arquitetura está além das coisas utilitárias.
�ua escolha e suas modalidades de expressão fazem parte
mtegrante da criação arquitetural. A arquitetura é assunto de plástica.
Espírito de ordem, unidade de intenção.
OLHOS QUE NÃO VEEM O sentido das relações; a arquitetura trabalha com
quantidades.
Os Transatldnticos A paixão faz_ das pedras inertes, um drama.
Uma grande época começa. A Ilusão das Plantas
Um espírito novo existe.
Existe uma multidão de obras de espírito novo; são A planta procede de dentro para fora; o exterior é o
encontradas sobretudo na produção industrial. resultado de um interior..
Os hábitos sufocam a arquitetura. Os elementos arquiteturais são a luz e a sombra, a
Os "estilos" são uma mentira. parede e o espaço.
XXXII POR UMA ARQUITETURA ROTEIRO XXXIII
acompanham nossa
A ordenação é a hierarquia dos fins, a classificação das dos instrumentos de trabalho que
intenções. existência. do artista
O homem vê os objetos da arquitetura com seus olhos Bela também com toda animação que o senti
s.
que estão a 1, 70m d_o _ solo. Podemos contar somente com pode conferir a órgãos estritos e puro
objetivos acessíveis ao olho, com intenções que. mostram
os _ ele�entos. da arquitetura . Se contamos com intenções que ARQUITETURA OU REVOLUÇÃO
proble
nao sao da lmguagem da arquitetura, atingimos a ilusão das Em todos os domínios da indústria, colocou-se vê-los.
p!antas, transgredimos as regras das plantas por uma ausên um inst:I ume ntal capa z de resol
mas novos, criou-se
cia de concepção ou por inclinação para as vaidades. ado, há revolução.
Se esse fato é colocado em face do pass a peça em série;
Na construção começou-se a fabri car
Pura Criação do Espírito des econ ômic as, criou-se elemen
a partir de novas necessida
: realizações conclu
A modenatura é a pedra de toque do arquiteto. tos de detalhe e elementos de conjunto . Se nos colocarmos
Este se revela artista ou simples engenheiro. dentes são feitas no detalhe e no conjuntoodos e na amplidão
A_ modenatura � livre de qualquer coerção. diante do passado, há revolução nos mét
Nao �e trata mais nem de usos, nem de tradições, nem dos empreendimentos. ra evolui lenta
de procedimentos construtivos, nem de adaptações a neces Enquanto que a história da arquitetu de estruturas
mod alida des
sidades utilitárias. mente através dos séculos, sobre e o cimento contri
A modenatura é uma pura criação do espírito; ela e decoração, em cinqüenta anos, o ferro de um grande oder
ce
exige o plástico. buíram com aquisições que são o índi tetu
�
ra CUJO cod1go
ão e o índi ce de uma arqm
de construç
face do passado, vere
CASAS EM SERIE foi subvertido. Se nos colocamos em
s para �ós e que um
Uma grande época começa. mos que os "estilos" não existem mai
revoluçao.
Um espírito novo existe. estilo de época foi elaborado; houve
A .indústria, exuberante como um rio que rola para
: eu destino, no� traz os novos instrumentos adaptados a esta
epoca nova ammada de espírito novo.
A lei de economia administra imperativamente nossos
atos e nosos pensamentos. mente, to�aram
O problema da casa é um problema de época. O equi Os espíritos, consciente ou inconsciente necessida des,
eram
, .
hbno das sociedades hoje depende dele. A arquitetura tem conhecimento desses acontecimentos; nasc
como. 1:nmetro dever, em uma época de renovação; operar consciente ou inconscientemente. perturbado, oscila
a revisao dos valores, a revisão dos elementos constitutivos O mecanismo social, profundamente ou uma catás
da casa. entre uma melhoria de importância histórica
A série está baseada sobre a análise e a experimentação. trofe.
é de e assegur.'.'r
A grand� indústria deve se ocupar da construção e O instinto primordial de todo se� vivo soc� e ade nao
da : ?
estabelecer em sério os elementos da casa. um abrigo, As diversas classes ativas oper aria nem o
go conv emente, nem o
É preciso criar o estado de espírito da série. têm mais um abri
O estado de espírito de construir casas em série. intelectual.
está na chave do
O estado de espírito de residir em casas em série. 1' uma questão de construção que
revolução.
