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C. E.

NEIDE COSTA

TURMA: 2º ANO A – MANHÃ

LÍNGUA PORTUGUESA

PROFA.: REGILDA PAZ

Romance regional
Romance
É um gênero textual que consiste em uma narrativa
longa, escrita em prosa.

Seu surgimento e popularidade remete ao século


XVIII, quando ele tomou o lugar das epopeias (longas
narrativas em verso).

Por tratar-se de uma narrativa, o romance possui uma


ação, lugar onde ela ocorre, tempo em que ela
acontece, personagens que a realizam, uma trama e
um ponto de vista, isto é, a perspectiva do narrador.
Questão 01
São características do gênero narrativo:

a) No gênero narrativo, há sempre um eu que se expressa, elemento


que é responsável pelo subjetivismo atribuído a esse tipo de
composição.
b) O gênero narrativo é marcado pela afetividade e pela emotividade
do clima lírico, sempre relacionado com o íntimo e a introspecção.
c) O gênero narrativo apresenta um enredo, no qual existe uma
situação inicial, a modificação da situação inicial, um conflito, o clímax
e o epílogo. Os elementos que compõem o gênero narrativo são
narrador, tempo, lugar, enredo ou situação e as personagens.
d) O gênero narrativo faz referência à narrativa feita em forma de
versos, contando histórias e fatos grandiosos e heroicos sobre a
história de um povo. O narrador fala do passado, o que justifica os
verbos sempre empregados no tempo pretérito.
Alguns tipos de romances

Romance regional: também conhecido como romance regionalista, diz respeito


a narrativas que têm o componente do espaço intensamente caracterizado.
Geralmente, trata-se de um espaço rural, ou distante dos grandes centros urbanos,
cujos costumes e cultura são representadas em primeiro plano, representando a
“cor local” desses espaços.

Romance picaresco: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de


origem humilde, sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas
ocupações para garantir sua sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em
atividades escusas ou ilícitas. O pícaro é um anti-herói, e antes de tudo um
ingênuo que aprende a malandragem e a picaretagem a partir do embate direto
com a realidade circundante.
• Romance autorreflexivo: também chamado de metaficcional, caracteriza-se por
inserir no texto colocações que dizem respeito ao próprio ato de escrevê-lo. Há uma
presença ativa do leitor na construção textual e uma exposição das estruturas que
compõem a narrativa.

• Romance psicológico: centrado na consciência individual das personagens. Em lugar


de um narrador externo e onisciente, desenvolve-se a história a partir do olhar e da
interioridade de uma (ou mais) personagem.

• Romance histórico: é aquele em que as ações são ambientadas em dado período ou


evento histórico.

• Romance Urbano: "Também chamado de “romance de costumes”, ele expõe o estilo


de vida da elite burguesa da cidade do Rio de Janeiro enquanto conta uma história de
amor. Assim, grande parte da crítica considera A Moreninha, de Joaquim Manuel de
Macedo, como o primeiro romance urbano nacional.
Elementos que constituem a narrativa
• O romance é uma narrativa longa, escrita em prosa e possui os seguintes
elementos:

• Ação: série de acontecimentos que se combinam para formar o enredo da obra.

• Lugar: espaços físicos em que transcorre a ação.

• Tempo: o “quando” da ação, as datas dos acontecimentos, ou mesmo a duração dos


fatos narrados:
Tempo cronológico: a ação respeita o tempo físico, isto é, a sequência de segundos,
minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. Assim, o tempo transcorre com
regularidade, com linearidade.
Tempo psicológico: não está relacionado ao espaço, mas ao interior, à mente das
personagens. É, portanto, o tempo mental, do pensamento, em que presente, passado
e futuro às vezes anulam-se.
• Personagens: realizam a ação:
- Personagem plana: comum e previsível.
- Personagem redonda ou esférica: complexa e imprevisível.

• Trama: a história narrada, o enredo.

• Foco narrativo: a perspectiva de quem narra:

➢Narrador personagem (em primeira pessoa): participa da história.


➢Narrador observador (em terceira pessoa): narra apenas o que ele
observa.
➢Narrador onisciente ou onipresente (em terceira pessoa): possui total
conhecimento dos fatos narrados e das personagens.
Os Conflito Narrativos

• conflitos são os obstáculos que as personagens precisam enfrentar para ter


seus objetivos atendidos.

• Eles são o principal recurso para mostrar ao invés de contar. Não diga
que o protagonista é forte, coloque-o em um conflito onde ele possa usar a
força. Não diga que o antagonista é colérico, coloque-o em um conflito
onde ele possa exprimir toda sua fúria.

• Ademais, são os conflitos que movem a história para frente. E essa
sensação de progresso é o fator mais importante para manter o seu leitor
virando as páginas. Claro que saber construir cenários e personagens é
fundamental, mas são os conflitos que permitem colocá-los à prova. Os
conflitos os relacionam, os testam e os confrontam. Do resultado, então, é
que o progresso é feito
Os conflitos possuem dois grandes objetivos

• Gerenciar a tensão • Desenvolver Personagens

Apesar de tudo, os conflitos nada seriam


A tensão é criada pela quantidade e
pela profundidade dos conflitos. E sem as reações das personagens. Cada um
gerenciá-la significa diversificar o deles, por menor que seja, é uma
uso deles. Não é todo o conflito que oportunidade de mostrar quem suas
precisa ser profundo, e você não personagens são e em quem elas estão se
precisa manter o protagonista transformando.
lidando com vários o tempo todo
para sustentar o interesse na trama.
Questão 02
Leia o texto para responder a questão abaixo:
A outra noite
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto
lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até
Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de
lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima,
enluaradas, colchões de sonho, alvas. Uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para
voltar-se para mim:
— O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas tem mesmo luar lá
em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra −
pura, perfeita e linda. O fato que desencadeou a história foi
— Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.
(A) a viagem a São Paulo.
(B) o mau tempo em São Paulo.
Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou
pensava em outra coisa. (C) o agradecimento do taxista.
— Ora, sim senhor... (D) a conversa ouvida pelo taxista.
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado
ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de
rei.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.
Tipos de discurso: direto, indireto e indireto livre

• Os diferentes tipos de discurso — direto,


indireto e indireto livre — são utilizados
principalmente em textos de caráter narrativo no
intuito de introduzir as diversas vozes disponíveis
(personagens e narrador).

