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QUESTÃO 01.

(ENEM 2002) 
“Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso.
Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha
e miosótis nos cabelos.  Abelhas douradas, verdes e azuis, falavam mal das vespas
de cintura fina – achando que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas
aos centos criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de
gaze tinham com o pó das suas asas. Mamangavas de ferrıes amarrados para não
morderem. E canários cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões
camaronando, e caranguejos caranguejando, tudo que é pequenino e não morde,
pequeninando e não mordendo.

LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947.

No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem


para caracterizar o ambiente fantástico descrito. Expressões como “camaronando”,
“caranguejando” e “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos
de

(A) esvaziamento de sentido.


(B) monotonia do ambiente.
(C) estaticidade dos animais.
(D) interrupção dos movimentos
(E) dinamicidade do cenário
QUESTÃO 02. Monteiro Lobato está cronologicamente vinculado ao

a) Modernismo
b) Parnasianismo
c) Pré-Modernismo
d) Concretismo
e) Romantismo
QUESTÃO 03. (UFRJ - 2011)

O personagem Jeca Tatu é um dos mais famosos da obra de Monteiro Lobato. No


livro Urupês, Lobato desconstrói a imagem idealizada do homem rural
Esse anúncio retratava aspectos da sociedade brasileira da época, expressando
críticas principalmente às condições de:
a) acesso à escolarização
b) assistência médico-hospitalar
c) salubridade nas áreas rurais
d) integração econômica regional
QUESTÃO 04. (Enem/2013) Então, a travessia das veredas sertanejas é mais
exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de
um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a outra o
afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e
não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos
estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no
aspecto desolado; árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos,
entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos
pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante…
CUNHA, E. Os sertões. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 2 jun. 2012.

Os elementos da paisagem descritos no texto correspondem a aspectos


biogeográficos presentes na

A) composição de vegetação xerófila.


B) formação de florestas latifoliadas.
C) transição para mata de grande porte.
D) adaptação à elevada salinidade.
E) homogeneização da cobertura perenifólia.
QUESTÃO 05. (Enem 2009, 3ª aplicação) O falecimento de uma criança é um dia
de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres pais, jubilosos entre as
lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas dos
desafios, enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores,
o anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da
volta para os céus, para a felicidade eterna — que é a preocupação dominadora
daquelas almas ingênuas e primitivas.

(CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Edição comemorativa


do 90.º ano do lançamento. Rio de Janeiro: Ediouro, 1992, p. 78)

Nessa descrição de costume regional, é empregada:


A. Variante linguística que retrata a fala típica do povo sertanejo.
B. A modalidade coloquial da linguagem, ressaltando-se expressões que
traduzem o falar de tipos humanos marginalizados.
C. Variedade linguística típica da fala doméstica, por meio de palavras e
expressões que recriam, com realismo, a atmosfera familiar.
D. Linguagem literária, na modalidade padrão da língua, por meio da qual é
mostrado o Brasil não-oficial dos caboclos e do sertão.
E. A linguagem científica, por meio da qual o autor denuncia a realidade
brasileira.
QUESTÃO 06. (Enem 2014, 3ª aplicação) A sua concepção de governo [do
Marechal Floriano Peixoto] não era o despotismo, nem a democracia, nem a
aristocracia; era a de uma tirania doméstica. O bebê portou-se mal, castiga-se.
Levada a coisa ao grande o portar-se mal era fazer-lhe oposição, ter opiniões
contrárias às suas e o castigo não eram mais palmadas, sim, porém, prisão e
morte. Não há dinheiro no tesouro; ponham-se as notas recolhidas em circulação,
assim como se faz em casa quando chegam visitas e a sopa é pouca: põe-se mais
água.

(BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Brasiliense, 1956)

A obra literária de Lima Barreto faz uma crítica incisiva ao período da Primeira
República no Brasil. No fragmento do romance Triste fim de Policarpo Quaresma, a
expressão "tirania doméstica", como concepção do governo florianista, significa
que:
A. O regime político era omisso e elitista.
B. A visão política de governo era infantilizada.
C. O presidente empregava seus parentes no governo.
D. O modelo de ação política e econômica era patriarcal.
E. O presidente assumiu a imagem populista de pai da nação
QUESTÃO 07. (Enem 2012) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia
e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram
grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome
dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava
disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à


loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela
não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo
se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de
nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar
prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma
série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um
mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.

(BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma)

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em


1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos
de suas iniciativas patrióticas evidencia que:
A. A dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira
levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do
país.
B. A curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de
prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto
republicano.
C. A construção de uma pátria a partir de elemento míticos, como a cordialidade
do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração
ideológica.
D. A propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção
e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu
gabinete.
E. A certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte
de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do
autor.
Questão 08. ENEM PPL 2011 - — Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo.
Canaã! Canaã! 
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os
céus. 
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía
com a poderosa e magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada
sensação de uma corrida no Infinito... 
— Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe
revelasse a estrada da Promissão. 
E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a
terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num
sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de
voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam... corriam... 
ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento). 
O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do
imaginário literário brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a
situação final das personagens Milkau e Maria, Graça Aranha resgata esse desejo
por meio de uma perspectiva 
a) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira. 
b) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil. 
c) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos. 
d) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada. 
e) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.
Questão 09. UFN 2013 - Canaã, de Graça Aranha, publicado em 1902, representa
as dificuldades dos imigrantes em adaptar-se ao novo espaço físico e social, no
início do século XX. Qual grupo étnico é representado nessa narrativa? 
a) Italiano 
b) Holandês 
c) Português 
d) Alemão 
e) Francês
Questão 10. São todas características do Pré-Modernismo, exceto:
a) É considerada literatura pré-modernista tudo o que, nas primeiras décadas do
século XX, problematiza a realidade social e cultural do Brasil.
b) A busca por uma linguagem mais simples e coloquial é uma das preocupações
dos escritores pré-modernistas, especialmente do escritor Lima Barreto, um de
seus principais representantes.
c) O período pré-modernista foi marcado pela convivência entre várias tendências
artísticas, ocasionando uma espécie de sincretismo cultural.
d) O Pré-Modernismo sobrepôs-se ao Parnasianismo, escola literária vigente em
meados do século XX, gozando de amplo prestígio entre as camadas mais cultas
da sociedade.

GABARITO
01. E 02. C 03. C 04. A 05. D
06. D 07. C 08. E 09. D 10. D

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