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PORTUGUÊS – 8º Ano
fevereiro de 2021
Leitura e Escrita.
1. Vais ler um conto do escritor português Mário de Carvalho intitulado “A inaudita guerra da Avenida Gago
Coutinho”. Antes de o conheceres na integra, lê o artigo de dicionário do adjetivo “inaudito” e troca ideias
com os teus colegas sobre o que será uma guerra inaudita.
inaudito (adj.) 1. De que nunca se ouviu falar. 2. figurado - Que é extraordinário ou incrível. Dicionário
escolar – 3º Ciclo, Português, Lisboa, Texto, 2011, p.392.
2. Lê, agora, o texto e regista no teu caderno as palavras cujo sentido desconheces.
2.1. Elabora uma lista de todas as palavras desconhecidas e elabora um glossário do conto.
Glossário1
toada: tom; entoação
eloquência do discurso: arte de bem falar; convencer ou deleitar por meio
da palavra;
enfadada: que sente enfado/ aborrecida; entediada;
redundantes: que repetem informação que já foi dada;
monótonas: que se repete continuamente; invariável;
inércia: rotina; propriedade que os corpos têm de não poderem, por si, alterar o seu
estado de repouso ou o seu movimento;
trama: conjunto de fios de seda grosseira que se misturam com outros de melhor
qualidade; enredo; intriga;
enlearam: ligar;
empolou: fazer parecer mais importante do que na realidade é; exagerar;
amalgamar: misturar elementos diferentes; reunir;
sarabanda: grande agitação, confusão;
retinir: emitir um som agudo;
imprecações: praguejar/amaldiçoar;
guturais: diz-se do som articulado na garganta;
sorrateira: pela calada;
esteiro: braço estreito de rio;
assediada: cercada militarmente;
hordas: bandos indisciplinados;
fragor: ruído forte;
pipilar: sons agudos característicos das aves; chilreio;
flanqueado: ladeado (à direita e à esquerda)
descomunais: enorme; excessivo; desproporcionado;
assarapantados: espantado; pasmado; atarantado; atrapalhado; assustado;
apear: desmontar (de animal);
alçar: levantar; elevar;
bradado: grito de louvor/elogio;
louvaminhas: louvor exagerado;
tato: discernimento; tino; habilidade;
desígnios: intenções;
pendão: pedaço de tecido, geralmente retangular e de grandes dimensões, com uma
ou mais cores, com ou sem emblema, que serve de distintivo a uma nação,
agremiação, sociedade, corporação, etc.; bandeira;
agravo: ofensa; insulto;
encabriolados: saltitantes;
pandemónio: confusão completa; balbúrdia;
louvável: digno de louvor/elogio;
contraventores: infrator; transgressor;
cifras: números/símbolos;
contundentes: Que causam dor ou dissabor; que ferem ou magoam;
solípedes: grupo da ordem dos perissodáctilos (Equídeos/ cavalos)
alarde: atitude exibicionista; aparato;
apostrofava: insultar; injuriar
assuada: algazarra; barulho;
reclame: publicidade feita por qualquer forma, anúncio
turba: multidão;
alfange: Designação de sabre de lâmina ampla e curta;
falange: grande número de pessoas;
trejeitos: gestos e caretas;
fitavam: olhavam fixamente;
broquel: Escudo de pequenas dimensões;
beduíno: relativo aos árabes nómadas dos desertos do Norte de África e do Médio
Oriente;
archeiros: homem armado de arco;
zunido: som agudo;
uníssono: execução simultânea do mesmo som;
clamor: gritaria;
canalha: gente desprezível;
impregnara: enchera;
cota de malha: peça da armadura usada antigamente por cavaleiros para os
defender dos golpes dos adversários;
ápice: num momento, instante;
riste: Em posição erguida e pronto para ser usado;
inexoravelmente: a que não se pode escapar; implacável;
oscilou: sofrer abalo; tremeu; abanou;
assomavam: aparecer ao lado de;
briosos: corajosos;
acuados: encurralados;
façanhudo: desordeiro;
alferes: posto de oficial subalterno do Exército e da Força Aérea;
locatários: arrendatário;
brandia: agitava;
agoiro: previsão de coisa negativa;
propiciadoras: favoráveis;
obnubilar: esconder/escurecer/ lançar uma “cortina de fumo” para que algo não se
veja;
flanar: Caminhar sem destino certo, sem rumo;
marcial: Relativo a guerra; próprio de militar.
insurreição: revolta, geralmente armada, contra governo ou poder vigente;
dissuasor: Que tem força para dissuadir; convencer a não cometer ou voltar a
cometer um erro ou infração;
enfeixasse: Colidisse.
Mário de Carvalho, A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho e outras histórias, Lisboa, Caminho,2006
pp.27-35.