O discurso direto pode ser entendido como a reprodução exata da fala de alguém.
Já o discurso indireto ocorre quando o autor expressa com suas palavras a fala de
outrem. Por fim, o discurso indireto livre é uma mescla entre o direto e o indireto
• O discurso direto é aquele que reproduz exatamente a fala de
outrem. Esse tipo de discurso está presente na literatura e também no
cotidiano.
Exemplo:
Esses dias minha mãe disse: “Vá trabalhar!”

• Para construir um discurso direto, é necessário:

• inserir um verbo de elocução, isto é, que introduz um discurso direto,


indireto ou indireto livre (“ele diz que…”, “ela afirma que…”, “ele
perguntou…”, “ela interrogou…”, dentre outros), seguido por dois-
pontos e: a) mudar de linha para outro parágrafo e usar o travessão antes
da fala ou b) permanecer na mesma linha e usar aspas duplas. Por
exemplo: Ela disse: “Não vou sair hoje!”
• O discurso indireto é a forma de dizer caracterizada por uma intervenção do autor
que interfere na fala ao usar suas próprias palavras para referenciar as
de outrem. Ele também é utilizado na literatura e em nosso cotidiano.

Exemplo:
Esses dias minha mãe me disse para ir trabalhar.

• Para utilizar o discurso indireto é preciso usar um verbo de elocução seguido de


um conectivo (preposição, conjunção etc.) que executa a mudança de voz do
narrador para a voz da personagem.

Exemplo:
• Eles disseram que não era possível entrar no estabelecimento.
• disseram = verbo de elocução
• que = conjunção integrante
• Eles disseram = voz do narrador
• Não é possível entrar no estabelecimento = possível voz da personagem
• O discurso indireto livre se trata de uma mescla entre os discursos direto
e indireto. Nele, o narrador assume o lugar de outro, expressando
sentimentos e pensamentos em sua narrativa. Esse tipo de discurso é mais
comum em textos literários.
Ex.: Flávia estava cansada e logo se deitou. Ela precisava trabalhar em
poucas horas. Acordei desesperada. Já era para estar no trabalho. As
poucas horas passaram e nem percebi.

• Do ponto de vista estrutural, o discurso indireto livre apresenta maior


liberdade para extrapolar o aspecto formal da língua. O principal aspecto
composicional do discurso indireto livre é a adesão dos pensamentos e ideias
da personagem por parte do narrador. O discurso indireto livre mistura, em
diversas ocasiões, a primeira pessoa do singular e plural e/ou terceira pessoa
em uma mesma sentença. Vejamos:
• Vamos! Eu vou conseguir.
• Ele não queria sair de casa. Não vou, em hipótese alguma, sair de casa.
• Pense rápido. Pense rápido. Não consegui.
Questão 03
Assinale a alternativa em que está correta a transposição do discurso direto para o
indireto, sem alterar o sentido das frases.
A) — Eu não posso ir na minha casa agora, disse o menino. O menino disse que eu não
podia ir à minha casa naquele momento.

B) O chefe garantiu ao funcionário: “Analisarei sua situação amanhã.”


O chefe garantiu que o funcionário analisaria sua situação no dia seguinte.

C) O instrutor perguntou aos escoteiros: “Vocês entenderam a dinâmica?”


O instrutor perguntou aos escoteiros se eles tinham entendido a dinâmica?

D) O rapaz balbuciou: “Bem... naquele dia... na verdade... Eu não consegui chegar a


tempo.”
O rapaz balbucionou que naquele dia, na verdade, não tinha conseguido chegar a
tempo.
Romance regional
• Romance regionalista apresenta elementos da cultura regional.

• Ele surgiu, no século XIX, com a publicação do livro “O ermitão de


Muquém”, do escritor Bernardo Guimarães.

• Romance regionalista é um tipo de narrativa produzida por autores do


romantismo brasileiro, no século XIX, e por escritores modernistas, no
século XX.

• Enquanto os românticos buscaram enaltecer a cultura regional, os


modernistas apontaram os problemas sociais existentes em algumas
regiões do Brasil.
• Assim, as obras românticas contaram com autores como Bernardo
Guimarães, José de Alencar e Visconde de Taunay. Já os livros
modernistas foram produzidos por escritores como Erico Verissimo,
Graciliano Ramos etc. No mais, o regionalismo continuou a fazer
parte da literatura nacional por meio de autores como Guimarães
Rosa e Milton Hatoum.

• O romance regionalista romântico mostra os costumes da


sociedade rural do século XIX.

• O romance regionalista modernista abandona a idealização


romântica e realiza crítica sociopolítica.

• Um dos principais representantes do regionalismo romântico foi


Visconde de Taunay, com sua obra Inocência.

• Um dos principais representantes do regionalismo modernista foi


Graciliano Ramos, com sua obra Vidas secas.
O Romantismo foi um dos principais
movimentos de arte do século XIX e, no
Brasil, teve como marco inicial a publicação
da obra Suspiros Poéticos e Saudades, de
Gonçalves de Magalhães, em 1836.
Romance Romântico
• ALGUMAS CARACTERÍSTICAS GERAIS

➢Explora o nacionalismo literário, já encontrado no Indianismo, mas


diferente das demais correntes do romantismo, não sofre as influências
europeias;
➢É fruto da tomada de consciência dos valores específicos da cultura
brasileira, está ligado às particularidades de grupos sociais em suas
diferentes regiões;
➢Essa corrente do romantismo apresenta as especificidades de clima,
costumes e língua diferentes entre si em um país que, por ter dimensões
continentais, tem impressa a diversidade;
➢As obras que marcam o Romance Regionalista são apresentadas em
folhetins, que eram capítulos apresentados de maneira periódica, quase
sempre semanais, em jornais. Em comum têm a tentativa de fixar o que os
autores consideram de verdadeiro no Brasil, o sertão e a paisagem intacta.
Os romances regionalistas eram geralmente dedicados
aos moradores de classe média dos centros urbanos,
como o Rio de Janeiro. Alguns romances tinham trechos
que ajudavam os leitores a compreender por que o
brasileiro rural não tinha gosto para os romances
românticos, já que viviam distantes das influências
europeias e não viam o conhecimento como algo
precioso e necessário, mas como algo perigoso. Além
disso, muitos deles associavam os livros a má influencia
que estes poderiam ter sobre as moças de família.

