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NOME: __________________________________________________ Nº: ______ TURMA: ______ DATA: ____ / ____/ ____
CLASSIFICAÇÃO: ______ % (____________________________________________________________________________)
PROFESSOR(A): _____________________________ ENCARREGADO DE EDUCAÇÃO: ________________________________
Lê o Texto A e a nota.
Texto A
Lúcia afogada
Dalila Carmo traz Gata Borralheira a Matosinhos
Na versão de Sophia de Mello Breyner Andresen, a “História da Gata Borralheira”
não é exatamente como os irmãos Grimm a conceberam. É u m conto sobre a
importância das escolhas que se fazem. No espetáculo Lúcia afogada, que no
sábado sobe ao palco do Teatro Municipal de Matosinhos – Constantino Nery, a
narrativa de Sophia cruza-se a i nd a com a poesia do livro Dia do mar para se
transformar n u m a reflexão sobre a corrupção do mundo.
Com os atores Dalila Carmo e Duarte Grilo nos papéis de Lúcia e do príncipe,
o espetáculo da Nova Companhia é dirigido por Martim Pedroso e conta com
música original de Carlos Morgado. Trata-se de uma viagem de vida que começa na terra e
acaba no fundo do mar. Um delírio dramático e poético em torno da frugalidade1 e
sobre como é fácil ser-se levado a escolher o caminho menos essencial.
“Este conto é uma luta entre dois mundos”, lê-se no texto de apresentação
de Lúcia afogada: “O m u n d o material (simbolizado pelos sapatos de diamantes) e
o m u n d o essencial (simbolizado pelo reencontro com o mar). O narrador, u m
estran h o príncipe aparentemente encantado, recria a história de Lúcia, um a
rapariga com u m horrível vestido lilás que sempre sonhou pertencer ao m u n d o das
coisas materiais e que, para seguir esse sonho, acaba por se desviar do amor e dos
valores familiares. Como vingança por não ter conseguido conquistar o amor de
Lúcia, o príncipe, ferido e atormentado, volta 20 anos mais tarde para a confrontar
com o passado e para lhe devolver a memória das coisas naturais”.
L ú ci a a f o g a d a
M12
Preço dos bilhetes: 7,50€. Para crianças até aos 14 anos, estudantes e maiores de 65
anos: 5€. Desconto de 20% para compras superiores a 10 bilhetes.
3. Assinala, nos itens 3.1. a 3.3., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
3.1. Este texto é uma apresentação do
a. essencialmente.
b. também.
c. apenas.
d. bem.
TEXTO B
O primeiro baile
Como uma rapariga descalça, a noite caminhava leve e lenta sobre a relva do jardim.
Era uma jovem noite de junho, a primeira noite de junho. E debruçada sobre o tanque
redondo, ela mirava extasiadamente 1 o reflexo do seu rosto. […]
Lúcia tinha dezoito anos e era este o seu primeiro baile. […]
A grande sala estava cheia de gente dançando, pares que se multiplicavam nos
5 enormes espelhos esverdeados. Ao fundo, u m grupo de músicos tocava. Pelas janelas
abertas entravam os perfumes do jardim. As cortinas inchavam-se de brisa.
A filha da dona da casa apresentou Lúcia às amigas. Estas falaram-lhe com
u m ar alheio2 e sorriram com ar indiferente. Depois continuaram as suas conversas,
como se ela não estivesse ali. Falavam muito depressa, em frases u m pouco
incompreensíveis e entrecortadas, batiam as pestanas e sacudiam os cabelos.
10 Lúcia olhava-as com u m misto de temor e fervor3. Pareciam-lhe todas
bonitas, animadas por uma vida rápida e segura, e tinham faces rosadas como u m
fruto e u m agudo brilho nas vozes metálicas.
A música parou, os pares desfizeram-se, outras raparigas acompanhadas por
rapazes vieram reunir-se ao grupo onde a filha da dona da casa estava.
Lúcia tentou seguir a conversa. Fez uma pergunta, mas ninguém lhe respondeu.
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A música começou outra vez a tocar, os rapazes convidaram as raparigas para
dançar, e o grupo desfez-se.
Lúcia ficou sozinha. Ninguém a tinha convidado para dançar. […]
[Lúcia dirigiu-se a u m quarto de vestir, onde ouviu um a conversa entre três raparigas que
comentavam o vestido que ela trazia.]
“Para que vim eu a este baile?” pensou. “Aqui o meu vestido é uma espécie de
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antipassaporte, que me proíbe a passagem para o m u n d o deles.”
Desceu a escada. Na entrada, parou em frente de u m grande espelho de
moldura doirada, pendurado por cima de u m tremó 4 . Estava ainda mais pálida
agora. Abriu a carteira e, rapidamente, pôs u m pouco mais de rouge5 nos dois lados da
25 cara.
Então, no fundo do espelho, atrás da sua cara, viu, descendo a escada, a terceira
rapariga. Era loira, não alta, mas esguia, e tinha u m ar aéreo. O vestido, de chiffon6
cor de-rosa pálido, dançava em redor de seus passos.
Lúcia fingiu não a ver, mas a rapariga avançou, parou ao seu lado, em frente do
30 espelho, sorriu e disse:
– Não se veja nesse espelho. Faz muito má cara. Lúcia, perplexa, murmurou:
– Pois é, talvez…
– A sua pele é linda e branca – atalhou a rapariga – e, ali, parece cinzenta. É
melhor não olhar para lá. […] Sabe… é preciso não dar importância a este género de
espelhos. São como as pessoas más, não dizem a verdade.
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Sophia de Mello Breyner Andresen, “História da Gata Borralheira”, in Histórias da terra e do mar,
Porto Editora, 2018 (págs. 5-14, com supressões)
1. extasiadamente: com prazer. 2. alheio: desinteressado, distante. 3. fervor: grande interesse. 4. tremó: móvel estreito. 5.
3
rouge: cosmético de tom avermelhado para avivar as cores do rosto. 6. chiffon: tecido fino de seda.
8. À saída do quarto de vestir e na entrada da casa, junto ao espelho, Lúcia experienciou vários
sentimentos. Identifica-os, referindo os acontecimentos que lhes deram origem.
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