Você está na página 1de 12

GÊNERO TEXTUAL:

Crônica
Prof.ª Eliana Gava
Características da crônica
• Narração curta;
• Descreve fatos da vida cotidiana;
• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou
irônico;
• Possui personagens comuns;
• Segue um tempo cronológico determinado;
• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na
fala das personagens;
• Linguagem simples;
• Narrativa em primeira ou terceira pessoa, quase
sempre como quem conta um caso.
 Os cronistas expõem seus ponto de vista, seus comentários e
deduções, suas ironias e interpretações a respeito de fatos
(notícias ou dia- a-dia pessoal).
 Ele não tem, no entanto, por finalidade apenas a
informação, mas sua universalização para que as pessoas
aprendam alguma coisa com o que
é, aparentemente, corriqueiro.
Discurso direto:
 O narrador reproduz textualmente as
palavras, falas, as características da
personagem. Ao construir discurso
direto, o autor atualiza o
acontecimento, tornando viva e natural a
personagem, a cena. Usa-se o travessão e certos
verbos especiais “de dizer”
(falar, dizer, responder, retrucar, indagar, declarar,
exclamar).
Discurso indireto
O narrador “conta” o que a personagem disse.
Conhecemos suas palavras indiretamente. Há uma
intensa identidade, quase se misturam narrador e
personagem.
Discurso indireto livre ou misto
O narrador incorpora na sua linguagem a fala das
personagens e assim nos transmite a essência do
pensamento ou sentimento. No discurso indireto
livre existe a inserção sutil da fala da personagem
sem as marcas do discurso direto, porém com toda
sua força e vivacidade.
Pai não entende nada

_ Um biquíni novo?
_ É, pai.
_ Você comprou um no ano passado!
_ Não serve mais, pai. Eu cresci.
_ Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este ano
tem 15. Não cresceu tanto assim.
_ Não serve, pai.
_ Está bem, está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquíni
maior.
_ Maior não, pai. Menor.

Aquele pai, também, não entendia nada.

Luis Fernando Veríssimo


Luis Fernando Veríssimo (Porto Alegre
, 26 de setembro de 1936) é um
escritor brasileiro. Mais conhecido por
suas crônicas e textos de humor, mais
precisamente de sátiras de costumes,
publicados diariamente em vários
jornais brasileiros, Veríssimo é
também cartunista e tradutor, além
deroteirista de televisão, autor de
teatro e romancista bissexto. Já foi
publicitário e copy desk de jornal. É
ainda músico, tendo
tocado saxofoneem alguns conjuntos.
Com mais de 60 títulos publicados, é
um dos mais populares escritores
brasileiros contemporâneos. É filho do
também escritor Érico Verissimo.
A palavra “ crônica”, em sua origem, está associada à palavra
grega “khrónos”, que significa tempo. De khrónos veiochronikós,
que quer dizer “relacionado ao tempo”. Justificando o nome do
gênero que escreviam, os primeiros cronistas relatavam,
principalmente, aqueles acontecimentos históricos relacionados
a pessoas mais importantes, como reis, imperadores, generais
etc.
A crônica contemporânea é um gênero que se consolidou por
volta do século XIX, com a implantação da imprensa em
praticamente todas as partes do planeta. A partir dessa época,
os cronistas, além de fazerem o relato em ordem cronológica dos
grandes acontecimentos históricos, também passaram a registrar
a vida social, a política, os costumes e o cotidiano do seu tempo,
publicando seus escritos em revistas, jornais e folhetins. Ou seja,
de um modo geral, importantes escritores começam a usar as
crônicas para registrar, de modo ora mais literário, ora mais
jornalístico, os acontecimentos cotidianos de sua época ,
publicando-as em veículos de grande circulação.
Ao escrever as crônicas contemporâneas, os cronistas
organizam sua narrativa em primeira ou terceira pessoa,
quase sempre como quem conta um caso, em tom
intimista. Ao narrar, inserem em seu texto trechos de
diálogos, recheados com expressões cotidianas.

Escrevendo como quem conversa com seus leitores, como


se estivessem muito próximos, os autores os envolvem
com reflexões sobre a vida social, política, econômica, por
vezes de forma humorística, outras de modo mais sério,
outras com um jeito poético e mágico que indica o
pertencimento do gênero à literatura.

Assim, uma forte característica do gênero é ter uma


linguagem que mescla aspectos da escrita com outros da
oralidade.
Pneu furado

O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do


carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonitinha.
Tão bonitinha que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo
"Pode deixar". Ele trocaria o pneu.
- Você tem macaco? - perguntou o homem.
- Não - respondeu a moça.
- Tudo bem, eu tenho - disse o homem - Você tem estepe?
- Não - disse a moça.
- Vamos usar o meu - disse o homem.
E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça.
Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava
esperando. Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar.
Dali a pouco chegou o dono do carro.
- Puxa, você trocou o pneu pra mim. Muito obrigado.
- É. Eu... Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
- Coisa estranha.
- É uma compulsão. Sei lá.

Luis Fernando Veríssimo


Referências
• AMARAL, Heloisa. Questão de gênero: o gênero
textual crônica.Disponível em https://www.escr
evendoofuturo.org.br/index.ph p?
option=com_content&view=article&id=186:o-
genero-textual-
cronica&catid=23:colecao&Itemid=33 . Acessado
em 25/5/2014.
• VILARINHO, Sabrina. Crônica.Disponível em
http://www.brasilescola.com/redacao/cronica.ht
m. Acessador em 25/5/2014.

Você também pode gostar