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Português – 8.º ano


Ano letivo 2022/2023

LEITURA E EDUCAÇÃO LITERÁRIA – Questionário

NOME: __________________________________________________ Nº: ______ TURMA: ______ DATA: ____ / ____/ ____
CLASSIFICAÇÃO: ______ % (____________________________________________________________________________)
PROFESSOR(A): _____________________________ ENCARREGADO DE EDUCAÇÃO: ________________________________

1. Lê o Texto A e a nota.

Texto A
O que leem (e como leem) os adolescentes?

Ler implica foco, silêncio, u m tempo lento. Ou seja, o contrário dos hábitos dos
nativos digitais. Mais do que saber se cumprem as leituras escolares, importa descobrir o
que é que os jovens leem por puro prazer e como é que esse gosto se pode estimular.
Francisco Ferreira trata os livros com estima, mas também com familiaridade
suficiente para não recear dobrar os cantos das páginas e m vez d e usar u m marcador. É u m 5

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leitor eclético como mostram os três livros que traz na mão: Diário de um adolescente na
Lisboa de 1910, de Alice Vieira, que conta a história de u m rapaz à época da queda da
monarquia; An adventure on Madeira Island, tradução inglesa da famosa coleção “Uma
Aventura”, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada; e Little house on the prairie, uma
novela de 1935, da americana Laura Ingalls Wilder, sobre as suas experiências enquanto 10
criança no centro oeste do país.
“Gosto de ler em inglês porque ganho mais vocabulário”, explica o adolescente de 15
anos, que frequenta o 9.º ano.
Usa várias vezes a expressão “estou a trabalhar u m livro” quando se refere às leituras
da escola, mas, por oposição, considera as suas próprias leituras, que faz sobretudo 15

quando está de férias, como momentos de descanso, deixando muito clara a fronteira
entre a leitura por obrigação e por prazer. Os três livros que traz consigo têm histórias
muito diferentes, mas uma coisa em comum: as personagens são adolescentes, como
ele próprio. Não há grande mistério nesta preferência: os adolescentes gostam de ler
obras com protagonistas da mesma idade porque conseguem relacionar-se com a história 20

sob uma perspetiva mais pessoal. “Nós só conseguimos ler aquilo para que estamos
preparados”, explica a mediadora de leitura Andreia Brites. “Podemos ler u m livro difícil do
ponto de vista da linguagem se o tema nos for próximo e o inverso também é possível: ler
algo cujo tema nos é estranho e sobre o qual não temos u m conhecimento prévio
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estruturado, se for nu ma linguagem simples que nos permita compreender.”
Para Andreia, que trabalha desde 2005 nas bibliotecas de todo o país, sobretudo com
jovens, esta adequação é muito importante: pô-los perante coisas para as quais não
1
estão preparados é “matar” leitores. “Se lhes damos u m tipo de livro para o qual ainda não
têm competências, eles não só vão rejeitar aquele livro como muitos semelhantes.” A
mediadora acredita que recomendar-lhes leituras passa sobretudo por conhecê-los. “Gostam
de animais, de carros ou de u m desporto? São mais imaginativos ou mais pragmáticos?
Há algum filme ou jogo de computador de que gostem e que possa influenciar na leitura
de u m livro? Tudo é válido. O mais importante é conhecê-los.”

Apesar disso, garante que há temas e géneros que, por norma, lhes são caros.
“Os adolescentes, tipicamente, têm uma grande necessidade de ter, por u m lado, contacto
com as tragédias e com a realidade mais dura e, por outro, com a fantasia e a aventura.”
Sofia Teixeira, in www.noticiasmagazine.pt, 27-01-2019 (consult. em 09-10-2021)

1. eclético: versátil, variado.

2. Associa a cada elemento da coluna A uma única frase da coluna B, conforme o sentido do texto.

3. Assinala, nos itens 3.1. a 3.3., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.

3.1. Ao “dobrar os cantos das páginas em vez de usar um marcador” (linha 5), Francisco revela
a. desinteresse pela leitura.
b. ecletismo em relação à leitura.

3.2. Os três livros referidos no segundo parágrafo têm em comum


a. o tema e o género.
b. um enredo cheio de suspense.

3.3. O pronome pessoal “lhes” (linha 29) refere-se a


a. “bibliotecas de todo o país” (linha 27).
b. “jovens” (linha 28).

4. Completa a afirmação seguinte com uma das expressões abaixo apresentadas

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Lê o Texto B e as notas.

