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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Instituto de Educação à Distância – IED


Centro de Recursos de NAMPULA

Textos Literários e não Literários

Justino Zacarias, Código: 708213352

Curso: Licenciatura em Ensino Português


Disciplina: Introdução ao Estudos Literários
Ano de frequência: 1º Ano
Turma: Q

Tutor: Manuel Miguel Raposo

Nampula, Maio, 2022

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Índice
Introdução..........................................................................................................................3

Texto Literário e Não Literário.........................................................................................4

Texto literário....................................................................................................................4

Exemplos de textos literários.............................................................................................4

Texto não-literário.............................................................................................................6

Exemplos de textos não-literários.....................................................................................7

A diferença entre texto literário e texto não-literário........................................................8

Conclusão..........................................................................................................................9

Referencias Bibliograficas

Introdução

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A verdade é que os alunos dissertaram largamente sobre as palavras aparentemente
literárias escritas no quadro, o que levou Stanley Fish a considerar a literariedade um
constructo motivado (historicamente, socialmente, culturalmente, etariamente). Aguiar
e Silva escreve a propósito deste episódio: «Segundo Fish, a literatura é uma categoria
convencional, não delimitável nem caracterizável mediante propriedades formais
existentes em determinados textos, mas estabelecida em função de decisões de uma
comunidade interpretativa que lê e julga como literários certos textos.

E esta é a perspectiva actual da literariedade. Porém, de um modo mais geral e também


de acordo com a Teoria da Literatura (capítulo 4.10. Modos, géneros e subgéneros
literários), pode considerar-se que um texto é literário se “couber” dentro de um (ou
mais) género (s) e modo (s) literários. Os modos literários podem ser o épico, o
bucólico, o trágico, o cómico, o satírico, etc.; os géneros literários podem ser o
narrativo, o lírico e o dramático.

Com vista a permitir boa leitura e consulta do trabalho, foi preciso obedecer a seguinte
estrutura: Introdução, Desenvolvimento, conclusão e a respectiva bibliografia.

Texto Literário e Não Literário

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Segundo Figeuiredo & Belo (1975). A forma de linguagem e a apresentação da
informação estão entre as diferenças do texto literário do não literário. O texto literário é
aprestado em uma linguagem pessoal, envolta em emoção, emprego de lirismo e valores
do autor ou do ser (ou objecto) retratado. Já o texto não-literário tem como marca a
linguagem referencial e, por isso, também é chamado de texto utilitário.

Em resumo, o texto literário é destinado à expressão, com a realidade demonstrada de


maneira poética, podendo haver subjectividade. O texto não literário, contudo, é
marcado pelo retrato da realidade desnuda e crua. É possível tratar sobre o mesmo
assunto nas duas formas de texto e apontar o tema ao receptor sem prejuízo a
informação.

Texto literário

Segundo Reis (1981). Os textos literários são baseados na imaginação do escritor/artista


e, portanto, são subjectivos. Com a função de entreter o leitor, esse tipo de texto está
intimamente relacionado com a arte. Por ser um texto artístico, não tem compromisso
com a objectividade e com a transparência das ideias.

O texto literário possui carácter estético e não somente linguístico, cuja interpretação e


significação variam de acordo com a subjectividade do leitor. É comum o uso de figuras
de linguagem, assim como a subversão à gramática normativa.

Exemplos de textos literários

 Novelas;

 Contos;

 Fábulas;

 Dramas;

 Poemas.

Texto 1:

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Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira - 1947)

Quando olhei a terra ardendo


Qual fogueira de São João
Eu perguntei, ai
Meu Deus do céu, ai
Por que tamanha
Judiação

Que braseiro,
Que fornalha,
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água
Perdi meu gado
Morreu de sede
Meu alazão

Até mesmo a asa branca


Bateu asas do sertão
Então eu disse:
Adeus, Rozinha
Guarda contigo
Meu coração

E hoje longe muitas léguas


Numa triste solidão
Espero a chuva
Cair de novo
Pra eu voltar
Pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos


Se espalhar na plantação
Eu te asseguro
Não chores não, viu

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Que eu voltarei, viu
Meu coração

Eu te asseguro
Eu te asseguro
Meu coração
Eu te asseguro
Eu voltarei
Pro meu sertão

Texto 2:

Meu Caro Amigo (Chico Buarque - 1976)

Meu caro amigo me perdoe, por favor


Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol


Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Texto não-literário

Segundo Silva (1990). Os textos não-literários são informativos. Sua composição utiliza


fatos para comprovar um ponto e a escrita é feita de forma objectiva. A informação nos
textos não-literários deve ser passada de modo a facilitar a compreensão da mensagem.
Por isso, o texto deve ser escrito de forma clara, de modo que o leitor não tenha
dificuldades para compreender as informações.

