Você está na página 1de 4

Prova Escrita de Português – VERSÃO A novembro de

2022
Aluno:____________________________________________________ n.º_______ Turma:_______
Leitura
Muito Insuficiente Insuficiente Suficiente Bom Muito Bom

Observações: A professora:

8.º Ano de Escolaridade – 3.º Ciclo do Ensino Básico Duração da Prova: 45


minutos
GRUPO I – Leitura (100p)
Lê a reportagem com atenção e, se precisares, consulta as notas.
Texto A
O que leem (e como leem) os adolescentes?
5

Ler implica foco, silêncio, um tempo lento. Ou seja, o contrário dos hábitos dos nativos digitais 1.
Mais do que saber se cumprem as leituras escolares, importa descobrir o que é que os jovens leem
por puro prazer e como é que esse gosto se pode estimular.
10 Francisco Ferreira trata os livros com estima, mas também com familiaridade suficiente para
não recear dobrar os cantos das páginas em vez de usar um marcador. É um leitor eclético 2 como
mostram os três livros que traz na mão: Diário de um adolescente na Lisboa de 1910, de Alice
Vieira, que conta a história de um rapaz à época da queda da monarquia; An adventure on Madeira
Island, tradução inglesa da famosa coleção “Uma Aventura”, de Ana Maria Magalhães e Isabel
15 Alçada; e Little house on the prairie, uma novela de 1935, da americana Laura Ingalls Wilder, sobre
as suas experiências enquanto criança no centro oeste do país.
“Gosto de ler em inglês porque ganho mais vocabulário”, explica o adolescente de 15 anos,
que frequenta o 9.º ano.
Usa várias vezes a expressão “estou a trabalhar um livro” quando se refere às leituras da
20 escola, mas, por oposição, considera as suas próprias leituras, que faz sobretudo quando está de
férias, como momentos de descanso, deixando muito clara a fronteira entre a leitura por obrigação
e por prazer.
Os três livros que traz consigo têm histórias muito diferentes, mas uma coisa em comum: as
personagens são adolescentes, como ele próprio. Não há grande mistério nesta preferência: os
25 adolescentes gostam de ler obras com protagonistas da mesma idade porque conseguem
relacionar-se com a história sob uma perspetiva mais pessoal.
“Nós só conseguimos ler aquilo para que estamos preparados”, explica a mediadora de leitura
Andreia Brites. “Podemos ler um livro difícil do ponto de vista da linguagem se o tema nos for
próximo e o inverso também é possível: ler algo cujo tema nos é estranho e sobre o qual não temos
30 um conhecimento prévio estruturado, se for numa linguagem simples que nos permita
compreender.”
Para Andreia, que trabalha desde 2005 nas bibliotecas de todo o país, sobretudo com jovens,
esta adequação é muito importante: pô-los perante coisas para as quais não estão preparados é
“matar” leitores. “Se lhes damos um tipo de livro para o qual ainda não têm competências, eles não
35 só vão rejeitar aquele livro como muitos semelhantes.”
A mediadora acredita que recomendar-lhes leituras passa sobretudo por conhecê-los.
“Gostam de animais, de carros ou de um desporto? São mais imaginativos ou mais pragmáticos?

1/4
Há algum filme ou jogo de computador de que gostem e que possa influenciar na leitura de um
livro? Tudo é válido. O mais importante é conhecê-los.”
40 Apesar disso, garante que há temas e géneros que, por norma, lhes são caros. “Os
adolescentes, tipicamente, têm uma grande necessidade de ter, por um lado, contacto com as
tragédias e com a realidade mais dura e, por outro, com a fantasia e a aventura.”
Sofia Teixeira, in www.noticiasmagazine.pt, 27-01-2019 (consult. em 09-10-2021)
Notas
45 1. Nativo digital: pessoa, geralmente nascida no século XXI, que cresceu já no pleno desenvolvimento da tecnologia
digital, nomeadamente da Internet e de dispositivos como telemóveis ou tablets.
2. Eclético: versátil, variado.

50 1. Associa a cada elemento da coluna A uma única frase da coluna B, conforme o sentido do texto.
(12p)
Coluna A Coluna B
a. Lê livros exclusivamente em português.
1. Sofia Teixeira b. Escreveu um livro inspirado nas suas experiências de infância.
2. Francisco Ferreira c. Entende que há diferenças entre ler por prazer e ler por obrigação.
3. Andreia Brites d. Argumenta que todos os livros são adequados a todos os leitores.
e. Considera que a leitura implica concentração.
1.____2.____3._____ f. Defende que os jovens têm preferências de leitura comuns
relativamente a temas e géneros.
2. Assinala, nos itens 2.1. a 2.4., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
(20p)
2.1. Ao “dobrar os cantos das páginas em vez de usar um marcador” (linha 5), Francisco revela
55

A. desinteresse pela leitura.


B. ecletismo em relação à leitura.
C. falta de cuidado com os livros.
D. proximidade com os livros.
60
2.2. Os três livros referidos no segundo parágrafo têm em comum
A. o tema e o género.
B. um enredo cheio de suspense.
65 C. o tipo de personagens.
D. a simplicidade da linguagem.

