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“A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho” – Mário de Carvalho

1. Procura os seguintes momentos do conto e numera essas 42 sequências de acordo com a ordem com que surgem
no texto original.

SITUAÇÃO INICIAL

2 - Então, misturaram-se as datas de 4 de Junho de 1148 e de 29 de Setembro de 1984.


1 - Clio adormeceu e atou dois fios na tapeçaria da História.
DESENVOLVIMENTO
Encontro dos automobilistas com as tropas mouras.

5- Ibn-el-Muftar impediu Ali-ben-Yussuf de orar a Alá, pois achou que aquela situação precisava de ser resolvida, mas
com cuidado. Sendo assim, ordenou aos seus homens que se mantivessem quietos.

3 - Os automobilistas viram-se diante de uma multidão de berberes, azenegues e árabes.


6 - Ibn-el-Muftar avaliou a situação e colocou várias hipóteses: poderiam ter ido parar ao inferno, em consequência de
uma ofensa a Alá; poderiam ter sido enfeitiçados pelos cristãos; poderia ser uma partida dos diabos.

4 - Os árabes assustaram-se, fizeram rodar os seus cavalos e Ali-ben-Yussuf quis desmontar para rezar a Alá.
Tentativa por parte de Manuel Reis Tobias, agente da PSP, para resolver a confusão instalada.

8 - Manuel Reis Tobias descreveu os mouros, as suas armas, as suas vestes e o seu meio de transporte, ficando a
aguardar instruções.

9 - Do posto de comando disseram ao agente da PSP para não atuar.


7 - Manuel Reis Tobias, que estava escondido com o objetivo de multar os automobilistas que não respeitassem as
regras de trânsito, assistiu a tudo aquilo e emitiu uma mensagem para o posto de comando.
Chegada da Polícia de Intervenção.
10 - A polícia resolveu agir e dirigiu-se para o local com grande aparato de sirenes.
12 - Ibn-el-Muftar não achou as pessoas perigosas, até porque não tinham quaisquer armas.
11 - Os automobilistas dirigiram-se aos mouros, pensando que se tratava de um anúncio ou de um filme.
Organização do combate por parte de Ibn-el-Muftar

14 - Entretanto, alguns automobilistas faziam gestos pouco amigáveis. Porém, o almóada optou por não dar grande
importância.

13- O chefe dos mouros, Ibn-el-Muftar, utilizou a espada para organizar os seus homens no parque de estacionamento
do Areeiro. Alguns ficaram de pé no terreiro da estação de serviço, mas a maior parte da tropa ficou a ocupar a placa
central relvada.
Ataque, inesperado do camionista Manuel da Silva Lopes.

17 - As pessoas protestaram fortemente, em simultâneo.


16 - Como resposta, Ibn-el-Muftar ordenou aos archeiros que atirassem setas e, consequentemente, toda a gente
fugiu.

15 - Foi então que Manuel da Silva Lopes, camionista, decidiu atacar de repente, atirando uma pequena pedra que foi
bater no escudo de Mamud Beshewer.
Intervenção dos homens do comissário Nunes
20 - Contudo, a tarefa dos homens do comissário Nunes não foi fácil e alguns chegaram a ser atacados por algumas
pessoas que os haviam levado para dentro dos prédios.

18 - O comissário Nunes, que tinha chegado à Alameda D. Afonso Henriques e que liderava a polícia de choque, ouviu o
protesto e pensou que se tratava de uma revolta popular.

21 - No meio de toda a confusão, o comissário Nunes, bastante cansado, conseguiu reorganizar os polícias em cima da
placa relvada, o que causou a destruição das flores ali plantadas.

19 - O comissário Nunes mandou os seus homens empurrarem toda a gente até ao Areeiro com a ajuda de bastões.
24 - Por essa razão, deu ordem aos seus cavaleiros para atacarem, e eles, apontando as suas espadas, rodearam os
automóveis, amolgaram-nos e avançaram na direcção dos políci- as, sem qualquer hesitação.

23 - Ibn-el-Muftar pensou que os polícias de intervenção, com os seus escudos e viseiras, fossem os homens de D.
Afonso Henriques, ou seja, o cristão que havia conquistado Lisboa no ano anterior.

26 - Então, os mouros ficaram donos da placa central do Areeiro.


22 - Por seu turno, Ibn-el-Muftar estava irritadíssimo, pois alguém havia atirado água de uma das janelas,
encharcando-lhe o manto e a cota de malha.

25 - Os polícias tiveram medo dos cavaleiros e correram para a cervejaria Munique, onde se esconderam atrás do
balcão.
Intervenção das tropas do Ralis e da Escola Prática de Administração Militar.

28 - No entanto, os blindados do Ralis ficaram presos num engarrafamento com camiões TIR.
27 - Quando a tropa do Ralis e da Escola Prática de Administração Militar soube que tinha de intervir, já os polícias do
comissário Nunes se sentiam bastante inseguros, pois os mouros desfilavam ameaçadores e carrancudos.
Encontro entre o capitão Aurélio Soares e Ibn-el-Muftar.

31 - O capitão Aurélio Soares lamentava a sua pouca sorte, esquecendo-se de que não era o único envolvido naquela
confusão.

30 - A tropa do capitão Aurélio Soares pôde, assim, avaliar o inimigo. Tratava-se de milhares de mouros.
29 - Enquanto as viaturas se viam no meio do engarrafamento, a tropa do capitão Aurélio Soares chegava ao local,
organizando-se após a expulsão de algumas pessoas.

