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As memórias de Eugênia Marcos Bagno

SINOPSE

A protagonista e narradora dessa história relaciona-se com o mundo e as


pessoas de uma forma bem particular: Eugênia é uma árvore que presencia o
surgimento e o crescimento da cidade onde vive e sofre as consequências do
progresso.
Escrito com apuro de linguagem e um toque de poesia, o livro de Marcos
Bagno, grande autor da nossa literatura, convida o leitor a revolver as memórias
de Eugênia, que guardam surpreendentes segredos.

APRESENTAÇÃO

Um bom livro é aquele que você não consegue resumir em poucas palavras,
porque permite várias camadas de leitura. As memórias de Eugênia, de
Marcos Bagno, é um ótimo exemplo dessa contestação. Se dissermos que
se trata das recordações de um jambeiro, ou de “uma jambeira”, para ser
mais exato, ao longo de 150 anos e de sua profunda relação de amizade
com várias gerações de uma mesma família, os Carvalho, estaríamos
corretos, mas longe ainda da complexidade do livro. Porque, para além
dessa camada superficial, o escritor oferece uma interessante reflexão
sobre as transformações do Brasil nesse século e meio, sejam as que se
dão entre quatro paredes (costumes e hábitos familiares), sejam as que
se dão na rua (por meio do nascimento e constituição de uma cidade),
sejam as que estabelecem relação com ambas, a luta pela salvação do
jambeiro, por exemplo. Mas também não se esgota aqui a trama desse
belíssimo livro. Permeando tudo, há uma linda história de amor, entre Rosa
e Floriano, de impedimento e superação. Por isso, As memórias de Eugênia
é um exemplo cabal não de um bom, mas de um ótimo livro.

— por LUIZ RUFFATO


As memórias de Eugênia Marcos Bagno

FICHA TÉCNICA

Ilustrador: Miguel Bezerra


Formato: 15 x 23 cm
Número de páginas: 88
Coleção: Metamorfose
ISBN: 978-85-385-4874-4
Indicação: a partir de 13 anos
Gênero/tipo: narrativa

Preparação e motivação para a leitura


Converse com seus alunos a respeito da palavra “memória”. O que ela
significa? Que memórias são “dignas” de constar em um livro? Que tipo de
memória um ser humano valoriza em sua vida? Pergunte se alguém já leu algum
livro de memórias.

Capa: Peça aos jovens que contemplem e analisem a capa do livro,


observando a ilustração, as cores e algum elemento que possa dar alguma
pista sobre o conteúdo. Você pode fazer alguns questionamentos, como: Qual
imagem predomina na ilustração? Por que será que o personagem observa a
árvore? Que tipo de flores são essas que caem da árvore?

Quarta capa: Peça a um aluno que realize a leitura do texto da quarta capa
do livro em voz alta. Depois, incentive todos a formular hipóteses sobre o que de
tão ruim poderia ter acontecido. Pergunte em que situações da vida a frase “Pude
ouvir seu coração batendo tambor no peito” poderia ser empregada. Observem
que outro personagem aparece na ilustração. Quem seria? Que relação poderia
ter com o personagem da capa? Para onde está direcionado seu olhar?
Lombada: Observem que a capa e a quarta capa do livro dialogam, e que
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o desenho da árvore, que atravessa a lombada, é o que as “une”. Questione:


Uma árvore tem o poder de unir as pessoas? O que uma árvore representa em
nossa sociedade? E em tempos mais remotos, ela representava a mesma coisa?
Orelhas: Leia com seus alunos o texto de Luiz Ruffato, da primeira orelha
do livro. Pergunte a eles quais das hipóteses criadas anteriormente sobre o
conteúdo do livro podem ser descartadas, e quais ainda podem possuir ligação
com o enredo, de acordo com o texto dessa orelha. Depois, leia o texto da segunda
orelha, sobre o autor Marcos Bagno, destacando o carinho e a intimidade desse
autor em lidar com as palavras. Trabalhe com os alunos a informação preciosa
que Bagno nos dá: o livro ficou pronto em uma semana. Questione: O conteúdo
do livro também foi criado em uma semana? Conversem sobre o tempo de
maturação de uma ideia, que não é o mesmo tempo de sua materialização.
Ou seja, o tempo que um escritor, ou um artista, leva para colocar no papel as
palavras, ou a tinta em uma tela, às vezes é o resultado de horas, dias ou anos
de desenvolvimento.