TEXTO B
Os livros
Barafustaram comigo, n e m escutaram o que eu queria que entendessem. Diziam que os
livros queimavam os olhos, eram diurnos, não serviam para as noites. As regras do nosso
colégio interno, para meninos casmurros como eu, mandavam assim.
Queriam os livros no corredor. As luzes apagadas às nove.
Eu ainda deitei mão a alguns volumes, toquei-lhes brevemente igual a quem cai
n u m precipício e procura agarrar-se, mas não me deixaram nada. Apenas o candeeiro
5 já apagado, como se a luz tivesse morrido de tristeza. […]
Fui ver a minha nova estante logo pela manhã.
Era u m bocado de espaço arranjado entre tralhas meio esquecidas. Fiquei
ofendido. Os livros não esquecem nada. Eles são para sempre a mesma memória
admirável. Esquecer livros é uma agressão à sua própria natureza. Embora, na verdade,
10 eles n e m se devam importar, porque podem esperar eternamente.
Alguém colocara uma pequena placa dizendo: não alimente os animais. Fiquei sem
saber se queriam dizer que os livros eram bichos comendo as nossas ideias ou se seria eu
u m devorador de páginas, alimentado de palavras como as histórias. As histórias podem
comer muitas palavras.
Pensei: os meus queridos livros. Era o que pensava e sentia: os meus queridos livros.
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Olhava-os como se estivessem vivos e pudessem sofrer. Como se pudessem também
entristecer.
Gostei de colocar a hipótese de os livros serem como bichos. Isso faz deles o que
sempre suspeitei: os livros são objetos cardíacos. Pulsam, mudam, têm intenções,
prestam atenção. Lidos profundamente, eles estão incrivelmente vivos. Escolhem
20 leitores e entregam mais a uns do que a outros. Têm uma preferência. São inteligentes
e reconhecem a inteligência.
Os livros estão esbugalhados a olhar para nós. Quando os seguramos, páginas
abertas, eles também estão esbugalhados a olhar para nós.
Os meus colegas ficaram todos a rir-se de mim. Eu era conhecido como o rapaz que
perdia a hora de dormir. Tinha a cabeça na lua, diziam. Não me importei nada. Rirem-se
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de nós pode ser só u m erro no ponto de vista. E eles, todos eles, estavam errados.
A primeira vez que vi u m livro, que me lembre, era u m que estava aberto,
pousado sobre a mesa, com as folhas em leque como se fossem uma colorida flor
contente.
Podia ser uma caixa esquisita para arquivar pétalas secas, podia ser para guardar
30 documentos ou cartas de amor. De perto, era afinal u m livro muito branco, cheio de
palavras impressas. Julguei que podia ser um bordado miudinho. Um enfeite para que as
páginas ficassem bonitas. Pensei que fosse uma prenda de enxoval.
Depois, compreendi, era o modo silencioso das conversas. Todos os livros são
conversas que os escritores nos deixam.
35 Valter Hugo Mãe, Contos de cães e maus lobos, Porto Editora, 2015 (págs. 93-95, com supressões)

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5. Ao longo do texto, faz-se referência a dois momentos da vida do narrador. Associa a cada
momento (Coluna A) as situações ou descobertas relacionadas (Coluna B).

6. Assinala as três expressões utilizadas para realçar a capacidade que os livros têm de se
manifestarem e interagirem com os leitores.

a. “Barafustaram comigo” (linha 1)


b. “mandavam assim” (linha 3)
c. “são objetos cardíacos” (linha 21)
d. “entregam mais a uns do que a outros” (linha 23)
e. “estão esbugalhados a olhar para nós” (linha 25)
f. “ficaram todos a rir-se de mim” (linha 27)

7. Relê o primeiro parágrafo.

7.1 Por que razão se autocaracteriza o narrador como “casmurro”?

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7.2. Assinala a opção correta.


Neste parágrafo, o narrador faz referência a si próprio através de
a. dois grupos nominais (nome próprio e expressão “meninos casmurros”).
b. três pronomes pessoais e um determinante possessivo.
c. quatro pronomes possessivos.
d. dois pronomes pessoais e dois pronomes relativos.

8. “Alguém colocara uma pequena placa dizendo: não alimente os animais.” (linha 13).
O narrador interpreta livremente o sentido da placa, de duas formas opostas. Explicita as duas
interpretações.
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9. Assinala, nos itens 9.1. a 9.2., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto:

9.1. No oitavo parágrafo (linhas 20-24), a interação que os livros criam com os leitores é acentuada
a. pelo uso da antítese e da enumeração.
b. pelo uso da comparação e da hipérbole.
c. pelo uso da metáfora e da anáfora.
d. pelo uso da metáfora e da personificação.

9.2. Na frase “Julguei que podia ser um bordado miudinho.” (linha 34), a oração subordinada
desempenha a função sintática de

a. sujeito.
b. complemento direto.
c. complemento indireto.
d. complemento oblíquo.

10. Esclarece o sentido da última frase do texto:


“Todos os livros são conversas que os escritores nos deixam.” (linhas 36-37)

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