O estado de espírito de conceber casas em série. equilíbrio rompido hoje: arquitetura ou
. , s .e arrancarmos do coração e do espírito os conceitos
n!1ove1s,�a casa � se_ encararmos a questão de um ponto de
VISta c�ittco e obJetlvo, chegaremos à casa-instrumento, casa
, .
em sene, sadia (inclusive moralmente) e bela pela estética
Estética do Engenheiro
Arquitetura
imobilidade como uma tuberculose. Logo será preciso muitos O diagnóstico é claro.
sanatórios. Somos infelizes. Nossas casas nos repugnam; fu Os engenheiros fazem arquitetura porque empregam
gimos e freqüentamos os cafés e os bailes; ou então nos reu.;.. um cálculo saído das leis da natureza e suas obras nos fazem
nimos sombrios e escondidos nas casas como animais tristes. sentir a HARMONIA. Existe então uma estética do enge
Nós nos desmoralizamos. nheiro, pois é preciso, ao calcular, qualificar certos termos
da equação, e aí é o gosto que intervém. Ora, quando se
maneja o cálculo estamos num estado de espírito puro e,
neste estado de espírito, o gosto segue caminhos seguros.
Os arquitetos saídos das escolas, essas estufas onde se
fabrica hortências azuis, crisântemos verdes e onde se cultivam
Os engenheiros constroem os instrumentos de seu tempo. orquídeas sujas, entram na cidade com o espírito de um
Tudo, salvo ·as casas e as alcovas apodrecidas. leiteiro que venderia seu leite com vitríolo, com veneno.
Ainda se acredita, aqui e ali, nos arquitetos, como se
crê cegamente em todos os médicos. Pois é preciso que as
casas não caiam! É necessário, pois, recorrer ao homem da
arte! A arte, segundo Larousse, é a aplicação dos conheci
mentos para a realização de uma concepção. Ora, hoje são
os engenheiros que conhecem� que conhecem a maneira de
Há uma grande escola nacional de arquitetos e há sustentar, de aquecer, de vçntilar, de iluminar. Não é
ern todos os países, escolas nacionais, regionais, municipais, verdade?
de arquitetos, que embrulham inteligências jovens e lhes O diagnóstico é que, para começar pelo começo, o en
ensinam o falso, o artifício e as obsequiosidades dos cortesãos. genheiro que procede por conhecimento mostra o caminho
Escolas nacionais! e tem a verdade. É que a arquitetura, que é coisa de emoção
Os engenheiros são viris e saudáveis, úteis e ativos, plástica, deve, no seu domínio, COMEÇAR PELO COMEÇO
morais e alegres. Os arquitetos são desencantados e deso TAMBf:M E EMPREGAR OS ELEMENTOS SUSCETÍ
cupados, faladores ou lúgubres. É que em breve não terão VEIS DE ATINGIR NOSSOS SENTIDOS, DE SATISFA
mais nada a fazer. Não temos mais dinheiro para construir ZER NOSSOS DESEJOS VISUAIS, e dispô-los de tal
monumentos históricos. Precisamos nos justificar. maneira QUE SUA VISAO NOS AFETE CLARAMENTE
pela delicadeza ou pela brutalidade, pelo tumulto ou pela
Os engenheiros pensam nisso e construirão. serenidade, pela indiferença ou pelo interesse; estes elementos
são elementos plásticos, formas que nossos olhos vêem cla
ramente, que nosso espírito mede. Essas formas primárias
ou sutis, brandas ou toscas, agem fisiologicamente sobre
nossos sentidos ( esfera, cubo, cilindro, horizontal, vertical,
oblíqua etc.) e os comovem. Sendo afetados, somos sucetíveis
No entanto a ARQUITETURA existe. Coisa admirável, de perceber além das sensações grosseiras; nascerão então
a mais bela. O produto dos povos felizes e o que produz certas relações, que agem sobre nossa consciência e nos
povos felizes. conduzem a um estado de júbilo ( concordância com as leis
do universo que nos dirigem e às quais todos os nossos atos
As cidades felizes têm arquitetura. se submetem) em que o homem usa plenamente de seus
A arquitetura está no aparelho telefônico e no Parthenon. dons de lembrança, de exame, de raciocínio, de criação.
Como ela poderia estar à vontade nas nossas casas! Nossas A arquitetura, hoje, não se lembra mais daquilo que a
casas formam ruas e _as ruas formam cidades e mais cidades, começa.
é um indivíduo· que adquire uma alma, que sente, que sofre, Os arquitetos criam estilos ou discutem superabundan
que admira. Como a arquitetura poderia estar bem nas temente sobre estrutura; o cliente, o público reage em virtude
ruas e em toda a cidade! de hábitos visuais e raciocina à base de uma educação insu-
ESTÉTICA DO ENGENHEIRO, ARQUITETURA
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COLOQUEMOS O PROBLEMA