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5 DINÂMICAS DIVERTIDAS PARA O PRIMEIRO DIA DE AULA

A primeira aula do ano é sempre um momento de expectativa e


ansiedade para alunos e professores, especialmente quando tudo é novo: a
classe, os professores, a disciplina e, para alguns, até a escola, a cidade e o
idioma. Situações que dão um frio na barriga e nos deixam inseguros perante
aqueles 30 ou 40 pares de olhos. A elas se somam as advertências dos
colegas: “cuidado com o fulano! Essa classe me enlouqueceu o ano passado!
Seja duro com essa turma”… e outros comentários intimidadores.

Isso lembra o dilema do professor, especialmente na primeira aula: que


equilíbrio estabelecer entre familiaridade e distância: devo parecer amigo e
simpático ou durão e reservado? Brinco com os alunos ou deixo claro que não
tolero brincadeiras? Para responder essas questões, Leandro Karnal usa uma
metáfora, relacionando o trabalho do professor com o do salva-vidas:

“Se ele se aproxima muito do afogado e o abraça fraternalmente, ambos


afundam. Se ele fica muito distante, a vítima cumpre sua sina de afogar-se sem
ajuda. É inútil fingir uma dureza que você não tem ou que nem quer ter. É
perigoso usar de muita intimidade. A aula é um momento profissional e você
não é amigo dos alunos. Amizade implica isonomia, igualdade, algo inexistente
na sala de aula. Pelo mesmo motivo que você não é amigo, você não é o
inimigo, pois amizade e inimizade implicam relações pessoais, frequentemente
íntimas. Repita para si sempre: sou o professor.” (Karnal, Leandro. Conversas
com um jovem professor. São Paulo: Contexto.)

Para amenizar a ansiedade e a angústia do primeiro dia de aula, planeje


a primeira aula do ano com cuidado. Decida o que vai fazer e falar aos alunos.
Ensaie suas palavras. Organize o material que usará. Seja profissional:
esqueça os problemas pessoais e concentre-se em seu trabalho.
Apresentamos abaixo, sugestões de atividades que proporcionam uma
carinhosa acolhida aos alunos estabelecendo a empatia e renovando o
entusiasmo em aprender.

1. Apresentação do professor aos alunos

O mais comum é o professor apresentar-se à turma escrevendo seu


nome e disciplina na lousa. Mas você pode variar propondo uma brincadeira de
“adivinhe qual é a minha matéria?”. Comece fornecendo algumas dicas – “eu
lido com…” –, e faça, na lousa, uma lista dos elementos relacionados à
disciplina de História, mas sem ser óbvio: “números”, “nomes”, “lugares”, “arte”,
“livros”, “pessoas”, “política”, “sociedade”, “economia”, “dados estatísticos”…

À medida que cada elemento for mencionado, deixe a classe ir lançando


suas apostas e escreva-as na lousa. Quanto mais diversas forem as dicas,
mais diversas serão as respostas dos alunos que citarão diferentes disciplinas:
Matemática, Português, Sociologia, Psicologia, Geografia, História etc. Ao final,
releia todas as respostas e enfatize aos alunos que a História é interdisciplinar
pois lida com diferentes áreas do conhecimento.

A dinâmica só terá sucesso se os alunos realmente desconhecerem o


professor e não tiverem em mãos o calendário escolar. “Entre os muros da
escola”. Direção de Laurent Cantet, França, 2008.

2. Quem é meu/minha professor/a?

Uma atividade para o primeiro dia de aula onde o professor é o centro da


brincadeira. Pode ser interessante para turmas mais inibidas ou mesmo para
aquelas que já conhecem o professor.

Preparação da dinâmica: escreva em pedaços de papel informações


verdadeiras e falsas a seu respeito. Misture informações pessoais, familiares e
profissionais, como por exemplo, número de filhos, ano ou faculdade onde se
formou, se tem irmãos ou não, uma viagem que fez, o que gosta ou não de
comer etc.

Vale incluir fotografias ou imagens extraídas de revistas que se


relacionam (ou não) com a informação escrita. A dinâmica fica mais instigante
se você inserir informações incomuns ou impensáveis pelos alunos.