2.3. O pronome pessoal “lhes” (linha 29) refere-se a


70 A. “bibliotecas de todo o país” (linha 25).
B. “jovens” (linha 25).
C. “coisas” (linha 26).
D. “competências” (linha 27).

75 2.4. No último parágrafo, a oposição entre dois tipos de preferências é marcada


A. pelo advérbio “tipicamente”.
B. pelos conectores “por um lado” e “por outro”.
C. pela expressão “Apesar disso”.
D. pelo recurso à citação.

2/4
5
80

Texto B
Lê a entrevista feita pelo repórter da revista Visão Júnior, Lourenço Costa, ao ilusionista Luís de
Matos, no Estúdio 33, em Ansião, no distrito de Leiria.
85
Magia ou mentira?
Como começou a ser mágico?
Aprendi os meus primeiros truques quando tinha 8 ou 9 anos.
Passou a ser o meu hobby e, mais tarde, já dedicava tanto tempo
à magia que passou a ser a minha profissão também.
5 Como cria os seus números?
A inspiração pode surgir quando vejo um filme ou ouço uma
música ou quando alguém se cruza comigo na rua e me diz: “Era
espetacular se fizesse isto ou aquilo no palco.” Tudo serve de
inspiração.
10 Qual é truque mais espetacular que já fez?
Não sei bem, isso depende também do público. Mas, às vezes, as pessoas lembram-se de um
número em que eu tinha de fazer desaparecer o carro de um espetador ao acaso ou de quando
previ os números do Totoloto ou do desaparecimento do elefante no Pavilhão Atlântico.
Porque não jogou no Totoloto quando fez a magia de acertar nos números?
15 Porque, como expliquei na altura, eu não acerto nos números do Totoloto, eu crio a ilusão de que
vou acertar. O que eu faço só é espetacular porque é mentira. Os ilusionistas têm a profissão
mais honesta do mundo porque nós dizemos que vamos mentir e mentimos. Avisamos antes!
(…)
Qual a diferença entre magia e ilusionismo?
20 O truque é o que eu uso e podem ser fios muito fininhos, ímanes ou espelhos, por exemplo… A
ilusão é o que tu fazes com esse truque, ou seja, a ilusão que crio com esses fios ou espelhos.
Mas quando se faz esta ilusão diante do público e as pessoas se emocionam e admiram, então,
a ilusão torna-se um momento mágico.
O que faz depois dos espetáculos?
25 Normalmente, demoramos muitas horas a preparar e a arrumar tudo, e eu sou sempre o primeiro
a chegar e o último a sair. O espetáculo pode demorar duas horas, mas antes, muitas vezes
tivemos dez horas de ensaios e montagens e, depois do espetáculo, podemos demorar seis
horas a desmontar tudo. E eu ajudo, porque é a forma que tenho de agradecer à minha equipa o
trabalho que teve enquanto eu estive em cima do palco a receber os aplausos. (…)
30 O que gosta mais de fazer além da magia?
Tomar conta das árvores e do jardim. E, acima de tudo, gosto de aprender, seja sobre o que for,
porque acho que aquilo que aprendemos torna-nos mais fortes. Podemos perder lápis, casacos
ou o relógio, mas o que aprendemos nunca perdemos, por isso, aprender é fixe. (…)
Que filmes sobre magia nos pode sugerir?
35 Prestige, O Ilusionista ou Os Mestres de Magia. São todos filmes que ajudam a perceber um
bocadinho melhor a magia. Sabias que quem inventou o cinema foi um mágico?

3/4
Visão Júnior, n.º 212, janeiro de 2022

40
3. Indica todas as alíneas que, de acordo com o texto, correspondem a informações sobre o
ilusionista Luís de Matos. (20p)
A. O ilusionista Luís de Matos, desde muito jovem, começou a praticar truques de magia.
B. O truque mais espetacular que já executou foi fazer desparecer um elefante no Pavilhão
45 Atlântico, segundo o ilusionista.
C. Os ilusionistas são pessoas honestas porque mentem e avisam o público antes.
D. Para Luís de Matos, a ilusão pode levar à magia.
E. O pagamento que o ilusionista oferece à sua equipa de trabalho é ajudar e estar presente
durante toda a preparação do espetáculo.
50 F. Para o ilusionista, os momentos mágicos surgem quando as pessoas se emocionam.
G. O mágico que mais admira já morreu.

4. Como surgem as ideias para os truques criados por Luís de Matos? (12p)
5. Explica, por palavras tuas, a diferença entre ilusionismo e magia. (12p)
55 6. Indica uma caraterística que possa ser atribuída a Luís de Matos tendo em conta a sua
afirmação “eu ajudo, porque é a forma que tenho de agradecer à minha equipa o trabalho que
teve enquanto eu estive em cima do palco a receber os aplausos.”. Justifica a tua resposta.
(12p)
7. Para Luís de Matos, “aprender é fixe”. Concordas com a afirmação? Justifica a tua resposta
60 com dois argumentos. (12p)

65

4/4

Você também pode gostar