Dedicatória: Leia com os alunos a dedicatória do livro. Questione: Em que


aspectos uma árvore se assemelha a uma mãe?

Ilustrações: Estimule os alunos a folhear o livro observando o estilo


das ilustrações – os traços, as cores, a maneira como o ilustrador optou por
representar personagens, objetos, paisagens. Depois, peça a eles que formulem
hipóteses sobre onde Eugênia está plantada e como é a paisagem ao seu redor.
Essa paisagem se modifica? O que acontece ao redor de Eugênia? Peça aos
alunos que observem principalmente as ilustrações das páginas 20, 27 e 52. Há
uma história de amor no livro? Que elementos nos mostram isso?
Leitura expressiva: Fazer a leitura expressiva do início do livro (p. 6-12)
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enfatizando as questões de ritmo, pronúncia e entonação de voz, procurando


vivenciar as emoções, sentimentos e sensações da personagem. Repita o
questionamento: Onde Eugênia está plantada?

Exploração da Leitura

Após a leitura expressiva das páginas sugeridas e a leitura integral do livro,


comecem a “explorar” o texto, começando com a personagem Eugênia:

Eugênia

• Converse com seus alunos sobre essa personagem. Deixe que contem
suas impressões sobre ela. É uma personagem cativante? Por que ela é
diferente dos outros personagens? Qual é, aproximadamente, sua idade?
Quais são os personagens pelos quais ela possui maior afeto? Caso o
leitor não leia as orelhas do livro, que trechos do texto dão as primeiras
pistas de que Eugênia é uma árvore? Retomem as duas primeiras páginas:
“Aliás, sou mais antiga até, porque quando me puseram aqui a cidade
ainda nem existia. Me lembro perfeitamente. Isso já tem bem mais de
cento e cinquenta anos [...]” (p. 6); “Mas eu estava muito encostadinha na
barriga de Margarida: minhas folhas, muito poucas e minúsculas, roçavam
o vestido roxo, e era com elas que eu sentia os solavancos da estrada” (p.
7).
• Eugênia é quem narra os acontecimentos da vida da família Carvalho
ao longo de 150 anos. E ela tem um jeito todo especial de contar,
aproximando-se do leitor e fazendo dele uma espécie de confidente. Trace
com seus alunos um perfil de Eugênia, desde as características físicas
(um jambeiro que produz flores rosa) até as psicológicas. Questione: Pelo
modo como Eugênia conta as histórias, podemos dizer que ela é sábia?
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Paciente? Otimista? Imparcial? Sensível? Poética? Por quê? Peça a eles


que procurem no livro alguns trechos que revelem algumas características
e emoções da personagem. Ex: “Eu era ainda muito jovem, tinha pouco
mais de cinquenta anos, por isso era muito curiosa. Só depois é que fui
aprendendo a ter a paciência interminável das árvores multicentenárias.”
(p. 15); “Fiquei sem ter notícias das minhas queridas amigas por vários
meses.” (p. 32); “Com o passar do tempo, as pessoas começaram a ter
medo do rio, a considerá-lo um verdadeiro inimigo, uma força perigosa.
Isso, num futuro não muito distante, ia selar o destino dele, para minha
grande tristeza.” (p. 36); “Minhas células traduziram aquilo como uma
lembrança – a lembrança do dia em que Rosa e Floriano prometeram se
casar... Por isso, eram vibrações com o ritmo lento da saudade.” (p. 40).

• Não há como ler As memórias de Eugênia sem imaginar ou lembrar como


é, realmente, um jambeiro. Pergunte aos seus alunos se já viram um
jambeiro de perto e se já comeram jambos. Depois, sugira uma pesquisa
sobre a Eugenia malaccensis, com seleção de algumas fotos. Percebam
a intensidade da cor das flores do jambeiro e leiam novamente o trecho:
“Derramei sobre a pequena família uma chuva de flores, deixando o chão
atapetado com a penugem macia, de um intenso tom rosa, que só nós,
jambeiros, produzimos.” (p. 44). Comparem as informações coletadas na
pesquisa com as que constam no livro: “Malaccensis porque sua espécie é
natural de Malaca, uma região do sudeste asiático, de onde os portugueses
trouxeram os seus ancestrais para cá, muitos séculos atrás. Os mesmos
portugueses que trouxeram para cá meus ancestrais, transformados em
escravos [...]” (p. 77). Vocês podem estender essa atividade aprofundando
o tema com os professores de Biologia e História.
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• Eugênia, por meio de alguns relatos, leva o leitor a refletir sobre os