Calcule 5 informações para cada grupo de alunos lembrando de incluir


algumas falsas entre elas. Divida a turma em grupos e distribua as
informações. Eles devem decidir quais informações imaginam serem
verdadeiras e quais as falsas sobre você. Dê uns 15 a 20 minutos para eles
discutirem e avaliarem as informações.

Divida a lousa em duas partes reservando um lado para as informações


verdadeiras e outro para as falsas. Peça para cada grupo levar para a lousa o
que decidiram distribuindo as informações conforme julgam ser verdadeiras ou
falsas e justificando para a turma porquê dessa decisão.

Ao final, o professor comenta que grupo mais acertou.

3. Dinâmicas de quebra-gelo

Há sempre uma tensão na primeira aula especialmente nas turmas


novas em que os alunos não se conhecem. As dinâmicas de quebra-gelo têm o
objetivo de ajudar a descontrair os alunos e proporcionar uma melhor
integração do grupo. Selecionamos 4 dinâmicas de quebra-gelo: a) Boas
vindas, b) Valorizando o espirito de equipe, c) Busque alguém que…, d)
Escravos de Jó.

a) Boas vindas
Material: bexigas coloridas e caneta permanente (usada para
retroprojetor).

Distribuir as bolas e pedir aos alunos que encham e fechem com um nó.
Cada um deve escrever na bexiga uma frase ou palavra que expresse suas
expectativas sobre o ano que se inicia. Pode, também, escrever algo
relacionado à História que aprenderam: um conceito, um fato, nome de um
personagem, uma data, um período histórico.

Terminada a tarefa, todos se levantam e brincam entre si com as


bexigas sem deixar que elas estourem. Importante que as bexigas circulem
entre os alunos.

Ao sinal do professor, cada um pega um dos balões, qualquer um. Os


alunos formam grupos de acordo com a cor. O grupo lê o que está nos balões
e conversa a respeito. Pendurar os balões e deixar pendurados durante uns
dias até que murchem.

b) Valorizando o espírito de equipe

Objetivo: ressaltar a confiança e o espírito de cooperação.

Em duplas, o aluno se posiciona de costas um para o outro, ombro a


ombro. Em seguida pedir para que cada dupla se abaixe até o chão sem
colocar as mãos no chão. Alguns vão cair, outros vão conseguir e isso vai
resultar em muita risada e novas tentativas para vencer o desafio. Terminar a
dinâmica falando sobre a confiança que temos que ter no amigo, sobre o
espírito de colaboração em equipe e valorização da pessoa.

c) Busque alguém que…

O objetivo é os alunos e o próprio professor descobrirem alguma


informação sobre os colegas através das questões formuladas em cartões. Isso
favorece a empatia entre a turma.

Em pedaços de papel, escreva uma característica a ser descoberta que


deve começar com a frase “Busque alguém que”. Por exemplo:

 Busque alguém que conheceu uma pessoa famosa …


 fale dois idiomas (além do português). …
 não gosta de refrigerante. …
 toma café sem açúcar. …
 é vegetariano. …
 toca algum instrumento musical. …
 já andou a cavalo (ou de moto, de trem, de carro de boi…) …
 foi no cinema na semana passada. …
 não tem perfil em nenhuma rede social. …
 sabe usar a máquina de lavar roupa. …
 sabe cozinhar. …
 já morou em outra cidade ou país.

É interessante incluir na dinâmica situações típicas de sua cidade como


festas populares, personagens locais etc.

Cada aluno recebe um pedaço de papel com a instrução. Os alunos devem


se levantar e fazer as perguntas para diferentes colegas. Encontrando alguém
que corresponda à característica, escreve o nome do colega no papel. E
continua procurando mais colegas com aquela característica.

O jogo termina quando todos encontrarem pelo menos uma pessoa para
cada instrução.