FILDES, S. L. Toalete ao ar livre. 1889.


As mulheres só tinham permissão de andar com os cabelos soltos quando estavam dentro de casa.
• Nos romances regionalistas românticos,
o território nacional era apresentado de
forma idealizada. Os autores tentavam
criar uma imagem grandiosa do Brasil
através dos cenários que apareciam
nesse tipo de narrativa. A partir das
características geográficas brasileiras,
conseguimos perceber a imensidão dos
pampas gaúchos, os aspectos exóticos do
interior de Minas Gerais e a natureza
única do sertão nordestino.

JUNIOR, A. O violeiro.1899.
Questão 04
Sobre o romance regional estão corretas, exceto:

a) O romance regional não seguia o modelo europeu. Por esse motivo, foi obrigado
a construir seus próprios modelos e, em virtude disso, a Literatura Brasileira
alcançou maior autonomia.
b) Os escritores do romance regional foram influenciados pelo espírito
racionalista: estavam sintonizados com o cientificismo da época, que explicava o
mundo através de leis objetivas e a influência do meio no comportamento humano.
c) Foram quatro os espaços nacionais que despertaram o interesse entre os
escritores românticos: o das capitais, com destaque para o Rio de Janeiro, e os
espaços das regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste.
d) Seus principais representantes foram José de Alencar, Franklin Távora e
Visconde de Taunay.
e) Um dos principais problemas encontrados pelos autores regionalistas foi a
adequação da variedade linguística regional à linguagem literária, cuja principal
característica é o emprego da norma culta
Obras romantismo

• Entre as obras que marcam essa corrente


literária está "O Ermitão de Muquém", de
Bernardo Guimarães, publicado em 1865, sendo,
cronologicamente, o primeiro a marcar o estilo.
Nesse romance, Guimarães o interior de Minas
Gerais e Goiás.
• A obra mais conhecida do autor é, contudo, "A
Escrava Isaura", romance onde ficam implícitas
as posições abolicionistas de Guimarães.
• Outra obra importante dessa corrente é
"Inocência", de Visconde de Taunay, publicado
em 1872. Carregado de elementos estéticos do
Regionalismo, Inocência explora os costumes e a
fala sertaneja, além da beleza exuberante e
exótica do Brasil central.
• O interior do país também está no protagonismo
de "O Cabeleira", de Franklin Távola. Publicada
em 1963, a obra retrata o cangaço no Nordeste
brasileiro.
• Características literárias de Bernardo
Guimarães

• As principais obras de Bernardo


Guimarães apresentam elementos do
romance regionalista do Romantismo
brasileiro. Esse tipo de narrativa conta com um
herói destemido e uma heroína idealizada. O
amor é apresentado como sendo um sentimento
superior, capaz de vencer todos os obstáculos.
• O espaço da narrativa é o meio rural, onde
se encontram paisagens e personagens típicos de
alguma região do país. Nessa perspectiva, a obra
valoriza os elementos regionais para despertar o
sentimento de nacionalidade no(a) leitor(a). O romance A escrava Isaura é o livro mais
Assim, com sentimentalismo e uma visão conhecido de Bernardo Guimarães e fez
teocêntrica da realidade, o narrador mostra os
costumes da sociedade rural brasileira grande sucesso no século XIX. Nessa típica
obra romântica, a personagem Isaura, uma
• Obras: O seminarista (1872), O
garimpeiro (1872), A escrava Isaura (1875) etc. heroína idealizada, se apaixona por Álvaro, um
corajoso rapaz. Juntos, precisam vencer os
obstáculos que impedem a realização de seu
amor.
O seminarista (1872) e o regionalismo romântico
• Um dos romances que rendeu popularidade ao escritor mineiro Bernardo Guimarães,
“O Seminarista” (1872) surge um ano depois de uma forte campanha através dos
jornais contra o episcopado no Rio de Janeiro, num episódio conhecido na nossa
história como a “Questão Religiosa”.
• Alguns críticos veem essa obra como um romance de tese, cujas intenções equiparam-
se a “Eurico, o presbítero”, do escritor português Alexandre Herculano e a “O Crime do
Padre Amaro", do também português Eça de Queiroz. Apesar de “O Seminarista” tocar
no problema do celibato clerical, ele não pretende polemizar o assunto como nessas
obras portuguesas. O caso de Eugênio e Margarida pode ser tomado sob outro aspecto,
com boas e seguras razões para tal.

• acesse o link abaixo e leia o resumo do romance O Seminarista


https://robertoavila.com.br/aulas/resumos/O%20Seminarista.pdf
O enredo de O seminarista: história de um trágico amor
• Publicado em 1872, O seminarista representa a melhor obra de Bernardo
Guimarães e uma das mais importantes narrativas dentro da prosa que
representa o romance regionalista romântico.
• Em O Seminarista, Bernardo Guimarães deixa sair um grito de oposição ao
celibato clerical: essa prática determinada pela Igreja Católica é uma aberração
contra a natureza humana e a mola propulsora de muita infelicidade.
• A personagem central — o seminarista — é Eugênio, rapaz de boa posição social,
filho caçula de um fazendeiro de Minas Gerais, o capitão Antunes. Eugênio é
criado na fazenda e cresce em companhia da menina Margarida, uma afilhada
dos seus pais, dois anos mais nova que ele e filha de uma agregada, dona
Umbelina, mulher trabalhadora e de forte personalidade.
• Aos poucos, a amizade entre os dois transforma-se em um sentimento mais forte
e, embora ainda não tenham consciência do fato, as crianças, que tinham sido
criadas desde pequeninas como dois irmãos, passam a amar-se: “Não eram
ainda Romeu e Julieta; mas eram inseparáveis como Paulo e Virgínia vagueando
pelas sombras das pitorescas selvas da Ilha de França.”
• Características literárias de Visconde de Taunay

• As obras de Visconde de Taunay estão inseridas no


romantismo brasileiro. Portanto, apresentam a idealização
do amor e da mulher. O narrador recorre
ao sentimentalismo para prender a atenção de leitoras e
leitores. Assim, há adjetivação abundante e o uso recorrente
de exclamações.
• Uma das principais características de seus textos é
a descrição do espaço, de forma a valorizar os elementos
geográficos regionais. Além disso, também ocorre a
exaltação da cultura das pessoas que vivem no campo. Nessa
perspectiva, suas obras são nacionalistas, pois Inocência é um típico romance
apresentam paisagens e personagens típicos do Brasil. regionalista. A história se passa no
• O homem do campo é exibido como um corajoso interior do Brasil, em Mato Grosso,
herói nacional, com valores e costumes mais rígidos do em um ambiente patriarcal e
que os dos habitantes do meio urbano. Assim, é um homem conservador. Como as pessoas dali
forte, ignorante e rude. Possui, também, uma linguagem
peculiar, típica da região em que ele vive. vivem distantes das facilidades do
meio urbano, a chegada de um
• Obras: Inocência (1872), Lágrimas do coração (1873) etc. médico ao interior é motivo de
comemoração.
TRECHO DO LIVRO INOCÊNCIA

Em Inocência, Visconde de Taunay (1843-1899) descreve as belezas e os sofrimentos


daqueles que viviam no sertão mato-grossense em meados do século XIX.