mecanismos orgânicos pelos quais é mantida a vida de todos os seres
viventes. Nesse sentido, a personagem, mais do que uma árvore, é a
personificação da natureza, que lembra o homem de sua fragilidade e de
sua impotência diante do tempo. Verdades seculares e necessárias, que a
tecnologia “abafa”, como a da transitoriedade da vida e a da importância da
preservação dos rios e das riquezas naturais, são comunicadas pela voz
de Eugênia. E não são poucas às vezes em que a personagem compara
o homem com outros seres vivos, utilizando de um humor refinado e
impiedoso para criticar atitudes humanas. Trabalhe com seus alunos as
várias questões levantadas por Eugênia.

Comunicação (a natureza fala)

• “O mais engraçado é que, inúmeras vezes, as pessoas falam mas não se


comunicam. Já presenciei essa coisa estranha. [...] Todos os outros seres
vivos que conheço se comunicam perfeitamente. Eu nunca soube de um
bem-te-vi que não entendesse com toda clareza o aviso de um outro bem-
te-vi.” (p. 7). Disponha os alunos em círculo e promova um debate com as
seguintes questões: O que é “comunicar-se”? Em que situações os homens
falam, mas não se comunicam? Por que isso acontece? (Ansiedade?
Desejos pessoais? Medo? Falta de organização?) A tecnologia exerce
alguma influência nessa falta de comunicação? As palavras, nesse caso,
são aliadas ou inimigas? O que seria necessário para que os homens
pudessem se comunicar melhor? (Simplicidade? Clareza? Sinceridade?
Objetivos em comum?). Após o debate, proponha a seus alunos que
escrevam uma carta a Eugênia, contando para ela por que muitas vezes
as pessoas falam mas não se comunicam.
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• Releia com seus alunos alguns trechos que retratam a vida de Eugênia,
mas em relação a aspectos mais intimamente ligados à “visão” e às
experiências de uma árvore, com todas as informações e conhecimentos
que ela tem a oferecer: “percebi que ele chorava, por causa da leve
umidade que senti naquele ponto.” (p. 6); “Mas nossos ajudantes mais
preciosos são mesmo os morcegos. O que seria do mundo sem eles?
Difícil saber. Toda noite, por todos os cantos do mundo, milhões e milhões
de morcegos saem voando pela escuridão, espalhando as sementes de
todo tipo de árvore que se possa imaginar. Por isso temos enorme prazer
em abrigar tantos deles em nossos galhos quando vêm descansar, mal
rompe a manhã.” (p. 7); “Também trocamos mensagens por baixo da terra.
Assim, todas as árvores do mundo formam uma única e grande rede. [...]
Só um vegetal sabe o que é a luz, do que ela é feita e o amor profundo e
indescritível que ela transmite.” (p. 8); “Foram plantadas diversas mudas
de árvores, já meio crescidas [...]. Dei as boas-vindas a cada uma e relatei
a história da cidade e tudo o que já tinha acontecido por ali.” (p. 33); “Rosa
encostou o rosto em mim. Seus pensamentos emitiram os fraquinhos
impulsos elétricos que o cérebro humano dispara.” (p. 40). Após a leitura
dos trechos, proponha uma atividade: Os alunos deverão escrever textos
em que o narrador seja uma planta ou um objeto e narrar experiências de
um ponto de vista diferente do dos seres humanos. Vocês podem ler e
discutir alguns textos ao final do trabalho.

Tempo e tecnologia

• Proponha uma busca por marcadores de tempo com base nas mudanças
tecnológicas. Ex: “Quando [os homens] apareceram por aqui, a maioria
das plantas já tinham explorado todos os cantos e recantos da terra.”
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(p. 8); “O lugar onde estou hoje ainda não era essa praça abandonada,
arruinada e melancólica. Muitos e muitos anos antes disso, era o jardim
da casa de Margarida.” (p. 11); “Foi nesse período que vi os primeiros
automóveis. Ainda se pareciam com as antigas charretes, só que não eram
puxados por cavalos...” (p. 36); “As distâncias entre nós, árvores, eram
muito grandes e entremeadas de obstáculos. Nem mesmo por baixo da
terra podíamos nos falar, porque o subsolo da cidade era ocupado agora
por tubulações cada vez mais numerosas.” (p. 43); “Chegou uma época
em que os cavalos tinham desaparecido completamente. Uma época em
que o ar se encheu de uma vibração nova que eu conseguia captar mas
não conseguia decifrar. Eram as ondas do rádio. Ao mesmo tempo, o céu
era atravessado por grandes e feios pássaros artificiais. Eram os primeiros
aviões.” (p. 45).