Se algum aluno não se encaixar em nenhuma característica, ele vira o


“coringa” da turma. Peça para ele contar algo que o diferencie ou que não foi
mencionado no jogo.

d) Escravos de Jó

Esta cantiga de roda é uma brincadeira de origem africana muito popular


e que exige agilidade e concentração. Cada aluno tem na mão direita um
objeto igual (pedrinha, copo plástico etc). Sentados em roda começam a cantar
a cantiga marcando o ritmo, passando o objeto ao vizinho da direita e
recebendo com a mão esquerda o objeto da vizinho da esquerda, trocando-o
rapidamente de mão. Quando a letra diz “zigue, zigue, zá”, o objeto é retido na
mão direita, e só passado para a pessoa da direita na última palavra.

“Escravos de Jó, jogavam caxangá.


Escravos de Jó, jogavam caxangá.
Tira, põe, deixa ficar…
Guerreiros com guerreiros,
fazem zigue zigue zá,
Guerreiros com guerreiros,
fazem zigue zigue zá.”

O jogo tem cinco níveis. Na primeira vez, é cantada a música com a letra
tradicional. Na segunda, a melodia é entoada apenas com os sons de “lá-lá-lá”
no mesmo ritmo. Na terceira, os jogadores apenas murmuram a melodia no
mesmo ritmo. Na quarta, sem nenhum som, os jogadores movimentam os
objetos; apenas as batidas na mesa dão o ritmo da cantiga. No quinto nível, o
jogo recomeçam acelerando o ritmo.

4. Mensagens de boas vindas

Escolha uma frase inspiradora para escrever na lousa e refletir com os alunos.
As possibilidades são infinitas: frases que estimulam a colaboração, a
solidariedade, a superação de dificuldades, a busca do conhecimento ou, mais
especificamente, a importância da História. Algumas sugestões:

1. “Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam


que o poder realizador reside no interior de cada ser humano, sempre que
alguém descobre esse poder algo antes considerado impossível se torna
realidade.” (Albert Einstein)
2. “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.”
(George Santayan, em “A Vida da Razão”, v.1, 1905).
3. “Tudo aquilo que o homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo
de cada um se resume ao tamanho do seu saber.” (Albert Einstein)
4. “A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.”
(Eduardo Galeano)
5. “Pensar é perigoso. Não pensar é mais perigoso ainda.” (Hannah Arendt)
6. “Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição.”
(Simón Bolívar)
7. “Trago em mim o germe, o início, a possibilidade para todas as
capacidades e confirmações do mundo.” (Thomas Mann)
8. “A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do
passado.” (Marc Bloch)
9. “Inspiração vem dos outros. Motivação vem de dentro de nós.”
(Desconhecido)
10. “Sapere aude” (latim, “atreva-se a conhecer” ou “ouse saber”. Significa ter
coragem de pensar por si mesmo. Ela foi dita por Horário, um poeta latino,
no ano 20 a.C. em sua obra “Epistularum liber primus”, e depois retomada
por Kant, no século XVIII em seu ensaio “Resposta à pergunta o que são
as Luzes”.)

5. Filmes inspiradores

O ambiente escolar e o trabalho do professor foram temas de centenas


de filmes que tratam das relações entre alunos e professor, a escola e a
comunidade abordando questões como conflitos sociais, juventude e velhice,
tensões políticas, discriminação e preconceitos, dificuldades de aprendizagem,
condições adversas de ensino etc. Apontamos, abaixo, 12 filmes inspiradores
para o professor refletir sobre os desafios da prática pedagógica e se preparar
para mais um ano letivo.
“Sociedade dos Poetas Mortos”. Direção de Peter Weir, Estados
Unidos, 1989. Um professor usa métodos incomuns para estimular seus alunos
a romperem padrões e valores tradicionais de uma escola conservadora para
se tornarem livres pensadores.

“O Sorriso de Mona Lisa”. Direção de Mike Newell, Estados Unidos,


2003. No início da década de 1950, uma professora de arte educada na liberal
Universidade de Berkeley, na Califórnia, enfrenta uma escola feminina
tradicionalista esforçando-se para que suas alunos se libertem dos padrões
sociais conservadores.

“Entre os muros da escola”. Direção de Laurent Cantet, França, 2008.