• [...] – Eu repito, disse ele com calor, isto de


mulheres, não há que fiar. Bem faziam os nossos
do tempo antigo. As raparigas andavam
direitinhas que nem um fuso... Uma piscadela de
olho mais duvidosa, era logo pau... Contaram-
me que hoje lá nas cidades... Arrenego!... Não
há menina, por pobrezinha que seja, que não
saiba ler livros de letras de forma e garatujar
no papel... Que deixe de ir a fonçanatas com
vestidos abertos na frente como raparigas
fadistas e que saracoteiam em danças e falam
alto e mostram os dentes por dá cá aquela palha
com qualquer tafulão malcriado.
• TAUNAY, V. INOCÊNCIA. 1860.
Características literárias de Franklin Távora

• As obras de Franklin Távora, apesar de terem


traços realistas e naturalistas, fazem parte do
romantismo brasileiro. Por isso, apresentam exagero
sentimental, além de idealização amorosa. A
heroína também é fruto da idealização do narrador.
Assim, ela é virgem, bela, generosa e capaz de se
sacrificar pelo homem amado.
• Os romances regionalistas do autor são marcados pela
presença da “cor local” (elementos culturais e
geográficos) da região nordestina. Dessa forma,
o narrador enaltece paisagens e personagens
típicos do Brasil. As histórias são ambientadas no
meio rural, culturalmente oposto ao meio urbano.
O Cabeleira é um romance regionalista
• Portanto, o herói romântico é o homem do do romantismo brasileiro. A história,
campo, corajoso, rude, ignorante e defensor de valores portanto, é ambientada no Nordeste do
morais rígidos. Nesse regime patriarcal, a mulher tem
pouca ou nenhuma autonomia. Esse tipo de romance, Brasil, especificamente no estado de
assim, possui caráter nacionalista, já que mostra a Pernambuco. Ela tem como protagonistas
linguagem e a cultura regionais do país. o bandido Cabeleira, batizado José Gomes,
e a bela e virginal Luisinha, paixão de
infância do rapaz.
Romance regionalista O regionalismo traz para o centro do
romance romântico as paisagens e os tipos
de um Brasil desconhecido como os
vaqueiros dos pampas e os sertanejos do
Nordeste. Nessas obras, é apresentada uma
sociedade rural de comportamentos e
valores bem diferentes daqueles da corte. A
ficção vai aos poucos “conquistando” o
território nacional pelas mãos de escritores
como José de Alencar, Taunay (Visconde de
Taunay), Franklin Távora e Bernardo
Guimarães.
O romance regionalista Trecho do romance Ataliba, o vaqueiro (1878)
romântico retrata
paisagens e personagens
típicos de determinadas
regiões do país. Assim, ao
invés de narrar
acontecimentos ocorridos
nos centros urbanos, ele
se volta para o meio rural,
de forma a mostrar os
costumes dos habitantes
do interior. Por isso, seus
protagonistas são, por
exemplo, vaqueiros e
sertanejos.
Vidas secas (1938) – Graciliano Ramos

• Vidas secas é um romance do escritor alagoano Graciliano Ramos;


• A obra foi publicada pela primeira vez em 1938 e conta a história de uma
família de retirantes;

• A narrativa se passa, possivelmente, durante o


início do século XX, no sertão nordestino;
• O livro é narrado por um narrador onisciente
que se vale do ponto de vista dos protagonistas;
• Vidas secas faz parte da segunda fase do
modernismo brasileiro.
• Essa obra de Graciliano Ramos é caracterizada
pelo seu caráter realista e regionalista.
Alguns personagens da obra Vidas secas

• Fabiano (pai)
• Sinha Vitória (mãe)
• O menino mais novo (filho)
• O menino mais velho (filho)
• Baleia (cachorra da família)
• O soldado amarelo
• Tomás da bolandeira
Retirantes (1944)
Tempo da obra Vidas secas
• O tempo da narrativa não está especificado. Mas
tudo indica que a história se passa em algum
momento durante as três primeiras décadas do
século XX. Assim, nessa obra, o que predomina é o
tempo psicológico.

Espaço da obra Vidas secas

O sertão nordestino é o espaço da


ação do livro Vidas secas. Narrador da obra Vidas secas

O romance Vidas secas conta com um narrador


onisciente, o qual tem conhecimento total dos fatos
e do mundo interior dos personagens. Desse modo,
a história é narrada segundo a perspectiva desses
personagens.
Características da obra Vidas secas
• romance, publicado pela primeira vez em 1938, possui um aspecto
fragmentado, já que traz a visão particular de cada um dos protagonistas
da obra. Ele é dividido em 13 capítulos e faz parte da segunda fase do
modernismo brasileiro. Assim, possui características do romance de 1930:

• realismo social;
• caráter regionalista;
• ausência de idealizações;
• parcialidade narrativa;
• valorização do espaço;
• determinismo;
• linguagem simples.
Contexto histórico de Vidas Secas

• A história de Vidas secas está situada, possivelmente, no contexto da


República Velha (1889–1930). Nesse período, vigorou a política do café
com leite, em que representantes dos estados de Minas Gerais e de São
Paulo se revezavam no poder.
• Nessa época, predominou também o coronelismo. Assim, em todo o Brasil,
havia autoritários fazendeiros (“coronéis”), com poder financeiro e
político, que interferiam nas eleições. Mas essa situação começou a se
alterar quando, em 1930, um golpe de estado colocou Getúlio Vargas
(1882–1954) na presidência brasileira. Mais tarde, em 1937, Vargas
decretou o Estado Novo e implantou uma ditadura no país.
Trechos da obra
Capítulo I – Mudança