• “O mundo das pessoas estava se transformando numa velocidade


acelerada demais para que elas mesmas se dessem conta do que estava
acontecendo. Eu podia sentir essas mudanças no ar e na terra. Por toda
a cidade foram plantadas árvores de uma espécie nova, inventada pelos
homens, chamadas postes de eletricidade. Eram troncos retos, despidos
de qualquer folhagem, desprovidos de raízes, cadáveres de árvores,
cortadas ainda jovens.” (p. 45). Eugênia fala de um tempo em que os
postes elétricos estavam começando a ser instalados. Pergunte a seus
alunos: O “mundo das pessoas”, de lá para cá, tem se mostrado muito
diferente? Ainda há a sensação, nos dias atuais, de que não damos conta
do que está acontecendo devido à velocidade da tecnologia?
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Amor
• Há uma atmosfera romântica no livro – o amor romântico – que se concentra
principalmente na história de Rosa e Floriano. A genealogia da família
Carvalho, desde que Eugênia despontou na superfície da terra, tem seu
ponto culminante no momento em que Floriano deixa de escrever a Rosa.
Converse com seus alunos sobre a maneira como Eugênia e Floriano
decidiram se casar e sobre a mudança que os afastou. Pergunte: Alguém
já viveu ou conhece alguém que tenha vivido uma história parecida com
a do casal do livro? Rosa errou ao não ter escrito para Floriano quando
este deixou de escrever a ela? E Floriano, agiu corretamente ao não
procurar Rosa e tirar a limpo as histórias contadas pelo seu pai? Eles
foram orgulhosos? Releia com seus alunos o trecho: “O orgulho é a fonte
dos maiores arrependimentos.” (p. 60). Pergunte a eles se concordam
com essa afirmação e se alguém passou por alguma situação e depois
se arrependeu por conta do orgulho. Trabalhe com os alunos o perigo
em classificar como certas ou erradas algumas das atitudes humanas,
principalmente quando se trata de relacionamentos amorosos. Lembre-os
sempre de que a maturidade de cada indivíduo, assim como o contexto
dos acontecimentos, pesam muito na hora de tomar alguma decisão.
Questione: Rosa e Floriano, no contexto em que estavam, foram “maduros”
ao decidirem se casar mesmo em idades tão avançadas?
As memórias de Eugênia Marcos Bagno

Foco narrativo
• A narração em primeira pessoa, feita pela narradora-personagem Eugênia,
permite que o leitor saiba apenas de alguns momentos da vida da família
Carvalho: aqueles que Eugênia “escolheu” narrar, os momentos que ela
pôde presenciar ou dos quais recebeu notícias por outros meios (como
por suas amigas árvores, por exemplo). Incentive os alunos a encontrar
alguns trechos do livro em que Eugênia afirma não saber exatamente
o que aconteceu por um determinado período de tempo: “Como seria a
convivência de Rosa e Antero, agora que estavam sob o mesmo teto? [...]
Fiquei sem ter notícias das minhas queridas amigas por vários meses.” (p.
32); “Os meses foram se passando, a barriga de Rosa foi crescendo até
que ela parou de vir trabalhar. Fiquei um tempo sem notícias. Eu tentava
me comunicar com as outras árvores da cidade, mas isso agora tinha se
tornado um tanto difícil...” (p. 43).

• Eugênia não interage com os outros personagens do livro em linguagem


humana, pois, obviamente, é uma árvore. Trabalhe com seus alunos as
vantagens e desvantagens disso: Em um contexto mais “realista”, um
narrador humano poderia narrar os mesmos acontecimentos de um ponto
de vista parecido com o de Eugênia? Ele poderia presenciar as conversas
de um casal apaixonado da mesma forma como ela presenciou? Por
quê? Destaque o fato de Eugênia viver por muitos anos, o que possibilita
que conte ao leitor, por ter estado de “corpo presente”, os diálogos e
acontecimentos da vida de várias pessoas.
As memórias de Eugênia Marcos Bagno