Em uma escola na periferia de Paris marcada pela violência, desestrutura
familiar e tensões étnicas, um professor enfrenta a difícil tarefa de ensinar algo
a seus alunos seus alunos agressivos e desmotivados.

“Escritores da liberdade”. Direção de Richard LaGravenese, Estados


Unidos, 2007. Na década de 1920, em Los Angeles, após violentos distúrbios
raciais, uma professora tem o desafio de educar um grupo de alunos brancos,
negros, hispânicos e asiáticos reunidos em uma mesma classe pela lei de
integração racial. Escritores da liberdade”. Direção de Richard LaGravenese,
Estados Unidos, 2007.

“Ser e ter”. Direção de Nicolas Philibert, França, 2002. Um


documentário muitíssimo interessante. Na zona rural da França, um professor
perto de se aposentar ensina 12 crianças cujas idades variam de 4 a 11 anos.
Uma realidade diferente das comuns no Brasil, que mostra as dificuldades e
empenho de um professor na sua tarefa pessoal, profissional e cotidiana de
lecionar.

“Pro dia nascer feliz”. Direção de João Jardim, Brasil, 2007.


Depoimentos de estudantes da rede pública e particular sobre medos e anseios
no ambiente escolar. Adolescentes de três estados, de classes sociais
distintas, falam de suas vidas na escola, seus projetos e inquietações
mostrando situações escolares diferentes no país.

“Narradores de Javé”. Direção de Eliane Caffé, Brasil, 2004. Ao saber


que o vilarejo de Javé pode desaparecer sob as águas de uma hidrelétrica,
seus moradores decidem escrever sua história e transformar o local em
patrimônio a ser preservado. “Narradores de Javé”. Direção de Eliane Caffé,
Brasil, 2004.

“Quando sinto que já sei”. Direção de Anderson Lima, Antonio Lovato


e Raul Perez, Brasil, 2014. Documentário sobre alternativas ao sistema
convencional de ensino mostrando que é possível fazer diferente na educação.
A equipe visitou projetos em sete cidades brasileiras que têm em comum o
respeito pela individualidade de cada aluno e o contexto social em que se
inserem.

“Mandadayo”. Direção de Akira Kurosawa, Japão, 1993. A história real


de um professor aposentado e seus ex-alunos. Querido e respeitado, o
professor, aposentado no início dos anos de 1940, recebia os alunos todos os
anos, para festejar sua aposentadoria e comemorar o Madakai, quando os
alunos perguntavam Mada kai? (“Pronto?”), e ele depois de uma imensa taça
de cerveja respondia Mada dayo! (“Ainda não!”). O filme traz uma reflexão
sobre juventude e velhice, entre o tempo pessoal do professor e o tempo
histórico do Japão a partir da Segunda Guerra.

“Uma lição de vida”. Direção de Justin Chadwick, Estados


Unidos/Inglaterra/Quênia, 2011. Baseado na história real de um africano de 84
anos que luta para receber educação básica e se alfabetizar enfrentando a
oposição de pais e autoridades que não querem ceder uma vaga da escola
para um homem tão velho. Veja comentário do filme “Uma lição de vida” neste
site. “Uma lição de vida”. Direção de Justin Chadwick, Estados
Unidos/Inglaterra/Quênia, 2011.

“Nenhum a menos”. Direção de Zhang Yimou, China, 1999. Filme


singelo, feito com atores amadores e falas improvisadas, revela as condições
precárias da educação na zona rural chinesa. O professor precisa se ausentar
e somente uma voluntária, de apenas 13 anos, aceita substitui-lo por um mês.
Ela recebe a incumbência do professor titular de, na sua ausência, manter
todos os alunos na escola e não deixar nenhum partir.

“A língua das mariposas”. Direção de José Luis Cuerda, Espanha,


1999. Os medos e anseios de um garoto de sete anos ao ingressar na escola
especialmente em relação ao seu professor que imagina que poderá castigá-lo
ao menor erro. Mas tem uma grande surpresa com o carinho, sabedoria e
dedicação do velho professor, um senhor próximo da aposentadoria.

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