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes


tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira
bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros
apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto
e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada
numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais
velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a
chorar, sentou-se no chão.
—Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.”
Capítulo XIII – Fuga

“(...)O que indignava Fabiano era o costume que os miseráveis tinham de atirar bicadas aos olhos de
criaturas que já não se podiam defender. Ergueu-se, assustado, como se os bichos tivessem descido do céu
azul e andassem ali perto, num vôo baixo, fazendo curvas cada vez menores em torno do seu corpo, de
Sinha Vitória e dos meninos.
Sinha Vitória percebeu-lhe a inquietação na cara torturada e levantou-se também, acordou os. filhos,
arrumou os picuás. Fabiano retomou o carrego. Sinha Vitória desatou-lhe a correia presa ao cinturão,
tirou a cuia e emborcou-a na cabeça do menino mais velho, sobre uma rodilha de molambos. Em cima pôs
uma trouxa. Fabiano aprovou o arranjo, sorriu, esqueceu os urubus e o cavalo. Sim senhor. Que mulher!
Assim ele ficaria com a carga aliviada e o pequeno teria um guarda-sol. O peso da cuia era uma
insignificância, mas Fabiano achou-se leve, pisou rijo e encaminhou-se ao bebedouro. Chegariam lá antes
da noite, beberiam, descansariam, continuariam a viagem com o luar. Tudo isso era duvidoso, mas
adquiria consistência. E a conversa recomeçou, enquanto o sol descambava.
— Tenho comido toicinho com mais cabelo, declarou Fabiano desafiando o céu, os espinhos e os urubus.
— Não é? murmurou Sinha Vitória sem perguntar, apenas confirmando o que ele dizia.
Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o
que parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato. Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam
depois para uma cidade, e os meninos freqüentariam escolas, seriam diferentes deles. Sinhá Vitória
esquentava-se. Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas a boca do saco e à coronha da
espingarda de pederneira. (...)”
Vidas Secas, Graciliano Ramos
Romance regionalista modernista
PERÍODO LITERÁRIO: MODERNISMO

• O modernismo é um estilo de Contexto histórico do modernismo


época surgido no início do
século XX, em um contexto de
tensão política entre as grandes ➢ Expansão imperialista;
potências europeias, o que levou a ➢ Primeira e segunda guerra mundial;
duas guerras mundiais. Nesse ➢ Inovações tecnológicas;
período, ocorreram também ➢ Criação de uma “nova arte” radical e
descobertas e inovações
tecnocientíficas que passaram a crítica da tradição acadêmica;
caracterizar a vida moderna. Já no ➢ Fim da republica velha;
Brasil, a República Velha (1889- ➢ Era Vargas (1945) etc.
1930) chegava ao fim para dar
início à Era Vargas (1930-1945).
MODERNISMO
Algumas características gerais
do modernismo:
• Na década de 1930, o quadro político-
econômico-brasileiro e internacional – ➢ Antiacademicismo,
composto por reflexos da crise de 1929
na Bolsa de Nova Iorque, pela crise ➢ Crítica à tradição;
cafeeira, Revolução de 30, Intentona
Comunista (de 1935), Estado Novo ➢ Nacionalismo;
(1937-45), ascensão do nazismo e do
fascismo e combate ao socialismo, ➢ Liberdade de criação;
Segunda Guerra Mundial (1939-45) –
exigia dos artistas e intelectuais uma ➢ Temática sociopolítica;
tomada de posição ideológica. Dessa
exigência resultou uma arte engajada, de
clara militância política, como se ➢ Espírito anárquico etc.
observa em muitos romances de Jorge
Amado, ou de engajamento espiritual,
como se verifica nas obras de Jorge de
Lima e Murilo Mendes.
O modernismo se dividiu em 3 gerações

• Primeira geração modernista (1922-


1930)

Principais autores e obras
• Tem início com a Semana de Arte Moderna,
em 1922, e possui as seguintes características:
➢ Releitura crítica dos símbolos da ➢ Oswald de Andrade (1890-1954): Memórias
nacionalidade sentimentais de João Miramar (1924) e Pau-
➢ Liberdade de criação brasil (1925)
➢ Antiacademicismo
➢ Liberdade formal ➢ Mário de Andrade (1893-1945): Pauliceia
➢ Ironia desvairada (1922) e Macunaíma (1928)
➢ Aproximação entre fala e escrita
➢ Regionalismo ➢ Manuel Bandeira (1886-
➢ Nacionalismo crítico 1968): Libertinagem (1930)
• Segunda geração
modernista (1930-1945) Principais autores e obras

➢ Rachel de Queiroz (1910-2003): O


Romance de 1930
quinze (1930)
• Engloba narrativas publicadas entre 1930 e ➢ Erico Verissimo (1905-1975): O tempo e o
1945, é assim caracterizado: vento (1949-1961)
➢Neorregionalista ➢ Graciliano Ramos (1892-1953): Vidas
secas (1938) e Memórias do cárcere (1953)
➢Neorrealista ➢ José Lins do Rego (1901-1957): Menino de
➢Determinista engenho (1932)
➢ Jorge Amado (1912-2001): Capitães de
➢Enredos dinâmicos
areia (1937) e O cavaleiro da
➢Uso de linguagem simples esperança (1942
➢Apresentação da “cor local”
A terceira geração modernista (ou pós-modernismo), que compreende
as produções literárias realizadas entre 1945 e 1978

Prosa da terceira geração modernista ou do pós- Principais autores e obras


modernismo
➢ Clarice Lispector (1920-1977): A hora
➢Liberdade e experimentação com a
da estrela (1977)
linguagem ➢ João Guimarães Rosa (1908-
➢Não convencionalismo 1967): Grande sertão: veredas (1956)
➢Temática do particular em diálogo com o
universal
➢Fluxo de consciência
➢Fragmentação
➢Metalinguagem
O romance de 30

Na década de 1930, enquanto o rádio – o


mais moderno meio de comunicação de
massa da época – encurtava as distâncias,
aproximando o país de ponta a ponta,
nossa prosa de ficção, com renovada força
criadora, nos punha em contato com um
Brasil pouco conhecido.
• Por meio da obra de autores como Rachel de
Queiroz, José Lins do Rego, Graciliano Ramos,
Jorge Amado, Érico Veríssimo, Dionélio
Machado, desponta um Brasil multifacetado,
apresentado em sua diversidade regional e
cultural, mas com problemas semelhantes em
quase todas as regiões: a miséria, a ignorância,
a opressão nas relações de trabalho, as forças
da natureza sobre o homem desprotegido.
Adaptação cinematográfica da obra “Vidas Secas”, por
Nelson Pereira dos Santos (1963).