Exemplos de textos não-literários

 Documentos;
 Receitas;
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 Livros didáticos;
 Artigos acadêmicos;
 Manuais de instrução

Texto 1:
História - Seca, fenômeno secular na vida dos nordestinos
A história das secas na região Nordeste é uma prova de fogo para quem lê ou escuta os
relatos que vêm desde o século 16. As duras consequências da falta de água acentuaram
um quadro que em diversos momentos da biografia do semiárido chega a ser assustador:
migração desenfreada, epidemias, fome, sede, miséria. Os relatos de pesquisadores e
historiadores datam da época da colonização portuguesa na região.
Até a primeira metade do século 17, quem ocupava as áreas mais interioranas do
semiárido brasileiro era a população indígena. Uma das primeiras secas que se tem
notícia aconteceu entre 1580 e 1583.

Texto 2:

O golpe de 1964 e a instauração do regime militar

Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o


governo legalmente constituído de João Goulart.

A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se
conseguiu articular os militares legalistas.

Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores
(CGT) em apoio ao governo. (CPDOC - FVG - O Golpe de 1964)

A diferença entre texto literário e texto não-literário

As principais diferenças entre os textos literários e não-literários estão no objectivo e no


modo como são construídos.

Os textos literários são textos narrativos e/ou poéticos e sua principal função é entreter.
Os textos não-literários são textos cujo principal objectivo é transmitir informações, e
não contém os mesmos elementos narrativos e artísticos dos textos literários.

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Texto Literário Texto Não Literário
A linguagem empregada é de conteúdo Uso da linguagem impessoal, objetiva em linha
pessoal, cheia de emoções e valores do emissor
reta
e há o emprego da subjetividade
Emprego da linguagem multidisciplinar e cheia Linguagem denotative
de conotações
Linguagem poética, lírica, expressa com
objetivos estéticos na recriação da realidade ou Representação da realidade tangível
criação de uma realidade intangível, somente
literária
A linguagem empregada é de conteúdo Uso da linguagem impessoal, objetiva em linha
pessoal, cheia de emoções e valores do emissor
reta
e há o emprego da subjetividade
Emprego da linguagem multidisciplinar e cheia Linguagem denotative
de conotações
Linguagem poética, lírica, expressa com
objetivos estéticos na recriação da realidade ou Representação da realidade tangível
criação de uma realidade intangível, somente
literária
Primor da expressão Atenção, prioridade à informação
Subjetiva e conotativa. Objetiva e denotativa.
Utiliza elementos como a musicalidade, figuras
de linguagem, multissignificação e possuem
liberdade na criação. Linguagem objetiva e clara.
Costuma subverter a gramática normativa. Geralmente adota a gramática normativa.
Ficção, baseada na imaginação do artista. Utiliza fatos e informações.
Analisar um texto não-literário requer
confirmação dos fatos, conhecimento,
A leitura de um texto literário inclui a busca de desenvolvimento de habilidades e realização de
metáforas e simbolismos. tarefas.
Diários pessoais, notícias, receitas, jornais e
Poesias, novelas, histórias e dramas. artigos.

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Conclusão
Chegado a esta fase do trabalho torna possível concluir que Na prática, e para a maior
parte dos estudiosos da teoria literária, não existe um discurso literário autónomo que
encerra em si características específicas. A literatura é demasiado heterogénea (do ponto
de vista histórico, geográfico, sociocultural ou etário) para tal, o julgamento da
literariedade de um texto tem variado ao longo das épocas, de quem lê e das correntes
em voga. Para saber mais sobre este assunto, recomendamos a leitura do primeiro
capítulo da Teoria da Literatura de Victor Manuel de Aguiar e Silva.

Na adenda a este, fala-se de um professor/teórico da literatura muito conhecido,


chamado Stanley Fish, a quem aconteceu uma coisa curiosa: tendo escrito palavras e
frases ao acaso no quadro de uma das suas aulas, pediu aos alunos que analisassem
literariamente o que estava escrito. Tratava-se, obviamente, de uma experiência.

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Referencias Bibliográficas

Figeuiredo, M. J. V. & Belo, M. T. (1975). Comentar um texto Literário, Lisboa,


Presença, 4ª Ed.

Reis, C. (1981). Técnicas de Análise Textual, Coimbra Almedina, 3ª Ed.

Silva, V. M. (1990). Teoria da Literatura, Coimbra Almedina, 8ª Ed.

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