Raízes portuguesas e africanas

• A espécie Eugenia malaccensis, como informa o personagem Resedá, foi


trazida de uma região do sudeste asiático para o Brasil pelos portugueses,
que também trouxeram os negros para trabalharem como escravos.
Eugênia expõe um pouco dessas raízes: “Todos esses prédios ficavam em
torno de uma rua circular – a Avenida Municipal –, que por sua vez fazia o
contorno da grande praça redonda, toda composta de pedras portuguesas
claras e escuras que formavam o desenho de uma única e grande flor.”
(p. 33); “Pude ver que lindo homem ele era. Tinha a pele muito lisa e
muito escura, quase da cor da casca do meu tronco. [...] Seus lábios eram
finos.” (p. 76). Atentem para o fato de que os lábios dos negros geralmente
são grossos, o que mostra que Resedá, na verdade, é uma “mistura” do
negro com o branco – um símbolo da diversidade cultural que Bagno nos
apresenta no livro.

• O personagem Resedá abre possibilidades de trabalho com a cultura e


a religião africanas, o que possibilita propor uma pesquisa a respeito dos
seus cultos e rituais. Os professores de História e de Sociologia poderão
ajudar nesta tarefa.

Expansão da leitura

Neste trabalho de expansão, é importante apresentar aos alunos algumas


obras que se relacionam, de alguma forma, com As memórias de Eugênia:

• Com o livro Memórias de um cabo de vassoura, de Orígenes Lessa, é


possível estabelecer pontes que levarão seus alunos a perceber melhor
a linguagem e as características de narradores “não tradicionais”. O cabo
As memórias de Eugênia Marcos Bagno

de vassoura em questão conta, com um humor bem peculiar, toda sua


vida desde que foi arrancado da árvore em que era tronco. Ele também
escuta, como Eugênia, muitos diálogos de pessoas, emite opiniões sobre
“as coisas humanas” e, por vezes, critica algumas atitudes do “mundo
dos homens”. Você pode propor uma atividade de comparação de frases
desses dois narradores-personagens. Além de enriquecedor, esse trabalho
será também muito divertido.

• O filme Avatar, do diretor James Cameron, é uma ótima oportunidade


de aprofundar com seus alunos muitas das reflexões propostas em As
memórias de Eugênia: as “redes” orgânicas que ligam todos os seres
vivos, a simbologia da árvore como mãe geradora e mantenedora da vida,
as diferentes formas de comunicação, a preservação do meio ambiente,
as diferentes crenças e as organizações que lutam em prol de um único
(e talvez vital) objetivo. Discuta com seus alunos o que é ficção e o que é
realidade em Avatar e em As memórias de Eugênia. Como são duas obras
muito distintas, mas que apresentam links em comum, trabalhe com eles
sobre as diferenças estéticas/artísticas (ex: ficção científica, texto literário,
linguagem cinematográfica, etc.). É possível também estabelecer pontes
entre os termos “avatar” e “resedá”. O primeiro vem do sânscrito Aval,
originário da Índia e descrito no livro sagrado dos Vedas, que tem como
significado “encarnação de Deus na Terra”. O segundo é o nome popular
de uma árvore originária da Índia – lagerstroemia indica. Questione seus
alunos sobre a importância desses nomes nas obras em questão. Em que
eles se aproximam? Podemos dizer que o personagem Resedá sugere,
de alguma forma, uma relação sagrada com a natureza?
As memórias de Eugênia Marcos Bagno

• Proponha a seus alunos a criação de árvores genealógicas. Cada um fará


a de sua família. Explique a eles que essa atividade é a representação da
origem e da “evolução” das famílias, revelando as conexões estabelecidas
entre seus membros. Normalmente, essa representação é feita por meio
de um desenho que lembra o formato de uma árvore – por isso o nome
“árvore genealógica”. Oriente-os para que registrem o nome do ancestral
mais antigo que conseguirem encontrar e, a partir deste, os nomes de seus
descendentes, até chegar ao membro mais novo. É importante também
saber de onde vieram esses ancestrais. Os nomes completos e as datas e
locais de nascimento e de óbito das pessoas são os dados mais comuns
de serem encontrados em uma árvore genealógica. Você pode sugerir aos
alunos que busquem algumas fotos de árvores genealógicas na internet
para que visualizem os vários formatos possíveis. Depois, cada um poderá
“personalizar” a sua. Lembre os alunos do diálogo entre Rosa e Antero,
quando falavam sobre Eugênia: “— É a nossa árvore genealógica.” (p. 38).

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