Glossário2:
1
Homero – poeta da Grécia Antiga ( século VIII 10
Lugar-tenente – aquele que desempenha
a,C.), a quem se atribui a autoria dos poemas temporariamente as funções de outrem;
épicos Ilíada e Odisseia. 11
Alá – palavra árabe que designa o Deus dos
2
Horácio – poeta latino ( 65 a.C. – 8 a.C.) Sua muçulmanos;
obra-prima são os três livros de poemas líricos, as 12
Corânico – relativo ao Corão, livro sagrado do
“Odes”, de 23 a.C.; Islamismo;
3
1148 – Um ano depois de D. Afonso Henriques ter 13
Jinns – termo árabe que que significa génios;
tomado Lisboa com a ajuda dos cruzados (1147), a criaturas sobrenaturais;
tropa de Ibn-el-Muftar pretendia reconquistar 14
Providência – poder supremo, divino;
Lisboa; 15
Ibn-Arrik –Afonso Henriques ( “ibn” significa filho
4
Almóada – aquele que pertence a uma dinastia de de…).
origem marroquina que sucedeu aos Almorávidas e 16
Moirama – os Mouros (muçulmanos do norte de
que dominou a África setentrional e a Espanha África).
muçulmana de 1121 a 1269. 17
RALIS – Quartel do Regimento de Artilharia de
5
Berberes – naturais ou habitantes da Berbéria, Lisboa;
região do Norte de África; 18
Vavá – conhecido café e restaurante de Lisboa;
6
Azenegues – Pertencentes a uma tribo berebere. 19
Rio Letes –de acordo com a mitologia grega,
7
Lixbuna – Lisboa. localizava-se no Hades e as suas águas apagavam
8
Nazarenos – nome dado aos primeiros cristãos; as memórias daqueles que se aproximavam;
9
Beduínos – árabes nómadas do deserto; 20
Chantarim – Santarém;
21
Ambrósia – alimento dos deuses do Olimpo;
3. Por que razão a palavra inaudita pode ser entendida no conto nas suas duas aceções?
Sugestão de resposta: Porque a “guerra” de que se fala no conto põe em confronto personagens de épocas
diferentes, coisa de que nunca se ouviu falar e, consequentemente, os acontecimentos são espantosos e
extraordinários.
a) ao tempo a que pertencem; Os soldados árabes pertencem ao século XII; automobilistas, transeuntes,
moradores e forças policiais pertencem ao século XX
b) ao espaço onde se encontram; a zona da Avenida Gago Coutinho, é o elemento que une os dois grupos,
ainda que os árabes estivessem à espera de um cenário mais rural e menos urbano;
c) às vestimentas e aos adereços que utilizam: As personagens do século XII apresentam-se com
vestimentas e adereços típicos de soldados árabes da época – turbantes, mantos, e cotas de malha,
cavalos, pendão, alfanges, broquel, arcos, setas; as personagens do século XX, sobretudo as forças
militares, distinguem-se pelo uso de bastões, carros da polícia, escudo e viseira, carros blindados, armas de
fogo.
6.Observa o mapa da zona de Lisboa onde decorre a ação do conto e situa os locais seguintes: Avenida
Gago Coutinho, Areeiro, Alameda D. Afonso Henriques, Bairro dos Atores, Avenida dos Estados Unidos da
América.
6.1. Imagina que te encontras na Rua Marquesa de Alorna e pretendes observar os acontecimentos na praça
do Areeiro. Escreve uma proposta do Roteiro do caminho que terias de percorrer.
Sugestão de resposta: Estando na casa de um amigo, ouvi rumores de que algo épico estaria a ocorrer
junto à Praça do Areeiro. Eu e o meu amigo nem hesitámos, saímos da casa do Jin, que é chinês, e o seu
nome significa “ouro”, em direção ao epicentro dos acontecimentos, a Praça do Areeiro. Saímos da Rua
Marquesa de Alorna e seguimos para sudoeste pela Avenida da Igreja até à Avenida de Roma, descemos esta
avenida rumo ao Sul, até intercetarmos a Avenida João XXI, avenida com o nome do único papa português. Aí
chegados, voltámos à esquerda e fomos até ao seu final que desemboca na Praça do Areeiro e o que aí
encontrámos foi surreal…
Guião de Leitura
Introdução ( linha 1 a 18)
1.Explica a relação que se estabelece entre os grandes escritores Homero e Horácio e a deusa Clio.
Sugestão de resposta: Estabelece-se uma comparação entre os escritores e a deusa Clio, já que esta, à
semelhança do que aconteceu com aqueles, vai cometer uma falha provocada por uma sesta. Desta forma,
pode concluir-se que, tal como os homens, os deuses também cometem erros.
2.1. Identifica o recurso expressivo usado para referir essa consequência bem como o trabalho de Clio.
Sugestão de resposta: A metáfora da tapeçaria é usada para referir o trabalho monótono e interminável da
deusa e a consequência da sesta que pode destruir tudo.