Herdeiros dos modernistas de 1922, os modernistas da segunda geração (1930-45) também se voltam
para a realidade brasileira, mas agora com uma intenção clara de denúncia social e engajamento
político. Unindo ideologia e análise sociológica e psicológica a novas técnicas narrativas, o romance de
30 constitui um dos melhores momentos da ficção brasileira.
Romance regionalista modernista

O romance de 30 trilhou diferentes caminhos, dos


quais o regionalismo, especialmente o nordestino, é o
mais importante. A tradição da ficção regionalista
nordestina já contava com nomes como Franklin
Távora, Rodolpho Teófilo e Domingos Olímpio. Mas,
com a publicação de A bagaceira (1928), de José
Américo de Almeida, e, em seguida, O Quinze (1930),
de Rachel de Queiroz, o romance nordestino entrou
numa fase nova, de denúncia das agruras da seca e da
migração, dos problemas do trabalhador rural, da
miséria, da ignorância.

A imagem da tela expressionista de Cândido Portinari, Menino Morto, que faz parte da série Retirantes e mostra o
sofrimento do sertanejo diante de uma realidade muito triste: a mortalidade infantil por falta de condições
mínimas de sobrevivência.
Observe como José Américo de Almeida, em A bagaceira (1928), retrata o
drama coletivo da degradação humana na descrição que faz da chegada
dos retirantes ao engenho Marzagão.

• Era o êxodo da seca de 1898. Uma Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado
ressurreição de cemitérios antigos – nomadismo.
esqueletos redivivos, com o aspecto terroso
e o fedor das covas podres.
Adelgaçados na magreira cômica, cresciam,
Os fantasmas estropiados como que iam como se o vento os levantasse. E os braços
dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos
passo arrastado de quem leva as pernas, abanando.
em vez de ser levado por elas. Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos –
Andavam devagar, olhando para trás,
como quem quer voltar. Não tinham pressa doentes da alimentação tóxica – com os fardos
em chegar, porque não sabiam onde iam. das barrigas alarmantes.
Expulsos do seu paraíso por espadas de Não tinham sexo, nem idade, nem condição
fogo, iam ao acaso, em descaminhos, no nenhuma. Eram os retirantes, nada mais.
arrastão dos maus fados.
Nos anos seguintes, esse veio literário foi explorado por
muitos outros autores, como Amando Fontes, Jorge
Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, cujas
obras trazem temas novos, como o cangaço, o fanatismo
religioso, o coronelismo, a luta pela terra, a crise dos
engenhos. O regionalismo também se manifestou no Sul
do país, na ficção histórica e épica de O tempo e o vento,
de Érico Veríssimo, ou no romance de fazenda de Ivan
Pedro de Martins, com Fronteira agreste. Nessas obras é
ressaltado o homem hostilizado pelo ambiente, pela
terra, pela cidade, pelos poderosos, o homem sendo
devorado pelos problemas que o meio lhe impõe. Em
algumas delas, o romance alcança um perfeito equilíbrio
entre a abordagem sociológica e a introspecção
psicológica.
• Além do regionalismo, os anos 1930 viram florescer outras linhas temáticas no
romance. No Rio de Janeiro, surgiu o romance urbano e psicológico, representado
por Marques Rebelo, Cornélio Pena, Octávio de Faria. Em Minas Gerais teve vez o
romance poético-metafísico de Lúcio Cardoso. No Rio Grande do Sul, o romance
urbano e psicológico, também cultivado por Érico Veríssimo, alcançou um momento
de rara introspecção em Os ratos, de Dionélio Machado. Jorge de Lima, escritor
católico militante, publicou no Rio de Janeiro O anjo, uma narrativa surrealista com
matizes ideológicos cristãos e claras referências a reformas sociais.

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A Segunda Fase do Modernismo – O Romance de 30 (descomplica.com.br)
Questão 05

Temas relacionados com o universo nordestino foi explorado por diversos


autores na segunda fase do modernismo no Brasil. Das alternativas abaixo, o
romance que não apresenta essa temática é:

a) Vidas secas, de Graciliano Ramos


b) A bagaceira, de José Américo de Almeida.
c) O quinze, de Rachel de Queiroz
d) Menino do engenho, de José Lins do Rego
e) O país do carnaval, de Jorge Amado
As três Marias

• Em As Três Marias acompanhamos Maria Augusta que ao fazer


12 anos deixa a fazenda do pai e vai para a capital estudar em um
colégio de freiras. Assustada com as novas regras e rotinas rígidas
do internato, a garota logo faz amizade com outras duas
alunas, Maria Glória e Maria José.
• Através da perspectiva de Maria Augusta, acompanhamos a
adolescência das amigas e o início da vida adulta, mas não apenas
as delas. Rachel de Queiroz traz uma história sobre várias
mulheres e o que ser mulher significava na primeira metade do
século XX, através de uma narrativa quase poética
• Na primeira parte do livro, acompanhamos a vida nesse colégio de
freiras e isso me prendeu logo de cara. Eu adoro histórias que se
passam em internatos. O clima de amizade, de confidências, das
regras e das transgressões. É nesse momento em que descobrimos
mais sobre a vida da protagonista e suas amigas
As Três Marias