33 - Ibn-el-Muftar viu o lenço branco do capitão Aurélio e achou que devia negociar.
32 - O capitão organizou uma comissão para estabelecer contacto com os mouros, estando os seus homens prontos
para dispararem.
35 - O capitão Aurélio Soares tinha estado na Guiné, onde se relacionara com muçulmanos, pôde responder à
saudação de Ibn-el-Muftar: “Aleikum salam”.

34 - Ibn-el-Muftar fez a sua saudação “Salam aleikum”.


DESFECHO OU DESENLACE

39 - Para remediar o seu erro, a deusa Clio borrifou os homens com a água do rio Letes, o rio do esquecimento.
37 - O capitão Soares e todos os outros ficaram bastante surpreendidos com o desaparecimento dos mouros.
36 - Foi então que Clio acordou e, apercebendo-se do seu erro, desenlaçou os fios, razão porque todos regressaram ao
seu tempo.

38- Ibn-el-Muftar desistiu de atacar Lisboa, pois achou que aquela experiência era um mau presságio.
42 - Finalmente, como castigo, Clio ficou proibida de provar o manjar dos deuses durante 400 anos.
40 - Todos ficaram perplexos com a situação em que se encontravam, ao passo que Ibn-el- Muftar, em 1148, decidiu
devastar os campos no caminho de regresso, tomando posse de di- versos bens valiosos.

41 - O comissário Nunes, o capitão Aurélio e o coronel Vaz Rolão viram-se obrigados a enfrentar um processo militar,
enquanto os jornais noticiavam tudo o que se relacionava com a suposta insurreição que tivera lugar em Lisboa.

2. Enriquecimento vocabular. Sarabanda assuada

2.1. Para compreenderes este conto necessitaste, certamente, de consultar um dicionário de português. Agora, para
testares as tuas aprendizagens, faz corresponder cada palavra dada, ao seu significado.

a. Alfange 7. Sabre
b. Amalgamar 14. Misturar
c. Ambrósia 6. Manjar dos deuses
d. Ápice 2. De repente
e. Assuada 1. Desordem
f. Eloquência 15. Arte de bem falar
g. Empolar 18. Aumentar
h. Enfadada 8. Aborrecida
i. Estridente 17. Som agudo
j. Flanqueado 4. Ladeado
k. Hostes 3. Conjunto de soldados
l. Imprecações 16. Insultos
m. Inércia 13. Preguiça
n. Ingerir-se 5. Envolver-se
o. Pipilar 12.Piar
p. Repleta 10. Cheia
q. Sarabanda 19. Descompostura
r. Sesta 20. Sono que se dorme depois do almoço
s. Solípedes 9. Cavalos
t. Toada 11. Entoação

3. Preenche o seguinte quadro, inserindo as personagens do conto no grupo a que pertencem.

Deuses Mouros Portugueses


coletivas individuais coletivas individuais
Clio Berberes Ibn-el-Muftar Automobilistas Manuel Reis Tobias
Alá Azenegues Ali-bem-Yussuf Polícia de Intervenção Manuel da Silva Lopes
Árabes Mamud Beshewr Tropa do Ralis Comissário Nunes
Escola Prática de Intervenção Militar Capitão Aurélio Soares
Coronel Vaz Rolão

4. Refere o tipo de caracterização de personagens utilizado nas seguintes passagens do conto, sublinhando as palavras
ou expressões que permitem essa caracterização. Utiliza as iniciais F (física) e P (psicológica).
a. “Clio, musa da História que, enfadada da imensa tapeçaria...” P
b. “Ali-ben-Yussuf, lugar-tenente de Ibn-el-Muftar, homem piedoso e temente a deus, quis ali mesmo apear-se...” P
c. “E el-Muftar cofiando a barbicha afilada, e dando um jeito ao turbante...” F
d. “Eram os automobilistas que haviam saído dos carros e que, entre irritados e divertidos” P
e. - “a turba circundante, de estranhas vestimentas vestida” F
f. “ben-Yussuf que lhe respondeu, desconfiado e muito pálido” P e F
g. “o comissário Nunes, ofegante, reagrupou os seus homens” F
h. “Mas Ibn-el-Muftar mostrava-se então sobremaneira irritado(...) em especial pela zipada de água (...) que lhe
impregnara manto e cota de malha” P
i. “aqueles peões de escudo e viseira” F
j. “deixando o capitão Soares e todos os outros a coçar a cabeça abismados” P
5. Atenta nas frases transcritas abaixo. Será o narrador objetivo ou subjetivo? Justifica.

“Manuel da Silva Lopes, que conduzia um daqueles irritantes camiões carregados de grades de cerveja que a
Providência encarregou de ensarilhar os trânsitos de Lisboa”.

“Quanto à deusa Clio, foi privada de ambrósia por quatrocentos anos o que, convenhamos, não é seguramente
castigo dissuasor de novas distrações”.

Estas transcrições mostram que o narrador é subjetivo, pois transmite o que pensa, dá a sua opinião sobre os
acontecimentos, usando adjetivos como “irritantes” e fazendo juízos sobre o resultado do castigo aplicado a Clio.

6. Concentra-te nas referências sobre o espaço, as personagens, os meios bélicos e os meios de transporte e retira do
texto as expressões que os caracterizam.

LIXBUNA (SÉCULO XII) LISBOA (SÉCULO XX)

Espaço com características rurais e arcaicas Espaço urbano moderno


Deslocação a cavalo Deslocação através de automóveis
Meios bélicos rudimentares (armas brancas) Meios bélicos tecnologicamente sofisticados

7. Preenche o quadro com expressões do texto.

Quem vê? O Que vê? Como Interpreta?

Os automobilistas lisboetas

O exército mouro e Ibn-el- Muf-tar

Manuel Reis Tobias (PSP)

Capitão Aurélio Soares

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