2.2. Dá exemplos de referências a sensações auditivas e visuais que reforcem esse realismo.
Sugestão de resposta: Sensações auditivas: “estridente rumor de motores desmultiplicados”, “travões
aplicados a fundo”, sarabanda de buzinas ensurdecedora”, “retinir de metais”, “relinchos de cavalos”,
“imprecações guturais em alta grita”, “fragor estrondoso”.
Sensações visuais: “ milhares de carros de metal, de cores faiscantes”, paredes descomunais”, “ janelas
brilhantes”, “ material transparente”.
5. As tropas árabes são confrontadas com uma realidade que desconhecem e o narrador recorre à perífrase
para referir alguns elementos dessa realidade.
5.1. Transcreve do texto as perífrases utilizadas para designar os automóveis, os prédios e os vidros.
Sugestão de resposta: Automóveis: “carros de metal de cores faiscantes”; Prédios: “paredes descomunais,
que por toda a parte se erguiam”; Vidros: “janelas brilhantes”.
6. O chefe da tropa árabe e o agente da PSP procuram explicações para o que está a acontecer.
6.1. Refere as explicações apresentadas por ambos, apresentando uma possível justificação para essas
explicações.
Sugestão de resposta: Cada personagem procura, na realidade que conhece, explicações para o que se
passa naquele momento: Muftar põe a hipótese de o pandemónio à sua volta se dever a algum castigo de Alá
ou a feitiçaria; Manuel Reis Tobias considera a ocorrência um desfile carnavalesco não autorizado.
7. Relata as consequências da mensagem enviada por Manuel Reis Tobias para o posto de comando.
Sugestão de resposta: Após a receção da mensagem, o governador civil e o ministro são contactados e
confirmam que não estão previstas manifestações, pelo que um forte aparato de forças policiais é chamado ao
local.
7.1. Identifica as forças policiais convocadas para o local, bem como os nomes daqueles que comandam.
Sugestão de resposta: a) Os pelotões da Polícia de Intervenção, comandados pelo comissário Nunes; b) a
tropa do Ralis e os seus carros blindados, sob o comando do coronel Vaz Rolão; c) a companhia de
intendentes da Escola Prática de Administração Militar, chefiada pelo capitão Aurélio Soares.
9. Manuel da Silva Lopes e Mamud Beshewer são personagens que se individualizam nos grupos a que
pertencem.
9.1. Refere o seu papel no desenrolar da ação.
Sugestão de resposta: O camionista Manuel da Silva Lopes é responsável pelo ataque dos mouros, pois
resolve atirar uma pedra que acaba por embater no broquel do beduíno Mamud Beshewer, provocando Muftar,
que, sentindo-se acossado, riposta e ordena uma saraivada de setas sobre os populares e os automobilistas.
10. Por que razão o comissário Nunes ordena: “Toca a varrer isto tudo até ao Areeiro” ( linha ??).
Sugestão de resposta: Porque não percebeu que o apupo proferido pelos populares era uma resposta ao
ataque dos mouros e entendeu-o como uma provocação às forças policiais.
11.1. Que imagem nos é dada pelo narrador das forças policiais chamadas ao local?
Sugestão de resposta: As forças policiais são desorganizadas e, apesar de serem várias, não conseguem
lidar com a situação.
13. Carateriza as atitudes de Ibn-el-Muftar e do capitão Aurélio Soares quando as tropas que comandam se
aproximam.
Sugestão de resposta: Ambos agem com prudência e desconfiança, optando por uma aproximação
cautelosa e pacífica que lhes permita estabelecer um contacto cordial.
14. Na tua opinião, o que poderia ter acontecido caso a deusa Clio continuasse a dormitar?
(Resposta pessoal)
15. Quando Clio desfaz o engano, o capitão Soares e os seus homens reagem da mesma forma que Ibn-el-
Muftar?
Sugestão de resposta: Não. Enquanto o capitão Soares e os seus homens reagem com estupefação,
Muftar sente-se aliviado.
2. Apesar do conto ser uma narrativa fechada, o último parágrafo deixa em aberto novas peripécias. Explica a
razão para isso, eventualmente, poder acontecer.
Sugestão de resposta: Porque o castigo de Clio não é suficiente gravoso para impedir uma nova sesta e,
consequentemente, uma nova mistura de datas.
Quiz final:
(tens de estar registado na Aula Digital da Leya Educação)
https://auladigital.leya.com/share/b5c761bf-ad95-408f-a483-a5e912082f50
( Quiz sobre a obra “ A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho”)
Escrita
1. Escreve a narrativa dos acontecimentos de “A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho” a partir do ponto
de vista de uma das personagens seguintes: Ibn-el-Muftar; Manuel Reis Tobias; Manuel da Silva Lopes;
Mamud Beshewer; comissário Nunes; capitão Aurélio Soares; morador que lança água sobre Muftar.
- Procura no texto as informações de que necessitas para a caraterização da personagem escolhida e para
referires apenas os acontecimentos em que participou ou que testemunhou.