• Sinopse: A nova edição de As três Marias conta com prefácio de Heloísa Buarque de Hollanda,
fortuna crítica com textos de Mário de Andrade e Fran Martins e um encarte com fotos da autora e
das amigas que inspiraram as personagens do romance. As três Marias, romance de Rachel de
Queiroz, publicado originalmente em 1939, conta a história das três amigas Maria Augusta (Guta),
Maria da Glória e Maria José, desde sua infância em um colégio de freiras até a vida adulta.
Neste romance de formação, Rachel retrata o processo de ajustamento ao mundo pelos olhos das
meninas e convida o leitor a acompanhá-las desde os medos e as incertezas da juventude – quando
ainda sonhavam com a liberdade além das paredes do internato e se abismavam com a cidade –
até o passar dos anos e chegarem ao amadurecimento e aos dilemas da vida adulta. Sempre juntas,
independente das escolhas do caminho. Maria da Glória dedicou-se à maternidade e à família,
Maria José, sempre devota, voltou a morar com a mãe e virou professora, e Maria Augusta,
diferente das amigas, determinou-se a construir o próprio caminho: voltou a morar com a família,
mas, descontente, retornou para Fortaleza.
Trabalhou como datilógrafa e, lá, apaixonou-se. É quando a autora permite-se ir mais fundo na
perspectiva social e na agudeza da observação psicológica. E em nada estas três Marias perdem
para as três estrelas da constelação de Orion, que se destacam alinhadas e reluzentes no céu e
serviram de inspiração para apelidar as personagens de Rachel: notórias e brilhantes na
lembrança de todos que as conhecem.
Incidente em Antares
• Considerada como pertencendo ao Realismo Mágico, a obra Incidente
em Antares (1971), de Érico Veríssimo, foi uma das últimas criações do
escritor gaúcho.
• A história, dividida em duas partes (Antares e o Incidente), gira em torno
de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul que tem a sua
rotina completamente virada de cabeça para baixo após uma greve geral.
• Operários, garçons, bancários, enfermeiros, funcionários do cemitério...
todos aderiram a greve e a cidade parou. Diante da impossibilidade de
serem enterrados os sete cadáveres que faleceram durante aquele período,
os defuntos se levantam dos seus caixões e passam a perambular pela
cidade.
Segunda parte: O incidente
O incidente, que dá nome à segunda parte do livro,
Primeira parte: Antares aconteceu sexta-feira, dia 13 de dezembro do ano
de 1963 e colocou Antares no radar do Rio Grande
do Sul e do Brasil. Embora a fama tenha sido
• Na primeira parte do romance de Érico passageira, foi graças ao incidente que todos
Veríssimo ficamos conhecendo a pequena ficaram conhecendo essa pequena cidade ao sul do
cidade fictícia de Antares, situada no Rio país.
Grande do Sul, quase na fronteira com a No dia 12 de dezembro de 1963, ao meio-dia, foi
Argentina. declarada uma greve geral em Antares. A greve
abrangia todos os setores da sociedade: indústria,
• A região era dominada por duas famílias que transportes, comércio, central elétrica, serviços.
se odiavam profundamente: os Vacariano e Os coveiros e o zelador do cemitério também
os Campolargo. A descrição da cidade e do aderiram a greve de Antares, causando assim um
mecanismo de funcionamento social ocupa enorme problema na região.
quase um terço do texto. Fica claro ao longo O cemitério havia sido igualmente interditado
da leitura das páginas como as duas famílias pelos grevistas, mais de quatrocentos operários que
que geriam a região tinham valores fizeram um cordão humano para impedir a entrada
altamente questionáveis e se alfinetavam no local.
mutuamente Durante a greve morreram sete cidadãos
antarenses que, com o protesto, não puderam ser
devidamente enterrados
Tiêta do Agreste
• Tieta do Agreste, romance de Jorge Amado publicado em 1977, é
um clássico da literatura brasileira. Trata-se de uma obra que mapeia,
de forma sagaz, ácida, mas realista, a colcha de retalhos do moralismo
provinciano que tão bem representa o Brasil distante da vida das
metrópoles. Conduzida pela figura de Antonieta Esteves, a Tieta do
título, a filha pródiga catalisadora de toda a ação e conflito presente no
enredo, Tieta do Agreste é uma história com potencial dramático
que, como veio a se confirmar, transcende os limites da literatura escrita
e faz necessárias adaptações em outros meios.
• Tieta foi pastora de cabras na adolescência, subindo e descendo as
dunas de Santana do Agreste, onde perdeu a virgindade ao ser
estuprada por um mascate, dando início à uma agitada vida sexual, se
tornando a mais admirada e desejada pelos homens da cidade,
causando a inveja de sua irmã mais velha, Perpétua, que a denuncia ao
pai, Zé Esteves, o fazendo escorraçar e expulsar Tieta de casa, passando
humilhação pública, apanhando de cajado na rua e desaparecendo do
mapa.
• Tieta, longe do Agreste, cresce como uma das maiores cafetinas de São Paulo, dona de
um randevu frequentado pelos maiores políticos do país. E apesar de nunca ter voltado
à sua cidade natal, passados 25 anos ela continua ajudando a família enviando cheques
e presentes todos os meses, tomando conhecimento de como estão Perpétua, agora
viúva e mãe de dois filhos – o moleque Peto e o coroinha Ricardo -, a irmã caçula Elisa,
pobre e bem casada, e de Carmosina, a Agente dos Correios e Telégrafos, outrora sua
melhor amiga.
• O retorno de Tieta à cidade é quase uma apoteose, um verdadeiro evento. Enquanto
todos a esperam vestida de luto, ela desce estonteante da marinete de Jairo, encarando
familiares e amigos, todos de preto no calor do sertão:

• “será ela? Peto fica em dúvida. […] Na porta, sobre o degrau, majestosa, Antonieta
Esteves – Antonieta Esteves Cantarelli, faça o favor, exige Perpétua. Deslumbrante.
Alta. Fornida de carnes, a longa cabeleira loira sobrando do turbante vermelho”. Do
corpo da musa, pra reviver a inveja da irmã e causar rebuliço nos homens, o autor não
economiza nos detalhes: “vermelho igual à blusa esporte, de malha, simples e
elegante, marcando a firmeza dos seios volumosos. […] A calça Lee azul colada às
coxas e à bunda, valorizando volumes e reentrâncias, que volumes! que
reentrâncias!”.
São Bernardo
• Publicado por Graciliano Ramos em 1934, São
Bernardo é um clássico da segunda fase da
literatura modernista. Através do romance, dividido
em trinta e seis capítulos, ficamos conhecendo o
protagonista Paulo Honório e a dura vida no
interior do nordeste brasileiro.
• Paulo Honório decidiu escrever um livro para
contar a sua história. O personagem assim se
apresenta ao leitor:

"Começo declarando que me chamo Paulo Honório, peso


oitenta e nove quilos e completei cinquenta anos pelo São
Pedro. A idade, o peso, as sobrancelhas cerradas e grisalhas,
este rosto vermelho e cabeludo, têm-me rendido muita
consideração. Quando me faltavam estas qualidades, a
consideração era menor."
• A princípio pediu ajuda a alguns amigos, dividiriam as tarefas para compor o trabalho, por fim
percebeu que estava sozinho nessa empreitada. Criado sem pai nem mãe - que nem sequer
colocaram os nomes na sua certidão de nascimento - Paulo Honório cresceu ajudado por um
cego e pela velha Margarida, uma doceira. Trabalhou na roça até os dezoito anos, quando
cometeu o primeiro crime.
• Encantou-se por Germana, que depois meteu-se com João Fagundes. Paulo Honório então
esfaqueou João Fagundes e ficou preso três anos, nove meses e quinze dias. Na cadeira
aprendeu a ler com o Joaquim sapateiro, que tinha uma Bíblia. Ao sair da cadeira
vagabundeou mundo afora, tendo uma vida cigana, caminhando e fazendo negócios de terra
em terra. Sempre frio e calculista, nunca se esquivou de usar a violência quando julgou ser
preciso. Já dono do latifúndio, Paulo Honório começou a ter problemas com o vizinho,
Mendonça, que acabou por mandar assassinar. Desse modo, incorporou as terras e aumentou
assim a sua propriedade. São Bernardo ao fim de algum tempo passou a dar lucros e nosso
protagonista achou que era hora de conceber um herdeiro.
• Casou-se com Madalena, que se mudou para a fazenda, e levou consigo a tia Glória. O
casamento logo deu sinais de problemas, Paulo Honório já nas primeiras discussões sentia-se
ameaçado pela cultura da mulher. Tudo piorou com a chegada do filho do casal. A situação se
degradou de tal maneira que Madalena deu cabo da própria vida.
• Por fim, Paulo Honório, viúvo, foi abandonado por Glória (tia da então esposa), pelo contador,
por Padilha e pelo Padre Silveira. Isolado e solitário, a alternativa encontrada pelo
protagonista foi compor o livro que lemos, onde ficamos conhecendo a trágica história da sua
vida.
Fogo morto (1943)
• Obra-prima de José Lins do Rego, esse romance regionalista mostra o
declínio dos engenhos de cana-de-açúcar nordestinos e traça amplo
perfil das figuras decadentes que giravam em torno dessa atividade.
• Os méritos do romance, que o alçaram a uma posição respeitável no
interior da fase regionalista, devem-se a seu processo de criação. Os
três primeiros livros do autor – “Menino de Engenho” (1932),
“Doidinho” (1933) e “Bangüê” (1934) – iniciam o ciclo da cana-de-
açúcar, no qual José Lins do Rego explorou essencialmente a sociedade
que se formava nas proximidades do engenho em razão de sua
existência.
• “Fogo Morto” é narrado em terceira pessoa e é dividido em três partes,
que trazem em seus títulos o nome dos três personagens principais: “O
mestre José Amaro”, “O Engenho de Seu Lula” e “O Capitão Vitorino”.
Esses personagens representam, no plano psicológico e moral, a
situação em que, no nível socioeconômico, estão os engenhos de cana-
de-açúcar, com a decadência dessa cultura no processo histórico
brasileiro.
• Eram chamados de “engenho de fogo morto” aqueles engenhos que
paravam de produzir o açúcar, riqueza da época. O espaço decrépito de um
universo que perdeu a importância econômica anterior passa a agregar a
seu redor personagens decadentes, que, no entanto, carregam ainda o
orgulho e a empáfia patriarcal de outros tempos. Essa disparidade entre a
aparência que os personagens ostentam e a realidade em que vivem norteia
todo o romance.
• fogo morto” é um drama humano organizado em três partes, daí a
caracterização de estrutura triangular. Cada uma delas traz no título o
nome da personagem central, nesta ordem: O mestre José Amaro, seleiro
orgulhoso e revoltado; O engenho do “seu” Lula, senhor de engenho,
decadente; O capitão Vitorino, “Papa-Rabo”, tipo quixotesco, defensor de
fracos e oprimidos.
A bagaceira
A bagaceira, de José Américo de Almeida,
de 1928.
• Esse livro foi um marco importante no
desenvolvimento do modernismo, pois
instaura o que denominamos de literatura
regionalista numa narrativa que, ao mesmo
tempo, denuncia aspectos sociais da região e
poetiza cenas e sentimentos dos personagens,
se tornando uma referência literária
importante para autores como José Lins do
Rêgo, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos.
• A bagaceira traz em seu escopo o sofrimento humano diante da estrutura
social arcaica dos engenhos, entre dois períodos de seca. Sua composição
harmoniosa entre os diferentes discursos evidencia a tragédia social
presenciada pela chegada de retirantes do sertão na região do brejo. Sobre
a circunscrição do espaço do romance, é interessante ressaltar que José
Américo de Almeida nasceu e cresceu no brejo, cidade de Areia-PB, tendo
presenciado os retirantes do sertão chegar em sua região em busca de
melhores condições. Assim, a narrativa marca o encontro entre duas
regiões, o sertão e o brejo, retratadas como realidades distintas, vítimas do
mesmo descaso político e social e mesquinhez humana, características que
também se refletem nos aspectos físicos e comportamentais dos
personagens.
Gabarito das questões dos slides
1C-2D-3D-4B-5E
Gabarito do simulado
1C 2E 3B 4D 5A 6E 7C 8A 9D 10E
Referências
• https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/tipos-de-discurso-direto-indireto-e-indireto-livre.htm.
• https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/romance.htm.
• https://www.portugues.com.br/literatura/romance.html.
• https://brasilescola.uol.com.br/literatura/vidas-secas.htm
• https://leitorcabuloso.com.br/2021/03/resenha-as-tres-marias-rachel-de-queiroz/
• https://www.culturagenial.com/incidente-em-antares-erico-verissimo/
• https://entrecontos.com/2017/11/20/tieta-do-agreste-jorge-amado-resenha-fil-felix/comment-page-1/
• https://www.culturagenial.com/livro-sao-bernardo-de-graciliano-ramos/
• https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/fogo-morto-analise-da-obra-de-jose-lins-do-rego/
• https://www.ficcionados.com.br/artigo/tipos-de-conflito-em-narrativas/

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